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09 administracao e processo judicial tributario

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Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
_____________________________________________________________________________ 
 
Conteúdo 
 1. Administração tributária 
 2. Processo judicial tributário 
 3. Pretensão de não pagar entre fato gerador e lançamento 
 4. Pretensão de não pagar entre lançamento e execução fiscal 
 5. Cautelar fiscal 
 6. Execução fiscal 
 7. Pretensão de restituição do tributo pago indevidamente 
 
 
1 Administração tributária 
O termo administração tributária é empregado para se referir às atividades de fiscalização e 
arrecadação de tributos pela administração pública. 
Estabelece o art. 37, XXII, da CF que: “as administrações tributárias da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por 
servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades 
e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações 
fiscais, na forma da lei ou convênio”. 
1.1 FISCALIZAÇÃO 
A atividade de fiscalização desempenhada pela administração tributária consiste na análise de 
escriturações contábeis, livros, notas fiscais, balanços etc., necessários para verificar a existência 
de crédito tributário que deve ser ou deveria ter sido recolhido. 
A competência e o poder de fiscalizar das autoridades serão fixados por meio da legislação 
tributária, o que inclui não apenas leis em sentido estrito, mas também normas complementares, 
tais como portarias, instruções etc. (art. 194 do CTN). 
Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais 
excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros arquivos, documentos, 
papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos empresários, ou da obrigação destes de exibi-los. Os 
livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles 
efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição (ou decadência do direito de efetuar o 
lançamento) dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram (art. 195 do CTN). 
O fisco deve documentar o início da fiscalização em livro próprio do fiscalizado ou documento 
avulso. No momento deste registro ocorre o termo final para a denúncia espontânea (v. aula 6, 
item 3.5.1), caso não tenha ocorrido antes, por meio de outra medida (v.g. uma notificação). A data 
deste registro também fixa o termo inicial do prazo decadencial para o lançamento, caso não 
tenha se iniciado antes (v. aula 7, item 2.7-2 e art. 173, p. único, do CTN). 
A legislação tributária deve ainda fixar um prazo máximo para o término dos atos de fiscalização. 
 
 
 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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1.1.1 OBRIGAÇÃO DE PRESTAR INFORMAÇÕES PARA A FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA 
São obrigados a prestar informações que possuírem de terceiros (art. 197 do CTN): 
Não haverá obrigação no caso de prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o 
informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, 
ministério, atividade ou profissão (v.g. médicos, advogados, psicólogos etc.). 
 
 Tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; 
 Bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras – ressalte-
se que a LC 105/01 que trata do sigilo bancário, prevê que as autoridades e agentes fiscais 
tributários somente podem examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras 
quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais 
exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente (neste 
caso não há necessidade de autorização judicial); 
 Empresas de administração de bens; 
 Corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; 
 Inventariantes; 
 Administrador judicial da falência ou recuperação judicial, comissários e liquidatários; 
 Quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei (em sentido estrito) designe, em razão 
de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 
 
1.1.2 SIGILO DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA (SIGILO FISCAL) 
Em regra, a administração tributária não pode divulgar informação obtida em razão de ofício 
sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o 
estado de seus negócios ou atividades (art. 198, caput, do CTN). O descumprimento desse dever gera 
responsabilidade penal pelo crime de violação de sigilo funcional (art. 325 do CP). 
Excepcionalmente, a administração pode (ou deve) divulgar tais informações nos seguintes casos: 
 [1] se a informação disser respeito a: (a) representações fiscais para fins penais; (b) 
inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (c) parcelamento ou moratória; 
 
 [2] requisição da autoridade judiciária no interesse da justiça – as Comissões 
Parlamentares de Inquérito também podem requerer documentos fiscais sigilosos, eis que 
possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, nos termos do art. 58, §3º, 
da CF – já a autoridade policial (delegado) ou Ministério Público não poderão requisitar 
diretamente ao fisco, devendo sempre requerer prévia autorização judicial e, neste caso o juiz é 
que requisitará; 
 
