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Filósofos para frequência de HFM

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Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
René Descartes 
 Nasceu em La Haye, na Turena, terra que, depois passou a se chamar La Haye-
Descartes. Sempre teve uma inclinação para as matemáticas, por causa da certeza e 
evidência das suas razões. Gostava da teologia, com o objetivo de ganhar o céu. 
Mantinha uma atitude de desconfiança, motivada de que na filosofia não há nada de que 
não se discuta, assim, nada que não seja duvidoso. 
 Apesar de não concordar com a formação recebida dos jesuítas, declarou como o 
melhor ensino. Encontrando-se na Alemanha, teve três sonhos, em que graças a 
iluminação celeste o fogo desceu no seu cérebro. Incentivando-o assim, a lançar os 
fundamentos de uma matemática universal, cujo método seria aplicável a todas as 
ciências. Depois fez o voto de ir a Loreto, o qual cumpriu em 1624. Sua ideia era que o 
mundo foi criado e conservado por Deus, regido por leis imutáveis, que são a expressão 
das verdades inscritas em cada ser. Após cinco anos de desilusão, quando pensava 
regressar à França, por o ambiente universitário lhe não era favorável, recebeu um 
convite da rainha Cristina para se deslocar à Suécia. 
 Para lançar um novo método gnoseológico, partiu de dois pressupostos: a razão 
como capacidade de julgar o verdadeiro do falso; e o ceticismo havia assentado arraiais 
no pensamento. 
 O erro vem do método aplicado de maneira errada. Então considera a filosofia 
como a base de todas as ciências, sendo capaz de estruturar a religião e a moral, 
fundamentar as artes mecânicas e a medicina. Defendia a união das ciências, sendo que 
os objetos da ciência não quebram a unidade do espírito humano. Serviu-se da imagem 
estoica em que a ciência humana é uma árvore de que a metafísica é a raiz e a física o 
tronco, do qual sai os ramos. 
 É necessário ir aos primeiros princípios através da dúvida cética, a partir da 
tábua rasa, munidos de um método inventivo, como a matemática-geométrica, para isso 
é necessário: aceitar apenas as ideias clara e distintas, as evidentes; atribuir às coisas só 
o evidente nas respectivas ideias; encadear as ideias em uma ordem, de dependência e 
derivação. 
 Para que o edifício da filosofia e das ciências seja firme, é necessário partir de 
um princípio indubitável, uma razão sobre a universalidade da presença do sujeito no 
próprio pensar. Poderia ser afinal a concretização do conhece-te a ti mesmo. 
 A certeza reside nas ideias claras e distintas. As ideias podem ser: fictícias ou 
factícias (forjadas pela vontade e pela imaginação); adventícias (causadas pelas coisas 
exteriores, através dos sentidos); inatas (referem a coisas puramente racionais e 
inteligíveis, independentemente do conhecimento sensorial, encontram-se na 
inteligência e formam- se espontaneamente). 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
 Essas ideias encontram-se no espírito não em ato, mas apenas potencialmente. 
Descartes aponta quatro caracteres da ideia distinta e clara: indubitabilidade (a 
inteligência é como que dominada pela certeza do objeto); intuição (as naturezas 
simples cujo o conhecimento é tão nítido e distinto que a inteligência não pode dividi-
las em outros conhecimentos mais distintos, só a intuição nos pode dizer o que uma 
coisa é); infabilidade (indubitavelmente verdadeira, a possibilidade de erro só surge 
quando o homem compõe com elementos diversos, o juízo, quando se deixa pressionar 
pela vontade); inatismo (Deus imprime na nossa alma assim que nascemos). 
 As regras certas tornam impossível tomar o falso por verdadeiro, sem nenhum 
esforço mental inútil. Reduziu então as regras do método em quatro: 
-evidência: não aceitar como verdadeira sem conhecer evidentemente como tal, se 
alcança pela intuição, o que a caracteriza são a clareza e a distinção. Na base do erro 
estão o preconceito, o estarmos habituados a ideias preconcebidas e a precipitação, 
julgamos antes de examinar, assim é necessário reduzir as ideias complexas a ideias 
simples, através da aplicação das três regras que seguem; 
-análise: as dificuldades devem ser divididas e separadas, para resolvê-las a partir dos 
seus elementos simples, onde o falso não se encontra misturado com o verdadeiro; 
-síntese ou dedução: conduz com ordem os pensamentos, para me elevar, pouco a puco 
por degraus ao conhecimento. Apoia-se na memória para apreender as evidências 
precedentes; 
-enumeração ou indução: fazer enumerações até a certeza de nada omitir, através da 
revisão chegamos a evidência intuitiva, à ideia clara e distinta. Ele não pretende ensinar 
o método, mas apenas fixar os seus caracteres distintivos, que só são adquiridos a partir 
da matemática universal; 
 A metafísica tem por objetivo a fundamentação das ciências práticas, através da 
física. O itinerário metafísico de Descartes parte da dúvida, que tem duas fases: caráter 
teórico, dependente da inteligência, que examina o que possível duvidar-se; outra, de 
caráter prático, dependendo da vontade, considerando tudo temporariamente falso. 
 Devemos libertar-nos do erro, ele aponta algumas das causas: pensar mal, ir pela 
cabeça dos outros, temos que colocar as opiniões passadas como falsa; os sentidos 
podem ser falsos; os lapsos da memória, cortando a relação do passado como presente; a 
falta de distinção entre o sono e a vigília, afetando o nosso raciocínio; as evidências 
racionais como 2+2=4 podem estar colocando-me em um estado de contínuo erróneo; 
afirma a existência de um espírito maligno que teria por missão enganar o homem. 
