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Contribuições da psicologia de Jean Piaget para a Educação: teoria da epistemologia genética
Jean Piaget (1896-1980) nascido na cidade de Neuchâtel na Suíça, foi um especialista em psicologia evolutiva e dedicou-se aos estudos de epistemologia genética. Revolucionou a Educação, pois seus estudos derrubaram paradigmas relacionados à aprendizagem. As ideias de Piaget continuam sendo estudadas e aplicadas no mundo todo. Como ideia nuclear, o pesquisador defendeu uma metodologia inovadora na busca de formação de cidadãos criativos e críticos. Para ele, o professor deve orientar os estudantes no caminho da aprendizagem, de forma a favorecer a autonomia no aprender.
Nogueira e Leal esclarecem que a teoria de Jean Piaget foi baseada em duas áreas do conhecimento: por um lado o científico (epistemologia) e por outro a gênese (neste caso a genética). “[...] sua teoria possui como foco principal o sujeito epistêmico, o indivíduo no seu processo de construção de conhecimento” (NOGUEIRA; LEAL, 2012, p. 59).
Conforme esclarece Vieira e Lino (2007), Jean Piaget, por meio de seus estudos na área da biologia concluiu que o desenvolvimento biológico é um processo de adaptação ao meio em que vive o indivíduo, que depende da sua maturação tanto quanto das condições desse meio. O cientista leva esta concepção para estudos sobre o desenvolvimento humano, especialmente o cognitivo.
"Especialmente orientada para descrever e identificar os modos ou as formas de conhecer e pensar que emergem ao longo da octogênese humana, a teoria de Piaget dirige-se também para aspectos do desenvolvimento moral, linguístico e afetivo, concebendo-os sempre em estreita ligação com o desenvolvimento cognitivo " (VIEIRA; LINO, 2007, p. 199).
Quanto à questão do desenvolvimento moral, segundo as autoras, Piaget destaca o papel ativo da criança na construção do pensamento, assim como a importância da interação social para essa construção. Desses estudos, para os quais Piaget utilizou a concepção das regras, são destacadas duas fases de desenvolvimento moral: a heterônoma e a autônoma.
As autoras continuam esclarecendo que, para Piaget, essa concepção das regras traz uma manifestação concreta do egocentrismo, que é característica do pensamento da criança pequena, o que equivale à sua incapacidade para fazer diferenciação de perspectivas. Desta forma, supõe que as regras são iguais para todos e que são criadas por aquele a quem entendem como autoridade, geralmente o adulto. “[...] a criança na fase de heteronomia moral concebe as regras sociais como entidades externas às pessoas e aos contextos, com caráter imutável e absoluto”, esclarecem Vieira e Lino (2007, p. 201).
Na autonomia moral a criança já é capaz de tomar decisões de forma mais independente da autoridade e pressões sociais, distinguindo as diferentes origens e naturezas das regras. Nesta fase emerge a capacidade de registrar o ponto de vista do outro e fazer uma reflexão a partir de considerações próprias ao relacionamento interpessoal na interação com outros indivíduos.
Conforme Vieira e Lino (2007) a característica da autonomia também é a capacidade para cooperar. Porém, a cooperação pressupõe que os indivíduos envolvidos tenham consciência de si e saibam situá-lo em relação à perspectiva do outro. Sendo os elementos indispensáveis à cooperação “[...] a igualdade intelectual, a reciprocidade e o respeito mútuo” (p. 205), ela só pode se dar nas relações entre os pares.
Assim, “[...] no plano da cognição social, a interação entre iguais constitui uma atividade estruturante do pensamento moral, na qual operam um conjunto de mecanismos. Um desses mecanismos é o conflito sociocognitivo” (VIEIRA; LINO, 2007, p. 205). Esclarecem as autoras que, para Piaget, esse conflito cria condições de desequilíbrio eficaz, em que a criança terá que responder a desafios que questionam o seu ponto de vista.
O estado de desequilíbrio é favorável, pois para recuperar o equilíbrio o “indivíduo precisará mobilizar dois mecanismos da inteligência: a ASSIMILAÇÃO e a ACOMODAÇÃO” (NOGUEIRA; LEAL, 2012, p. 61).
As autoras continuam esclarecendo que a interação entre a assimilação e a acomodação provoca a modificação ou criação de esquemas motores ou mentais, o que concorrerá para que o indivíduo adquira maiores e melhores condições para interagir com o mundo e avançar em novos conhecimentos, em um processo contínuo. Todo esse processo resulta no que Piaget chamou de adaptação intelectual (NOGUEIRA; LEAL, 2012).
Desta forma, segundo Nogueira e Leal (2012), para Piaget o desenvolvimento cognitivo é um processo de equilibrações sucessivas, estruturado em fases nas quais a criança vai construindo estruturas cognitivas.