 [3] solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, 
desde que seja comprovada a instauração de regular de processo administrativo, no 
órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que 
se refere a informação, por prática de infração administrativa, mediante processo 
regularmente instaurado em que se assegure a preservação do sigilo (troca de 
informações entre órgãos do mesmo ente tributante); 
 
 [4] convênio firmado com outro ente tributante, para fins de permuta de informações 
e assistência mútua na fiscalização de tributos, na forma estabelecida por lei ou 
convênio (troca de informações entre órgãos de entes tributantes diversos) – o intercâmbio de 
informações entre as Fazendas também é autorizado constitucionalmente, pelo art. 37, XXII. 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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1.1.3 REQUISIÇÃO DE FORÇA POLICIAL 
As autoridade administrativas (federais, estaduais ou municipais*) podem requisitar força policial 
caso forem impedidas de exercer suas atividades de fiscalização tributária. 
 
*Apesar da regra confusa do art. 200 (que poderia dar a entender que a prerrogativa seria apenas das 
autoridades federais, a doutrina afirma que se estende às autoridades de todos os entes tributantes). 
Cabe ressaltar que se a autoridade administrativa exceder os limites legais, cobrando tributo que sabe ou 
deveria saber ser indevido, ou emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, responde pelo crime de 
excesso de exação (art. 316, §1º, do CP). Ademais, se empregar violência, responde por violência arbitrária 
(art. 322 do CP). 
 
1.1.4 DIREITOS DOS CONTRIBUINTES E LIMITAÇÕES À ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 [1] É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança 
de tributo (súmula 70/STF); 
 
 [2] É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de 
tributos (súmula 323/STF); 
 
 [3] Não é lícito a autoridade administrativa proibir que o contribuinte do débito adquira 
estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades 
profissionais (súmula 547/STF). 
Em síntese, a atividade de fiscalização, inclusive com força policial, podeser exercida para 
apurar o fato gerador. Depois de apurado, o fisco pode constituir o crédito tributário, por meio 
de lançamento, e se não for pago, pode inscrevê-lo na dívida ativa, negar certidões positivas e 
ingressar com execução fiscal. No entanto, não pode impedir a atividade profissional ou 
empresarial dos sujeitos passivos para a cobrança do tributo devido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
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1.2 DÍVIDA ATIVA E CERTIDÕES 
Não sendo pago o crédito tributário voluntariamente dentro do prazo fixado para pagamento, 
pela lei ou por decisão final em processo regular, o fisco inscreve esse crédito na dívida ativa 
tributária. 
Com o ato de inscrição, extrai-se a certidão da dívida ativa (CDA). Este documento é título 
executivo extrajudicial. Trata-se de excepcional hipótese em que um título executivo extrajudicial 
é constituído unilateralmente pelo credor. Em geral, a inscrição é feita por operador do direito 
(procuradores do Estado, do Município etc.), caracterizando um ato de controle de legalidade 
interno da administração tributária (o procurador verifica a legalidade do lançamento e da própria 
exigibilidade do crédito tributário). 
A inscrição da dívida ativa, regularmente realizada, gera presunção relativa de certeza e liquidez 
do crédito tributário. Essa certeza abrange não só o valor do crédito, mas também o sujeito 
passivo (devedor), inclusive os responsáveis tributários que constarem nela. 
Para que a inscrição seja considerada regular, deve conter obrigatoriamente: (1) nome dos 
sujeitos passivos; (2) valor da dívida e forma de calcular os juros moratórios; (3) origem e natureza 
do crédito, com dispositivo de lei que o fundamenta; (4) data da inscrição; (5) número do 
processo administrativo, se foro caso. 
O erro ou omissão quando aos requisitos acima transcritos gera nulidade da inscrição. No 
entanto, a nulidade decorrente de vícios formais (v.g. erro de cálculo, indicação errada do eríodo do 
tributo etc.) poderá ser sanada até a decisão de 1ª instância, mediante substituição da certidão 
nula por certidão com a correção dos vícios. 
Já os vícios de fundo (v.g. correta identificação do sujeito passivo, do fato gerador etc.) determinam a 
anulação do lançamento, não bastando a mera substituição da CDA. 
A certidão da dívida ativa não se confunde com a certidão negativa de débitos. Esta comprova 
que todos os débitos do sujeito passivo estão quitados, sendo fornecida mediante requerimento 
dos interessados, no prazo de 10 dias da data de entrada do requerimento na repartição (hoje em 
dia a maioria é retirada por meio da internet). 
Diversos atos e negócios exigem a apresentação da certidão negativa de débitos (v.g. a lei de 
licitação e contratos; no âmbito civil, muitos particulares o exigirão antes de assinar um contrato de compra 
e venda, de trespasse etc.). 
Em hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, créditos não vencidos ou em 
curso de cobrança executiva garantida por penhora, o fisco é obrigado a fornecer a certidão 
positiva com efeito de negativa (art. 206 do CTN). 
 
