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Bens, Direito Civil I

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DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
PROFESSOR Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
DATA: 27.10.2017 (2017.2) 
 
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Depois do estudo dos sujeitos de direito (pessoas naturais e jurídicas), passa-
se a estudar o objeto do direito. Ressalta-se que a Parte Geral envolve as pessoas, os 
bens e suas relações jurídicas. 
 
Os bens estão numa ampla classificação importantíssima para as normas do 
direito civil como um todo. Pode ser a existência mesma da pessoa, como seus atributos 
da personalidade (dignidade, honra, liberdade), denominados imateriais e quando 
violados serão ressarcidos com indenização (vale lembrar que o Superior Tribunal de 
Justiça menciona que o dano moral tem natureza patrimonial). 
 
O objeto do direito também pode envolver a atividade de uma pessoa, como na 
prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa, relacionados com o direito 
obrigacional. Ainda pode recair sobre coisas corpóreas (casa, terreno, carro) ou coisas 
incorpóreas (produção intelectual). 
 
Alguns autores conceituam coisa como tudo o que pode satisfazer uma 
necessidade do homem. Já bem é designado para a conceituação de coisa material útil 
ao homem enquanto economicamente valorável e suscetível de apropriação. 
 
Desta forma coisa seria o gênero (tudo que existe na natureza) e bem a 
espécie (que proporciona ao homem uma utilidade, sendo suscetível de 
apropriação). Os bens são coisas, porém nem todas as coisas podem ser consideradas 
como bens. No entanto outros autores fornecem conceitos completamente inversos de 
bem e coisa. E ainda há quem diga que mesmo atualmente, as expressões “coisa” e 
“bem” sejam sinônimas. 
 
Segundo Sílvio Venosa a coisa corpórea é uma coisa material percebida pelos 
sentidos, que se pode tocar. É incorpóreo o que os sentidos não podem perceber, como 
um crédito, por exemplo; são coisas que consistem num direito. Essa divisão era 
desconhecida dos primitivos romanos, que apenas conhecia as coisas corpóreas. 
 
Ainda de acordo com o mencionado autor, entende-se por bem tudo o que 
pode proporcionar utilidade aos homens. Não deve o termo ser confundido com 
coisas, apesar de divergências doutrinárias. Bem, numa acepção ampla, é tudo o que 
corresponde a nossos desejos, nosso afeto em uma visão não jurídica. No campo jurídico, 
bem deve ser considerado aquilo que tem valor, abstraindo-se daí a noção pecuniária do 
termo. Para o direito, bem é uma utilidade econômica ou não econômica. 
 
Certo é que o Código Civil anterior não fazia a distinção entre bem e coisa, 
usando ora um, ora outro termo, como sinônimos. Já Código atual utiliza apenas o termo 
BEM, sendo que na parte especial ele também se refere a coisa como sendo bem. 
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
PROFESSOR Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
DATA: 27.10.2017 (2017.2) 
 
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Portanto, o que nos interessa é o termo “Bem”. Desta forma, podemos fornecer 
o seguinte conceito inicial, sob o ponto de vista do Direito: 
 
“Bens são valores materiais ou imateriais 
que podem ser objeto de uma relação de 
direito. De qualquer maneira, toda relação 
jurídica entre dois sujeitos tem por objeto 
um bem sobre o qual recaem direitos e 
obrigações”. 
 
Classificação: tem-se a classificação doutrinária e a classificação legal. 
 
A primeira classificação que é realizada sobre os bens não está prevista 
expressamente no Código Civil. É a doutrina quem faz esta importante classificação. 
Assim, inicialmente, podemos classificar os Bens em: 
 
► Corpóreos, materiais, tangíveis ou concretos: são aqueles que possuem 
existência física; são os percebidos pelos sentidos. Exemplos: imóveis, joias, carro, 
dinheiro. 
 
► Incorpóreos, imateriais, intangíveis ou abstratos: são aqueles que 
possuem existência abstrata e que não podem ser percebidos pelos sentidos. Exemplos: 
propriedade literária, o direito do autor (autorais), a propriedade industrial (marcas e 
patentes). 
 
Ambos, corpóreo ou incorpóreo, integram o patrimônio de uma pessoa. Outra 
diferenciação consiste que os bens incorpóreos não podem ser objeto de usucapião. 
 
Quanto à classificação legal estabelecida pelo Código Civil/2002 (arts. 79 a 
103), os bens podem ser divididos em 03 (três) diferentes classes: 
 
- Bens considerados em si mesmos; 
- Bens reciprocamente considerados; 
- Bens considerados em relação ao titular do domínio. 
 
Cada um desses itens possui uma vasta subclassificação. Vejamos cada uma 
delas de forma minuciosa. 
 
 
 
TENHA POR OBJETIVO 
COMPREENDER A 
CLASSIFICAÇÃO E SUAS 
CONSEQUÊNCIAS !!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
 
 
- Bens considerados em si mesmos: quanto a essa primeira classificação os 
bens se dividem em: móveis ou imóveis; infungíveis ou fungíveis; inconsumíveis ou 
consumíveis; indivisíveis ou divisíveis e singulares ou coletivos. 
 
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
PROFESSOR Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
DATA: 27.10.2017 (2017.2) 
 
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Vamos à primeira delas: 
 
- Quanto à mobilidade: dividem em imóveis e móveis. 
 