 Coloca como primeira certeza: eu penso, logo existo. Sendo que a expressão 
original deveria ser: cogitans sum. Estabelece então a identidade do pensamento com a 
consciência, excluindo a possibilidade da existência de pensamento inconsciente. Por 
pensamento entendo tudo o que acontece em nós. 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
 Apressou-se a provar a existência e a veracidade de Deus como garante da ideia 
clara e distinta, da certeza. Para isso usou de duas provas, a primeira destas é a 
posteriori, que desdobra-se em duas outras: as dos princípios de causalidade e de razão 
suficiente. A última é o célebre argumento ontológico. 
-casualidade: a ideia de Deus, como Ser infinitamente perfeito, é positiva e inata e não 
pode ser causada por mim, que sou imperfeito. Tem de existir, o ser infinitamente 
perfeito causa da ideia que O representa; 
-razão suficiente: parte da finitude do meu eu, sou um ser finito, não posso dar a mim 
mesmo a existência com a respectiva ideia de infinito que possuo. R. D. apresenta então 
várias manifestações dessa finitude: a aquisição piano, piano do nosso conhecimento; a 
dúvida e a privação daquilo de que precisamos; a temporalidade que nos faz procurar a 
causa da nossa existência; 
-argumento ontológico: ele apoia-se nos seguintes argumentos: as ideias claras e 
distintas só são verdadeiras; a ideia clara e distinta que temos dá-nos a conhecer a Sua 
essência necessária; a ordem real, corresponde a ideia ideal; a existência atual é uma 
perfeição. 
 A natureza é expressa pela ideia de Deus. Deus é uma substância: as substâncias 
não podem ser incompletas; só Deus é propriamente substância; a ideia de substância 
não se aplica univocamente a Deus e às criaturas. 
 Deus criou as coisas existentes, as meramente possíveis e as verdades eternas. A 
verdade divina é a qualidade moral da vontade divina, em virtude da qual se exclui a 
possibilidade de Deus nos enganar. É uma exigência de perfeição infinita. O 
conhecimento perfeito parte do prévio conhecimento de Deus, o ateu não pode ter o 
conhecimento certo e seguro. Há duas espécies de verdades infalíveis: cogito, ergo sum, 
são intuitivamenteevidentes; as outras através da memória, são evidentes, através da 
veracidade divina. 
 Substância é a coisa que existe de tal maneira que não necessita de outra para 
existir, essa ideia é exclusiva de Deus. Há duas substâncias: a coisa pensante e a coisa 
extensa, em termos psicológicos, a alma e o corpo, que são duas ideias distintas. 
 Os atributos são propriedades sem as quais a substância não pode existir. Os 
atributos essenciais da alma e do corpo são o pensamento e a extensão. 
 Os modos são propriedades pelas quais a substância é afetada, supõem sempre 
os atributos, estes podem conceber sem aqueles. 
 A alma está real e substancialmente unida ao corpo, e a alma move 
conscientemente o corpo e recebe dele as impressões. Essa união depende do poder de 
Deus. 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
 Considera o entendimento como uma faculdade passiva, só a vontade é ativa, 
porém as duas são dois aspectos da mesma realidade que é a alma. As plantas e os 
animais são privados de alma e dotados apenas de movimentos mecânicos. A vontade é 
a faculdade que mais significa o homem. 
 Quanto à moral, afirmou que enquanto a ética definitiva e absoluta não for 
conhecida deve obedecer-se a certas normas morais. Assim, apresenta duas espécies de 
morais: a provisória e a definitiva. 
 A moral provisória, é uma segurança contra a dúvida, segue quatro regras: lei do 
conformismo social, obedecer às leis do meu país e conservar a religião que Deus 
permitiu eu ser educado; ser firme na minha ação; procurar sempre vencer-me antes a 
mim do que à fortuna e mudar antes os desejos do que a ordem do mundo; cultivar a 
razão e avançar quanto mais puder no conhecimento. 
 A moral definitiva, é a moral das certezas metafísicas e das exigidas da fé cristã, 
resume-se em três aspectos: o homem deve-se servir da razão para conhecer a Deus e a 
si mesmo; executar tido pela razão; contentar-se com aquilo que é possível e evitar o 
arrependimento das próprias faltas; é a fé que cabe a decisão, não sem a intervenção da 
razão. 
 A extensão é, portanto, o atributo fundamental do corpo e este não pode agir 
sobre a alma. A sua existência é real nas coisas e as qualidades secundárias são obra 
exclusiva da alma. 
 Há três hipóteses para explicar a causa da ideia de extensão: a ideia de extensão 
corporal não pode ser causada pelo espírito, que neste caso é a consciência; não pode ser 
causada por Deus; excluídas essas duas, detrás da ideia de extensão, estão os seres 
extensos. 
 Há uma única matéria homogénea, regida apenas pelas leis mecânicas. A 
imutabilidade do movimento é uma exigência da imutabilidade de Deus, tanto no ser 
como no agir. 
 Descartes, servia-se do estatuto de católico para cativar as boas graças da Igreja 
e, em especial, dos jesuítas. 
 Segundo ele a ciência só é verdadeira se for matematizável. O primeiro 
problema deve ser o do valor do conhecimento e do respectivo método que permite 
conhecer. Está de acordo com Agostinho na afirmação: se me engano existir, e no querer 
conhecer Deus e a alma. E de acordo com Kant na consciência da finitude dos 
conhecimentos humanos 
 Só a partir do conhecimento surgem os outros seres: Deus e o mundo. Sublimou 
a vontade e deprimiu o entendimento, ao atribuir àquela funções que a este competem. 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
 Para ele existe uma emancipação no homem atual, primeiro em relação ao 
cristianismo e depois em relação à tradição escolástica. Ele caiu em dualismos: 
dualismo psicológico, reduzindo a sensação à ideia e a matéria à quantidade; dualismo 
crítico, se as ideias são modos do pensamento, tal como as coisas são modos da 
extensão, participam da irredutibilidade dos seus atributos, tornando difícil ou 
impossível a sua união. 
