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Educação Ambiental como Tema Transversal

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Aula 7: Educação Ambiental como tema transversal
Segundo Moreno (1998, p. 36), “os temas transversais destinam-se a superar alguns efeitos perversos – aqueles dos quais a sociedade atual se conscientizou de que, junto com outros de grande validade, herdamos da cultura tradicional”. Uma das formas propostas de se influir nesse processo de transformação da sociedade, sem abrir mão dos conteúdos curriculares tradicionais, é por meio da inserção transversal na estrutura curricular das escolas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma educação comprometida com a cidadania, elegeram, baseados no texto constitucional, princípios que visam orientar a educação escolar:
gualdade de direitos – Refere-se à necessidade de garantir à todos a mesma dignidade e de exercício de cidadania. Para tanto há que se considerar o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças (étnicas, culturais, regionais, de gênero, etárias, religiosas etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada.
Corresponsabilidade pela vida social – implica partilhar com os poderes públicos e diferentes grupos sociais, ou não, a responsabilidade pelos destinos da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabilidade de todos a construção e a ampliação da democracia no Brasil.
Participação – Como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participação popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas etc.
Dignidade da pessoa humana – Implica respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.
A educação para a cidadania requer, portanto, que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos.
A inclusão de questões sociais no currículo escolar não é uma preocupação inédita. Essas temáticas já têm sido discutidas e incorporadas às áreas ligadas às Ciências Sociais e Ciências Naturais, chegando mesmo, em algumas propostas, a constituir novas áreas, como no 
caso dos temas Meio Ambiente e Saúde.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais incorporam essa tendência e a incluem no currículo de forma a compor um conjunto articulado e aberto a novos temas, buscando um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais
O currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e regionais e outros temas podem ser incluídos.
O conjunto de temas proposto – Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde e Orientação Sexual – recebeu o título geral de Temas Transversais, indicando a metodologia proposta para sua inclusão no currículo e seu tratamento didático. Destaca-se que a transversalidade diz respeito à possibilidade de estabelecer novos paradigmas, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões sociais da vida, importantes para o desenvolvimento individual e coletivo, bem como a forma de sistematizar esse trabalho. 
Em relação ao meio ambiente, os temas transversais propõem que a questão ambiental está se tornando cada vez mais urgente e importante para toda a humanidade, pois o futuro depende da relação entre a natureza e o tipo de uso que a humanidade faz dos recursos naturais disponíveis.
A proposta de transversalidade pode acarretar algumas discussões do ponto de vista conceitual, como a da sua relação com a concepção de interdisciplinaridade, bastante difundida no campo da pedagogia. Essa discussão é pertinente e cabe analisar como estão sendo consideradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais as diferenças entre os dois conceitos, bem como suas implicações mútuas.
TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento, produzindo por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles — questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas.
TRANSVERSALIDADE
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade).
Se fundamenta na crítica de uma concepção de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado;
Aponta a complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os seus diferentes e contraditórios aspectos.
INTERDISCIPLINARIDADE
Se fundamenta na crítica de uma concepção de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado;
Aponta a complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os seus diferentes e contraditórios aspectos. 
Mas difere da transversalidade, uma vez que refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento, enquanto aquela diz respeito principalmente à dimensão da didática;
Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se mutuamente, pois o tratamento das
Por essa mesma via, a transversalidade abre espaço para a inclusão de saberes extraescolares, possibilitando a referência a sistemas de significado construídos na realidade dos alunos.
Os Temas Transversais, portanto, dão sentido social a procedimentos e conceitos próprios das áreas convencionais, superando, assim, o aprender apenas pela necessidade escolar.
Existem afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas, como é o caso de Ciências Naturais e Saúde ou entre História, Geografia e Pluralidade Cultural, nas quais a transversalidade é fácil e claramente identificável. Não considerar essas especificidades seria cair em um formalismo mecânico.