Imóveis (arts. 79 a 81, CC) são aqueles que não podem ser removidos, 
transportados, de um lugar para o outro, sem a sua destruição. Podem ser divididos em: 
por natureza, por acessão física, industrial ou artificial e acessão intelectual. 
 
Por natureza: é o solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente (árvores, 
frutos pendentes), mais adjacências (espaço aéreo, subsolo). A propriedade do solo 
abrange o espaço aéreo e o subsolo. 
 
Pergunta: o dono do solo será, também, o dono do subsolo? Resposta: para o 
Direito Civil: sim. O dono do solo é também o dono do subsolo, especialmente para 
construção de passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas. 
 
No entanto, esta regra pode sofrer algumas limitações pelo artigo 176 da 
Constituição Federal/88: “As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os 
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para efeito de 
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a 
propriedade do produto da lavra”. 
 
Vale ressaltar que é difícil comprar um terreno e nele “achar” uma mina de ouro 
ou de diamantes ou um lençol petrolífero. Entretanto, se isso ocorrer, o sujeito proprietário 
não será dono deste recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o 
aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou 
concessão da União. 
 
Todavia, a própria Constituição garante ao dono do solo a participação nos 
resultados da lavra1. Portanto, como regra, o dono do solo será também o do subsolo, 
mas se for encontrado algum recurso mineral, o subsolo será destacado do solo e a União 
será a proprietária deste recurso mineral. 
 
Por acessão física, industrial ou artificial: (acessão quer dizer aumento, 
acréscimo de uma coisa à outra) tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao 
solo, não podendo removê-lo sem destruição, modificação ou dano (exemplos: sementes 
plantadas, edifícios, construções – pontes, viadutos). 
 
Não perdem o caráter de imóvel, ou seja, continuam sendo imóveis (art. 81, I e 
II, CC): 
 
a) edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local. 
b) materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem. 
 
Por acessão intelectual: o que foi empregado intencionalmente para a 
exploração industrial, aformoseamento e comodidade. São bens móveis que foram 
 
1
 CF: Art. 176. § 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e 
no valor que dispuser a lei. 
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imobilizados pelo proprietário. Trata-se de uma ficção jurídica. Exemplos: um trator 
destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola, máquinas de uma fábrica 
têxtil, para aumentar a produtividade da empresa, veículos, animais e até objetos de 
decoração de uma residência. 
 
O Código Civil atual não acolhe mais essa classificação em relação a bens 
imóveis. O Código qualifica esses bens como pertenças como categoria de bens 
acessórios (art. 93, CC). 
 
Nesse sentido, destaca-se o Enunciado n. 11 da I Jornada de Direito Civil do 
Conselho da Justiça Federal (CJF): Art. 79: não persiste no novo sistema legislativo a 
categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão “tudo 
quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”, constante da parte final do art. 79 do 
CC. 
 
A pertença pode ocorrer também na hipoteca, que abrange os bens móveis 
dentro de um imóvel (exemplo: hipotecar uma fazenda juntamente com os bois), mas 
imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá voltar a ser móvel, por mera 
declaração de vontade. 
 
Por disposição legal: tais bens são considerados como imóveis, para que 
possam receber melhor proteção jurídica: 
 
I - os direitos reais sobre os imóveis e as ações que os asseguram (exemplos: 
direito de propriedade, de usufruto, uso, a habitação, a servidão, a enfiteuse). 
II - o direito a sucessão aberta, ainda que a herança seja formada apenas por 
bens móveis. É considerada aberta a sucessão no instante da extinção (morte) de uma 
pessoa natural (de cujus2); a partir de então, seus herdeiros poderão ceder seus direitos 
hereditários, considerados como imóveis. 
 
- as jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia hidráulica 
são considerados bens distintos do solo onde se encontram (artigos 20, inciso IX, e 176 
da Constituição Federal). 
 
Móveis: dispostos nos artigos 82 a 84, CC. São aqueles que podem ser 
removidos, transportados, de um lugar para outro, por força própria ou estranha, sem 
alteração da substância ou da destinação econômico-social. Podem ser classificá-los em: 
 
Por natureza: coisas corpóreas são aquelas que podem ser transportadas sem 
a sua destruição, por força própria ou alheia. Força alheia – móveis propriamente ditos - 
carro, cadeira, livro, joias. Força própria – semoventes – bois, cavalos, carneiros, animais 
em geral. 
Observações: 
- Os materiais de construção enquanto não forem nela empregados são bens 
móveis. 
- As árvores enquanto ligadas ao solo são bens imóveis por natureza, exceto 
se se destinam ao corte (convertem-se, neste caso, em móveis por antecipação). 
 
 
2
 CC: Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, 
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
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PROFESSOR Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
DATA: 27.10.2017 (2017.2) 
 
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Por antecipação: a vontade humana pode mobilizar bens imóveis em função 
da finalidade econômica; inicialmente o bem é imóvel, mas pode ser mobilizado por uma 
intervenção humana. Exemplo: uma árvore é um bem imóvel; no entanto se ela for 
cortada e transformada em lenha, se transforma em móvel (outros exemplos: frutos, 
pedras e metais aderentes ao imóvel também são bens imóveis; separados para fins 
humanos, tornam-se móveis). A mudança da natureza dispensa os requisitos para a 
transmissão da propriedade; não são mais exigidos os requisitos rígidos da propriedade 
imóvel para sua transmissão. 
 
