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ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO Ronan Pereira Capobiango ESTADO • A palavra Estado foi utilizada pela primeira vez na obra O Príncipe, de Maquiavel, em 1513. • Estado refere-se à convivência humana, à sociedade política, e detém o significado de poder, força, direito. • A organização do Estado brasileiro é assunto tratado no Direito Constitucional, no que concerne à sua divisão político- territorial, à sua forma de governo, à estrutura dos poderes, ao modo de aquisição e exercício do poder e aos direitos e garantias individuais e sociais dos governados. ESTADO • A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL é formada pela união INDISSOLÚVEL dos ESTADOS e MUNICÍPIOS e do DISTRITO FEDERAL (DF). • Constitui um Estado Democrático de Direito, e possui três poderes independentes e harmônicos entre si: Legislativo, Executivo e Judiciário. ESTADO • A ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- ADMINISTRATIVA da República Federativa do Brasil compreende a UNIÃO, os ESTADOS, o DF, e os MUNICÍPIOS, todos autônomos, conforme assegurado no art. 18 da Constituição de 1988. ESTADO Portanto, a FORMAÇÃO da República Federativa brasileira inclui apenas Estados, Municípios e DF, mas a ORGANIZAÇÃO política inclui também a União. • Dentre os diversos conceitos atribuídos para Estado, podemos segmentá-los: – No sentido lato – Estado é a nação politicamente organizada; é quem detém o poder soberano: independência externa e soberania interna. – No sentido jurídico – Estado é a pessoa jurídica de Direito Público Interno responsável pelos atos de seus agentes ou pessoa jurídica de Direito Público Internacional no trato com os demais países. ESTADO • Dentre os diversos conceitos atribuídos para Estado, podemos segmentá-los: – No sentido social – Estado é um agrupamento de pessoas que residem num determinado território e se sujeitam ao poder soberano, em que apenas alguns exercem o poder. – No sentido político/administrativo – Estado é o exercício efetivo do poder por meio do Governo/administração, em prol do bem comum. ESTADO • O Estado é composto: – Pelas entidades estatais, pelo aparelho (Governo e Administração) e pelo sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território e lhe concede o monopólio e a legitimidade do uso da força. ESTADO • Os elementos do Estado moderno são: – Povo – Território – Poder soberano ESTADO POVO é o agrupamento de pessoas que residem em um determinado território; NAÇÃO, além do agrupamento de pessoas, inclui traços culturais comuns como tradições, idioma, costumes e religião. A nação pode existir sem Estado e pode existir Estado com mais de uma nação, mas não pode existir Estado sem povo. • O Brasil é um Estado Federal, pois apresenta duas esferas de governo: a nacional (União) e a regional (Estados). A federação brasileira ainda traz um ente federativo exclusivo, que são os Municípios. • A República Federativa do Brasil constitui- se em um Estado Democrático de Direito. A união, os Estados-membros, o DF e os Municípios são entidades estatais que são autônomas entre si. ESTADO • União é diferente de Estado Federal: União é a parte integrante do Estado Federal, e é pessoa jurídica de Direito Público Interno; enquanto que Estado Federal é a forma de organização política do Estado brasileiro, que abrange a União, os Estados-membros, o DF, e os Municípios, e é pessoa de Direito Público Internacional ESTADO Somente o Estado Federal detém a soberania. A União (no plano interno), os Estados e os Municípios têm apenas autonomia política, administrativa e financeira. Não existe hierarquia entre União, Estados, DF e Municípios. • A União quando age em nome próprio é pessoa jurídica de Direito Público Interno, com autonomia apenas, mas quando age em nome da Federação, representa o Estado brasileiro nas relações internacionais com plena soberania. • Os Estados são denominados Unidades da Federação, enquanto que os Municípios são entidades federativas, apenas. ESTADO • O Estado Federal apresenta as seguintes características: – Dupla esfera de governo (federal e estadual); autonomia dos estados federados; participação dos estados na “formação da vontade” do poder central; poder político e administrativo compartilhados; duas câmaras, com representantes dos estados (senadores) e do povo (deputados); poder haver descentralização política e administrativa; ordenamento jurídico subordinado à Constituição Federal; não permissão aos Estados-membros para formarem Estados independentes; somente o Estado Federal possui o poder soberano. ESTADO • O Brasil adota o sistema de governo presidencialista ESTADO O presidente é