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SENTENÇA PENAL

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CONCEITO 
Sentença: ato judicial que extingue o processo, com ou sem julgamento do mérito
Sentença definitiva (julga o mérito) 
1 Em sentido estrito: absolve ou condena o acusado 
2 Em sentido lato: declara extinta a punibilidade
Sentença terminativa (não julga o mérito)
CLASSIFICAÇÕES E DENOMINAÇÕES
Classificação subjetiva:
Subjetivamente simples: juiz singular 
Subjetivamente plúrima: colegiado homogêneo (turma ou colegiados no crime organizado – Lei 12694/12, art. 1, caput, III) 
Subjetivamente complexa: colegiado heterogêneo (júri)
ELEMENTOS DA SENTENÇA
Elementos da sentença: CPC, art. 381 
“ART. 381 – A SENTENÇA CONTERÁ:
I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do juiz.”
Elementos intrínsecos: 
Relatório: inc. I e II
 RELATÓRIO cuidam o inciso I, II do artigo 381 do CPP. É um resumo histórico do que ocorre nos autos, de sua marcha processul. Pontes de Miranda o denominou “história relevante do processo”. Ou seja, sentença sem relatório é ato processual nulo.
OBS: Insta observar que no procedimento sumariissimo de que trata a Lei de Juizados ($4 do Art. 81), dispensa-se o relatório, mencionando-se, apenas, os elementos de convicção do juiz.
Fundamentação: inc. III
 MOTIVAÇÃO OU FUNDAMENTAÇÃO requisito pelo qual o juiz está obrigado a indicar os motivos de fato e de direito que o levaram a tomar a decisão (Art. 381, III), é garantia Constitucional também que os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciario são publicos e “fundamentadas todas as decissões, sob pena de nulidade” Art 93, IX, da CF com a redação determinada pela EC n. 45/2004.
FUNDAMENTAÇÃO aquela em que o juiz ou Tribunal adota como suas razões de decidir ou de argumentar de outra decisão judicial. MOTIVAÇÃO o juiz analisa os fundamentos fáticos em que se arrima a pretensão deduzida, analisa regras de direito, dando, enfim, a conhecer o desenvolvimento do trabalho intelectual do Magistrado que o leva à conclusão.
Sentença sem motivação é um corpo sem alma; É nula.
A sentença, já dizia Florian, não pode ser, nem é, um ato de fé, mas um documento de convicção raciocinada (cf. Elementos, cit, p. 400).
Dispositivo: inc. IV e V
PARTE DISPOSITIVA OU CONCLUSÃO é a decisão propriamente dita, em que o juiz julga o acusado após a fundamentação da sentença. Conforme o art. 381, o magistrado deve mencionar “a indicação dos artigos de lei aplicados'(inciso IV) e o “dispositivo” (inciso V). É a parte do decisum em que o magistrado presta a tutela jurisdicional, viabilizando o JUS PUNIENDI do Estado.