Por determinação legal: direitos reais sobre bens móveis e as ações 
correspondentes (exemplo: propriedade, usufruto). Artigo 83 assim determina: 
- direitos reais sobre objeto móveis e as ações respectivas. 
- os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações; 
- energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico (prevista 
também no artigo 155, § 3º do Código Penal); da mesma forma o gás canalizado. 
 
Demais situações: 
- direito autoral: este é um exemplo importante, pois além de ser classificado 
como bem móvel, é também considerado como um bem incorpóreo. 
- propriedade industrial – direitos oriundos do poder de criação e invenção 
(patentes de invenção, marcas de indústria). 
- quotas e ações de sociedades. 
 
Observação: os navios e aeronaves são bens móveis ou imóveis? 
 
Parte da doutrina diz que eles são bens móveis sui generis. Sempre que 
doutrina não consegue definir algo com exatidão, utiliza essa expressão em latim: sui 
generis. No caso dos navios (e também das aeronaves) realmente não há uma resposta 
objetiva para eles. Apesar de serem fisicamente bens móveis por serem transportados de 
um local para outro, logo, encaixam-se no conceito de bens móveis, porém necessitam 
de registro especial e admitindo hipoteca (Lei n. 7.565/86 – Código Brasileiro de 
Aeronáutica3). 
 
Consequência prática da distinção entre imóveis e móveis: 
a classificação dos bens em imóveis ou móveis tem uma razão de ser. E essa 
classificação é de suma relevância, principalmente em relação à Parte Especial do 
Código, que será estudado no Direito das Coisas. 
 
Assim, os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição, 
necessidade de outorga, prazos de usucapião e os direitos reais. 
 
 
3CBA: Art. 106. Parágrafo único. A aeronave é bem móvel registrável para o efeito de nacionalidade, 
matrícula, aeronavegabilidade (artigos 72, I, 109 e 114), transferência por ato entre vivos (artigos 72, II e 
115, IV), constituição de hipoteca (artigos 72, II e 138), publicidade (artigos 72, III e 117) e cadastramento 
geral (artigo 72, V). 
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PROFESSOR Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
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Formas de aquisição da propriedade: 
A principal forma de se adquirir a propriedade dos bens móveis é com a 
tradição (essa palavra vem do latim tradere, que significa entregar; traditio = entrega do 
bem), ou seja, somente com a entrega do bem, adquire-se a propriedade dos bens 
móveis. Outras modalidades: usucapião, achado de tesouro, ocupação (que é o 
assenhoramento do bem, como a caça, a pesca, a invenção). 
 
Já os bens imóveis são adquiridos com o Registro ou transcrição do título da 
escritura pública no Registro de Imóveis. Frisa-se que a alienação de imóveis com valor 
superior a 30 salários mínimos exige escritura pública, conforme o art. 108, CC. 
 
Ressalta-se que diante do registro os efeitos são significativos para as partes 
(Lei n. 6.015/73-LRP): Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, 
estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos 
jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. § 1º Os Registros referidos 
neste artigo são os seguintes: [...] IV - o registro de imóveis. 
 
Ademais, no art. 167, da mesma lei registral, contém o rol dos feitos do 
registro, por exemplo, instituição de bem de família; os contratos de promessa de venda 
de terrenos loteados em conformidade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 
1937. 
 
Outorga: os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por 
pessoa casada sem a outorga (uma espécie de autorização ou anuência ou mesmo 
ciência) do outro cônjuge, exceto na separação absoluta de bens. 
 
Já os bens móveis não necessitam dessa outorga. Assim, a mulher (ou o 
marido) pode vender um carro, joias, ações de uma sociedade anônimasem autorização 
de seu cônjuge: art. 1.647, CC4. 
 
Usucapião: aquisição originária da propriedade, sem qualquer vínculo entre as 
partes. O estudo sobre usucapião faz parte do direito das coisas. Tanto os bens imóveis 
quanto os móveis podem ser objeto de usucapião. O que vai diferenciar é o prazo para 
que isso ocorra. Os prazos para se adquirir a propriedade imóvel por usucapião são, em 
regra, maiores. Constitui estudo do Direito das Coisas. 
 
Direitos reais: para bens imóveis regra hipoteca; para bens móveis regra 
penhor. 
 
Quanto à fungibilidade (arts. 85, CC): essa classificação resulta da 
individualização do bem, ou seja, de sua quantidade e da sua qualidade. 
 
 
4
 Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, 
exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, 
como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo 
remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas 
as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. 
 
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PROFESSOR Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
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Pergunta-se: um bem pode ser substituído por outro? Se eu tomar um bem 
emprestado posso devolver outro? Resposta – Depende. Por isso classificamos os bens 
em infungíveis ou fungíveis. 
Infungíveis: são os que não podem ser substituídos por outros do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade. São bens personalizados, individualizados (exemplos: 
imóveis, carro, um quadro famoso). 
 
Fungíveis: são os que podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, 
qualidade e quantidade (exemplos: uma saca de arroz, uma resma de papel, dinheiro). 
 