O trabalho com os temas transversais exigirá que os professores articulem, sempre que possível, conteúdos de áreas e conteúdos de temas, deixando claro aos alunos a relação entre estudo escolar e as questões sociais.
A integração de conteúdos de áreas e de temas é contínua e deve ser sistemática. Não pode ser feita aleatoriamente. Precisa ser delineada no projeto educativo da escola e fazer parte da programação que o professor faz de suas aulas. Exige, mais uma vez, uma nova maneira de olhar para os conteúdos escolares.
À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza, surgem cada vez mais conflitos. O modelo de sociedade construído com a industrialização crescente e a consequente transformação do mundo em um grande centro de produção, distribuição e consumo, está trazendo, rapidamente, consequências indesejáveis e que se agravam com muita rapidez.
É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção dos Temas Transversais nas diferentes áreas (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Artes e Educação Física) não é uniforme, uma vez que é preciso respeitar as singularidades tanto dos diferentes temas quanto das áreas.
A PRÁTICA DOCENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ENQUANTO TEMA TRANSVERSAL
“De onde se retirava uma árvore, agora se retiram centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo água e produzindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. A riqueza, gerada em um modelo econômico que propicia a concentraçãoda renda, não impede o crescimento da miséria e da fome. Algumas das consequências desse modelo são o esgotamento do solo, a contaminação da água, o envenenamento do ar e a crescente violência e miséria nos centros urbanos.” (BRASIL, 1998, p. 20).
“A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Os conteúdos de Meio Ambiente foram integrados às áreas, numa relação de transversalidade, de modo que impregne toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, crie uma visão global e abrangente da questão ambiental, visualizando os aspectos físicos e histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala local e planetária desses problemas.” (BRASIL, op. cit.)
A Educação Ambiental é um processo permanente e participativo, na qual as pessoas podem assumir o papel de elemento central do processo,
participando ativamente no diagnóstico dos problemas e busca de soluções, sendo preparadas como agentes transformadores, por meio de desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética e condizente ao exercício da cidadania.
Parte-se do pressuposto de que a educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do Meio Ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que confrontam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos no presente e no futuro.
Não é possível tratar de um dado problema ambiental sem considerar todas as dimensões. Para Dias (1994, p. 8)  “a Educação Ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e éticas.” A inter-relação da ética, da política, da economia, da ciência, da tecnologia, da cultura, da sociedade, da ecologia, pode sugerir um ponto de partida no momento de refletir quais seriam os grandes problemas que tocam às populações, tanto no âmbito macro, quanto no micro, revelando, portanto, uma permanente complexidade do pensar e do agir ambiental.
Neste contexto, a escola brasileira, como construtora e reflexo da sociedade, inseriu em seu currículo os chamados “temas transversais” com o intuito de promover “um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais.” (BRASIL, 1998).
Os objetivos dos temas transversais são inovadores, pois rompem com a lógica cartesiana,  prioriza o holismo e, além disso, tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano.
Reigota (1992, p. 94) destaca que “tudo que cerca o ser vivo, que o influencia e que é indispensável à sua sustentação constitui o meio ambiente. Estas condições incluem o solo, o clima, os recursos hídricos, o ar, os nutrientes e os outros organismos.” 
A definição acima é disseminada, sobretudo, no ensino formal básico, no qual o meio ambiente é formado na sua totalidade pelo meio abiótico e seres irracionais. Todavia, esquece-se do protagonista que em sua recente existência na Terra, já modificou o espaço – o homem. É nessa perspectiva que Reigota (1992, p. 94) corrobora afirmando que em 1975, na Conferência Internacional sobre Educação Ambiental em Tibilísi, Geórgia, o meio ambiente foi definido não só como meio físico e biológico, mas também como meio sociocultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.
Como temos visto, a Educação Ambiental deve ser tratada de forma holística, isto é, o homem e a vida devem estar intimamente associados. Diante disso, a Educação Ambiental é “dividida” em formal e informal, sendo a primeira tratada numa perspectiva teórico-prática em todos os níveis de educação formal, e a segunda, com um viés prático.
ntudo, para consumar de fato a Educação Ambiental e seus níveis de abordagem, esta precisa se aliar à cidadania, que pode ser conceituada como um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (DALARI, 1998, p.14).