 Deu assim, satisfação a três grandes inevitáveis exigências do pensamento 
humano: a eterna exigência duma metafísica, exigência da unidade racional na 
especulação, e ainda a exigência duma harmonia das doutrinas filosófica, teóricas e 
práticas do seu tempo. 
 Segundo Hegel, a influência desse homem no seu tempo e na trajetória da 
filosofia não pode ser exagerada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
Blaise Pascal 
Nasceu numa família de altos magistrados, ao ficar órfão de mãe, seu pai 
encarregou de seus estudos não o deixando ele ir à escola, encaminhando- o para as 
ciências matemáticas e naturais. Criou um teorema com seu nome, chegando também a 
inventar uma calculadora mecânica. Teve uma vivência da fé cristã, em seguida teve a 
sua primeira conversão, em uma discursão com Jacques Fortes, sobre a bíblia e os 
dogmas da Igreja. 
 Via-se protegido pela providência divina, após escapar de um acidente, quando 
andava de carroça sobre uma ponte de Paris. Depois desse fato teve uma experiência 
mística, que consta como a sua segunda conversão, na qual visava uma dedicação total a 
Deus. 
 Seu pensamento antropológico foi influenciado por Montaigne, S. Agostinho e 
sobretudo pelo jansenismo. Exerceu grande influência na sobre a filosofia, 
principalmente através de Kierkegaard, o filósofo do concreto. A sua linguagem é uma 
linguagem quente, desanuviada, comprometida e existencial. 
 Reduziu a oito as regras da lógica, três das quais se referem à definição, duas aos 
axiomas e três à demonstração. 
 O mundo é infinitamente grande e pequeno, assim como o homem, este grande 
pelo espírito; pequeno, pelo corpo. Dividiu o mundo em três ordens de seres e de 
valores: 
-ordem dos corpos: está compreendida os seres materiais de caráter social, sobressaem 
os de espírito de finura ou de intuição metafísica, aqueles que deixam se orientar pelo 
coração e pela graça de Deus. Vão além daqueles que vão somente pela razão, 
-ordem dos espíritos: os que usam a razão para compreender o mundo, são aptos para a 
descoberta científica. 
-ordem de caridade ou da sabedoria: homem que mediante a fé e o coração, alcança a 
religião cristã. 
 Só a teologia pode atingir a verdade, graças a autoridade dos Livros Sagrados, 
diferentemente das outras ciências que ao não podendo sair do seu campo, corre o risco 
de cair no erro. Há duas faculdades cognitivas: 
-razão: a razão humana é limitada, induzindo-nos ao erro. O objeto próprio da razão 
reside nas verdades geométricas. Ficando assim, não consegue chegar a Deus, ficando 
em um conhecimento incapaz de provocar a fé. A razão consegue ter um valor quando é 
capaz de seus excessos, do qual são dois principais: excluir a razão e não admitir a 
razão; 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
-coração: o coração é a faculdade intuitiva que nos permite ver as coisas, enquanto 
coisas. É a faculdade dos primeiros princípios, do amor, do sentimento, do instinto e da 
fé. Através da fé e o coração, o homem entra na ordem da caridade, onde o homem 
encontra a solução para todos os seus problemas naturais. Conhecemos a verdade não 
só pela razão, mas também pelo coração. 
 O pensamento de B. P., gira em torno do homem. O homem tem que se purificar 
do Deus dos filósofos e atingir o Deus da Revelação (de Abraão, Isaac e Jacob). O 
homem está situado no meio do termo, deve conformar-se com seu meio-termo, já que 
se sair dele, seria sair da humanidade, que lhe confere a identidade ontológica. 
 O homem se reconhece miserável porque tem consciência da sua limitação, por 
isso, se sente frustrado à procura da felicidade. Dá-se conta daquilo que o fatiga, 
deixando-o assim, iludido. Só a religião é capaz de explicar o homem ao homem. O 
pecado original arrancou Deus (objeto de felicidade) do homem.Porém, a Redenção de 
Cristo é a salvação para o homem decaído. 
 Contra os céticos e aqueles que negam a existência de Deus, falou: Se não há 
razões para afirmar Deus, não há razões para nega- lo. O caminho mais reto para chegar 
a ele é o coração. Seguindo a fé temos tudo a ganhar e nada a perder, ao rejeitá-la temos 
tudo a perder e nada a ganhar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
Nicolau Malebranche 
Nasceu em Paris, depois de estudar filosofia e teologia entrou na congregação do 
Oratório. Depois acabou por largar a escolástica, dedicando mais aos estudos de 
Agostinho, Platão e Descartes. O que ele defendia era a união entre a filosofia e a 
teologia. Segundo ele, a filosofia iluminada pela fé torna a Revelação mais acessível ao 
Homem. 
Um dos pontos mais importantes dele é o ontologismo, uma doutrina que tendo 
suas raízes no pensamento de Agostinho e Boaventura (doutrina da iluminação), 
reaparece de pouco a pouco, na modernidade, sobretudo no séc. XIX. Consiste em dar 
um caráter espiritual a intelecção, tendo por objeto único o Ser divino. 
O conhecimento parte de Ideias claras e distintas, que tem uma dimensão divina; 
o sentimento é subjetivo e a ideia objetiva (possui algo que lhe oferece resistência). O 
pensamento só tem uma ideia do que é bom ou não, já a ideia, não leva ao 
conhecimento da coisa, enquanto coisa. 
A ideia não é produzida pelas coisas sensíveis, nem por nós. N. M., influenciado 
por Agostinho rejeita o inatismo das ideias, a mente humana é finita e contingente. Deus 
é a Razão universal, Verbo Divino, assim, ao conhecermos as ideias conhecemos Deus. 
Além de rejeitar também o panteísmo, assim, como N. Cusa e Campanella, para quem o 
mundo era o ponto de encontro entre duas realidades distintas: Deus e o homem. 
Se as nossas ideias são imutáveis só podemos as encontrar num ser imutável. 