Para compreender e facilitar para não esquecer jamais: 
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis. 
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. 
- As obrigações de fazer podem ser fungíveis (o devedor pode ser substituído) 
e infungíveis (o devedor não pode ser substituído – o cantor). 
Explicando melhor: todos os bens imóveis são personalizados (pois há um 
número, possuem um registro), daí serem todos infungíveis, pois estão totalmente 
individualizados. Porém, excepcionalmente, é possível que sejam tratados como 
fungíveis. Exemplo: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de 
terreno, sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o 
negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico. 
 
Os bens móveis, como regra, são também bens fungíveis. Mas em alguns 
casos podem ser considerados como infungíveis. Exemplo: um selo de carta. Ele é um 
bem fungível, pode ser substituído por outro. Mas o selo “olho de boi” é infungível, pois 
são raros e caríssimos, para colecionadores. Da mesma forma uma moeda, que, para 
colecionares se torna infungível. Outros exemplos: o cavalo de corrida Furacão ou o 
cavalo de passeio Sossego; um quadro pintado por Renoir. 
 
Ou seja, tem que ser feita uma análise em conjunto com as características do 
bem para que se faça a correta classificação. 
 
Questão interessante: os veículos automotores são fungíveis ou infungíveis? 
Como regra são infungíveis, pois possuem número de chassis, de motor, que os 
personalizam, os individualizam e os diferenciam dos demais, nada impede que por ajuste 
entre as partes se torne fungível (empréstimo de um carro para devolver outro5), mas esta 
situação é pouco aplicada, apesar juridicamente admitida. 
Assim, a fungibilidade pode ser da própria natureza do bem ou da vontade 
manifestada pelas partes. Exemplo: uma cesta de frutas é fungível, mas pode se tornar 
infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa, chama-se, neste 
caso, comodatum ad pompam, para ser devolvida posteriormente, intacta. 
 
Conforme já afirmado acima, uma obrigação de fazer pode ser infungível 
(exemplo: contrato “Z”, pintor famoso, para pintar um quadro; a atuação de “Z” é 
personalíssima – no caso de recusa, transforma-se em perdas e danos) ou fungível, 
podendo ser realizada por qualquer pessoa (exemplo: engraxar sapato, pintar uma 
parede). 
 
 
5
 Situação que na prática dificilmente ocorrerá no ajuste entre as partes. 
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Consequências práticas da distinção entre fungíveis e infungíveis: a 
locação, o comodato e o mútuo são contratos de empréstimo. O mútuo é um contrato 
que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, ou seja, o devedor pode 
devolver outra coisa, desde que seja igual (exemplo: empréstimo de R$ 500,00).O 
comodato é um contrato de empréstimo gratuito de coisas infungíveis (exemplo: 
empréstimo de 01 kg de arroz). A locação é um empréstimo oneroso de bens infungíveis 
(exemplo: A aluga seu imóvel para B, este terá que devolver o mesmo bem - infungível). 
Nestes dois últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem. 
 
Quanto à consuntibilidade (art. 86, CC): decorre da destinação que será dada 
aos bens, sendo que a vontade do homem pode influir. Dividem-se em consumíveis ou 
inconsumíveis. 
 
Consumíveis: são bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da 
própria coisa. Admitem um uso apenas (exemplos: gêneros alimentícios, um maço de 
cigarros, dinheiro, gasolina). 
 
Observação: há bens que são consumíveis, conforme a destinação. Exemplo: 
os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois permitem usos reiterados, mas 
expostos numa livraria são considerados como consumíveis, pois a destinação é a venda 
(contrato que envolve relação consumeirista – Código de Defesa do Consumidor – CDC). 
Sob o ponto de vista do vendedor são considerados como bens consumíveis (assim como 
outros bens considerados em princípio como inconsumíveis). 
 
Inconsumíveis: são os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se 
retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (exemplos: roupas de uma forma 
geral, automóvel, casa, sofá), ainda que haja possibilidade de sua destruição em 
decorrência do tempo, ou mesmo depreciação. 
 
Quando alguém empresta algo (por exemplo as frutas) para uma exibição, 
devendo restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a 
doutrina chama-se: ad pompam). A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, 
mas da destinação econômico-jurídica. 
 
PARA FICAR 
- O sapato: é um bem consumível ou inconsumível? Pelos conceitos fornecidos 
é um bem inconsumível, pois permite usos reiterados. Mas alguém pode perguntar: mas o 
sapato não gasta? Como disse acima, não é o fato de se gastar ou não o bem. A rigor 
tudo gasta e o importante é se pode ou não usá-lo por diversas vezes. E o sapato permite 
usos reiterados, portanto é um bem inconsumível6. 
 
- Não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Estas qualidades podem 
estar combinadas em um mesmo bem. Um bem pode ser consumível e ao mesmo tempo 
infungível (exemplo: partitura de um compositor famoso colocada à venda). O bem pode 
ser também inconsumível e fungível (exemplo: uma picareta). 
 
 
6
 Não confundir que na relação fornecedor consumidor é um produto da relação de consumo, logo, aplica-se 
o CDC. 
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Quanto à divisibilidade (arts. 87 e 88, CC): refere-se a possibilidade ou não de 
se fracionar um bem em partes homogênease distintas, sem alteração das qualidades 
essenciais do todo: divisíveis ou indivisíveis. 
 
Divisíveis: são os que podem se partir em porções reais e distintas, formando 
cada qual um todo perfeito (exemplo: papel, quantidade de arroz, milho). Se repartirmos 
uma saca de arroz, cada metade conservará as qualidades do produto. 
 