 
 
 
 
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09 – Administração e processo judicial tributário 
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 2 Processo judicial tributário 
 PRETENSÃO DO FISCO 
 
 RECEBER  Execução fiscal 
 
 GARANTIR O RECEBIMENTO  Cautelar fiscal 
 
 PRETENSÃO DO SUJEITO PASSIVO 
 
 PAGAR  Consignação em pagamento – o procedimento da consignatória está previsto no 
art. 890 do CPC. Sendo julgada procedente, há extinção do crédito tributário (v. aula 7, item 2.3). 
 
 NÃO PAGAR 
 
 Ação declaratória 
 
 Ação anulatória 
 
 Mandado de segurança 
 
 Embargos à execução 
 
 RESTITUIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO 
 
 Repetição de indébito tributário 
 
 Mandado de segurança 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fato 
gerador 
Lançamento 
Vencimento 
sem 
pagamento 
Extinção pelo 
pagamento 
Execução 
fiscal 
Pretensão do sujeito passivo 
 
Pagar: consignatória 
Não pagar: Declaratória ou MS 
preventivo 
Pretensão do sujeito passivo 
 
Pagar: consignatória 
Não pagar: Anulatória ou MS 
repressivo 
Pretensão do Fisco 
 
Receber: Execução fiscal 
Garantir o recebimento: cautelar fiscal 
Pretensão do sujeito passivo 
 
Pagar: depósito judicial 
Não pagar: Embargos à execução 
fiscal ou anulatória ou MS 
Pretensão do sujeito passivo 
 
Restituição: repetição de 
indébito ou MS 
Pretensão do Fisco 
 
Garantir o recebimento: cautelar fiscal 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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3 Pretensão de não pagar entre fato gerador e lançamento 
Antes da constituição do crédito tributário pelo lançamento, o sujeito passivo pode se opor à 
pretensão do fisco por meio da ação declaratória de inexistência de obrigação tributária, com 
fundamento no art. 4º, I, do CPC. 
Os principais fundamentos da ação declaratória são: 
(1) Inocorrência do fato gerador, havendo justo receio de que a administração tributária 
entenderá que ocorreu a hipótese de incidência, quando na verdade não ocorreu; 
(2) Justo receio de que o fisco fará indicação errônea do sujeito passivo em razão de um fato 
gerador ocorrido; 
(3) Invalidade da norma tributária que prevê a hipótese de incidência. 
O pedido é a declaração da inexistência de relação obrigacional tributária. 
Sendo julgada procedente a declaratória, o fisco ficará impedido de constituir o crédito tributário, 
desde que o trânsito em julgado ocorra antes do lançamento. É preciso lembrar que somente a 
decisão transitada em julgado possui o efeito de impedir o lançamento. Até que isso ocorra, o fisco 
poderá constituir o crédito tributário por meio do lançamento, ainda que haja ação judicial 
pendente. 
Se houver concessão de tutela de urgência ou depósito integral e em dinheiro do crédito, ainda 
assim, o fisco poderá constituir o crédito pelo lançamento. Ficará, no entanto, impedido de iniciar a 
execução fiscal até que a ação seja julgada (ambas são causas de suspensão da exigibilidade do crédito 
tributário – v. aula 7, itens 1.5 e 1.6). 
Se não houver depósito integral do crédito nem concessão de tutela de urgência, o fisco poderá 
ingressar com a execução fiscal, independentemente da existência de ação declaratória pendente. 
Neste caso, havendo satisfação do crédito tributário antes na execução fiscal, e procedência 
posterior na declaratória, a única solução será a repetição de indébito. 
Ademais, também será possível impetrar mandado de segurança preventivo, com fundamento no 
art. 5º, LXIX, da CF e Lei 12.016/09, desde que o fato gerador já tenha ocorrido ou esteja em vias de 
ocorrer. Lembrando que o MS não admite dilação probatória, cabendo tão somente provas pré-
constituídas (que acompanhem a inicial ou documentos que sejam juntados pela autoridade 
coatora – não é possível a produção de prova pericial ou testemunhal – por isso se diz que o direito 
deve ser líquido e certo). A ordem será concedida para que a autoridade coatora se abstenha de 
efetuar o lançamento. 
 