Com esse argumento lançou a teoria da visão em Deus (como primeiro objeto da 
inteligência humana). Há uma ideia de extensão inteligível, no qual todas as criaturas 
participam da imensidade do ser divino. Não temos uma ideia da alma, esta só é 
conhecida por um sentimento interior. Sei que tenho uma alma, mas não sei o que são 
meu pensamento, meu desejo, minha dor. 
Não conhecemos a Deus, só em pensar nele sabemos que Ele existe. Nenhuma 
coisa finita pode representar algo infinito. Deus existe, é a proposição mais clara de sua 
existência. Deus é um pressuposto do conhecimento humano. Quanto aos corpos 
extensos, são percebidos através de um conhecimento sensorial, sendo este apenas 
subjetivo. A certeza plena e filosófica dos corpos só pode ser demonstrada através da 
revelação cristã (para não cair em um idealismo). 
Um outro fator importante para N. M., é o ocasionalismo, que fundamenta nos 
princípios: 
-a extensão inerte é a única propriedade dos corpos; 
-nenhum corpo atua sobre outro corpo; 
-o espírito não atua sobre o corpo nem este sobre aquele; 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
-a causa, para ser autêntica, deve conhecer bem o seu efeito; 
-toda a ação envolve algo de criação, na medida em que produzir equivale a 
fazer alguma coisa nova. 
Com isso, afirma que tudo é efeito de Deus, pois tudo tem algo de infinito e 
divino. As criaturas são ocasiões que orientam a casualidade de Deus, passivamente. 
Sendo as criaturas apenas, receptor de diversas figuras. A ação de Deus é tão forte, que 
os corpos não podem agir uns sobre os outros, sendo efeito exclusivo do Ser Infinito. 
N. M., afirma a substancialidade e a incomunicabilidade do corpo e da alma, 
mas explica uma relação entre estes. Seja através da intervenção de Deus em cada ato 
humano, seja de um preestabelecimento de Deus. Deus fez tudo da maneira mais 
simples e para a Sua maior glória. Assim para N. M., este mundo é o melhor dos 
mundos. 
Por fim, todos esses argumentos que arrancam do homem a liberdade, que é a 
atividade, colocam em perigo a moral. Distinguindo a realidade física (Deus nos impele 
ao ato do bem) e o ato voluntário (o homem é responsável pelo sucesso ou malogro do 
ato divino). Deus revela ao homem as suas vontades gerais, em que dá ao homem a 
liberdade de aceitar ou rejeitar. 
A perfeição (moralidade) consiste neste conjunto de harmonia entre o nosso agir 
com os decretos eternos, intuídos através da visão de Deus. Assim o pecado é o agir 
egoisticamente, fugindo desta vontade geral. Segundo o ocasionalismo, o poder de Deus 
dispensa a atividade das criaturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
Bento Espinosa 
Nasceu em Amsterdão, em uma família judia, de origem portuguesa. Foi 
educado numa escola rabínica, onde por fim conheceu os pensamentos de filósofos 
judios e árabes. Deixou de frequentar as sinagogas após a morte dos pais, foi 
excomungado por panteísmo e aderiu ao calvinismo. Interessou- se pela filosofia do seu 
tempo entre: escolástica aristotélica, renascimento italiano, Leão Hebreu, Descartes e 
Hobbes. Delineou-se em três esferas: na do comércio, na política, na da liberdade 
religiosa. 
Explicou a união substancial da alma e do corpo, através da finalidade e 
objetivos divinos. Para ele o homem antes de ser objeto da ciência é seu sujeito, pois, 
não existe ciência sem homem. O homem nasce se um conhecimento prévio, mas, com 
uma tendência para defender o que é de seu e para um fim. 
B. E., verificou como Descartes que, a procura da verdade causa decepção e 
erro, para vencer essas dificuldades apresentou os seguintes argumentos: 
-o amor às paixões é o grande inimigo da felicidade, tendo que ser substituídos 
por valores autênticos; 
-o Bem encontra-se somente no Absoluto e alcançado através do amor 
intelectual de Deus; 
-a solução da moral, é estabelecida através da inteligência se identificar com a 
Natureza, estabelecendo a perfeita equivalência do bem e da verdade. 
Ele visava atingir uma perfeição, entendida também como uma metafísica do 
conhecimento, uma união da mente com toda a Natureza. Classificou as ideias de 
acordo com a origem: verdadeiras, factícias, falsas e duvidosas. 
O objetivo do método é distinguir ideias verdadeira das não v.; dedução das 
ideias v.; orientar a ideia para o Ser perfeitíssimo. Seu método não tem capacidade de 
produzir a verdade e a certeza. As ideias v, são distinguidas das f: pela clareza e 
distinção e pela simplicidade e dedução. As ideias são verdadeiras na medida que se 
referem a Deus. 
Existe um grande paralelismo entre a ideia e a coisa idealizada. As fontes do 
conhecimento para ele se dá pelo testemunho (o que os outros nos dizem, p.e. dia do 
nascimento); pela experiência vaga (tem a sua origem na indução obtida através dos 
sentidos) neste o homem é escravo das paixões; pelo conhecimento racional (o 
conhecimento é obtido através do raciocínio dedutivo abstrato, do silogismo); pela 
intuição (a coisa é apreendida na sua essência e causa próxima, o homem é envolvido no 
amor intelectual de Deus. 
A verdade reside na ideia e não no juízo, para evitar o erro, é necessário 
transformar as ideias inadequadas em adequadas (libertação do homem) e a ideia é 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
verdadeira quando pensada pelo espírito. B. E. confundiu a verdade com a 
inteligibilidade e a verdade lógica com a ontológica. Uma ideia, por si só, nem é 
verdadeira nem falsa. Só a afirmação ou negação, isto é, o juízo, pode manifestara sua 
verdade. 
A substância é de si por si e a sua essência consiste em existir. Aquela é infinita, 
ilimitada. Existe apenas uma substância, pois, nenhuma outra conteriatodas as 
perfeições. Deus é essa substância já que é o Ser absolutamente, infinito, independente. 
