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Metodologia de Extensão Rural Supervisão de Metodologia e Capacitação Goiânia, Goiás EDITOR: Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária- EMATER. 2 . EQUIPE DE ELABORAÇÃO : Duanei Rodrigues de Oliveira Essy de Oliveira Fátima Musse eSilva Daiton Jairo Garcia Hilda Maria Coimbra Irenil Pereira Campos Atualização – 2009 Júlio César de Moraes Distribuição: Supervisão de Metodologia e Capacitação Rua 227 Nº 331, Setor Leste Universitário, CEP 74610-155, Goiânia – GO. Telefone: (62)- 3201-8748 Home Page: www.emater.go.gov.br ; 3 ÍNDICE A teoria de conhecimento de Jean Piaget ................................................................... 04 A influência de Piaget na concepção pedagógica construtivista ................................. 07 A teoria piagetiana aplicada à prática pedagógica do extensionista ........................... 08 Método pedagógico de Paulo Freire ........................................................................... 09 O método de educação de Paulo Freire aplicado à prática extensionista .................. 11 A didática de “aprender a aprender”- Pedro Demo .................................................... 12 A didática de “aprender a aprender” aplicada à ação extensionista........................... 13 O processo da comunicação – Princípios básicos ...................................................... 14 Metodologia em extensão rural ................................................................................... 18 Classificação dos métodos ......................................................................................... 18 Contato ........................................................................................................................ 22 Visita ........................................................................................................................... 23 Entrevista ..................................................................................................................... 26 Técnicas de dinamização de grupo/tempestade de ideias .......................................... 29 Mesa redonda ou grupo de trabalho ............................................................................ 30 Philips 66 ou fracionamento ......................................................................................... 31 Painel ........................................................................................................................... 32 Painel integrado ........................................................................................................... 33 Workshop ..................................................................................................................... 34 Rodada de negócios .................................................................................................... 36 Dramatização ou simulação ......................................................................................... 36 Grupo de verbalização/observação/avaliação ............................................................. 37 Simpósio ...................................................................................................................... 38 Seminário ..................................................................................................................... 40 Publicação educativa ................................................................................................... 42 Carta circular ................................................................................................................ 43 Jornal em extensão rural ............................................................................................. 44 Rádio em extensão rural .............................................................................................. 46 Vídeo em extensão rural .............................................................................................. 49 Reunião com informação – RI ..................................................................................... 51 Reunião com demonstração – RD ............................................................................... 54 Excursão ...................................................................................................................... 60 Dia de campo ............................................................................................................... 65 Curso ........................................................................................................................... 71 Torneio leiteiro ............................................................................................................. 76 Convenção do encontro ............................................................................................... 77 Unidade de demonstração ........................................................................................... 79 Unidade de observação ............................................................................................... 81 Demonstração de resultados ....................................................................................... 85 Semana ........................................................................................................................ 91 Exposição .................................................................................................................... 94 Campanha ................................................................................................................... 97 Anexo – Calendário de atividades ............................................................................... 102 Bibliografia ................................................................................................................... 105 4 A TEORIA DO CONHECIMENTO DE JEAN PIAGET Jean Piaget (1896-1980) nasceu em Neuchâtel, Suiça. É considerado como o principal autor da epistemologia genética. E o termo genética é atribuído à sua teoria pelo reconhecimento de que o saber tem uma gênese, uma origem. A principal preocupação de Jean Piaget era compreender como aumentarmos os conhecimentos, isto é, como ao longo da vida os ser humano amplia sua capacidade de pensar, sentir e agir sobre si, os outros, a natureza e a sociedade. O termo epistemologia significa, etmologicamente, estudo da verdade (“episteme”=verdade, “logus”=conhecimento e “ia”= arte de). E também a qualifica como genética fazendo referência a sua consideração de que esse saber tem uma gênese. Ao longo de mais de meio século de pesquisas, Piaget elaborou uma matriz explicando sua compreensão de que cada sujeito elabora seus saberes. Parte do princípio de que o indivíduo estabelece uma relação de troca com o meio (físico, pessoas, conhecimento) num sistema de relações vivenciadas e significativas. Esse intercâmbio resulta num processo constante de assimilação e acomodação de conhecimentos, ao que denominou mecanismos de equilibração. A forma da espiral tem sido para dar visibilidade e demonstrar a estrutura, dinâmica e conteúdo dessa matriz. Na figura abaixo podemos ver os principais conceitos utilizados por Piaget para explicar como construímos conhecimentos. 5 Nessa perspectiva não há começo absoluto e muito menos um fim para essa construção. Seremos sempre uma espiral se algo não afetar o movimento. Nossa mente sempre funcionará em termos de esquema prévio; desequilíbrio; assimilação; acomodação e esquema reelaborado, se o processo interativo que estabelecermos permitir essa construção.Aqui vale considerar uma questão importante na teoria piagetiana: somente seremos espirais se encontrarmos possibilidade de nos construirmos enquanto tal. Saber prévio Na perspectiva piagetiana não existe um novo conhecimento sem que o sujeito já tenha um conhecimento anterior para assimilá-lo e transformá-lo. Em nenhum momento de nossa existência seremos um terreno "liso" onde se edificará um muro ou um canteiro de sementes pronto para germinar. Teremos sempre um nível de conhecimento sobre um determinado assunto. O bebê nasce com um saber prévio que lhe permite agarrar, chorar, sugar, movimentar, dentre outras ações. Ao longo da vida esse saber vai-se modificar e ampliar e em poucos anos ele estará agarrando e se alimentando das mais diversas formas. Isto é, outras habilidades vão sendo construídas aos poucos a partir do saber que detinha ao nascer. Desequilíbrio Segundo Piaget, em determinado momento, o sujeito, impulsionado por fatores maturacionais, experiência ativa, interação social e busca por equilibração realizada pelo psiquismo, encontra-se em situação em que seu saber prévio torna-se insuficiente. Vamos deixar Piaget (2004:16) nos falar sobre o desiquilíbrio: "Ele existe quando qualquer coisa, fora de nós ou em nós, se modificou. A cada instante, pode-se dizer, a ação é desequilibrada pelas transformações que aparecem no mundo, exterior ou interior. Se algo ocorre e não estamos preparados para entender e agir, sentimo-nos desequilibrados em relação ao saber prévio. Nesse momento tomar algumas decisões. Se for possível, evitamos o que nos