Indaga-se quanto ao lápis: é divisível ou indivisível? De início é um bem 
divisível, pois podemos fracioná-lo e em cada um dos pedaços podemos fazer “uma 
ponta” e, portanto, teremos dois lápis (lógico que menores), porém se for para perder sua 
finalidade, torna-se indivisível. 
 
Indivisíveis: são os que não podem ser partidos em porções, pois deixariam 
de formar um todo perfeito (exemplo: uma joia, um anel, um par de óculos ou sapatos, 
uma casa, um carro). 
 
No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada: por natureza: um cavalo 
vivo, um quadro; por determinação legal: lotes urbanos (125 metros quadrados – Lei n. 
6.766/1976); por vontade das partes: o bem era divisível e se tornou indivisível por 
contrato. Exemplo: entregar 100 sacas de café. Teoricamente é divisível (A e B podem 
entregar 50 sacas hoje e 50 sacas na semana que vem), mas pode ser ajustada a 
indivisibilidade: as 100 sacas devem ser entregues todas hoje. 
 
Observações: as obrigações podem ser divisíveis ou indivisíveis segundo a 
natureza das respectivas prestações. Estas podem ser pactuadas pelas partes. O 
condômino de coisa divisível poderá alienar sua parcela a quem quiser; se o bem for 
indivisível não poderá vendê-lo a estranho, se o outro ‘comunheiro’ (ou condômino) quiser 
o bem para si. Isto porque neste caso ele tem o chamado ‘direito de preferência’. 
 
Se o bem for divisível, na extinção de condomínio, cada comunheiro receberá o 
seu quinhão; se indivisível, ante a recusa dos condôminos de adjudicá-lo a um só deles 
(indenizando os demais), o bem será vendido e o preço repartido entre eles. 
 
Quanto à individualidade (arts. 89 a 91, CC): nesta classificação os bens 
podem ser singulares ou coletivos. 
 
Singulares: são singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de 
per si, ou seja, independentemente dos demais (exemplos: um cavalo, uma casa, um 
carro, uma joia, um livro). São consideradas em sua individualidade. 
 
As coisas singulares podem ser simples ou compostas. Simples: as coisas 
cujas partes formam um todo homogêneo (exemplo: pedra, cavalo). Compostas: as que 
têm suas partes ligadas artificialmente pelo homem (exemplos: o navio, o avião, o relógio, 
a janela, a porta). 
 
Coletivos ou universais: são as coisas que se encerram agregadas em um 
todo. São constituídas por várias coisas singulares, consideradas em seu conjunto, 
formando um todo único (universitas rerum). 
 
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As universalidades podem se apresentar: universalidade de fato: conjunto de 
bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana. 
Exemplos: alcateia (lobos), cáfila (camelos), biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), 
hemeroteca (jornais e revistas), dentre vários outros. Acrescenta o Código Civil que esses 
bens devem ser pertinentes à mesma pessoa e tenham destinação unitária. 
Universalidade de direito: conjunto de bens singulares, corpóreos e heterogêneos ou 
até incorpóreos, a que a norma jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, dá 
unidade. 
 
Exemplos: patrimônio (conjunto de relações da pessoa incluindo posse, 
direitos reais, obrigações e ações correspondentes), espólio (é a herança, o patrimônio - 
direitos e deveres - deixado pelo falecido que se transmite aos herdeiros), 
estabelecimento comercial, massa falida. 
 
O Enunciado n. 288 da IV Jornada de Direito Civil do CJF aponta que a 
pertinência subjetiva não constitui requisito imprescindível para a configuração das 
universalidades de fato e de direito. 
 
- Bens reciprocamente considerados: encontra-se nos arts. 92 a 97, CC. 
Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os bens e não 
isoladamente. Segundo essa classificação os bens podem ser principais ou acessórios. 
Pergunta-se: uma casa. É um bem principal ou acessório? Resposta: depende em 
relação a quê!!!. 
 
Nesse ponto que se encontra a viés da classificação: relação de um bem com 
outro bem, por isso bens reciprocamente considerados. 
 
A casa em relação a quê? A casa em relação ao terreno! Neste caso, a casa é 
acessória e o terreno é o principal. Contudo, se for a casa em relação aos bens móveis 
que guarnecem a casa, ou a casa em relação a uma piscina? Neste caso a casa será o 
principal e os demais serão acessórios. Mais um exemplo: uma árvore é um bem principal 
ou acessório? Depende! A árvore em relação aos frutos é o bem principal, porém em 
relação ao solo é acessório. 
 
Acompanhe então a classificação completa: 
 
Principais (art. 92, CC): são os que existem por si, abstrata ou concretamente, 
independente de outros (exemplos: o solo, um crédito, uma joia, uma árvore). Exercem 
função e finalidade independentemente de outra coisa. 
 
Acessórios (art. 92, CC): são aqueles cuja existência pressupõe a existência de 
um bem principal (exemplos: uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao 
solo, a cláusula penal, o contrato de fiança em relação ao contrato de locação, os juros, 
os frutos). 
 
Regra - o bem acessório segue o principal. 
 
Por essa razão, quem for o proprietário do principal, em regra, será também o 
do acessório; a natureza do principal será a do acessório. Trata-se do princípio da 
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gravitação jurídica: um bem atrai o outro para a sua órbita, comunicando-lhe seu próprio 
regime jurídico. 
 