A Educação Ambiental pode ser executada nos âmbitos formal e informal, no primeiro, está intimamente ligado ao sistema educacional de ensino em seus vários níveis de abrangência, e no segundo, como “as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.” (BRASIL, 1997).
A PRÁTICA DOCENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A principal função do trabalho da escola através da Educação Ambiental, de acordo com os Temas Transversais que fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais – BRASIL (1997) é a contribuição sobre a realidade de modo ético e comprometido com a vida, com a sociedade local e global.
Como vimos, a palavra “transversal” indica essa característica dos temas: eles estão presentes, em maior ou menor grau, em todas as áreas, ou seja, a sua problemática atravessa as diferentes áreas de estudo e o convívio escolar. Nenhuma das áreas previstas consegue, isoladamente, tratar todas as questões referentes ao meio ambiente, por exemplo. Questões sobre o meio ambiente estão presentes na Geografia, nas Ciências, na Educação Física e nos relacionamentos entre pessoas e natureza, dentro e fora da escola.
A integração de conteúdos de áreas e de temas é contínua e deve ser sistemática. Não pode ser feita aleatoriamente. Precisa ser delineada no projeto educativo da escola e fazer parte da programação que o professor faz de suas aulas. Exige, mais uma vez, uma nova maneira de olhar para os conteúdos escolares.
A transversalidade diz respeito à possibilidade de estabelecer novos paradigmas, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões sociais da vida, importantes para o desenvolvimento individual e coletivo, bem como a forma de sistematizar esse trabalho. Em relação ao meio ambiente, os temas transversais propõem que a questão ambiental está se tornando cada vez mais urgente e importante para toda a humanidade, pois o futuro depende da relação entre a natureza e o tipo de uso que a humanidade faz dos recursos naturais disponíveis
Segundo a LDB, um dos papéis do professor é conhecer profundamente as Áreas de Conhecimentos e dos “temas transversais” e participar do projeto educativo da escola. Ou seja, que “o professor seja um “super-profissional” e que tenha tido uma formação de qualidade primorosa, o que na verdade não condiz com a realidade.” (FIGUEIRÓ, 2000)
No caso da Educação Ambiental, infelizmente ainda é reproduzido erroneamente o seu conceito que é muitas vezes confundido com ecologia. Ainda se tem a visão remanescente do período ditatorial de que educação ambiental é apenas flora e fauna. 
Outro ponto que vem dificultar a aplicação da EA da forma exigida nas LDB e nos PCNs é a formação docente falha.
“[...]uma política educacional que contemple a formação inicial e continuada dos professores, uma decisiva revisão das condições salariais, além da organização de uma estrutura de apoio que favoreça o desenvolvimento do trabalho (acervo de livros e obras de referência, equipe técnica para supervisão, materiais didáticos, instalações adequadas para a realização do trabalho de qualidade), aspectos que, em dúvida, implicam a valorização da atividade do professor.” (BRASIL, 1998, p.38).
No que tange à participação do docente no projeto educativo da escola, verifica-se que muitos professores possuem uma carga horáriaelevada de trabalho em duas ou mais escolas, não permitindo ao menos um diagnóstico dos problemas ambientais em seus locais de trabalhos e no bairro onde estas se situam e, muito menos, o desenvolvimento dos temas transversais em suas aulas.
É necessário que cada professor, dentro da especificidade de sua área, dê o tratamento adequado aos conteúdos para contemplar o tema Meio Ambiente. Essa adequação pressupõe um compromisso com as relações interpessoais no âmbito da escola, para haver explicitação dos valores que se quer transmitir e coerência entre estes e os experimentados na vivência escolar, buscando desenvolver a capacidade de todos para intervir na realidade e transformá-la.