desequilibra. Mas só podemos fazer isso quando a situação nos permite a alternativa de escolher. O desequilíbrio, numa perspectiva piagetiana, aparece como o momento da construção da motivação para a aprendizagem. Talvez uma das tarefas mais difíceis, dado que a motivação terá relação muito estreita com a forma como aconteceu o desequilíbrio do saber prévio. Uma outra questão fundamental no desequilíbrio é a articulação entre saber- sentir-agir. É o momento onde podemos ver com mais nitidez as teias da afetividade, bem como a relação cotidiana de cada um com o objeto do conhecimento. Tomar decisões sobre a ampliação ou não dos nossos conhecimentos e ações no mundo o sobre ele envolve uma relação conosco e com os outros e com a realidade que nos cerca. A pergunta “para que aprender algo” se coloca como um imperativo quando estamos seguindo as trilhas piagetianas. O motor que dá energia a esse espiral é o desequilíbrio, isto é, a compreensão pelo sujeito de que aquilo que sabe, pensa e faz é insuficiente para resolver os seus 6 desafios. Daí a compreensão de que o sujeito nessa perspectiva é ativo, isto é, precisa compreender o quê, por quê, para quê e como se aprende. Se aceitar o desequilíbrio, o sujeito irá de uma forma ou de outra ampliar o saber. Para Piaget alguns desequilíbrios são inerentes ao ser humano, não há como evitá-los. Por exemplo: necessidade de respirar ao nascer, crescimento físico, produção hormonal na adolescência, os limites colocados pelo meio social, necessidades básicas relacionadas à fome, sede, frio, sono e afeto. Assimilação Assimilar é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um novo saber nos esquemas preexistentes. Teoricamente, a assimilação não resulta em mudanças de saberes, mas garante o conteúdo necessário para que isso ocorra. Podemos comparar o esquema a um balão e a assimilação ao ato de encher o balão de ar. O balão fica maior (crescimento por assimilação), mas ele não muda sua forma. Assimilar e acomodar são processos inseparáveis. Quando buscamos algo que não está em nós o fazemos com nossas estruturas internas. Tendo assimilado, já estamos dialogando com essas estruturas, isto é, acomodando. Mas certamente o primeiro movimento é buscar fora de nós as informações necessárias. Acomodação Para Piaget, o processo de acomodação é simultâneo ao de assimilação, mas são distintos. Acomodar é dialogar sobre as informações obtidas com o que já sabíamos antes, é reelaborar o saber prévio. Esse é o movimento de decidir sobre o que é possível alterar, manter ou descartar. Muitas informações podem ser descartadas porque são incompatíveis com os saberes prévios. Nenhum comportamento é só assimilação ou só acomodação. Todo comportamento reflete ambos os processos, embora alguns expressem, relativamente, mais um processo do que o outro. Saber reelaborado Quando consegue reelaborar um saber o sujeito ingressa no que Piaget denomina de equilíbrio. Mas é sempre um desequilíbrio momentâneo, pois este saber reelaborado é sempre um saber prévio que a qualquer momento será desequilibrado. Nessa perspectiva, a mente está sempre em movimento. Equilíbrio é um processo de passagem do desequilíbrio para o equilíbrio. De qualquer forma é sempre bom ter em mente que, para compreender a reelaboração, teremos que voltar ao saber prévio. A aprendizagem seria avaliada em termos do que e como foi alterado. Na perspectiva piagetiana não existe um estado de conhecimento estável sobre o qual poderíamos dizer que sabemos isso ou aquilo. Mas sim que sabemos isso ou aquilo em função do que sabíamos antes. Aqui vale ressaltar que a participação daqueles que aprendem no processo de construção da espiral bem como da avaliação do que foi reelaborado torna-se condição imprescindível. O desequilíbrio é de quem aprende, por isso, ele é considerado como sujeito ativo na construção de sua experiência como aprendiz. 7 A epistemologia genética apresenta-se como uma possibilidade de compreender a aprendizagem como processo. A imagem da espiral cria possibilidades de compreender os sujeitos que estão em movimento, participando da construção de suas próprias histórias. Remete-nos também à questão de que essa construção não é um trabalho solitário e sim realizado na relação com o outro. A INFLUÊNCIA DE PIAGET NA CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA CONSTRUTIVISTA Jean Piaget é considerado o precursor da visão construtivista, a qual se difunde especialmente a partir da epistemologia genética por ele desenvolvida. Ou seja, a partir da explicação da gênese do pensamento – que para Piaget é o resultado de um processo de construção que tem sua origem na lógica das ações do sujeito sobre o meio. Para Piaget o conhecimento não está no sujeito, nem no objeto , ele é construído na interação do sujeito com o objeto. É a medida que o sujeito interage (e portanto age e sofre a ação do objeto) que vai produzindo também o próprio conhecimento. Esta é a razão de a teoria piagetiana ser chamada de construtivismo. É um construtivismo interacionista. O construtivismo tem como base o fato de que a aprendizagem é uma constante procura do significado das coisas. Portanto, aprender, bem como ensinar, significam construir um novo conhecimento, descobrir nova forma para significar algo, baseando-se em experiências e conhecimentos existentes. Ao reconstruir o conhecimento existente, o sujeito estabelece relações significativas entre o novo conhecimento e a realidade em que está inserido. Alguns princípios básicos considerados numa concepção pedagógica construtivista: ● As aprendizagens ativas e duradouras relativas ao mundo que nos cerca ocorrem somente através de um intercâmbio ativo entre o mundo e o sujeito do conhecimento; ●Todos nós construímos a nossa própria concepção do mundo em que vivemos a partir da reflexão sobre as nossas próprias experiências. Assim, a realidade é construída (inventada) pelo sujeito que conhece (cognocente), ela não é um dado pronto para ser descoberto; ● O conhecimento significativo – aquele que é utilizável – é fruto de uma elaboração (construção) pessoal, resultado de um processo interno de pensamento durante o qual o sujeito coordena diferentes noçõesentre si atribuindo-lhes um significado organizando-as com as outras anteriores; ● O conhecimento é uma produção social e se faz na interação com o outro pela linguagem, dando sentido às experiências humanas. 8 A TEORIA PIAGETIANA APLICADA À PRÁTICA PEDAGÓGICA DO EXTENSIONISTA. Buscaram-se nos princípios da teoria piagetiana as contribuições consideradas relevantes para a compreensão da ação educativa na extensão rural. Nesse sentido, tanto o papel extensionista como os demais atores sociais precisam ser refletidos e reorientados. A teoria piagetiana nos convida a pensar sobre muitos aspectos presentes na prática extensionista. Que saberes detém o técnico? Que saberes detém o agricultor? Que saberes estarão construindo? O técnico motiva o agricultor a aprender ou a reconhecer a necessidade de aprender? É possível desequilibrar o saber prévio sem desvalorizá-lo? Como avaliar levando-se em consideração o saber prévio? O extensionista, atuando numa visão piagetiana, tem um papel diferenciado e mais exigente do ponto de vista da sua postura como educador. É preciso reconhecer que o processo de produção do conhecimento (cognitivo), se dá no campo pessoal e particular do indivíduo e, ao mesmo tempo, no campo social, pois se estabelece nas relações do sujeito com o meio. Como mediador do processo de produção do conhecimento, o extensionista precisa adotar, em sua prática cotidiana, uma postura investigativa, estimulando a adoção dessa mesma postura também pelos atores sociais. Isso possibilitará a sua atuação como facilitador do processo educativo, uma vez que as observações realizadas servirão como base para a problematização da realidade e organização das ideias, com o grupo envolvido. A capacidade de observação vai sendo aprimorada à medida que as informações obtidas forem apropriadas pelos observadores num constante processo de reflexão e ação. Essas observações devem privilegiar a análise do cotidiano dos agricultores, das agricultoras e extensionistas e ao mesmo tempo o dinamismo das mudanças no contexto das relações sociais, econômicas e políticas. Isso requer dos atores sociais uma postura de respeito aos ritmos diferenciados de cada um, permitindo que o pensamento de quem aprende siga o curso imprescindível para converter os conhecimentos prévios em conhecimentos re-elaborados e, portanto ressignificados. A prática extensionista fundamentada no construtivismo terá então como um ponto de partida os conhecimentos prévios já construídos no processo histórico social e como ponto de chegada os conhecimentos ressignificados pelos atores no processo de aprendizagem (agricultores e extensionistas). Vale ressaltar que o ponto de chegada se constitui sempre num saber prévio para o próximo desafio. 