A essência de Deus é infinita. 
Para provar a existência de Deus usou duas provas: a priori (Deus é o princípio 
de toda a inteligibilidade e nenhuma substância pode influir noutra de gênero diferente); 
a posteriori (no fato de “o existir ser uma perfeição”). 
Os atributos da substância são infinitos, porém conhecemos dois: o pensamento 
e a extensão. Todas as coisas que existem são apenas modos da substância divina. Nada 
no mundo é contingente, Deus é a causa necessária de tudo. O poder de Deus consiste 
em sua essência ou Natureza naturante; os seres finitos na sua Natureza naturada. Para 
ele a necessidade de Deus é orientada pela lei do melhor, nisto há uma consonância com 
o otimismo de Leibniz de N. Cusa e uma oposição ao voluntarismo de Descartes. 
A Natureza e Deus são uma e mesma coisa. Há duas séries de modos finitos: os 
que procedem do pensamento, como a mente e a ideia; e os que procedem da extensão, 
como o corpo. Esses são uma e mesma coisa, embora expressos de maneiras diversas. 
Segundo ele o fato psicofísico exprime-se por dois axiomas: o homem pensa; e o 
corpo é afetado de muitas maneiras. A atividade entre a mente e o corpo, não se explica 
por interação. Nenhuma ideia é causa de um corpo, como nenhum corpo é causa de uma 
ideia. A alma é a ideia do corpo e representa todos os seus estados com exatidão, assim 
como o corpo é objeto dessa ideias, que é a alma. 
A alma e o corpo são dois modos da única substância divina, que é representada 
através dos atributos do pensamento e da extensão. A alma como ideia de Deus é eterna. 
A ética ocupa o lugar central do pensamento de Espinosa. O reto uso da razão 
conduz o homem à perfeição e a perfeição ética constitui a escolha das ideias 
adequadas. A mente humana está sujeita a afeições como: esforço (preservar a 
existência); vontade (pensamento); apetite (ao corpo e a alma, reside a norma de bem e 
mal). A moral tende ao amor de Deus. Outras afeições importantes são a alegria e a 
tristeza. Os prazeres afastam o homem da verdadeira felicidade. 
As normas morais não passam de expressões dos desejos do cognoscente ou de 
reflexos da percepção sensorial. As normas são frutos da ignorância em relação à 
realidade. A Natureza, em si mesma, nem é bela nem feia, nem ordenada nem confusa. 
O preconceito de coisificar as leis e os valores tem consequências graves no campo 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
ético, não passam de maneiras de pensar impostas pela imaginação. É bom aquilo que 
sabemos com certeza que nos é útil. 
O homem perfeito é o livre, que vive segundo os ditames da razão. Ao viver 
segundo as ideias adequadas e ao deixar- se mover pelo amor de Deus, o homem 
perfeito liberta- se do mal que desconhece. 
A alma do sábio experimenta a eternidade ainda dentro do corpo. A liberdade 
reside no amor intelectual de Deus ao homem, que não é um amor afetivo. Criticou 
todas as religiões, em seu tratado, falando da livre interpretação da bíblia e a separação 
entre teologia e filosofia, sendo que tem objetos distintos. Para ele o estado não tem a 
ver com a religião, e sim, em fazer leis. Ao criticar o cristianismo, fala que às 
cerimónias e os sacramentos, não contribuem para a bem aventurança e que não tem 
caráter sagrado. 
Os problemas ambíguos levantados por Espinosa foram: 
-o problema do Bem, reduz ao da Verdade e da utilidade; 
-a liberdade do homem está ligada a Deus, que determina a vontade humana; 
-a imanência mútua de Deus e da criatura verifica- se não só no existir, mas também no 
agir, depreendendo a noção de amor intelectual de Deus. Por isso ficou considerado ateu 
para os pensadores cristãos e religioso para os ateus. 
 O espinosismo é um grande edifício lógico, que se apoia em princípios gratuitos, 
obscuros, ambíguos e até contraditórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
Leibniz 
 Godofredo Guilherme Leibniz nasceu em Leipsig, Alemanha. Estudou filosofia 
desde muito cedo, devorando livros da biblioteca de seu pai como: Platão, Aristóteles e 
alguns escolásticos, além do gosto pelas línguas clássicas. Estudou as obras de Bacon, 
Keppler, Hobbes, Galileu, Malebranche, Gassendi, Descartes, Pascal e Espinosa, 
encontrando pessoalmente com este. 
 Espírito poliédrico, Leibniz não foi apenas filósofo; foi historiador, diplomata, 
apologetas, moralista, jurista e matemático, além de lutar pela união das igrejas. 
Acreditava incondicionalmente na providência de Deus. 
 A partir dos seus dezoito anos tentou fundar uma ciência universal, chamada 
Arte Combinatória, na qual seriam demonstradas todas as verdades através da dedução 
a priori, seria uma lógica universal. 
 Pretendeu resolver os problemas filosóficos através da matemática, substituindo 
o silogismo, pelo cálculo, criando uma espécie de linguagem de símbolos universais. 
Para a eficácia da criação dessa ciência universal, idealizou uma enciclopédia. 
Fundando até uma ordem religiosa, que tinha como objetivo: louvar a Deus através da 
edição da enciclopédia. Queria que os religiosos em geral, preocupassem com a ciência 
universal. No final, a ideia da enciclopédia fracassou. 
 Assim, lançou os fundamentos da já referida lógica matemática, em que se 
fundamentava em que o real identificava com o lógico ou matematizável, caindo em um 
panlogismo. Só é verdadeira a proposição formalmente idêntica (A é A), é uma 
proposição per se. Sendo a identidade lógica uma tautologia e pressupõe o imobilismo 
dos seres, como se estes não pudessem evoluir. Aplicando ao homem, o homem não 
nasce feito, faz- se ao longo da existência e recebe o impulso do mundo que o envolve. 