Elementos extrínsecos: 
Parte autenticativa (data e assinatura): inc. VI
ELEMENTOS DA SENTENÇA
Relatório (inc. I e II) 
 História relevante do processo 
 Finalidade: verificar se o juiz conhece o processo 
 Nome das partes 
 Nome do acusado 
 Nome do querelante e do querelado 
 Não é necessário nome do promotor de justiça 
 Nome do assistente de acusação, se houver
Exposição da acusação e da defesa: 
Teses de acusação e de defesa 
Questões preliminares 
 Incidentes
ELEMENTOS DA SENTENÇA
Fundamentação (inc. III) 
 Exigência constitucional (art. 93, inc. IX) 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
 Justificação racional das escolhas do juiz n crítica ao silogismo 
 justificar escolhas de fato e de direito e o nexo entre elas
Vícios de fundamentação
Ausência de motivação 
 Erro lógico jurídico: das premissas não se extrai as conclusões (carência de motivação intrínseca) 
 Omissão de fato decisivo para o julgamento (carência de motivação extrínseca): 
 Motivação implícita 
 Motivação per relationem
ELEMENTOS DA SENTENÇA 
Dispositivo (inc. IV e V) 
Conclusão quanto ao pedido: absolve ou condena n Indicar o artigo de lei aplicável 
 Na sentença absolutória: indica o inciso do art. 386 
 Na sentença condenatória: indica natureza, espécie e quantidade da pena
Vícios: 
 Ausência de dispositivo: sentença inexistente 
 Ausência de menção ao artigo de lei: 
 Se não houver prejuízo (mencionado na motivação): irregularidade 
 Se não houver indicação: nulidade
ELEMENTOS DA SENTENÇA Data e assinatura (inc. VI) 
Data da sentença e publicação da sentença (art. 389) 
 Assinatura digital: inaplicabilidade do art. 388 do CPP
Vícios: 
 Ausência de assinatura: sentença inexistente 
 Se não houver prejuízo (puder ser identificado o juiz): irregularidade
SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
 I – estar provada a inexistência do fato; 
 II – não haver prova da existência do fato; 
 III – não constituir o fato infração penal; n IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;  
 V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;  
 VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;  
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
4. SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA 
Relevância da hipótese: efeitos civis da sentença penal 
 Absolvições com certeza da inocência: 
Incisos I, III, IV, e VI, primeira parte 
 Fórmula dubidativa e presunção de inocência: 
 VII – não existir prova suficiente para a condenação. 
 Absolvição imprópria: impor medida de segurança
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA
Relevância da hipótese: efeitos civis da sentença penal 
 Absolvições com certeza da inocência: n Incisos I, III, IV, e VI, primeira parte n Fórmula dubidativa e presunção de inocência: 
 VII – não existir prova suficiente para a condenação. 
 Absolvição imprópria: impor medida de segurança
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA 
 Dosimetria da pena (processo trifásico do art. 68 do CP): 
 primeira, em que se incumbirá de fixar a pena-base; a segunda, em que fará a apuração das circunstâncias atenuantes e agravantes; e, por fim, a terceira e última fase, que se encarregará da aplicação das causas de aumento e diminuição da pena para que, ao final, chegue ao total de pena que deverá ser cumprida pelo réu. 
 Circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
Critérios especiais da pena de multa
 Circunstâncias agravantes (art. 61 e 62 do CP) e atenuantes (art. 65 e 66 do CP) 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime
I - a reincidência; 
II- ter o agente cometido o crime
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida.
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
Reincidência
atenuantes (art. 65 e 66 do CP)
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença
II - o desconhecimento da lei;)
III - ter o agente
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
 Causa de aumento e diminuição de pena 
 Fixa regime inicial de cumprimento de pena 
 Substituir pena privativa de liberdade por restritiva de direito (art. 44 CP) ou multa (art. 60 CP) 
 Fixa valor mínimo para reparação do dano (art. 387, inc. IV) 
 Revogação pela reforma de 1984: n inc. V (medida de segurança provisória), 
inc. VI (publicação da sentença)
EFEITOS DA SENTENÇA PENAL 
Sentença absolutória (CPP, art. 386, par. un.): 
 I – colocar o réu em liberdade, se preso cautelarmente 
 II – cessar medidas cautelares: tanto pessoais, inclusive novas medidas alternativas (CPP, art. 319 e 320), quanto medidas reais 
 III – aplica medida de segurança, no caso de inimputável
 Sentença condenatória: n Lei 12.403/2011 revogou art. 393 do CPP: 
 I – ser o réu preso ou conservado na prisão; 
 II – lançar o nome no rol dos culpados 
Juiz pode decretar ou manter prisão cautelar, mediante decisão fundamentada (art. 387, par. ún.)
INTIMAÇÃO DA SENTENÇA PENAL 
 Ministério Público: intimação pessoal (art. 390 CPP) 
 Querelante e assistente de acusação: intimação do advogado (art. 391) 
 Acusado e defensor n Sentença condenatória: necessidade de dupla intimação pessoal, sem aplicar as regras do art. 392. 
 Sentença absolutória: basta intimação do defensor

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