9 MÉTODO PEDAGÓGICO DE PAULO FREIRE A Teoria do conhecimento desenvolvida por Paulo Freire reinterpreta a concepção de educação e de conhecimento e traz ao centro do debate a intencionalidade da educação. Ou seja, a certeza de que a educação não é neutra. Para ele, todo processo educativo é um ato político, uma ação que resulta numa relação de domínio ou de liberdade entre as pessoas. Paulo Freire rejeitava o tipo de ensino que denomina de “educação bancária” – a qual se caracterizava pela figura do professor que depositava os conhecimentos e do aluno, depositário desses ensinamentos. Contrário à passividade do educando e à superioridade do professor, Paulo Freire defende que uma prática nesses moldes não contribui para a formação de sujeitos ativos e críticos. Ao contrário, favorece a alienação e incapacidade de ler o mundo de forma crítica. Em sua teoria, Paulo Freire destaca que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. E que educar é uma relação entre pessoas, sobretudo, entre gerações. Como seres de relação que somos, só nos educamos em relação com os outros seres humanos. Por isso é preciso compreender a dimensão de continuidade que envolve as relações humanas e compromisso que cada geração tem com a formação das gerações futuras. A compreensão de que o destino do homem é criar e transformar o mundo, o coloca como sujeito da ação e favorece a formação da consciência da responsabilidade individual e coletiva. Resgatar na memória coletiva dos grupos sociais essa identidade histórica socialmente construída é essencial para que haja o reconhecimento da capacidade criativa e transformadora, tão necessária num projeto de educação libertadora. É preciso saber o que fomos e o que somos, para saber o que seremos. Para compreender o pensamento e a prática pedagógica, Paulo Freire faz-se necessário conhecer alguns princípios que os fundamentam: Respeitar ao outro Na sua trajetória de educador: revelou uma profunda crença na pessoa humana e na sua capacidade de educar-se como sujeito da História. E toda a sua obra está focada na valorização do homem. Exalta que todo ser humano é único. Tem saberes, tem história, cultura e valores que devem ser reconhecidos e respeitados. Assim, o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. As sensibilidades para com as adversidades culturais, humanas, sociais, de grupos étnicos, de idades, de vivências, de memória, dentre outros, é um traço marcante no pensamento e na postura pedagógica de Paulo Freire. 10 A natureza do homem A essência da educação está em reconhecer que o homem pode refletir sobre si mesmo e descobrir-se como ser inacabado que está em constante busca. O homem se sabe inacabado e por isso se educa. Em todo homem existe um ímpeto criador. O ímpeto de criar nasce da inconclusão do homem. Somos seres sociais, históricos, inacabados. A educação é mais autêntica quanto mais desenvolve esse ímpeto ontológico de criar, educar implica, portanto, considerar o homem sujeito de sua própria educação. Por isso, ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo. As pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo. Postura investigativa A prática investigativa deve sempre estimular a curiosidade crítica. Estar sempre à procura da ou das razões de ser dos fatos. Deve estimular o exercício constante da capacidade de pensar, de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de programar e não de apenas seguir os programas propostos e impostos. Essa prática torna-se fundamental para desenvolver a capacidade do ser humano de avaliar, comprar, escolher, decidir e, finalmente, intervir no mundo. Dialogicidade A aproximação, fundamental numa prática educativa, se faz com o diálogo franco, adotando uma postura de reciprocidade no falar, ouvir e de receptividade em aprender. Somente quem escuta paciente e criticamente e o outro fala com ele, mesmo que, em certas condições, precise de falar a ele. O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às vezes necessário, em uma fala com o outro. Aprendizagem Aprender não é acumular conhecimento. O que não é superável é a capacidade de aprender sempre. Só aprendemos quando aquilo que é objeto de conhecimento tem sentido na nossa vida. Temos que aprender com as experiências concretas. O importante é aprender a pensar. Educação A educação não é neutra. Tanto pode estar a serviço da decisão, da transformação do mundo, da inserção crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência possível das estruturas injustas, da acomodação dos seres humanos à realidade tida como intocável. 11 Educador É o profissional que orienta, que dá sentido, que constrói sentido, um organizador de aprendizagens. O educador tem a tarefa de orientar o processo educativo- mas como um ser que busca, como o aluno. Ele também é um aprendiz. Dialética A dialética é o modo de pensarmos as contradições da realidade. O modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. A referência à dialética está presente em toda a obra de Paulo Freire. É sempre utilizada na perspectiva da construção do espírito crítico e autocrítico, reconstruindo os caminhos da curiosidade. O pensamento dialético estimula a revisão do passado à luz do que está acontecendo no presente; ele questiona o presente em nome do futuro; o que está sendo em nome do que "ainda não é". A dialética permite reconhecer o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente nos relacionamos. Nosso papel no mundo não é só de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. A educação como especificidade humana é um ato de intervenção no mundo. Nesse sentido a produção do conhecimento no método pedagógico de Paulo Freire é compreendida enquanto processo em construção. O saber se faz através de uma superação constante. O saber superado já é uma ignorância. Todo saber humano tem em si o testemunho do novo saber que já anuncia. Todo saber traz consigo sua própria superação. Portanto, não há saber nem ignorância absoluta: há somente uma relativização do saber ou da ignorância. O MÉTODO DE EDUCAÇÃO DE PAULO FREIRE APLICADO NA PRÁTICA EXTENSIONISTA A aplicação dos princípios de educação defendidos por Paulo Freire, na prática pedagógica do extensionista, implica compreender as especificidades da ação educativa e dos atores sociais envolvidos nessa prática. É necessário, inicialmente, reconhecer que aprender significa construir um novo conhecimento, descobrir novos significados, sem desprezar o conhecimento existente. A experiência, o conhecimento prévio dos agricultores e agricultoras, deve ser sempre a ponto de partida para a reconstrução do conhecimento, gerando novos significados e, portanto, um novo conhecimento. Por isso é tão necessário o investimento do extensionista na compreensão dos conceitos que envolvem a prática educativa. E, a partir deles, mediar o processo pedagógico de reelaboração do conhecimento, numa perspectiva dialética, ou seja, de busca da superação do próprio conhecimento construído. 12 Nesse sentido, a grande relevância da ação extensionista é poder partilhar a construção do conhecimento como produção social. Extensionistas, agricultores e agricultoras, se vendo como seres sociais, que constroem e reconstroem a história num processo dinâmico, interativo e dialógico. Extensionistas, agricultores e agricultoras participam de um mesmo projeto enquanto atores sociais, uma vez que ambos estão construindo um novo olhar sobre a realidade. Nela não existem verdades absolutas. Ao mesmo tempo em que se faz necessário desenvolver um sentimento de perplexidade diante dos fatos - estimulando processo de busca infindável do conhecimento - é importante que se adote também uma postura de paciência com os ritmos e as respostas nem sempre rápidas dos sujeitos envolvidos no processo. Exige de cada um reaprender a juntar a teoria e a prática, a parte e o todo, o ser e o viver. Paulo Freire apresenta um novo sentido para a teorização, destacando a sua importância na reorientação da "práxis (prática - teoria - prática).Não se trata de uma busca explicativa da prática, mas de uma elaboração dupla onde a teoria contribui para explicar a prática e esta realimenta a teoria. Esse exercício requer, antes de tudo, a valorização das capacidades individuais, o reconhecimento da ação reflexiva e criativa do ser humano. Para isso é necessário que agricultores, agricultoras e extensionistas sejam estimulados a aprimorar sempre a prática da teorização, a investigar na perspectiva de desvelar o encoberto e a desafiar os limites impostos. Outra contribuição da técnica pedagógica de Paulo Freire, que podemos apropriar à extensão rural, é a grande importância atribuída ao homem como sujeito da sua própria educação, da sua história. Esse princípio constitui a base da construção de um processo participativo de desenvolvimento rural sustentável que, em suas múltiplas dimensões, coloca o ser humano como centro da ação e, portanto, protagonista do seu próprio desenvolvimento. A DIDÁTICA DO "APRENDER A APRENDER" - PEDRO DEMO As ideias de Pedro Demo agregadas a esta proposição metodológica dizem respeito à sua contribuição no debate sobre os desafios atuais da educação e à participação da sociedade civil no campo das políticas públicas. Pedro Demo se refere à participação como conquista, um processo infindável, em constante vir a ser, sempre se fazendo. Assim, participação é essencialmente autopromoção e existe enquanto conquista processual, que precisa ser cotidianamente