 
 
 
 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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4 Pretensão de não pagar entre lançamento e execução fiscal 
Após a constituição do crédito tributário pelo lançamento, o sujeito passivo pode se oporà 
pretensão do fisco por meio da ação anulatória do lançamento tributário. 
Os principais fundamentos da ação declaratória são: 
(1) Inocorrência do fato gerador; 
(2) Irregularidade do lançamento (autoridade incompetente, erro na indicação do sujeito passivo, erro 
no cálculo do montante devido etc.). 
O pedido é a decretação da nulidade do lançamento e extinção do crédito tributário (e também da 
obrigação tributária se o vício for material, como v.g. a inocorrência do fato gerador). 
Ressalte-se que a jurisprudência admite que a ação seja intentada inclusive após o início da 
execução fiscal. O prazo (decadencial) para propositura é de 5 anos, a partir do lançamento, 
também conforme entendimento jurisprudencial (REsp 925.677, j. 21.08.2008). 
Importante lembrar que somente a decisão transitada em julgado possui o efeito de extinguir o 
crédito tributário. 
O art. 38 da Lei 6.830/90 condiciona a propositura da anulatória ao depósito do valor do débito. No 
entanto, é pacífico que essa exigência é inconstitucional. Portanto, a ação pode ser ajuizada com ou 
sem o depósito prévio. Este terá importância apenas com relação à suspensão da exigibilidade do 
crédito tributário. 
Se houver concessão de tutela de urgência ou depósito integral e em dinheiro do crédito, o fisco 
ficará impedido de iniciar ou continuar a execução fiscal até que a ação seja julgada (ambas são 
causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário – v. aula 7, itens 1.5 e 1.6). 
Se não houver depósito integral do crédito nem concessão de tutela de urgência, o fisco poderá 
ingressar com a execução fiscal, independentemente da existência de ação anulatória pendente. 
Neste caso, havendo satisfação do crédito tributário antes na execução fiscal, e procedência 
posterior na anulatória, a única solução será a repetição de indébito. 
Ademais, também será possível impetrar mandado de segurança repressivo, com fundamento no 
art. 5º, LXIX, da CF e Lei 12.016/09. Neste caso, o prazo é de 120 dias, a contar da notificação do 
lançamento tido como ilegal. A ordem será concedida para que a autoridade coatora reverta 
(desfaça) o lançamento já efetuado. 
 
 
 
 
 
 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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5 Cautelar fiscal (Lei 8.397/92) 
É instrumento processual que pode ser utilizado pelas Fazendas Públicas (federal, estadual ou 
municipal), para garantir a execução de créditos tributários ou não tributários. 
 COMPETÊNCIA – A mesma do juízo da execução fiscal (se a execução fiscal tramitar no 
Tribunal, a cautelar fiscal deverá ser ajuizada perante o relator). 
 
 ESPÉCIES 
 
 Preparatória – É proposta antes da execução fiscal, desde que já tenha ocorrido o 
lançamento (a cautelar só pode ser ajuizada após a constituição do crédito). Neste caso, 
a Fazenda Pública deve propor a execução fiscal no prazo de 60 dias (no CPC, a regra 
geral é de que o processo principal deve ser ajuizado 30 dias após a efetivação da medida 
cautelar preparatória). 
 