escolhido para governar por um prazo fixo e determinado; a escolha do presidente é feita pelo povo; o Presidente da República assume a chefia de Estado e de Governo; a chefia do Executivo é exercida de modo unipessoal; o Presidente da República possui poder de veto, de interferir nas atividades legislativas. • O Regime Político adotado no Brasil é a democracia SEMIDIRETA ESTADO Democracia semidireta é aquela em que o poder do povo é exercido por meio de representantes eleitos, ao mesmo tempo em que é assegurada a participação direta da população em algumas decisões, por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular. Na Democracia direta o poder é exercido diretamente pelo povo (que elabora as leis, julga e administra). • O nosso Tipo de Estado é o Estado Democrático de Direito ESTADO É o Estado que se fundamenta num ordenamento jurídico democrático, com eleições livres e periódicas para escolha do Governo, e possui três elementos que o caracterizam: ordenamento jurídico constitucional-legal; independência entre os poderes; e existência de direitos e garantias individuais. • Governo traduz-se no modo pelo qual o Estado é administrado GOVERNO Como são definidos os objetivos e as diretrizes gerais de atuação, fixadas as políticas públicas e tomadas as decisões político-administrativas – que irão orientar/guiar a atuação admistrativa direcionada à realização dos fins pretendidos pelo Estado e a promoção do bem comum da coletividade. • Os governos podem assumir a forma de monarquia ou de república, e adotar como sistema de governo o presidencialismo ou o parlamentarismo. GOVERNO A Forma refere-se ao modo como ocorre a instituição e a transmissão do poder, e a relação dos governos com os governados, enquanto que o Sistema refere-se ao modo como se relacionam os poderes Legislativo e Executivo. O Brasil adota a República e o Presidencialismo • O Estado exerce seu poder por meio do Governo, mas não se confunde com ele: GOVERNO É permanente É um ente moral e intangível Soberano Detém o poder soberano Tem por objetivo o bem comum É transitório É um ente tangível (Agente político) Independente Exerce o poder É um instrumento do Estado para a consecução de seus fins Representa a parte política do Estado que atua na condução da coisa pública Define objetivos: O QUE fazer É discricionário ADMINISTRAÇÃO Aparelho Hierarquizada Responsável pela execução Instrumento do Governo Responsável por: COMO fazer É neutra ESTADO GOVERNO • Alguns entendimentos sobre governo: – Formado por um grupo de pessoas que exercem o poder de governar – É o núcleo decisório do Estado – É o conjunto de poderes e órgãos constitucionais – É o complexo de funções estatais básicas – É a condução política dos negócios públicos – É o agente público que conduza nação GOVERNO • O Governo stritu sensu corresponde ao Chefe do Poder Executivo. GOVERNO Não é só o Presidente da República quem governa, mas também um grupo de agentes públicos que incluem os presidentes do Poder Legislativo (Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara dos Deputados); Presidentes do Poder Judiciário (STF e Tribunais Superiores); e o chefe do Ministério Público da União. O Ministério Público da União não faz parte da estrutura de nenhum dos três poderes constituídos, mas possui autonomia financeira e administrativa. • A Administração compreende todo o aparato existente (estrutura e recursos; órgãos e agentes; serviços e atividades) à disposição dos governos para a realização de seus objetivos políticos e do objetivo maior e primordial do Estado: a promoção do bem comum da coletividade. Administração A Administração Pública em sentido amplo compreende: o governo (que toma as decisões políticas), a estrutura administrativa e a administração (que executa essas decisões). Em sentido estrito compreende apenas as funções administrativas de execução dos programas de governo, prestação de serviços e demais atividades. • Há na literatura uma sugestão de que o termo Administração Pública escrito em maiúsculo refere-se a entidades e órgãos administrativos; • Enquanto que a escrita com letras minúsculas, quando se faz alusão às funções ou atividades administrativas; • A relação com o conceito de Estado: Administração • Uma organização burocrática estatal que tem poder particular para definir leis e tributar os habitantes de um território, sendo dirigida por um governo e dotada de um corpo burocrático e de uma força pública ESTADO Administração • O conceito de Administração agregando a ideia de prática social. • O conceito de Administração agregando a ideia de prática social se divide em três grupos: – Perspectiva da Administração como técnica; – A perspectiva da política nas