reconquistada. Não existe participação suficiente, nem acabada. A participação, é, portanto um fenômeno político e se constitui num dos pilares das políticas públicas. Nesse sentido, a educação constitui um dos canais essenciais para o exercício da participação. Pedro Demo defende, para isso, que a educação precisa ir além do mero ensino e aprender, ou seja, superar o processo de “ensino/aprendizagem”, o que se restringe à absorção de conhecimentos, permanecendo o educando como objeto 13 receptivo e domesticado. Nesse contexto de educação não existe ambiente favorável para que a participação política possa emergir. Para tanto, um princípio fundamental da educação está na formação de cidadãos críticos, donos de um saber construído socialmente, o que os torna capazes de questionar e intervir na realidade de modo crítico e criativo. Uma proposta pedagógica adequada a estes propósitos é a didática do “aprender a aprender”, cujo enfoque está na sua metodologia emancipatória, traduzida em competência e habilidades. Na didática do “aprender a aprender”, a pessoa torna-se capaz de saber pensar, avaliar, criticar e criar, assumindo o papel de sujeito histórico do processo capaz de conceber e implementar um projeto próprio de desenvolvimento. Aprender a aprender, é, portanto, uma metodologia crítica ancorada na atitude de pesquisa. Permite uma constante produção e renovação do conhecimento, o qual se dá em contato com o mundo, com a sociedade, de forma interativa e produtiva. Na perspectiva do aprender a aprender, não se produz ciência, como a entendemos academicamente, mas produz-se saber, na perspectiva da formação da consciência crítica e da reconstrução do conhecimento, evidenciando nisso um processo de autonomia crescente. É, portanto, a ação investigativa, questionadora, que qualifica a intervenção na realidade. A intervenção na realidade se dá num processo participativo, em que os atores sociais, através do diálogo, analisam, interpretam, sistematizam e definem suas estratégias de ação. A DIDÁTICA DO “APRENDER A APRENDER” APLICADA À AÇÃO EXTENSIONISTA A prática pedagógica de extensão rural, na perspectiva didática do aprender a aprender, deve estar orientada pelos princípios da ação transformadora do homem sobre a realidade, ou seja, na sua capacidade de mudar e aprender com as mudanças. Constitui um esforço ético de contraposição às tendências excludentes historicamente vivenciadas no espaço rural. Assim, para uma intervenção crítica e criativa dos atores sociais na realidade em que estão inseridos, é necessária a implementação de processos participativos integrados às dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania. Nesse sentido, a ação extensionista, tendo como de partida a realidade da agricultura familiar, deveprivilegiar a construção participativa de processos de desenvolvimento sustentável, na perspectiva do fortalecimento de suas formas organizativas e de sua participação efetiva na formulação e implementação de políticas públicas. Vale destacar que, no processo de organização dos grupos, deve ser assegurado o respeito à identidade, à participação da mulher, do jovem, do idoso, dos grupos étnicos, enfim, a legitimidade e representatividade dos atores sociais envolvidos. 14 PROCESSO DA COMUNICAÇÃO – PRINCÍPIOS BÁSICOS Extensão Rural é Comunicação. Comunicação-educação, transferência de tecnologia que pressupõe um planejamento cuidadoso, baseado em conhecimento das situações e das clientelas. Com o objetivo de levar aos produtores e suas famílias os meios (informações técnicas) que lhes permitam as melhores tomadas de decisão em prol de seu desenvolvimento. Se dos extensionistas, que lidam diretamente com as famílias e as comunidades rurais, é esperado um conhecimento técnico suficiente ao sucesso de sua tarefa, é também esperado um bom domínio da metodologia apropriada a essa transferência de conteúdo, um bom domínio das técnicas e meios de comunicação já provados nesse processo educativo. A comunicação humana segue o padrão “alguém diz alguma coisa a alguém”, ao qual se pode acrescentar “com algum objetivo” e “com uma conseqüência” (esta, sempre de acordo com o objetivo). Temos aqui os componentes básicos do processo de comunicação, desenvolvido com maior ou menor detalhamento por vários estudiosos, em modelos mais ou menos complicados. Um dos modelos mais conhecidos é desenvolvido por David Berlo, que de certa forma enfatiza os aspectos psicológicos envolvidos na comunicação humana, destacando a FONTE e o RECEPTOR. Tendo em mente que o processo da comunicação é um complexo de acontecimento operando em várias dimensões de tempo, espaço, dinâmico e não estático – podemos analisar brevemente os vários elementos ou componentes do modelo. O Processo de Comunicação – Princípios Básicos CODIFICA INTERPRETA FONTE MENSAGEM CANAL RECEPTOR Habilidade de comunicação Código Sentidos Habilidades de comunicação Conhecimento Conteúdo Meios Conhecimento Atitude Tratamento Técnicos Atitude Nível sócio-cultural Nível sócio-cultural Resposta ou Feedback 15 A FONTE Toda situação de comunicação envolve uma FONTE, que pode ser um indivíduo, um grupo, uma instituição. No caso específico de Extensão Rural, a fonte via de regra é o extensionista, o técnico em contato direto com sua clientela. De qualquer forma, o técnico é sempre o responsável pela informação que veicula ao longo do seu trabalho. A habilidade de comunicação da Fonte é fator determinante do sucesso da comunicação. A habilidade para escrever, falar, ilustrar, demonstrar, argumentar, dialogar varia, no entanto de indivíduo para indivíduo. O conhecimento que a Fonte possui sobre o assunto comunicado e sobre os fatores mais relevantes de sua clientela é imprescindível para o sucesso da comunicação. Uma fonte mal informada sobre seu assunto e sobre as características básicas do público terá certamente muito mais dificuldade de se sustentar no meio em que deve atuar. A atitude demonstrada pela Fonte com relação ao assunto, ao público, ao meio em que trabalha à instituição ou grupo que representa, às políticas e diretrizes e seu trabalho e do universo político-social em que as ações se desenvolvem, é decisiva para o processo de comunicação. As atitudes, pró ou contra, sempre se transmitem, e não deve haver conflito entre o sentido e o comunicado. O nível sócio-cultural em que se encontra a Fonte é geralmente a “moldura” onde são enquadrados os acontecimentos, a referência pela qual são avaliadas as situações. Consciente de seu próprio nível, a Fonte poderá com mais facilidade situar-se em relação aos receptores, no processo da comunicação. As experiências prévias, a bagagem cultural resultante de sua educação formal e informal, os hábitos sociais de comunicação (exposição a meios de massa, a livros, a situações de treinamento especializado), constituem esse nível sócio - cultural da Fonte. O RECEPTOR Toda situação de comunicação pressupõe a existência de um RECEPTOR, ao qual é dirigida a comunicação, porém que não a recebe passivamente, interagindo e reagindo aos estímulos originados na Fonte. A habilidade de comunicação pode afetar o processo na medida em que é o que permite à Fonte verificar até que ponto a mensagem foi efetiva (através da resposta ou “(feedback),” e é também o que determina a forma pela qual a mensagem é interpretada. É importante para a Fonte conhecer a habilidade para ler, ouvir, interpretar, associar, dialogar, do seu público. O conhecimento do Receptor sobre o assunto da comunicação é básico para a construção da mensagem. Quando um assunto é completamente novo temos uma situação de comunicação diferente de quando o assunto já é de alguma forma conhecido. As atitudes do Receptor podem condicionar a eficiência da comunicação a 16 fatores às vezes completamente independentes do assunto. Uma atitude negativa, de prevenção, dificulta muito o processo da comunicação educativa, obrigando a sua análise mais profunda das causas, ás vezes nem sempre declaradas, nem presentes (por “ouvir dizer”, por temor generalizado). O nível sócio-cultural do Receptor pode representar barreiras graves à comunicação, caso a Fonte ignore a herança cultural do seu público, seu comportamento social, suas experiências prévias, as regras dos grupos dominantes. A MENSAGEM Código – é o primeiro fator a ser considerado. Todas as mensagens envolvem algum código: o idioma usado (Português, Francês, Alemão), o jargão ou gíria empregando linguagem especial de um determinado ramo de atividade ou grupo – “o economês”, a linguagem médica são jargões, linguagem fora do alcance dos que não pertencem ao grupo a que são peculiares. Conteúdo e código – estão intimamente associados; enquanto o código expressa a forma básica, o conteúdo exprime a essência das idéias contidas na situação de comunicação. Assim como deve selecionar o código apropriado para sua comunicação, a Fonte deve também selecionar o conteúdo adequado à sua clientela. Tratamento – é o arranjo dos elementos da comunicação de forma a que se obtenha o efeito desejado. Este é o trabalho do redator, do diretor de cinema, do artista criativo. Tratamento envolve o arranjo de frases, de ilustrações, a aparência e o impacto do produto