Como sublinha Ortega y Gasset: Yo soy yo y mi circunstancia. 
 Há duas espécies de verdades: verdades de razão, necessárias ou eternas (juízos 
da ordem das coisas impossíveis, p. e. matemática, suas contraditórias são imp.. O 
definido pode ser substituído pela definição); verdades de fato, verdades contingentes 
ou juízos existenciais (dependem de uma causa livre, suas contraditórias são poss.). 
Nada existe sem razão suficiente, toda demonstração se reveste de cálculo, seja 
ordinário, integral ou infinitesimal. A distinção entre elas afeta apenas a existência. 
 A noção de uma coisa contém toda a história dessa coisa. As necessárias 
constituem o mundo dos possíveis (dependem unicamente da inteligência); as 
contingentes correspondem ao mundo do real (dependente da vontade divina. 
 A metafísica leibniziana é resumida na obra Monadologia, em que o autor faz 
uma análise ontológica do mundo. A substância deve ser uma totalidade completa, 
internamente dinâmica, fechada em si e infinita no seu gênero. 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
 Pressupostos da monadologia leib.: cada porção da matéria é subdividida sem 
fim, cada parte em partes, cada uma das quais tem movimento próprio. Existe uma 
multidão de substâncias infinitas, mas a sua infinitude não é atual, pois só Deus é 
infinito, enquanto cada substância ou mónada é tudo o resto. 
 Mónadas: substâncias simples, imateriais, são partes de toda a realidade, de si 
são imortais, seres simples, não tem janelas (nada pode entrar ou sair delas). Nelas 
existem algumas qualidades para se distinguirem e são movidas por uma força (vis): 
primitva ou enteléquia (sempre constante que a faz ser capaz de ação); derivada: 
qualidades ou modificações acidentais da anterior. Além de ser o espelho vivo e 
perpétuo do universo, e que há entre elas uma harmonia pré estabelecida por Deus. 
 Há quatro espécies de mónadas: nuas (ordem inferiordos seres, os vegetais, são 
incapazes de qualquer consciência); animais (são dotadas de percepções distintas, 
possuem memória e a sua percepção chama-se sensação); espíritos (a dos seres 
racionais); Deus (é a mónada perfeitíssima). Nelas há três espécies de atividade 
cognitiva: percepções surdas ou confusas, grande parte são inconscientes, mas estão na 
base das recordações; percepções claras ou apercepções, por elas tomamos consciência 
clara de certos objetos; apetição ou desejo (é a tendência para mudar de um estado 
representativo para outro. 
 Segundo o seu otimismo, nos seres vivos há uma mónada superior, a alma, que 
domina as outras com as suas percepções mais claras. Cada variação no corpo reflete na 
alma. A alma e o corpo segue cada qual suas leis, as almas segundo as causas finais, por 
apetites, fins e meios; os corpos segundo as causas eficientes ou dos movimentos. Mas 
esses dois são harmónicos entre si. A harmonia do universo é fruto da sabedoria, 
bondade e poder divinos, que produziu o melhor dos mundos. 
 Neste otimismo ou princípio do melhor, ironizado por Voltaire, principalmente 
no Cânido, estão vários princípios metafísicos: de continuidade (tudo no mundo está 
ontologicamente ligado); dos indiscerníveis (não há no mundo dois seres perfeitamente 
iguais). 
 A Teodiceia é o tratado da metafísica que tem como objetivo justificar a bondade 
de Deus face às objeções que a tentam denegrir. Hoje essa palavra é empregada como 
sinônimo de Teologia Racional ou Natural, que tem como objeto Deus conhecido pela 
razão ou experiência, distinguindo da Teologia, que tem como objeto Deus através da 
Revelação. 
 Para provar a existência de Deus, usou três argumentos: cosmológico (os seres 
exigem por uma força do Princípio de Razão Suficiente, uma substância única, universal 
e necessária, a quem chamamos Deus, a terceira via de S. Tomás e de N. Cusa); 
ideológico (a objetividade das essências ou seres possíveis e das verdades eternas só é 
possível se admitirmos um ser que existencial e necessariamente as contenha); 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
ontológico (só Deus ou ser necessário, tem o privilégio de ser necessário que exista, se é 
possível. 
 Essência de Deus: Deus é infinito e fonte de todos os seres, é a unidade 
originária de todas as mónadas. 
 O homem é um composto de corpo e alma. A alma é uma mónada central 
espiritual e eterna. O corpo é um conjunto de mónadas nuas. O nascimento e a morte 
não passam de substituições de mónadas. Não existe interação entre a alma e o corpo, 
ambos estão sujeitos a uma harmonia preestabelecida. O homem virtuoso é aquele que 
sabe converter as ideias obscuras em claras, colaborando com Deus na harmonia do 
universo. 
 Leibniz apoia o inatismo virtual: há intercomunicação entre as virtualidades 
naturais do mundo espiritual e sensorial; os espíritos bastam-se a si mesmos e 
representam todo o universo. 
 As ideias e as verdades nos são inatas, inclinações naturais. A revelação cristã é 
a limitação intelectual do homem, mas quando ele atingir a Ciência Universal, poderá 
defender as verdades da fé e defendê-las dos partidarismos religiosos. 
 O escândalo do mal é certamente o grande argumento contra a providência 
divina, mas Leib. Defendeu a prov. na Teodiceia, onde distingue a existência de um 
tríplice mal: metafísico (inerente a toda criatura, o mal metafísico consiste na própria 
limitação e imperfeição, reconhece a sua infinitude); físico (as doenças e a dor, da 
injustiça e da morte, são para impedir males maiores ou para obter maiores bens, além 
de que serve para o homem perceber que não está só no mundo); moral (consiste no 
pecado, é permitido por Deus, como condição de um bem maior, que é a liberdade 
humana. 
