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Fichamento sobre A Rede Social

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A ÉTICA NAS LENTES DO CINEMA
CRE 1141 – Ética Cristã
Professora Rosemary Fernandes
Filme escolhido:
A Rede Social
The Social Network
EUA, 2010
Biografia / Drama
Diretor: David Fincher
Créditos principais:
Autores:
Aaron Sorkin (roteiro)
Ben Mezrich (livro que inspirou o filme)
Atores principais:
Jesse Einsenberg	Mark Zuckerberg
Andrew Garfield	Eduardo Saverin
Justin Timberlake	Sean Parker
Armie Hammer	T. e C. Winklevoss
Max Mingella		Divya Narendra
Sinopse:
Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas estudante de Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.
Temática Ética Central
Facemash
2003, Harvard
O estudante Mark Zuckerberg havia terminado com sua namorada Erica Albright em um bar. Na noite do término, em seu alojamento, Zuckerberg tem a ideia de criar um site (Facemash) para que sejam comparadas as garotas estudantes de Harvard. Para isso, invade alguns sites de dormitórios de Harvard afim de buscar as imagens. O site é um sucesso, e, ainda naquela madrugada, derruba a rede de Harvard.
Harvard Connection x thefacebook
2003 – 2004, Harvard
O website Facemash garante visibilidade para Zuckerberg dentro do campus, e os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, junto com Divya Narendra, o convidam para ser o programador de um site de relacionamento exclusivo para alunos de Harvard: HarvardConnection. Mark inicialmente aceita, porém troca diversos e-mails com eles inventando desculpas para não trabalhar no site. Em fevereiro de 2004, lança o thefacebook.com, com funcionalidades similares àquelas imaginadas pelos Winklevoss e por Narendra. 
O filme também mostra cenas do julgamento, intercaladas com cenas do acontecimento.
No fim, revela-se que os Winklevoss receberam 65 milhões de dólares como acordo.
Eduardo Saverin – bloqueio de conta, redução de ações
2004, escritórios do Facebook
Primeiro, Mark Zuckerberg convidou Eduardo Saverin para ser seu sócio na empreitada de criar o Facebook. Saverin injetou dinheiro para que o site pudesse ser feito. Nas férias, Eduardo ficou em Nova York buscar investidores e Mark foi para Palo Alto estabelecer os escritórios do Facebook. Em Palo Alto, Mark deixa Sean Parker (com história pessoal e profissional conturbada) morar na casa que servia de ‘quartel-general’ para o Facebook. Quando Eduardo volta, mostra-se decepcionado com tal atitude de seu amigo. Eduardo, então, congela a conta bancária do Facebook.
Nessa visita, Eduardo assina um acordo. Quando volta a Palo Alto, descobre que seu percentual de ações foi diluído de 34% para 0,03%. Nisso, declara sua intenção de processar Mark.
No final, é mostrado que Eduardo recebeu um valor desconhecido ao fim do julgamento.
Abordagem
O filme se baseia todo nos conflitos éticos que existiram antes da fundação do Facebook e nos seus primeiros anos de funcionamento, e sua própria forma de apresentar os fatos mostra isso. As cenas são intercaladas com cenas dos julgamentos: Winklevoss x Mark e Saverin x Mark. O argumento é construido a partir de uma visão de um Mark Zuckerberg, embora gênio, quase ‘vilão’, que insulta publicamente a namorada, rouba ideias alheias e passa seu amigo para trás afim de obter fama, sucesso, dinheiro e reconhecimento.
A opção do roteirista (bem como no autor do livro que deu origem ao roteiro) por esta abordagem é clara desde o cartaz do filme (que traz a frase “Você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos”), não abrindo grande espaço para outras possibilidades.[1: Outras possibilidades são discutidas no livro “O Efeito Facebook”, de David Kirkpatrick]
Dessa forma, a reflexão proposta é: até que ponto as pessoas podem chegar para obter sucesso? Qual o limite entre a brincadeira e o desrespeito? E o limite entre a satisfação de objetivos pessoais e o mau-caratismo?
É interessante notar que, mesmo pretensamente biográfico, alguns personagens tratados tratam o filme apenas como uma obra de ficção, alegando que os fatos não aconteceram como retratados. Nesse caso, a reflexão sairia da discussão sobre o que teria e se tornaria interna ao roteiro, como num filme de ficção.
Ainda, uma outra discussão ética pode ser aplicada ao roteiro do filme: seria ético realizar um filme contando histórias de pessoas ainda vivas, sob uma visão declaradamente parcial e sem a autorização delas?
Apreciação Crítica
O tema central do filme são os conflitos éticos que ocorreram no contexto da criação do Facebook. É importante notar que são apresentados vários tipos de conflitos, e, no final, quem estava sendo teoricamente anti-ético (Mark Zuckerberg) foi punido por tal comportamento.
O principal tópico apontado foi: o que se pode fazer (e o que se faz) para alcançar bens externos?
Isso se relaciona com a seguinte passagem do texto “Conversando sobre Ética e Sociedade”:
Bens externos [...] são bens como o dinheiro, o prestígio ou poder [...].A corrupção das diferentes atividades e instituições se dá quando – aqueles que delas participam não as consideram pelo que elas são, visto que eles não dão valor ao bem interno que através delas se busca e que lhes dá sentido, especificidade e legitimidade. Eles se realizam exclusivamente por causa dos bens externos que podem alcançar com elas: vantagens econômicas, vantagens sociais, poder.
Um dos fatores que levou Mark a buscar reconhecimento a todo custo foi o desejo de ingressar num “final club” de Harvard. Inclusive, Saverin é aceito em um final club, pouco antes de Mark “excluí-lo” do Facebook. Dessa forma, pode-se discutir também o quanto o ambiente de Harvard (a moral coletiva – pressão por reconhecimento entre os colegas) pode ter influenciado em suas ações.
A discussão ética trazida pelo filme é bastante interessante de modo geral, por ser atual, por se relacionar com o ambiente de uma universidade (onde estou agora), com aspectos éticos da minha profissão e com a criação de um website acessado por milhões de pessoas (e por mim) diariamente. A única ressalva é, como citado na seção anterior, a visão deliberadamente parcial dos fatos, o que faz com que, por vezes, o espectador tenha seu processo de reflexão crítica prejudicado.

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