final. É no tratamento que se expressa o propósito da comunicação com fins educativos. No caso da Extensão Rural, esses propósitos são INFORMAR, MOTIVAR, ENSINAR, e a mensagem deve ser construída de forma a tender ao propósito específico para o momento. (informar, ou motivar, ou ensinar). INFORMAÇÃO: Aquisição de dados MOTIVAÇÃO – Avaliação das vantagens relativas ENSINO – APRENDIZAGEM -Desenvolvimento de habilidades para ação ILUSTRAÇÃO 17 CANAL Canal – é o veículo da mensagem. Podemos considerar os sentidos humanos (visão, audição, tato, olfato e paladar) como canais; podemos considerar canais ou meios físicos de que a fonte se utiliza para veicular a sua mensagem (orais, visuais, audiovisuais, sensoriais) ou as técnicas empregadas (recursos tais como livros, fotografias, rádio, jornal, televisão, cinema). Via de regras, quando a Fonte utiliza mais de um Canal de comunicação, geralmente é aumentada a chance de ter sucesso – os Receptores tendem a reter mais informação do que se fosse utilizado apenas um Canal; daí a grande eficiência dos métodos complexos(Campanha, Exposição, Unidade Demonstrativa), que utilizam-se de várias formas e recursos para veicular a mensagem principal. BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO Barreiras ou “ruídos” podem se encontrar a qualquer momento ao longo do processo de comunicação humana, e podem ser de vários tipos. A maior parte das pessoas está bastante familiarizada com as dificuldades semânticas, mas poucas dão a devida atenção às barreiras psicológicas e às físicas, muito embora sejam esses três tipos encontrados com igual frequência no trabalho de comunicação dirigida com cunho educativo. Barreiras Semânticas Ocorrem, geralmente, na comunicação verbal e trans-cultural, no caso de estabelecer uma situação de comunicação entre indivíduos de níveis culturais diferentes (como é o caso na Extensão Rural, por exemplo). Não apenas os vocabulários são diferentes, como o sentido atribuído às palavras difere grandemente entre os indivíduos no processo. Geralmente, como agravante, existe uma falta de habilidade de “traduzir” os significados de um vocabulário a outro. Podem ser superadas pela conscientização da necessidade de uso de um código ou linguagem mais simples e clara, de exemplos concretos. Também símbolos não-verbais, como fotografias, ilustrações, demonstrações, modelos, podem dar suporte à comunicação, esclarecendo e nivelando os conceitos. Barreiras Psicológicas Tão real quanto ás barreiras semânticas, as barreiras psicológicas nem sempre se apresentam claramente, de forma que os indivíduos dificilmente as percebem como causas dos “ruídos” ou “vazamentos” da comunicação. As diferenças de status ou posição na escala social (reais ou imaginadas) podem interferir e causar problemas sérios à comunicação trans-cultural. Se, por 18 exemplo, o produtor acredita que o técnico é muito superior a ele, pode bloquear fluxo da comunicação. As diferenças de interesse também podem distorcer a comunicação, cada um enfocando a mensagem de um ponto de vista diferente. Por exemplo, um de tendência comercial, mercantilista, em comunicação com um de tendência filantrópica, discutindo preços de gêneros alimentícios. Barreiras Físicas Extremamente simples, comuns, mas nem por isso menos prejudiciais à comunicação, barreiras físicas são, talvez, as menos consideradas pelo comunicador desavisado. As condições em que ocorrem a comunicação, podem gerar esse tipo de bloqueio – sala mal iluminada, muito quente ou muito fria, barulhos externos, cadeiras desconfortáveis, horário impróprio, são algumas condições negativas que nem sempre se tem a preocupação de observar e corrigir. Uma barreira física muito importante é a apresentação confusa, desordenada, da mensagem pelo comunicador. METODOLOGIA EM EXTENSÃO RURAL 1. INTRODUÇÃO A Extensão Rural, para melhor se comunicar com o seu público, especialmente com a família rural, desenvolveu, adaptou e vem utilizando uma série de métodos e de meios de comunicação rural. É através da conjugação dos métodos e dos meios, utilizados corretamente que a extensão motiva, ensina, envolve a participação, conhece a realidade, atinge o publico desejado e, principalmente, procura atender as reais necessidades e interesses da família rural. Para eficiência na comunicação em extensão rural, os extensionistas necessitam conhecer, selecionar, planejar e utilizar corretamente os métodos e os meios e em função do publico, dos objetivos e do assunto e/ou mensagem é ser transmitida. 2. CONCEITO Metodologia é o estudo e a sistematização dos métodos adaptáveis ao trabalho de extensão rural. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS A classificação dos métodos, objetiva possibilitar melhor seleção, combinação, balanceamento e uso. Nesta classificação, serão utilizados os seguintes critérios: 19 Quanto ao Alcance: Individual Grupal Massal Quanto ao efeito: Motivacional Ensinamento técnico (prático) Quanto ao uso: Simples Complexo 1. QUANTO AO ALCANCE Refere-se ao número de pessoas atingidas em uma mesma ação metodológica. 1.1 Métodos de alcance individual: contato, visita, entrevista e unidade de observação. Os métodos de alcance individual atingem, diretamente, indivíduos isolados em cada ação. Estes métodos são importantes para conhecer a realidade rural; eles possibilitam á delimitação de comunidades e grupos, a identificação de líderes, a obtenção da confiança e informações por parte da família rural, o treinamento e acompanhamento de líderes comunitários e condutores de unidades de demonstração ou observação. Devem ser utilizados com moderação e objetivos claramente definidos, por apresentarem custos bastante elevados, devido ao seu alcance limitado. Com exceção de contato, todos os métodos individuais exigem plane jamento. 1.2 Métodos de alcance grupal: Curso, excursão, Dia de Campo/dia especial, reuniões (RI e RD), unidade demonstrativa, demonstração de resultados, convenção / encontro, mutirão, concurso / torneio. Os métodos de alcance grupal atingem, diretamente, indivíduos em grupos. Estes métodos são importantes porque estimulam a participação e a organização grupal: possibilitam a troca de experiências e solução de problemas comuns, o desenvolvimento técnico em agropecuária, bem-estar social e outros. Devem ser utilizados com maior ênfase em relação aos métodos de alcance individual. Todos os métodos grupais exigem planejamento e condução grupal. 20 1.3 Métodos de alcance massal: campanha, semana, exposição. Os métodos de alcance massal, atinge indiretamente o público de um modo geral, sem distinção. Estes métodos são importantes para formar opinião pública, transmitir informações técnicas simples e motivar a mudança de comportamentos. Devem ser utilizados quando os problemas ou necessidades forem comuns, envolvendo grupos e comunidades. Todos os métodos massais exigem planejamento muito bem feito. 2 QUANTO AO EFEITO Refere-se ao efeito da ação metodológica nas pessoas atingidas. 2.1 Métodos com efeitos “motivacionais,”contato, visita com informação, excursão, Dia de Campo, reunião com informação, semana, campanha, exposição, convenção / encontro. Os métodos com predominância motivacional são importantes porque despertam, divulgam, motivam. Podem até, em alguns casos, levar alguns inovadores ou curiosos à ação. De modo geral, estes métodos não permitem maior aprofundamento e nem garantem a aprendizagem, seja pelas informações rápidas e/ou teóricas que transmitem, seja por serem usados para grupos grandes e heterogêneos. 2.2 Métodos para “ensinamento técnico prático” visita com demonstração, curso, reunião com demonstração, unidade demonstrativa, unidade de observação, demonstração de resultado. Os métodos com predominância de ensinamento técnico prático, são importantes, porque eles ensinam realmente, através de aulas práticas, a pessoa ou grupo de pessoas com interesses e objetivos comuns. 3 QUANTO AO USO Refere-se à forma como são utilizados os métodos. 3.1 Métodos simples: contato, visita, entrevista, reunião com informação, reunião com demonstração, excursão. São considerados métodos simples aqueles que na sua execução não exigem outros métodos. Isolados, denotam trabalhos não estruturados. Apesar da facilidade na utilização destes métodos, exceto contato, todos os métodos simples exigem planejamento. 3.2 Métodos Complexos: curso, dia de campo , unidade demonstrativa, unidade de observação, demonstração de resultados, campanha, semana, exposição. São considerados métodos complexos aqueles que na sua execução exigema integração de dois ou mais métodos simples. Denotam maior 21 organização. Todos os métodos complexos exigem planejamento. 4. RECOMENDAÇÃO: FAZER BALANCEAMENTO DE MÉTODOS. 4.1 No planejamento e na execução do Plano Anual de Trabalho, é necessário o equilíbrio dos métodos “BALANCEAMENTO”, quanto ao alcance, ao efeito e ao uso. O balanceamento deve ser estabelecido em função do estágio da população rural a ser atingida, e ainda, da fase de estruturação do trabalho de extensão na área de ação, especialmente nas comunidades rurais selecionadas. 