 Incidental – É proposta durante a execução fiscal. 
 
 OBJETIVO – Assegurar a eficácia da execução fiscal ou a satisfação da dívida. 
 
 CABIMENTO (art. 2º da Lei 8.397/92) 
 
 [1] Devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar 
a obrigação no prazo fixado; 
 
 [2] Devedor com domicílio certo se ausenta ou tenta ausentar-se, visando elidir o adimplemento 
d obrigação; 
 
 [3] Devedor cai em insolvência e tenta alienar ou aliena bens; 
 
 [4] Devedor contrai ou tenta contrair dívidas que comprometem a liquidez de seu patrimônio; 
 
 [5] Devedor, apesar de notificado para recolher o crédito fiscal, deixa de pagá-lo (salvo se houver 
suspensão de sua exigibilidade) ou tenta pôr seus bens em nome de terceiros; 
 
 [6] Devedor possui débitos, inscritos ou não em dívida ativa, que somados ultrapassem 30% do 
seu patrimônio conhecido; 
 
 [7] Devedor aliena bens ou direito sem comunicar à Fazenda, quando a lei o exigir; 
 
 [8] Devedor tem sua inscrição no órgão de contribuintes declarada inapta; 
 
 [9] Devedor pratica qualquer ato que dificulte ou impeça a satisfação do crédito. 
 
 REQUISITOS (art. 3º da Lei 8.397/92) 
 
 [1] Prova literal da constituição do crédito tributário (lançamento); 
 
 [2] Prova documental de uma das hipóteses de cabimento; 
 
 RESPOSTA DO RÉU – O réu tem prazo de 15 dias para oferecer resposta (no CPC, o prazo é 
de 5 dias). 
 
 EFEITOS DA CAUTELAR – O julgamento procedente (contraditório normal), ou a liminar 
concedida (contraditório diferido) produz, de imediato, a indisponibilidade dos bens do 
requerido, até o limite da satisfação da obrigação. O registro imobiliário, Banco Central do 
Brasil, Comissão de Valores Imobiliários e demais repartições que processem registro de 
transferência de bens serão comunicados para realizarem a constrição judicial. Na hipótese de 
pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá somente sobre o bens do ativo permanente, 
podendo, ainda, ser estendida aos bens do acionista controlador e aos que em razão do 
contrato social ou estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas 
obrigações fiscais, ao tempo: (a) do fato gerador, nos casos de lançamento de ofício; (b) 
do inadimplemento da obrigação tributária, nos demais casos. A medida cautelar pode ser 
substituída, a qualquer tempo, pela prestação de garantia correspondente ao valor 
pretendido pela Fazenda. 
 
Cautelar fiscal 
não se confunde 
com cautelar 
inominada. Esta 
última é 
proposta pelo 
contribuinte. 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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5 CAUTELAR FISCAL (continuação) 
 PERDA DA EFICÁCIA DA CAUTELAR (art. 13 da Lei 8.397/92) 
 
 [1] – Se a Fazenda Pública não propuser a execução fiscal dentro de 60 dias, nos 
casos de cautelar preparatória; 
 
 [2] – Se a medida cautelar concedida não for efetivada dentro de 30 dias; 
 
 [3] – Se for julgada extinta a execução fiscal; 
 
 [4] – Se o requerido promover a quitação do débito. 
 
Se, por qualquer desses motivos, cessar a eficácia da medida cautelar, a Fazenda 
Pública não poderá repetir o pedido pelo mesmo fundamento. 
 
 SENTENÇA DA CAUTELAR – Em regra, não faz coisa julgada com relação ao crédito 
tributário (a improcedência não impede a Fazenda de ajuizar a execução fiscal). Todavia, fará 
coisa julgada a sentença que reconhecer alguma causa de extinção do crédito tributário 
(v.g. pagamento, compensação, transação, remissão, prescrição, decadência, conversão do 
depósito em renda). 
 