Isto também se aplica aos contratos: se o contrato principal for nulo, nula 
também será a fiança, que é contrato acessório (já o contrário não é verdadeiro – se nula 
a fiança o contrato principal permanece válido). O credor que tem direito de receber uma 
coisa pode reclamar os seus acessórios. 
 
Subdivisão dos bens acessórios: frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. 
 
Frutos (Art. 95, CC): são as utilidades que a coisa produz periodicamente; 
nascem e renascem da coisa e cuja percepção mantém intacta a substância do bem que 
as gera. 
 
Os frutos podem ser classificados em: naturais (própria força orgânica da 
coisa (exemplos: frutas, crias de animais, ovos); industriais: trabalho humano (exemplo: 
produção de uma fábrica, produção de laticínios); e civis: oriundos de um direito 
(exemplo: juros de caderneta de poupança, aluguéis, bonificações de ações). 
 
Além disso, ainda podem ser: pendentes: ligados à coisa que os produziu, 
ainda junto ao bem principal; percebidos: já separados, não mais unidos ao bem 
principal. Exemplos: em um contrato de compra e venda de uma fazenda, os frutos da 
plantação de mamão que ainda estão não foram colhidos (junto ao bem principal) são 
denominados pendentes e pertencem ao comprador; já os frutos que foram colhidos (não 
mais junto ao bem principal) são denominados percebidos e pertencem ao vendedor. Vale 
ressaltar que as partes podem ajustar o contrário (exceção). Outro exemplo ocorre com 
os animais e sua cria (prenhez), aplica-se a mesma regra7. 
 
Produtos (Art. 95, CC): são as utilidades que se extraem da coisa, alteram a 
substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento, porque não 
se reproduzem (exemplos: pedras de uma pedreira, minerais de uma jazida, carvão 
mineral, lençol petrolífero). 
 
Pertenças (Art. 93 e 94, CC): atenção para essa novidade do código atual.São os bens que, não constituindo partes integrantes (como os frutos, produtos e 
benfeitorias), se destinam de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento 
de outro. Exemplos: a moldura de um quadro, acessórios de um veículo, um trator 
destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola. 
 
Trata-se de um bem acessório, pois depende economicamente de outro bem 
principal. É necessário, para caracterizá-lo, o vínculo intencional (material ou ideal), 
duradouro, estabelecido por quem faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do 
principal. 
 
 
7
 CC: Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos 
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
 
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Contudo, o Enunciado n. 535 da VI Jornada de Direito Civil do CJF indica para 
a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil não exige elemento subjetivo como 
requisito para o ato de destinação. 
 
MUITA ATENÇÃO PARA NÃO CONFUNDIR!!!!!!!!!!!!!!! 
 
O ACESSÓRIO SEGUE O PRINCIPAL, SALVO SE ESTE ACESSÓRIO FOR 
PERTENÇA, PORÉM A PERTENÇA SEGUE O PRINCIPAL SE A LEI DETERMINAR, 
PELA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE (ACORDO ENTRE AS PARTES) OU DA 
CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. 
 
Assim determina o art. 94, CC: os negócios jurídicos que dizem respeito ao 
bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da 
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
 
Portanto, em relação às pertenças, nem sempre pode se usar a regra de que o 
acessório segue o principal. Quando se tratar de negócio que envolva transferência de 
propriedade que contenha uma pertença é conveniente que as partes se manifestem 
expressamente sobre os acessórios (se eles acompanham ou não o bem principal), 
evitando situações dúvidas posteriores. 
 
Exemplo: quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se o 
equipamento de som está incluso ou não no negócio. Só são pertenças os bens que não 
forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se forem retirados do principal não afetam a 
sua estrutura. 
 
Exemplo: uma casa é composta por diversas partes integrantes, uma porta ou 
uma janela são fundamentais para a existência desta casa, portanto são consideradas 
como partes integrantes. Já o ar condicionado ou um quadro desta casa podem ser 
considerados como pertenças (eles pertencem à casa, mas não são parte integrantes). 
 
Quando se vende uma casa, as portas e as janelas (partes integrantes) 
acompanham a venda. Já o ar condicionado e o quadro (pertenças) podem ser vendidos 
junto ou podem ser retirados da casa pelo vendedor, não fazendo parte do negócio. Tudo 
vai depender do que estiver escrito no contrato. Da mesma forma os instrumentos 
agrícolas e os animais em relação a uma fazenda, mas nada for ajustado significa que a 
pertença não segue com a coisa: Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem 
principal não abrangem as pertenças [...] (primeira parte do art. 94, CC). 
 
Há duas situações que o Código Civil vigente determina que a pertença deva 
seguir o bem principal (salvo se o contrário resultar da lei – art. 94, CC), no contrato de 
locação e no bem de família, conforme se observa abaixo: 
 
Art. 566. O locador é obrigado: I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com 
suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, 
pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário. 
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, 
com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, 
e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel 
e no sustento da família. 
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Benfeitorias (Art. 96, CC): são obras ou despesas que se fazem em um bem 
móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Dividem-se as benfeitorias 
em: voluptuárias (§ 1°): são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, que não 
aumentam o uso da coisa (exemplos: uma pintura artística, ajardinamento, piscina, 
churrasqueira); úteis (§ 2°): são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (exemplo: 
garagem, edículas, construção de uma área para melhor ventilação); e necessárias (§ 
3°): são as que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore (exemplo: reforços 
em alicerces, restauração de assoalhos, reforma de telhados, substituição de vigamento 
podre, desinfecção de pomar). 
 