4.2 Para se conseguir o balanceamento, o extensionista precisa fazer: SELEÇÃO e COMBINAÇÃO de métodos. - Seleção de métodos; Exemplo: - Público – desinformado sobre a prática X; - Objetivo (da ação) – informar / motivar; - Métodos – VI, RI (dinamização e palestra), rádio; - Combinação de métodos. Exemplo: - Seqüência – VI, RI excursão, curso, outros; - Utilizar as bases físicas metodológicas: UD e DR, localizadas na área de ação local e regiona l. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS MÉTODO ALCANCE EFEITO USO INDIV. GRUP. MASSAL MOTIV. ENSINAM. TEC. PRÁT. SIMP. COMPLEXO Contato X X X Visita com informação (VI) X X X Visita com demonstração (VD) X X X Curso X X X Excursão X X X Dia de campo X X X 22 Reunião com informação(RI) X X X Reunião com Demonstração (RD) X X X Unidade de Observação (UO) X X X Unidade de Demonstração (UD) X X X Demonstração resultado (DR) X X X Convenção/ /Encontro X X X Concurso/ Torneio X X X Campanha X X X Semana X X X Exposição X X X Workshop X X X Tele Conferência. X X X Unidade de Demonstração X X X Oficina Trabalho X X X CONTATO Conceito É um método não planejado de comunicação individual, que ocorre em situações imprevistas para o extensionista em diferentes locais, onde ele é procurado por algum cliente ou beneficiário direto ou indireto de sua ação. Objetivos Obter orientação técnica e/ou informação. Vantagens: - Por não exigir deslocamento do extensionista, não tem custos; - Permite a transmissão de informações e orientações técnicas simples; - Permite a divulgação dos trabalhos da Unidade Local ao interessado; 23 Limitações: - Não permite a seleção de local e hora apropriada; - Não permite orientações técnicas mais complexas; - Por não ser planejado, pode ser, às vezes, inoportuno para o extensionista; - Alcance restrito; Realização: - Dar atenção ao cliente; - Dar as orientações solicitadas ou encaminha-la a fonte certa; - Ser objetivo - Procurar envolver o cliente nos trabalhos desenvolvidos pela Unidade Local; Avaliação: - Fazer autocrítica sobre as orientações dadas; - Conferir se o cliente ficou satisfeito com as orientações recebidas; VISITA 1. Conceito A visita é um método de comunicação individual e ação planejada, utilizada em Extensão para conhecer a realidade rural, levar orientações técnicas e obter cooperação. A visita pode ser informativa – “visita com informação”, ou ser com demonstração de prática – “visita com demonstração”. 2. Pré-Requisitos Sendo a visita um método de custo bastante elevado, exige que o extensionista considere: - A conveniência na utilização da visita em relação a outros métodos, consultando os objetivos, as vantagens e as limitações; - As informações e/ou anotações que possui sobre o público a ser visitado, como: interesse, necessidade, oportunidade; - As distâncias a serem percorridas e a possibilidade de realizar outras ações na mesma comunidade ou rota, para aproveitar melhor o percurso. 24 3. Objetivos - Conhecer a realidade rural, o que é realizado, como e por que; - Introduzir, reforçar ou melhorar novas técnicas ou práticas; - Obter a cooperação do público ao alcance dos objetivos previstos. 4. Vantagens - Eficaz na introdução de novas técnicas ou práticas; - Permitir a assistência técnica especializada; - Facilita a obtenção da cooperação e participação. 5. Limitações - Custo elevado; - Alcance restrito; - Concentração de visitas nas mesmas pessoas. 6. Planejamento: - Ao planejar uma visita, o extensionista necessita: Determinar os objetivos a serem alcançados; Elaborar um roteiro das visitas e ou ações a serem desenvolvidas na mesma viagem; Planejar bem cada visita, organizando informações a serem prestadas, materiais e equipamentos necessários e aspectos a serem observados, considerando os contatos e as visitas anteriores; Prever a duração objetiva de cada visita; Avisar os interessados sobre a data e hora da visita, para evitar perda de tempo e/ou desencontros. 7. Realização Durante a realização da visita, o extensionista deve usar a sua influencia para estimular, orientar e não para dirigir o pensamento da pessoa visitada. Iniciar a visita interessando-se pelo que a pessoa estiver realizando no momento, levando-a gradativamente ao objetivo da visita. Procurar ouvir e observar a pessoa visitada, para conhecer seus reais problemas e procurar orientá-la. Ser cortês, simples, objetivo e eficiente. Gastar o tempo necessário, sem atropelos ou demoras excessivas. Encerrar a visita convidando-o a participar de trabalhos em grupos na comunidade, e, se possível, entregar material impresso ou recomendações técnicas sobre o assunto tratado. 8. Avaliação O extensionista deve avaliar as visitas realizadas, para aperfeiçoar a utilização do 25 método, considerando: - Tempo gasto; - Qualidade das informações e/ou demonstrações; - Alcance dos objetivos; - Impacto das tecnologias, das práticas e das informações na motivação, adoção e/ou envolvimento das pessoas visitadas. 9. Recomendações Diversas - Utilizar especialmente e oportunamente as visitas com: líderes, autoridades, multiplicadores e demonstradores; - Procura reduzir a quantidade de visitas e melhorar a qualidade das realizadas; - Não realizar visitas sem planejamento e sem objetivo; PLANO DE VISITA COM INFORMAÇÃO (EXEMPLO) 1. Público: 2. Assunto: Uso de adubo orgânico. 3. Local: 4. Data: 5. Horário de Início: 09 h da manhã. 6. Duração: 02 h 7. Objetivo: Motivar e conscientizar o produtor a utilizar os dejetos dos animais (bovinos, suínos e aves), como adubo orgânico nas culturas e pastagens de sua propriedade, aumentando consequentemente sua produção/renda. 8. Justificativa: - O esterco não está sendo aproveitado na propriedade; - O adubo orgânico produzido na propriedade é um adubo barato; - De fácil aplicação; - Não exige equipamentos sofisticados; - Contém matéria orgânica que é essencial na composição do solo; - Aproveitamento da mão-de-obra ociosa na propriedade; - Ajuda a manter higiene nas instalações; - Pode ser usado em qualquer tipo de cultura e pastagens. 9. Material: - Construção de Esterqueira; - Utilização da Adubação Orgânica. 26 10. Informação Técnica: - Coleta do esterco e armazenamento para curtir; - Uso e distribuição do adubo orgânico; - Comentar os informativos distribuídos. 11. Recomendações: - Adubar de acordo com as informações técnicas recebidas;- Divulgar em sua comunidade sobre a utilização da adubação orgânica; - Entrar em contato com a professora e com seus vizinhos para marcar a data da reunião sobre o preparo de canteiros na horta escolar. 12. Síntese: - Importância da adubação orgânica; - Como produzir adubo orgânico; - Onde e como usar o adubo. 13. Avaliação: - Durante o regresso, fazer a auto-avaliação quanto ao uso do método e a tecnologia informada aos produtores. 14. Responsável: ENTREVISTA Conceito É um método planejado, de comunicação individual – realizado no escritório, na sede ou no campo – para conhecer a realidade rural ou divulgar um determinado assunto. Pré – requisitos: Antes de qualquer iniciativa, o extensionista deverá definir: O que perguntar – levando em consideração os objetivos da entrevista; A quem perguntar – definido por amostragem representativa, conforme o assunto a ser pesquisado. O que concluir – determinado após análise em função dos objetivos. 27 Objetivos: - Identificar problemas; - Estudar situações; - Avaliar e divulgar trabalhos desenvolvidos. Vantagens: - Permitir conhecer a realidade rural, após a coleta de informações; - Ajuda na seleção do público e da comunidade a ser trabalhada; - Garante provas, através dos questionários e dos informantes selecionados; - Possibilita divulgar bons trabalhos realizados. Limitações: - Por ser um método individual, o seu custo é elevado; - Exige preparo adequado e confiabilidade do entrevistador; - Exige sinceridade nas respostas do entrevistado; - Exige boa aplicação e análise dos questionários; - O resultado é demorado. Planejamento: Ao planejar a entrevista, o técnico deverá seguir os itens abaixo: - Elaborar ou estudar os questionários; - Determinar o número de pessoas a serem entrevistadas; - Escolher a melhor época para realização da entrevista; - Fazer “amostragem representativa” quanto ao público e comunidade; - Envolver colaboradores. Realização: - Divulgue a realização e os objetivos da entrevista; - Aplique os questionários; - Comece a entrevista pelas perguntas mais simples; - Colha as informações, seguindo a lógica; - Domine bem as perguntas; 28 - Pergunte sem induzir a resposta; - Esgote cada assunto, antes de passar para outro; - Controle o tempo e fale só o necessário. Avaliação: A avaliação das entrevistas pelos extensionistas deve abranger os seguintes aspectos: - Objetividade dos dados obtidos; - Sua atuação como entrevistador; - Seleção adequada das pessoas entrevistadas; - Época da entrevista; - Tempo gasto; - Qualidade dos questionários. Recomendações Diversas: - Preparar a pessoa para a entrevista; - Ser simples e não abreviar palavras; - Tabular e analisar todos os questionários após o encerramento da entrevista; - Garantir o caráter confidencial e o anonimato. ENTREVISTA (Exemplo) I. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTOR 1. Nome: ______________________________________________________ Como é conhecido: ______________________________________________ 2. Ocupação principal: _______________________ 3. Nível de escolaridade,__________________ 4. Nº de filhos,________ 5. Trabalha na propriedade, _______________cite o endereço completo para sua localização: ______________________________________________________________ 7. Tipo de posse e uso da terra: proprietário ( ) arrendatário ( ) parceiro ( ) meeiro ( ) posseiro ( ) comodatário ( ) 8. Quem administra a propriedade? Proprietário ( ) gerente ( ) 29 II. APOIO INSTITUCIONAL 1. Assistência Técnica 1.1 É assistido tecnicamente? Sim ( ) Não ( ) De quem? _____________________________________________________ 1.2 Você participa das reuniões e/ou demonstrações de práticas agrícolas? Sim ( ) Não ( ) 1.3 Fontes de informações agropecuárias? Rádio ( ) jornal ( ) TV ( ) revista ( ) 1.4 Recebe informativo Agropecuário? Sim ( ) Não ( ) Em caso positivo, qual? __________________________________________ 1.5 Faz anotações sobre receitas e despesas de sua propriedade? Sim ( ) Não ( ) Em caso negativo, por que não faz? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ TÉCNICAS DE DINAMIZAÇÃO DE GRUPO TEMPESTADE DE IDÉIAS 1. Conceito É uma técnica de dinamização grupal, utilizada em alguns métodos, para estimular a criatividade e a participação de um grupo de pessoas, gerando idéias e informações para solucionar os problemas individuais e comuns dos participantes. As ideias são expostas livremente pelos participantes, sem a preocupação se serão ou não aproveitáveis. São participantes da Tempestade de Idéias, o grupo e o técnico que conduz a reunião. 2. Realização A dinâmica consiste em solicitar-se ao grupo que, durante 3 a 5 minutos, emita o maior número de ideias possíveis, independente dos resultados que poderão surgir. Enquanto as ideias vão surgindo espontaneamente, o técnico vai relacionando-os, para posterior discussão. Quando o tempo estiver esgotado, procura-se discutir com os participantes cada ideia que foi exposta, procurando fazer seleção das melhores contribuições. Para se obter melhores resultados, deve-se criar um clima de informalidade, a fim de que os participantes expressem suas opiniões livremente. 30 3. Vantagens A dinâmica aplica-se a grandes grupos. É um bom exercício para aumentar o número de ideias, fazendo com que todos os participantes da reunião alcancem as melhores soluções para seus problemas. 4. Limitações Pode haver o domínio de alguma pessoa sobre as demais, impedindo que todos expressem suas opiniões. MESA REDONDA OU GRUPO DE TRABALHO 1. Conceito É uma técnica de dinamização grupal, utilizada em determinados métodos, onde um pequeno número de pessoas discute informalmente um assunto. Chama-se mesa redonda porque todos os participantes estão no mesmo nível de igualdade. A dinâmica é utilizada para provocar a participação de todos os presentes, na discussão, decisão e ou planejamento de um determinado assunto ou problema. 2. Realização Comumente, um grupo pequeno assenta-se em mesa e trata informalmente do assunto ou problema em questão. Havendo um número maior de pessoas, divide os participantes em pequenos grupos, em caráter bastante informal, de modo que todos possam participar da discussão. O grupo discute durante determinado tempo, e após, apresenta suas conclusões ao grande grupo. O assunto é discutido sem formalismo ou preparação anterior. 3. Vantagens O caráter sem formalismo da discussão cria um clima propicio à franca troca de ideias. 31 4. Limitações Muito tempo pode ser perdido com assuntos sem importância. PHILLIPS 66 OU FRACIONAMENTO 1. Conceito É uma técnica de dinâmica grupal, na qual um grupo grande se divide em subgrupos de 6 pessoas, os quais discutem o mesmo assunto, durante 6 minutos, chegando cada subgrupo a uma conclusão final. As conclusões dos subgrupos são debatidas no grupão e chega-se à conclusão final. 2. Objetivos da Técnica - Permitir e promover a participação ativa de todos os membros do “grupão”; - Obter as opiniões de todos os membros em um tempo muitocurto; - Superar as inibições para falar diante de outros; - Desenvolver a capacidade de síntese e concentração; - Agilizar raciocínio; - Criar uma atitude mental de receptividade, favorável à aprendizagem. 3. Ação do Moderador - Dar instruções gerais sobre a técnica; - Estimular o interesse pela atividade; - Anunciar e marcar o tempo disponível (6 minutos); - Movimenta-se entre os grupos para qualquer esclarecimento e para observar como trabalham; - Prorrogar o tempo, se necessário e se houver interesse, mas só alguns minutos; - Nas primeiras experiências com o grupo, pedir aos relatores que leiam suas conclusões e em seguida fazer as sínteses. Neste caso, chegar à conclusão final, com participação de grupos, sem interferir no julgamento das ideias apresentadas; - Atuar sempre com simplicidade e naturalidade. 1A 1B 1D 1C 1 2A 2B 2D 2C 2 3A 3B 3D 3C 3 4A 4B 4D 4C 4 5A 5B 5D 5C 5 32 4. Desenvolvimento 1a. Fase – O responsável pela reunião (moderador) apresenta ao grupo, com precisão, a pergunta ou o assunto objeto de discussão. 2a. Fase – O moderador divide o “grupão” em grupos de 6 e pede que cada grupo escolha o seu coordenador (A) e o relator (B), iniciando os debates. 3a. Fase – O relator de cada grupo apresenta as conclusões. Cada relator (B) escreverá no quadro as conclusões do seu grupo, sintetizadas. 4a. Fase – O moderador dirigirá os debates, para chegar a uma conclusão final, com ajuda do plenário. Observação: O tema de discussão é sempre o mesmo para todos os grupos. PAINEL 1. Conceito É uma técnica em que 4 a 6 pessoas, entendidas em um assunto, discutem entre si, em forma de diálogo ou conversação, bem informal, diante de um grupo. 2. Objetivos da Técnica - Dar conhecimento ao grupo de um assunto determinado, com maior profundidade; - Conseguir um consenso geral do grupo sobre um assunto, quando há 33 desacordo de opiniões; - Forçar o grupo a enfrentar-se com um assunto controvertido e interessar-se pela solução do problema; - Desenvolver o sentido de responsabilidade, levando os membros do painel (quando são alunos) a pensarem e a pesquisarem dados ou fatos. 3. Ação do Moderador - Planejar a reunião, providenciando tudo que seja necessário; - Abrir a reunião; - Apresentar o Painel ao grupo; - Formular perguntas ao Painel, que possam contribuir para o esclarecimento do assunto; - Encerrar a reunião. 4. Ação do Coordenador do Painel - Reunir os membros do painel, previamente, para coordenar o programa; - Controlar o tempo da discussão; - Dividir as áreas de discussão; - Verificar a melhor disposição dos membros, ou seja: o Os mais entusiastas devem sentar-se nas extremidades; o Os mais tranqüilos no centro. - Intervir para efetuar nova pergunta sobre o assunto; - Orientar os debates e superar situações de tensão; - Apresentar ao grupo uma síntese final, passando a palavra ao responsável pela reunião (moderador) para iniciar os debates. 5. Desenvolvimento 1a. Fase – O moderador constitui o painel, expõe o tema, apresenta os integrantes do painel ao plenário e explica a técnica. 2a. Fase – Plenário assiste a discussão do painel e formula as questões, para a fase do debate. 3a. Fase – Encerrada a discussão, faz-se primeira pergunta ao painel, para iniciar os debates. 4a. Fase – A partir da 1a. pergunta feita, o coordenador estimula os debates, a fim de chegar a conclusões objetivas, com a participação ativa do plenário. PAINEL INTEGRADO É uma técnica que permite dinâmica no trabalho de grupo, forçando a participação de 34 todos os componentes de um grupo grande, fracionando-o em grupos menores. Pela sua complexidade, o painel integrado exige certo nível de escolaridade dos participantes. Deve-se utilizar o painel integrado quando sé deseja ler um documento denso, de interesse do grupo, de maneira dinâmica e não cansativa, com o objetivo de aprendizagem. DESENVOLVIMENTO 1° MOMENTO 1. Orientar o grupo maior sobre a técnica e as regras a serem seguidas; 2. Fracionar o grupo maior em tantos grupos menores quantas forem as partes em que for dividido o documento a ser tido, numerando-os; 3. Cada membro dos grupos menores será identificado com uma das primeiras letras do alfabeto, sendo a última letra correspondente ao número total de grupos; 4. Caso algum grupo possua mais componentes que o número total dos grupos, deve-se repetir a última letra, sendo que esta identifica dois membros no grupo; 5. Entregar uma cópia do documento para cada participante; 6. Determinar os capítulos que deverão ser lidos, discutidos e resumidos por cada grupo; 7. Proceder a eleição de um coordenador e um cronometrista; 8. Cada membro do grupo terá que fazer o papel de relator, cujo resumo completará o trabalho no segundo momento; 9. Estabelecer o prazo para os grupos concluírem a tarefa. 2° MOMENTO 1. Os componentes dos grupos anteriores, identificados com a mesma letra, formarão novos grupos; 2. Serão formados tantos grupos quantas forem as letras; 3. Cada um levará o resumo dos diferentes capítulos do documento, que deverá ser apresentado e lido para o grupo, que o aprovará ou o complementará; 4. Proceder a eleição de um coordenador, um relator e um cronometrista; 5. O relator, com a ajuda de todos, deverá juntar os vários resumos em um único trabalho, que será apresentado por ele, no 3° momento, na forma de painel; 6. Estabelecer o prazo para os grupos concluírem a tarefa. 