Em regra, da sentença de procedência caberá apelação sem efeito suspensivo. A apelação 
poderá ter efeito suspensivo se o requerido oferecer garantia correspondente ao valor 
pretendido pela Fazenda. 
 
6 Execução fiscal (Lei 6.830/80) 
 COMPETÊNCIA – A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa exclui 
a de qualquer outro juízo, inclusive o da falência, concordata, liquidação ou inventário. 
Quanto à competência territorial, a execução deve ser proposta no domicílio tributário do 
devedor (nas execuções fiscais federais, se não houver vara federal no domicílio d sujeito passivo, 
a execução corre no juízo estadual). 
 
 REQUISITOS – O título executivo extrajudicial é a Certidão da Dívida Ativa. Geralmente a 
própria CDA já constitui a petição inicial. A PI indicará apenas o juiz a quem é dirigida, o 
pedido e o requerimento para citação. O valor da causa será o da dívida constante na 
certidão. 
 
 INTIMAÇÕES DA FAZENDA – São sempre pessoais. 
 
 MINISTÉRIO PÚBLICO –É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas 
execuções fiscais (Súmula 189/STJ). 
 
 CITAÇÃO – O executado é citado para, no prazo de 5 dias (o CPC prevê 3 dias): (1) pagar a 
dívida, com juros e multa de mora e demais encargos indicados na CDA; ou (2) garantir a 
execução. A citação é feita pelo correio, com AR. Considera-se feita na data da entrega da 
carta no endereço do executado (não é data da juntada nos autos!). Se o aviso de recepção 
não retornar, a citação será feita por oficial de justiça ou por edital. O despacho do juiz 
que ordena a citação interrompe a prescrição. 
 
 
 
 
 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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6 EXECUÇÃO FISCAL (continuação) 
 GARANTIA DA EXECUÇÃO (art. 9º da Lei 6.830/80) 
 
Importante ressaltar que a garantia da execução é requisito para que o executado apresente embargos 
à execução fiscal (regra diferente da prevista no CPC, em que a apresentação de embargos à execução 
dispensa a garantia do juízo. Todavia, ressalte-se que a impugnação ao cumprimento da sentença 
depende de garantia do juízo). 
 
 [1] Depósito em dinheiro judicial em dinheiro (único caso em que cessa a responsabilidade por 
correção monetária e juros moratórios); 
 
 [2] Fiança bancária; 
 
 [3] Nomeação de bens do devedor à penhora; 
 
 [4] Indicação à penhora de bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública. 
 
 PENHORA – A penhora obedece à seguinte ordem: (1) dinheiro; (2) títulos da dívida pública ou títulos que 
tenham cotação em bolsa; (3) pedras e metais preciosos; (4) imóveis; (5) navios e aeronaves; (6) veículos; (7) 
móveis e semoventes; (8) direitos e ações. Excepcionalmente a penhora pode recair sobre estabelecimento 
comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção. A intimação do 
executado acerca da penhora será feita, em regra, mediante publicação, no órgão oficial, do ato de 
juntada do termo ou auto de penhora (na penhora de imóveis o cônjuge deve ser intimado segunda as regras 
previstas para citação). Contudo, se o executado não tiver assinado o AR da citação da execução, então a 
intimação da penhora será feita pessoalmente. Em qualquer fase do processo, o juiz pode deferir 
pedido de substituição da penhora: (1) efetuado pelo executado, se a substituição se referir a dinheiro 
ou fiança bancária (ressalte-se que a Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por 
precatório – súmula 406/STJ); (2) efetuado pela Fazenda Pública, por quaisquer outros bens penhoráveis, 
independentemente da ordem de penhora. 
 