Relevância jurídica da distinção das benfeitorias: 
 
Na posse – O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis. Caso não indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo 
valor das mesmas, isto é, pode reter o bem até que seja indenizado pela benfeitoria feita. 
Quanto às voluptuárias não serão indenizadas, mas elas podem ser levantadas (isto é, 
retiradas), desde que não haja danificação do bem principal. 
 
Por outro lado, ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as 
benfeitorias necessárias. Veja o resumo no quadro para fixação das regras8: 
 
BENFEITORIAS 
 
BOA-FÉ MÁ-FE 
NECESSÁRIAS SIM* SIM 
ÚTEIS SIM NÃO** 
VOLUPTUÁRIAS NÃO***, RETIRA NÃO 
 
* Sim: indenização (recebe as despesas) 
** Não: não há indenização (não recebe as despesas) 
*** Não indeniza, mas podem ser retiradas. 
 
Assim a lei 8.245/91 (sobre locações), dispõe: art. 35. Salvo expressa 
disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, 
ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, 
serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Art. 36. As benfeitorias 
voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a 
locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. 
 
Última classificação legal do CC: 
 
Bens considerados em relação ao titular do domínio: tal classificação se refere 
aos sujeitos (PESSOAS) a que pertencem os bens. Pergunta-se: de quem são os bens? 
Presume-se que todos bem apropriável tem um dono (CC): Art. 98. São públicos os bens 
do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os 
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 
 
8
 CC: arts. 1.214 a 1.220. 
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Eles podem ser divididos em: particulares e públicos. 
 
Bens particulares: são os que pertencem às pessoas físicas ou pessoas 
jurídicas de direito privado. 
 
O Enunciado n. 287 da IV Jornada de Direito Civil do CJF estabelece que o 
critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil não exaure a 
enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem 
pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de 
serviços públicos. 
 
RES NULLIUS: são coisas de ninguém, coisas sem dono. Exemplo: um bem 
deixado pelo seu proprietário com intenção de não mais ser dono (coisas abandonas), 
animais selvagens em liberdade, pérolas no fundo do mar, peixes no mar, conchas na 
praia, tesouros escondidos. 
 
Não confundir bem abandonado e esquecido. Neste segundo o proprietário 
deixou num local poresquecimento, porém ainda permanece com a intenção de ser dono. 
No bem abandonado, juridicamente, o dono não quer mais ser proprietário do bem, quem 
acha-lo ou ficar com ele será o novo dono. 
 
Quando alguém encontrar um bem, pela presunção de que todo bem tem um 
dono, deverá entregar (devedor) ao verdadeiro dono, tornando-se credor de recompensa 
(5%) - CC: 
 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono 
ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por 
encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. 
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo 
antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e 
à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, 
se o dono não preferir abandoná-la. 
 
Bens públicos: são os que pertencem a uma entidade de direito público 
interno: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias, Fundações. 
Os bens públicos possuem uma classificação legal. Classificação dos Bens Públicos (art. 
99, CC). 
 
A) Uso Comum do Povo: destinados à utilização do público em geral; podem 
ser usados sem restrições por todos, sem necessidade de permissão especial (exemplo: 
praças, jardins, ruas, estradas, mares, rios, praias). 
 
O de uso comum pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem (art. 103, CC). 
 
Não perdem a característica de uso comum se o Estado regulamentar seu uso, 
ou torná-lo oneroso (exemplo: pedágio nas rodovias, fechamento de uma praça à noite 
por questão de segurança). Assim será possível juridicamente a cobrança de pedágio na 
ponte ora construída de Manaus/AM - Iranduba. 
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B) Uso Especial: imóveis (edifícios ou terrenos) utilizados pelo próprio poder 
público para a execução de serviço público (exemplos: prédios onde funcionam tribunais, 
escolas públicas, hospitais públicos, secretarias, ministérios, etc.). Eles têm uma 
destinação especial. O Direito Administrativo se refere a eles como bens públicos 
afetados. Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem 
público. Indica ou determina o fim a que ele se destina ou para o qual será destinado. 
 
C) Dominicais (ou dominiais): são os bens que constituem o patrimônio 
disponível da pessoa jurídica de direito público. Abrange os bens móveis e imóveis. Pode-
se dizer que são os outros bens públicos, por exclusão, pois eles não são de uso comum 
do povo e nem têm uma destinação especial. 
 
São eles (apenas exemplificativamente): terrenos de marinha9 (e acrescidos) 
terrenos banhados por mar, lagoas e rios (públicos) onde se faça sentir a influência das 
marés. Estão compreendidos na faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à linha 
de preamar média. Pertencem à União. Mar territorial compreende a faixa de 12 milhas 
marítimas de largura, de propriedade da União. Além disso, há a zona econômica 
exclusiva - de 12 a 200 milhas - onde o Brasil tem direitos de soberania exclusivos, para 
fins de exploração econômica, preservação ambiental e investigação científica. 
 
Terras devolutas são terras que, embora não destinadas a um uso público 
específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras não aproveitadas. 
Como regra pertencem aos Estados, que podem passá-las aos Municípios; serão da 
União se indispensáveis à segurança nacional. 
 