3° MOMENTO 1. O relator de cada grupo sentará á mesa, fazendo o papel de especialista do painel; 2. Como os trabalhos serão muito parecidos, quase iguais, recomenda-se que cada relator apresente uma parte, com os demais complementando, se for o caso; 3. Concluída a apresentação, todos terão lido e discutido o documento na sua íntegra, por mais de uma vez, de maneira dinâmica e agradável, o que facilitará o processo da aprendizagem. WORKSHOP 1. DEFINIÇÃO Termo inglês para definir uma oficina de trabalho. É um evento dividido em duas partes: 35 teórica e prática. Os participantes são de uma mesma área e de um mesmo segmento de trabalho, e se reúnem para debater, praticar e tentar encontrar soluções para o terna proposto. 2. OBJETiVO Familiarizar os participantes sobre um determinado assunto para um maior dinamismo, aliando a teoria com a prática. 3. DURAÇÃO De 8 a 30 horas, com no mínimo 3 horas e no máximo 8 horas diárias. 4. PÚBLICO ALVO Interno ou externo. 5. USO Pode ser implementado paralelo a outro evento, como sua parte prática; É necessário credenciamento, entrega de pasta contendo material técnico, bloco de anotações e caneta; Ao final cio evento, atendidas as exigências de participação, é entregue um certificado; Recomendam-se no máximo 30 participantes. 36 RODADA DE NEGÓCIOS 1. DEFINIÇÃO Evento em que se reúnem empresários de determinado segmento, devidamente inscritos para vender ou comprar produtos e serviços. 2. OBJETIVO Apresentar ao público-alvo as tecnologias, serviços e produtos disponíveis para comercialização. 3. DURAÇÃO Hoje é muito variável. 4. PÚBLICO ALVO Parceiros e clientes potenciais. 5. USO A organização do evento estabelece horário de encontro entrevendedores e compradores para que possam fechar seus negócios. Em geral, ocorre simultaneamente a grandes eventos (exposições, feiras, etc.) É recomendável a produção de materiais informativos atualizados, com enfoque comercial das tecnologias, serviços e produtos disponíveis. DRAMATIZAÇÃO OU SIMULAÇÃO A dramatização ou simulação é uma técnica de dinamização grupal. O desempenho de vários participantes é uma das formas mais antigas de comunicação humana, mas o emprego estruturado e planejado deste meio como técnica de grupo apresenta muitos elementos novos. A dramatização é um dos meios mais eficazes que se conhecem para comunicar, educar e motivar o grupo. Consiste, em geral, na representação de uma breve “cena” de relações humanas, por duas ou mais pessoas, numa situação hipotética em que os papeis são apresentados da maneira que devem acontecer na vida real. Revela a dramatização, imediatamente, um conjunto de dados altamente representativos que podem ser estudados pelos atores, os assistentes e todo o grupo. Os atores, em geral membros do grupo, podem tornar-se profundamente influenciados pelos seus papéis transferindo essa influencia para o grupo através da interpretação vigorosa. O método deve ser usado com cautela pelos grupos mais formais devido à dificuldade de conter ou limitar a intensidade psicológica e a da dramatização. 37 GRUPO DE VERBALIZAÇÃO/ OBSERVAÇÃO/ AVALIAÇÃO É uma técnica de dinamização grupal, que possibilita o fracionamento de um grupo maior em três grupos menores, obtendo a participação de todos os seus membros. PASSOS 1° MOMENTO 1. Dividir o grupo maior em três grupos menores, dando-lhes os nomes de grupo de verbalização — GV, grupo de observação — GO e grupo de avaliação — GA; 2. Distribuir cópia do tema a ser lido e resumido para cada membro dos grupos; 3. Esclarecer que a técnica visa obter a participação de todos, na tarefa; 4. Orientar os grupos a elegerem o coordenador, relator e cronometrista e dizer a função de cada um deles; 5. Estipular o tempo para a execução da tarefa; 6. Orientar o GO que, além da tarefa de ler, discutir e resumir o tema, ele terá que avaliar a qualidade do resumo, bem como o grau de participação dos membros do GV; 7. Orientar o GA que, além da tarefa de ler, discutir e resumir o tema, ele terá que avaliar a qualidade dos resumo-s do GV e do GO, bem como o grau de participação dos seus respectivos membros. 2° MOMENTO 1. Colocar o GV para formar um pequeno círculo, no centro da sala; colocar o GO em sua volta, fazendo um círculo maior; colocar o GA em volta do GO, fazendo um círculo ainda maior; 2. Estipular o tempo de apresentação da tarefa do GV, bem como para avaliação do GO e do GA; 3. O GV deverá fazer a apresentação de seu trabalho, iniciando pela dinâmica adotada no grupo e seu funcionamento, concluindo com o conteúdo do resumo do tema; 4. O GO deverá apresentar a dinâmica adotada no seu grupo e seu funcionamento; deverá relatar as observações da dinâmica adotada pelo GV, seus pontos fortes e fracos. Deverá fazer ainda um relato sobre o resumo feito pelo GV, se ficou bem feito ou se tem alguns pontos importantes que deixaram de ser abordados; 5. O GA fará o mesmo que o GO, em relação ao GV e fará ainda o mesmo em relação ao GO. OBSERVAÇÃO: Essa é uma excelente técnica de dinamização grupal. Para que ela funcione como tal, recomenda-se que os membros dos grupos GV e GO não retruquem as críticas porventuras recebidas, pois aqui não são avaliadas as pessoas e sim sua conduta dentro do grupo. 38 SIMPÓSIO Método mais complexo do que a palestra, o simpósio exige a presença de mais especialistas à frente do grupo. O Serviço de Extensão Rural do Paraná, em seu “Manual de Metodologia” dá uma boa definição sobre esse método: “forma de reunião, em que um grupo de especialistas ou pessoas conhecedoras do assunto, sob a direção de um coordenador, apresenta a uma assistência uma série de palestras, preleções, discussões, em forma seqüenciada, de partes de determinado assunto-problema’. A duração sugerida para o simpósio é de uma hora a uma hora e meia, sendo que cada especialista fala em média de 15 a 20 minutos. O método permite uma exposição das ideias de forma sistemática, relativamente completa e ininterrupta, porém o interesse e a participação da audiência dependem da afinidade do orador com o assunto ou do debate dos pontos de vista. Este fator limita o uso da técnica. Simpósio deve ser utilizado quando: desejarmos apresentar informações básicas sobre determinado assunto: houver certeza de que o nível de comunicação dos oradores será compreendido pelo grupo: houver o desejo de apresentar diferentes pontos de vista sobre o assunto escolhido; a interação entre participantes não for necessária; desejamos prestar informações de forma direta e informal; dispusermos de pessoas com preparação adequada e a prática necessária no emprego deste método. Os componentes de um simpósio são: coordenador, expositores (especialistas) e assistência ou plateia, público. O coordenador abre os trabalhos, apresentando o assunto e os oradores, bem como a participação de cada orador no assunto. Continuando, o coordenador faz um resumo do problema existente e dos objetivos da realização do simpósio, criando uma atmosfera de atenção no auditório. A seguir, passa a palavra aos especialistas, controlando o tempo de exposição de cada um. Quando o último expositor finalizar sua parte, o coordenador retoma a palavra, resumindo todas as informações dadas e as perguntas. A assistência possui um tempo determinado para as perguntas, ao final das quais o presidente encerra o simpósio, agradecendo a participação de todos. No livro citado anteriormente, Bodenave recomenda o seguinte arranjo físico para a realização de um simpósio. ORADORES PRESIDENTE TRIBUNA PUBLICO OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO o 39 1. Arranjo físico para a realização de um “Simpósio”. 1a) 1b) 40 SEMINÁRIO Conceito Seminário é um método de aprendizagem ativa, no qual um grupo de pessoas estuda, em sessões planejadas, um tema de interesse comum, em busca de soluções para problemas, ou, de alternativas de soluções para os mesmos. Tema Para possibilitar o aprofundamento das discussões em torno do problema e alcançar maior objetividade nas conclusões é conveniente que o tema de um seminário seja dividido em partes (subtemas). Um tema como Feijão, por exemplo, poderia ser dividido da seguinte maneira: Sementes Melhoradas, Tratos Culturais, Aspectos Sanitários, Comercialização, Conservação e Armazenamento. Todavia, esta divisão deverá ser feita em função do objetivo de trabalho da entidade promotora e dos problemas existentes que possam ser esclarecidos, equacionados ou pesquisados em decorrência dos trabalhos desenvolvidos durante a atividade. Participantes Normalmente, os seminários comportam três tipos de participantes: Convidados: que são especialistas ou pessoas com vivencia maior em aspectos parciais do tema; eles se encarregam de elaborar trabalhos escritos sob o aspecto do tema no qual tenham maior experiência e indicar fontes de informações sobre o mesmo. Efetivos: que são pessoas com interesse geral sobre o tema do Seminário, que participarão de grupos de discussão e elaboração das conclusões do conclave. Assistentes: que possuem, também, interesse geral, mas não tem a
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