Essas construções vão provocando transformações no comportamento da criança em relação ao meio físico e social. Cada uma das fases ou etapas de desenvolvimento “caracteriza-se por uma estrutura cognitiva particular que determina o tipo de aproximação intelectual que o sujeito realiza com o meio que o rodeia” relacionando com a idade cronológica (VIEIRA; LINO, 2007, p. 206).
As autoras esclarecem que Piaget definiu quatro estágios ou estádios de desenvolvimento relacionando-os à idade da criança:
O estádio sensório motor (de 0 a 2 anos) caracteriza-se por uma atividade cognitiva que se baseia essencialmente na experiência imediata através dos sentidos. [...] a criança conhece o mundo que a rodeia através das ações que exerce sobre esse meio (VIEIRA; LINO, 2007, p. 207).
Vieira e Lino (2007) salientam que quanto ao educacional é importante que os programas voltados para a primeira infância possibilitem experiências sensoriais ricas para lhe permitir a construção de novas estruturas fundamentais no processo de aquisição de conhecimentos que serão a base para as aquisições do próximo estágio.
No estádio intuitivo ou pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), o pensamento sofre uma transformação qualitativa em função das modificações gerais da ação. (PIAGET, 1973 apud VIEIRA; LINO; 2007, p. 207).
Vieira e Lino, na mesma obra, esclarecem que, para Piaget, este é o estágio da inteligência intuitiva, em que surge a linguagem, o desenvolvimento da função simbólica, dos sentimentos espontâneos e da postura submissa ao adulto
Salientam as autoras (2007, p. 208) que “as estruturas mentais no estádio pré-operatório são amplamente intuitivas, livres e altamente imaginativas”. A capacidade de representação consiste em uma interiorização crescente das ações. Conforme Piaget (1970) apud Vieira e Lino (2007, p. 208), “[...] os símbolos usados são individuais e específicos de cada criança. É um jogo de imitação e imaginação cuja função consiste em satisfazer o eu por uma transformação do real em função dos desejos próprios”.
No estágio pós-operatório há a ausência de reversibilidade, posto que o pensamento da criança é egocêntrico, pensa sempre de um ponto de vista próprio, continua Vieira e Lino (2007).
“O estádio das operações concretas (dos 7 aos 11 anos) caracteriza-se por uma capacidade lógica de compreender o mundo, por novas formas de organização e pelo surgimento de novas estruturas”, conforme Vieira e Lino (2007, p. 209).
Vieira e Lino (2007) esclarecem que neste estágio desaparece quase por completo a linguagem egocêntrica e há início de uma linguagem socializada e mais elaborada. O raciocínio da criança está conectado a situações concretas e já se encontra a reversibilidade.
“O estádio das operações formais (dos 11 aos 16 anos) marca a entrada na adolescência. [...] Neste estádio, o sujeito é capaz de utilizar um pensamento hipotético-dedutivo que lhe permite raciocinar sobre conceitos que implicam um elevado grau de abstração” (VIEIRA; LINO, 2007, p. 209).
	Conforme as autoras esclarecem, embora haja características intrínsecas próprias de cada estágio, estes não existem em estado puro, mas contém elementos dos estágios precedente e seguinte, ou seja, a ordem dos estágios não pode ser alterada e não se pode pular etapas. 
	Dessa forma, concluias autoras que “a teoria de Piaget apresenta alguns conceitos fundamentais para a pedagogia da infância” (VIEIRA; LINO, 2007, p. 210).
	Conforme defendem Vieira e Lino (2007), no que diz respeito à educação, portanto, é importante que as práticas e programas para a educação da infância propiciem experiências educativas com um olhar para as características do desenvolvimento das crianças, criando condições para a construção de estruturas cognitivas que as favoreçam na consolidação de conhecimentos do seu estágio de desenvolvimento e, por conseguinte, no avanço para o estádio seguinte.
Referências Bibliográficas
NOGUEIRA, M.O.G.; LEAL, D. Teorias da aprendizagem: um encontro entre os pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico. Curitiba: IBPEX, 2012.
VIEIRA, F.; LINO, D. As contribuições da teoria de Piaget para a pedagogia da infância. In OLIVEIRA-FORMOSINHO, J.; KISHIMOTO, T.M.; PINAZZA, M.A. (org) Pedagogia (s) da infância: Dialogando com o passado, construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2007. Disponível em: https://uniitalo.bv3.digitalpages.com.br/reader#2. Acessado em 04/10/2012
Fonte: Portal educação - Cursos Online: Mais de 1000 cursos online com certificado. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/54079/contribuicoes-da-psicologia-de-jean-piaget-para-a-educacao-teoria-da-epistemologia-genetica#!4#ixzz42X5zfQpy. Acesso em 10/03/2015

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