 Enfim, Leibniz foi para a filosofia alemã o meso que Descartes para a francesa e 
Locke para a inglesa. Opôs-se ao criticismo de Descartes, perdido pelos caminhos da 
dúvida metódica, mas mantendo-se racionalista ao estabelecer a arte combinatória, 
como base da ciência universal, e ao reduzir ideologicamente todos os primeiros 
princípios ao de identidade, base do conhecimento analítico, a priori. Foi idealista ao 
proclamar o inatismo virtual das ideias, e ao afirmar que estas são atualizações dos 
dados da consciência. 
 Segundo R. Verneaux, as suas dificuldades nascem das suas tendências: 
racionalista (torna-se difícil integrar a consciência a liberdade) e idealista (como ele fala 
das mónadas se ele é uma, não podendo falar de outras sem ter acesso à elas). 
 
 
 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
Tomás Hobbes 
Nasceu em Westport (Inglaterra), filho de um clérigo anglicano. Iniciou seus 
estudos em Oxford, onde foi introduzido na escolástica nominalista já em decadência. 
Fez várias viagens, sendo a mais importante a Paris, onde deparou- se com a filosofia de 
Descartes, ao qual se tornou adversário, porém foi influenciado por D. no 
matematicíssimo. 
A sua filosofia se resume em: conhecimento adquirido pelo raciocínio correto 
sobre os efeitos ou fenómenos, através das suas causas ou gerações e, inversamente, 
sobre as causas ou gerações possíveis, através dos efeitos conhecidos. 
O objeto material da filosofia é o ser corpóreo e individual, e o objeto formal sob 
o qual é encarnada a matéria é a sua origem ou geração. Para ele o raciocinar não é mais 
do que somar e subtrair. 
Divide a filosofia pelos objetos específicos: natural: estudo dos corpos; social: 
estudo da sociedade, constituída por homens livres; humana: estudo do mais perfeito 
dos corpos; lógica: o raciocínio como instrumento. 
Para T. H., o conhecimento se resume em sensações externas, que captam 
imagens, sendo que estas dão origem às ideias. Essas imagens são associadas mediante 
a uma lei que chamar-se-á associação das ideias, formando o raciocínio ou discurso 
mental, pode ser desenvolvida por acaso (sonhos) ou interesses. 
A razão se distingue da imaginação apenas pelo grau de perfeição, porém, trata-
se de um encadeamento rigorosamente matemático. A memória é uma sensação que traz 
ao presente algo do passado. 
Tudo se reduz à matéria homogénea, sujeita ao movimento local. Tudo que é 
independente da imaginação é localizado no espaço como corpo, que sobrepõe uma 
parte do espaço. O movimento é o abandono de um lugar e aquisição de outro. 
Ele aplica seu método não só às coisas matérias, mas, a todos os seres. Além de 
que na religião admita o conhecimento sobrenatural. Para ele o espírito é uma figura 
sem cor, um corpo subtil, fluido e invisível, e como figura está sujeito às dimensões que 
o tornam extenso. 
Para não ser declarado como ateu, não falou sobre a Natureza de Deus, 
simplesmente sua existência é exigência do princípio de casualidade e crença universal 
humana. A trindade é a tríplice manifestação de Deus através: de Moisés, de Cristo e 
dos Apóstolos. 
A religião deve estar sujeita ao Estado. A religião revelada tem como pilar, o 
Decálogo e a fé em Cristo. Os artigos da fé, são drogas que a Igreja impõe aos crentes. 
Como a Igreja não é universal, identifica-se com o Estado. 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
O Estado é o fundamento de ordem social, diz o que é bom e mau, substituindo a 
consciência individual dos cidadãos. Tanto o Estado como o individuo tem que ter uma 
auto- conservação, assim o individuo faz sua parte e o E. a dele. O homem é lobo para o 
homem, sobressaindo assim, o egoísmo. Os homens só atuam entre si, se o Estado 
quiser, em caso de guerra ou algo parecido. O estado que domestica e civiliza os 
homens. 
A salvação do povo é a lei suprema. O soberano decide sobre os problemas de 
guerra e depaz e controla os movimentos religiosos, nomeando bispos. A lei social é a 
única norma da consciência. 
Toda sua filosofia cai pela base, pelos fatores: 
- não aceitação de que o conhecimento transcende o mundo material e que não 
conhecem os seres espirituais; 
-ao dizer que o homem é insociável, como ele poderia constituir uma sociedade? 
O seu pensamento estava em consonância com o liberalismo e o iluminismo, que 
surgiriam logo depois. Falando da emancipação religiosa duma sociedade construída à 
margem da fé e da autoridade divina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filósofos da frequência de Filosofia Moderna 
 
John Locke 
 Nasceu perto de Bristol, estudou na universidade de Oxford, dedicou-se aos 
estudos de medicina e de ciências naturais. Em França, foi influenciado pelo 
pensamento de Descartes, não o impedindo de atacar seu inatismo e matematicíssimo. 
Entrou em contato com o pensamento de Malebranche, Pascal e Gassendi. 
 Dividiu as ciências em: ideais (lógica, matemática, moral e direito); reais (física 
e metafísica). Os objetivos dessas são as essências reais, sempre incompletas, enquanto 
os daquelas são essências ideais, que nos dão a certeza absoluta. 
 Não é claro seu pensamento sobre a ideia, na medida em que inclui todo 
conhecimento, desde a sensação às ideias propriamente ditas da filosofia tradicional. 
Distingue elas pelo grau. Considera- a como um conteúdo de consciência, tomando a 
causa pelo efeito. 
 Para ele todo conhecimento nos vem da experiência, negando assim as ideias 
inatas, se existissem estas, teríamos de encontra-las nas crianças. Aquelas estão latentes, 
é uma contradição, pois o pensamento é consciente. Antes da experiência, o espírito é 
como uma folha em branco, ou uma tábua rasa. 