Os bens públicos dominicais podem, por determinação legal, ser convertidos 
em bens públicos de uso comum ou especial. 
 
Determina o CC que: Não dispondo a lei em contrário, consideram-se 
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha 
dado estrutura de direito privado (parágrafo único do art. 99) e que os bens públicos 
dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei (art. 101). 
 
Características dos bens públicos: 
 
Inalienabilidade: os bens públicos não podem ser vendidos, doados ou 
trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, ou seja, enquanto 
tiverem afetação pública (art. 100, CC). 
 
Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências 
legais. Exemplo: uma praça pública não poderá ser vendida enquanto tiver esta 
 
9
 Súmula 496 do STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha 
não são oponíveis à União. 
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destinação (uso comum do povo). Caso contrário, o Município poderá, por lei, alienar o 
terreno, desde que o faça em hasta pública ou por meio de concorrência administrativa. 
 
Impenhorabilidade: impede que o bem passe do devedor ao credor por força 
de execução judicial (adjudicação ou arrematação). Também não pode recair hipoteca 
sobre esses bens. 
 
Imprescritibilidade (usucapião): a Constituição Federal proíbe a aquisição, 
por usucapião, de bens públicos, bem como o Código Civil (Art. 102. Os bens públicos 
não estão sujeitos a usucapião). 
 
Reforça tais dispositivo a Súmula 340 do STF: desde a vigência do Código 
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por 
usucapião. 
 
Os bens públicos dominicais podem ser convertidos em bens de uso comum ou 
especial. Por meio da afetação o bem passa da categoria de bem do domínio privado do 
Estado para a categoria de bem do domínio público. 
 
COISAS FORA DO COMÉRCIO 
 
Expressão não contida no atual código. Os bens que se acham no comércio 
podem ser alienados e adquiridos livremente. Já os que estão fora do comércio não 
podem ser transferidas de um acervo patrimonial a outro. 
 
Comércio sentido técnico = possibilidade de compra e venda, doação, ou seja, 
liberdade de circulação (qualquer contrato), ou seja, realizar uma alienação. 
 
São considerados coisas fora do comércio, os bens: 
- Insuscetíveis de apropriação são bens de uso inexaurível (exemplos: ar, luz 
solar, água do alto-mar, etc.). São chamados de coisas comuns. 
- Personalíssimos: vida, honra, liberdade, nome, dignidade. 
- Bens públicos (uso comum do povo e especial – art. 100, CC - regra). 
- Bens das fundações (arts. 62 a 69, CC). 
- Terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4º CF). 
- Terreno onde foi construído um edifício de condomínio por andares, enquanto 
persistir o regime condominial (art.1.331, § 2º10). 
- Bens de família, salvo se pertencer ao fiador, pagamento de dívida 
empregatícias, condomínio, débitos de IPUT. 
- Bens gravados com cláusula de inalienabilidade. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
1) STF: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. BEM DE FAMÍLIA. PENHORA. 
DECORRÊNCIA DE DESPESAS CONDOMINIAIS. 1. A relação condominial é, 
 
10
 CC: Art. 1.331. § 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, 
gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao 
logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados 
separadamente, ou divididos. 
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tipicamente, relação de comunhão de escopo. O pagamento da contribuição condominial 
[obrigação propter rem] é essencial à conservação da propriedade, vale dizer, à garantia 
da subsistênciaindividual e familiar --- a dignidade da pessoa humana. 2. Não há razão 
para, no caso, cogitar-se de impenhorabilidade. 3. Recurso extraordinário a que se nega 
provimento. (RE 439003 / SP - SÃO PAULO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): 
Min. EROS GRAU Julgamento: 06/02/2007 Órgão Julgador: Segunda Turma). 
 
2) STF: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PENHORA. 
FIADOR. BEM DE FAMÍLIA. LEGITIMIDADE. 1. O Plenário do Supremo Tribunal 
Federal, ao julgar o RE n. 407.688, decidiu pela possibilidade de penhora do bem de 
família de fiador, sem violação do art. 6º da Constituição do Brasil. Agravo regimental a 
que se nega provimento. (RE-AgR 477953 / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. EROS GRAU Julgamento: 28/11/2006 Órgão 
Julgador: Segunda Turma). 
 
3) STJ: AGRAVO INTERNO. LOCAÇÃO. FIANÇA. BEM DE FAMÍLIA. PENHORA. 
POSSIBILIDADE (PRECEDENTES). Este Superior Tribunal de Justiça, na linha do 
entendimento do Supremo Tribunal Federal, firmou jurisprudência no sentido da 
possibilidade de se penhorar, em contrato de locação, o bem de família do fiador, ante o 
que dispõe o art. 3º, VII da Lei 8.009/90. 2. Agravo ao qual se nega provimento. (AgRg no 
Ag 923.763/RJ, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO 
TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe 22/06/2009). 
 
4) STJ: Lavadora, secadora de roupas e aparelho de ar-condicionado são 
impenhoráveis Lavadora, secadora de roupas e aparelhos de ar-condicionado não 
podem ser objetos de penhora. Com essa conclusão, a ministra Nancy Andrighi, do 
Superior Tribunal de Justiça (STJ), deu ganho de causa a uma devedora que teve 
penhorados bens móveis que guarnecem sua residência.

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