 FORMAS DE DEFESA DO EXECUTADO 
 
 Embargos à execução – Trata-se de ação de conhecimento incidental ao processo de execução. O 
prazo para apresentar os embargos à execução fiscal é de 30 dias, a contar: (1) do depósito; ou 
(2) da juntada da prova da fiança bancária; ou (3) da intimação da penhora (os embargos à 
execução do CPC têm prazo de 15 dias, a contar da juntada do mandado de citação nos autos – não há 
necessidade de garantia do juízo). Como regra, os embargos à execução fiscal não serão recebidos 
no efeito suspensivo. Entende o STJ que o art. 739-A do CPC se aplica também às execuções 
fiscais (AgRg no REsp 1.353.649, j. 16.05.2013). O efeito suspensivo pode ser concedido, a pedido 
do embargante, se relevantes os seus fundamentos e o prosseguimento da execução puder 
causar ao executado grave de dano de difícil ou incerta reparação (art. 739-A, §1º, do CPC – esse 
dispositivo também prevê como requisito a garantia da execução – no entanto, na execução fiscal a 
garantia da execução é requisito necessário para a própria apresentação dos embargos, ao contrário da 
execução comum do CPC, em que é requisito apenas para concessão de efeito suspensivo) – há corrente 
sustentando que o efeito suspensivo nos embargos à execução fiscal seria automático, aplicando-se 
interpretação a contrario sensu do art. 19 da Lei 6.830/80 – mas não é isso que prevalece no STJ. A 
Fazenda Pública terá 30 dias para oferecer impugnação. Haverá, se necessário, audiência de 
instrução e julgamento. A sentença que rejeitar liminarmente ou julgar improcedentes os 
embargos será recorrível por apelação sem efeito suspensivo (art. 520, V, do CPC). 
 
 Exceção de pré-executividade – Trata-se de incidente que tem duas finalidades nos processos de 
execução: (1) alegação de matérias de defesa de ordem pública; (2) alegação de quaisquer 
matérias de defesa (ainda que não sejam de ordem pública) nas situações em que a lei exija a 
garantia do juízo como requisito para embargar ou impugnar a execução, mas o devedor não 
tenha condições de presta-la. A exceção de pré-executividade não admite dilação probatória, 
tendo como requisito a existência de prova pré-constituída, assim como ocorre com o MS. 
Direito Tributário Alex Ravache 
 
09 – Administração e processo judicial tributário 
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6 EXECUÇÃO FISCAL (continuação) 
 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE – Diante da inércia injustificada do exequente, inicia-se o 
prazo de 5 anos da prescrição intercorrente. 
 
Se não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz suspenderá a execução por 1 ano. 
Neste período não corre o prazo prescricional (art. 40 da Lei 6.830/80). Decorrido o prazo 
de 1 ano, o juiz determina o arquivamento dos autos. A partir da data do arquivamento 
(ou da data em que deveria ocorrer esse arquivamento), inicia-se o prazo da prescrição 
intercorrente. Nesse sentido: “em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, 
suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição 
quinquenal intercorrente” (súmula 314/STJ). 
 
 RECURSOS 
 
 Decisões não terminativas: agravo de instrumento 
 
 Decisões terminativas (sentenças) 
 
 Execução de valor inferior a 50 OTN: embargos infringentes, no prazo de 10 
dias, ao mesmo juízo que proferiu a decisão impugnada. 
 
 Execução de valor igual ou superior a 50 OTN: apelação (prazo de 15 dias). 
 
 
7 Pretensão de restituição do tributo pago indevidamente 
Efetuado o pagamento indevido do crédito tributário, o sujeito passivo tem direito à restituição do 
valor pago. Isso pode ocorrer de duas formas. “O contribuinte pode optar por receber, por meio de 
precatório ou por compensação (com débitos tributários futuros), o indébito tributário certificado por 
sentença declaratória transitada em julgado” (súmula 461/STJ). 
Para tanto, pode mover ação de repetição de indébito tributário ou mandado de segurança 
(súmula 213/STJ). O fato de o MS ter natureza declaratória não impede o direito de compensação, pois as 
sentenças declaratórias que reconheçam obrigações podem ser executadas diretamente, tendo eficácia de 
título executivo judicial, sem necessidade de ajuizar-se uma ação condenatória posterior. 
Em ambos os casos, o direito à compensação depende necessariamente do trânsito em julgado, 
não podendo ser concedido em tutela de urgência, seja cautelar ou antecipatória (súmula 212/STJ). 
 
Sempre caberão 
embargos de 
declaração

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