 Distingue as ideias em: simples (as que apreendemos através dos sentidos; 
nascem da reflexão interna, como o recordar; as originadas por percepções sensíveis); e 
complexas (são construídas a partir das simples, exerce papel de memória, atenção, 
atração; reduz-se a três grupos: reunir várias ideias numa só, comparar umas com as 
outras e separar as que andam associadas. 
 Ele não é claro na caracterização da substância, ´senão a unificação de um 
conjunto de ideias simples. Afirma a substância como suporte das propriedades 
sensíveis, mas declara a incognoscibilidade da sua natureza e dos modos ou acidentes. 
Aquilo que designamos com o termo geral de substância não é mais do que um sujeito 
que desconhecemos. 
 Os modos são os estados que exigem como suporte a substância e correspondem 
aos acidentes da ontologia tradicional. Entre os modos, além da liberdade tem-se: o 
infinito (é um modo homogéneo e simples, repetição sucessiva e interminável da 
unidade no espaço ou no tempo); espaço e tempo (repetições das respectivas parcelas de 
extensão e de duração); ideias complexas da relação (constitui algo estranho e 
acrescentado, como por e.x. ser pai); ideias complexas por separação: abstração (é a 
operação que separa uma ideia ou um conjunto de ideias de todas as outras ideias que a 
acompanham na sua existência real, compõe e divide os materiais já feitos. 
 Há três graus de conhecimento humano: o das verdades imediatamente 
evidentes, que provêm da percepção; das verdades matemáticas, números e figuras; das 
verdades científicas, que exprimem as leis da ciência natural e da experiência humana. 
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 A essência do conhecimento é bloqueada pelo princípio de imanência, reduzindo 
as ideias ao pensamento e às representações das coisas nele existentes. O pensamento de 
J. L. gira em torno da transcendência gnoseológica ao considerar a ideia como uma 
cópia dos objetos, apresenta então uma tríplice objeto do conhecimento verdadeiro: a 
nossa existência através da intuição; a existência de Deus, pela demonstração; e a 
existência do mundo exterior pela sensação. 
 As fontes da certeza se dão: pela intuição (desconveniência entre duas ideias, o 
espírito volta-se para a verdade como a vista para a luz, advém-lhe do princípio de 
identidade); pela demonstração (operação intelectual que nos leva a descobrir a 
conveniência entre duas ideias, através de ideias intermediárias. É iluminada pela 
intuição, a demonstração goza também de uma certeza absoluta); pela sensação (certeza 
relativa, experiência externa, relacionada à imagem ou recordação); pela probabilidade 
(se obtém através da analogia e do testemunho dos outros e gera em nós a adesão); pela 
opinião (adesão a uma ideia ou juízo fundado na probabilidade, não possuem qualquer 
certeza); pela fé (adesão firme à revelação divina, nunca podemos descobrir a 
autenticidade da revelação divina, limitamo-nos a procura- la e a interpretá-la). 
 Era contra o ataque o cartesianismo, apoiado em três razões: encerrar o 
conhecimento dentro da consciência do sujeito; não ser capaz de estabelecer distinção 
entre o sono e a vigília; e duvidar da correspondência das ideias com aquilo que elas 
representam. O seu pensamento é incisivo, há uma diferença entre o sonhar a coisa e o 
viver a coisa. Existe a realidade em todas as ideias simples. 
 Algumas ideias complexas, basta que sejam logicamente possíveis, pois não tem 
correspondência fora do espírito, outras tem correspondência com os seus objetos, 
quando materiais, exceto a ideia de substância. 
 Quanto a ética, considera bom aquilo que nos traz prazer e mau o que nos faz 
sofrer. A felicidade é o eixo que move toda a ação humana. Locke cai no relativismo 
moral, na medida em que o Sumo Bem fica condicionado pela evolução social, espacial 
e temporal. As colunas da moral são: as ideias de Deus e do eu pessoal. 
 Há quatro espécies de leis: divina, fundamento da obrigação e do pecado; civil: 
fundamento da inocência e do crime; filosófica, baseada na opinião pública, fundamento 
da virtude e do vício; lei evangélica, antecipação e coordenação de toda moralidade. 
 O seu primeiro livro é uma réplica sistemática ao Patriarca ou Poder Natural 
dos Reis de Robert Filmer, que defendia o direito da resistência à tirania dos soberbos. 
Segundo o patriarcalismo os reis são ou devem ser considerados herdeiros dos antigos 
progenitores, antepassados naturais de todo o povo. O malogro de Filmer foi querer 
aplicar essa teoria à Europa. Locke em seu primeiro Tratado do Governo, insere uma 
crítica a teoria de Filmer. No segundo, afirma que a lei natural é interpretada pela razão 
e tem seu fundamento último em Deus, apresenta assim, uma fase de paz, baseada na 
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igualdade das pessoas e na fidelidade à razão. Mas nem sempre é claro neste assunto, 
pois, refere-se também às lutas, agressões e escravatura no estado de natureza. 
 A origem do Estado não se situa, no estado da natureza, mas na vontade expressa 
dos indivíduos, que depositam na soberania, não os direitos individuais, mas o poder de 
os defender. Além da divisão bipartidária do poder em legislativo e executivo. O povo 
ao confiar o poder aos seus representantes, não perde o direito de recuperá-lo. Quanto às 
relações entre a Igreja e o Estado, são autónomas e, portanto, separadas. 
 Quanto a pedagogia, fala que é necessário criar nos alunos o gosto pela 
descoberta e pelo raciocínio, este deve ser assistido e ajudado a encontrar o seu próprio 
caminho intelectual e moral. Deve escrever a tábua da sua alma de maneira individual. 
Propõe as seguintes normas de atuação: os castigos devem ser banidos; a educação 
física é mais importante que a formação científica. 
 Estas ideias de espírito liberal moderno provocam ondas de intolerância, que 
pretenderam manipular os indivíduos e asfamílias, impondo-lhes esquemas de 
educação por eles repudiados.

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