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MpMagEst Direito Civil Obrigações José Simão Data: 21/03/2013 Aula 04 MpMasEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Obrigação indivisível 2. Obrigação solidária 1. OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL (Art. 258 a 263) 1.1. Conceito: Será indivisível a obrigação se a prestação tiver por objeto fato ou coisa não suscetível de divisão por sua natureza, por motivo de ordem econômica ou em decorrência da razão do negócio. “Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.” ATENÇÃO: a indivisibilidade está no objeto: a) Pluralidade de devedores: o devedor é obrigado pela dívida toda – Haftun = responsabilidade – mas só deve parte dela Schuld = dívida. Responde pelo todo em razão da indivisibilidade. O devedor que cumpri a prestação, cobra dos codevedores seus quinhões no débito (Art. 259). “Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.” b) Perda da prestação indivisível (Art. 263) “Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.” § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.” Se a prestação perecer por culta de todos os devedores, todos respondem pelo equivalente (valor da prestação) mais perdas e danos. Só que de maneira divisível, seguindo a regra concusu partes fiunt. Se a culpa for de apenas um dos devedores, só ele responderá pelas perdas e danos, com relação ao equivalente, há divergência na doutrina. Majoritária (Vilaça, Venosa,) ambos os devedores respondem pelo equivalente, mas de maneira divisível – atualmente é a posição de Maria Helena 2 de 4 Diniz. Minoritária (Flávio Tartuce) só o culpado responde de maneira equivalente e o inocente nada responde. Obs.: em regra se duas pessoas causam um dano, responderão solidariamente (Art. 942 p. único). Contudo, o 263, §1º, excepciona a regra geral, respondendo os codevedores de maneira divisível. “Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.” c) Pluralidade de credores: cada credor pode exigir a prestação por inteiro, mas só é credor de parte dela. Assim, ao recebê-la deve pagar aos cocredores a sua quota em dinheiro (Art. 261). “Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.” Formas de pagamento pelo devedor (Art. 260). O objetivo da lei é evitar que um credor receba a prestação e não pague a quota dos demais credores. “Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.” (i) O devedor paga a todos os credores conjuntamente; (ii) O devedor pode pagar a um dos cocredores exigindo deste uma garantia quanto a quota dos demais credores (caução de ratificação), isso porque se o credor que recebeu a prestação não pagar aos demais suas quotas, terão estes a caução como garantia. Se o devedor não exigir a caução, os cocredores que não receberam a prestação, poderão cobrá-lo, pois este pagou mau e não estará exonerado da obrigação. d) Perdão da dívida por um dos credores: Remissão significa perdão (verbo remitir), já remição significa resgate em razão do pagamento (verbo remir). Ex.: a hipoteca foi remida. “Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.” Havendo perdão parcial, ocorre extinção parcial da obrigação, ou seja, o credor eu recebeu a prestação, paga em dinheiro ao devedor a quota perdoada. Obs.: o devedor não pode entregar dinheiro ao invés da prestação, pois deve cumprir o previsto no contrato. Obs.: a remissão é negócio jurídico bilateral e necessita da concordância do perdoado. 3 de 4 2. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA A solidariedade quando se tem mais de um credor com direito a dívida toda (solidariedade ativa), ou mais de um devedor obrigado a dívida toda (solidariedade passiva). ATENÇÃO: a solidariedade é uma garantia. Na solidariedade temos duas relações: (i) Relação interna – na solidariedade ativa, a interna se dá entre os cocredores e na passiva, se dá entre os codevedores; (ii) Relação externa – na solidariedade ativa, a relação externa se dá entre os cocredores e o devedor, na passiva, entre os codevedores e o credor. Obs.: solidariedade mista é aquela simultaneamente ativa e passiva. ATENÇÃO: a solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes: “Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.” Exemplos de solidariedade passiva, decorrente de lei: 1. Entre os comodatários Art. 585 cc; 2. Entre os praticantes do ato ilícito Art. 942 cc; 3. Entre o empregado e o empregador pelos danos que o primeiro causar no exercício de suas atividades Art. 942 p. único; 4. Entre os gestores de negócio Art. 867 p único; 5. Entre os cônjuges quanto as dívidas referentes a economia domestica Art. 1644; 6. Entre os locatários do imóvel urbano Art. 2º da Lei 8245/91; Obs.: por lei o fiador não é devedor solidário pois conta com benefício de ordem art. 827 cc. Porém o contrato pode criar solidariedade entre o devedor e o fiador. Obs.: se o contrato tiver mais de um fiador cofiança todos os fiadores são devedores solidários entre si Art. 829 do cc. Salvo previsão contratual em contrário (benefício da divisão). 2.1. Regras da solidariedade passiva: 2.1.1. O credor escolhe de qual devedor cobrar e quanto cobrar. Esta é a vantagem da solidariedade passiva, pois diminui os riscos do credor (Art. 275) 2.1.2. A proposição de uma demanda contra um dos devedores solidários não significa renúncia ao direito de demandar dos demais. (p. único 275); 2.1.3. Morte do devedor solidário. A morte de um dos devedores solidários não altera a responsabilidade dos demais, que continuam respondendo pela integralidade da dívida. Contudo, se o credor quiser cobrar apenas de um herdeiro, só poderá cobrar o seu quinhão na dívida, ou seja, o quanto sucedeu. (art. 276). “Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação 4 de 4 for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.” A esse fenômeno Washington Barros Monteiro dá o nome de refração. Exceções à refração (pode ser cobrado o valor integral da dívida): a) Se todos os herdeiros forem demandados conjuntamente, pois nesta hipótese o patrimônio do devedor falecido estaria reunido; b) Se o falecidodeixar apenas um herdeiro, pois nesta hipótese não houve fracionamento do patrimônio; c) Se o bem devido solidariamente for indivisível, pois nesta hipótese seria impossível cobrança parcial do herdeiro. Obs.: artigo pressupõe que os bens foram partilhados e a dívida não paga. Se houver espólio este responderá pela integralidade da dívida. 2.1.4. Perda da prestação (Art. 279) Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.” Se por culpa de todos os devedores a prestação perecer todos responderão solidariamente pelo equivalente, mais perdas e danos (A SOLIDARIEDADE É UMA GARANTIA QUE NÃO SE EXTINGUE COM A PERDA DO OBJETO). Se a culpa foi de apenas um dos devedores, só ele responde pelas perdas e danos, contudo todos continuam solidariamente responsáveis pelo equivalente. Próxima aula regra dos juros art. 280.
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