organizações; – As organizações a partir de uma perspectiva crítica. Administração • Administração como técnica: – Discussões no sentido de como administrar; – Um ferramental tecnológico neutro e objetivo; – Ensinamentos baseados em modelos prontos para serem aplicados, em busca dos melhores resultados coletivos. Administração Administração com estruturas formalizadas de sistemas de controle capazes de garantir eficiência sobre a coordenação das ações humanas A Administração assume a forma de um receituário pré-formatado e imposto de “cima para baixo” pelos gestores organizacionais Administração • Administração na perspectiva política: • Enfase à política, ou seja, à questão dos conflitos de interesse entre grupos nas organizações caracterizando os ambientes intra e interorganizacionais como dotados de grandes incertezas. Administração A organização é tomada como uma “arena” de disputas de grupos dotados de interesses divergentes em busca do controle das decisões. • Administração na perspectiva crítica: • Constitui uma oposição aos outros dois grupos; • Descarta a Administração tanto como um ferramental técnico quanto como um espaço de disputa entre grupos e pessoas no interior das organizações. Administração A Administração vista como mecanismo de controle social a serviço dos interesses maiores de proprietários de organizações e de outros bens privados na sociedade. • Administração na perspectiva crítica: • Ou seja, em vez de uma técnica neutra, ela é um ferramental garantidor dos lucros do capitalista, bem como de controle da ação dos trabalhadores nas organizações. Administração Em uma sociedade dividida em classes sociais antagônicas emerge o papel da Administração como fornecedora de instrumental ideológico para garantir as relações de poder. Se estudarmos a Administração adotando um destes três grupos de forma isolada, nós teremos problemas para gerir as organizações, pois teremos uma visão míope e empobrecida dos fenômenos a nossa volta. Administração Administração Para uma melhor administração, deve-se, ao mesmo tempo, entender de técnicas de gestão e perceber a organização como um campo complexo de disputa de poder entre grupos/pessoas. Deve-se, ainda, compreender que uma organização está inserida em um contexto maior de conflitos históricos, sociais, políticos, culturais e econômicos de uma dada realidade e que influenciam no dia a dia da gestão e dos resultados a serem alcançados. O caminho é compreender a Administração como “prática social”, capaz de integrar, em seu bojo, questões inerentes à técnica e aos dilemas éticos e políticos aos quais as organizações e os seus membros são submetidos no dia a dia. A noção de prática social envolve nossas ações diárias, baseadas no conhecimento de sabermos como fazer as coisas de um determinado modo, aceito e legitimado no grupo social em que vivemos. Administração Administração comporta entrelaçamentos entre a técnica – sistemas operacionais e tecnologias – e os jogos de poder entre interesses de grupos diversos intra e interorganizacionais, os quais atuam a partir de contextos sociais específicos, estruturados a partir de influências históricas, econômicas, sociais, culturais e políticas. Administração O tripé – técnica, conflitos políticos grupais e estruturais – auxilia na leitura dos ambientes internos e externos às organizações públicas Principais características da Administração Pública: – É executora – É instrumental – É hierarquizada – Possui competência limitada Administração Executa as atividades desejadas pelo Estado. É o meio de que se valem o Estado e o Governo para realização de seus fins. A estrutura da Administração Pública obedece a uma hierarquia. Só possui poder para decidir e comandar a área de sua competência (estabelecida por lei e fixa os limites da atuação administrativa, de seus órgãos e agentes). Principais características da Administração Pública: – É neutra – Tem apenas poder administrativo – É dependente – Tem responsabilidade técnica Administração Deve tratar a todos igualmente. Não tem poder político. Suas decisões se restringem a assuntos técnicos, financeiros e jurídicos. A Adm. Pública é uma atividade dependente e vinculada às decisões do Governo, dos poderes e dos demais órgãos que detêm competência legal para fiscalização e controle de sua atuação. Ao prestar serviços públicos e praticar atos administrativos, a Adm. Pública obedece a normas jurídicas e técnicas, cujo desvios invalidará o ato praticado e responsabilizará o agente que o praticou. • Conforme as apresentadas no Plano de Ensino e a que segue: • PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Referências
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