As áreas convencionais devem acolher as questões dos Temas Transversais de forma que seus conteúdos as explicitem e que seus objetivos sejam contemplados. Por exemplo, a área de Ciências Naturais inclui comparações entre um município que faz seleção do lixo, separando já nas próprias residências vidros, plásticos e papel e outro município que não o faz e nem sequer tem um aterro sanitário, depositando seu lixo nos famosos “lixões”.
“Assim, não se trata de que os professores das diferentes áreas devam “parar” sua programação para trabalhar os temas, mas sim de que explicitem as relações entre ambos e as incluam como conteúdos de sua área, articulando a finalidade do estudo escolar com as questões sociais, possibilitando aos alunos o uso dos conhecimentos escolares em sua vida extraescolar. Não se trata, portanto, de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer aos conteúdos e à metodologia da área a perspectiva dos temas.” (RUIZ, 2005)
A abordagem da Educação Ambiental proposta pelos Temas Transversais permite o trabalho interdisciplinar espontâneo como uma consequência da metodologia empregada.
Quando o professor proporciona ao aluno situações que lhe permitem construir seu conhecimento, o ensino tornar-se-á interdisciplinar, uma vez que o educando buscará, dentro de suas necessidades, outros componentes curriculares, promovendo ações interdisciplinares entre os conteúdos afins.
A integração, a extensão e a profundidade do trabalho podem se dar em diferentes níveis, segundo o domínio do tema e ou a prioridade que se eleja nas diferentes realidades locais. Isso se efetiva através da organização didática eleita pela escola. Compete aos professores selecionar os conteúdos das áreas de sua atuação em torno de temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas não representem assuntos isolados, mas que abordem a temática referente ao exercício da cidadania. (RUIZ, 2005)
Embora menos complexo que o trabalho com valores e atitudes, o ensino e a aprendizagem de procedimentos referentes ao trabalho com questões sociais merece atenção e definição de diretrizes por parte dos educadores.
Conforme definido nos Parâmetros Curriculares Nacionais, procedimentos são conteúdos que se referem a como atuar para atingir um objetivo e requerem a realização de uma série de ações de forma ordenada e não aleatória.
No caso das temáticas sociais, trata-se de contemplar aprendizagens que permitam efetivar o princípio de participação e o exercício das atitudes e dos conhecimentos adquiridos.
o se tomar o Meio Ambiente como foco de preocupação, fica clara a necessidade de que, ao aprender sobre essa temática, os alunos possam também aprender práticas que concorram para sua preservação, tais como a organização e a participação em campanhas contra o desperdício. Nas temáticas relativas à Pluralidade Cultural, a pesquisa em diferentes tipos de fonte permite reconhecer as várias formas de expressão ligadas às tradições culturais, assim como a consulta a documentos jurídicos é necessária ao aprendizado das formas de atuação contra discriminações.
Também, em relação a procedimentos, o aprendizado é longo e processual. Aprende-se a praticar ações cada vez mais complexas, com maior autonomia e maior grau de sociabilidade. Durante a escolaridade fundamental, é possível que os alunos atuem de forma cada vez mais elaborada, de modo que, ao final do processo, tenham desenvolvido ao máximo suas capacidades
As capacidades dos alunos das primeiras séries para
planejar e desenvolver atividades coletivas (como campanhas ou edição de jornal) são extremamente dependentes da ajuda do professor. Essas práticas produzem aprendizagens que, retomadas ao longo da escolaridade com desafios crescentes, permitirão, ao final da oitava série, que os alunos tenham ampliado suas possibilidades de ação no que se refere à autonomia, organização, capacidade de análise e planejamento.
A inclusão de tais conteúdos permite, portanto, tomar a prática como objeto de aprendizagem, o que contribui com o desenvolvimento da potencialidade e da competência dos alunos, condições necessárias à participação ativa, propositiva e transformadora, como requer a concepção de cidadania em que se baseiam esses Parâmetros Curriculares Nacionais.

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