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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – ICH
CURSO DE PSICOLOGIA
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DO CICLO VITAL
Pré infância e sua importância no desenvolvimento 
Humano 
xxxxx
xxxxxx
xxxxxxx
xxxxxxx
xxxxxxx
Projeto de pesquisa apresentado para disciplina de Atividades Práticas Supervisionada
 São Paulo
2020
1. INTRODUÇÃO
	O presente trabalho tem como objetivo apresentar os conteúdos e conceituações visualizados na disciplina de Psicologia do Desenvolvimento a partir das concepções da teoria de Jean Piaget e efetuar uma reflexão acerca dos conceitos e das dimensões apresentadas por Piaget e pela abordagem epistemológica do construtivismo.
	O estudo do desenvolvimento humano tem sido objeto de interesse de muitos autores, gerando controvérsias e oscilações quanto às reais padronizações do fenômeno do amadurecimento biológico e psíquico em relação com o ambiente social, constitui, portanto, uma área do conhecimento da Psicologia cujas proposições nucelares concentram-se no esforço de compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme apresenta a linha evolutiva da Psicologia, tem culminado na elaboração de numerosas teorias que procuram reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vistas, as condições de produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões de mundo e de homem dominantes em cada momento histórico da sociedade. Um desses autores, Jean Paget (1896-1980) o qual será abordado nesta pesquisa, não se diferencia, na medida em que busca como os demais, compreender o desenvolvimento do ser humano, salienta uma perspectiva interacionista onde o desenvolvimento se dá a partir da relação. Destaca-se, portanto, de outras abordagens pelo seu caráter inovador quando introduz essa terceira perspectiva, representado pelo exame interacionista que constitui uma tentativa de integrar as posições dicotômicas de duas tendências teóricas que permeiam a psicologia em geral, sendo elas o materialismo mecanicista e o idealismo, ambas marcadas pelo antagonismo inconciliável de seus postulados que separam de forma abrangente o físico e o psíquico.
	O propósito do nosso estudo, portanto, é tecer algumas considerações referidas à estrutura principal em que se edificam as concepções do método psicogenético de Piaget, o qual de acordo com Coll e Gillèron (1987:30), tem como objetivo “compreender como o sujeito se constitui enquanto sujeito cognitivo, elaborador de conhecimentos válidos”, conforme procuraremos apresentar na sequência deste trabalho.
2.METODOLOGIA
	A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica.
3. HISTÓRICO DA TEORIA PIAGETIANA
	No início do século XX, a pesquisa na área da Psicologia se mostrou excessivamente produtiva e investigativa nos amplos campos e aspectos inerentes à condição humana. Dentro delas surgiram-se grande ênfase e interesse no entendimento da caracterização do desenvolvimento infantil até o estágio adulto. Ao longo da história, diferentes interpretações contribuíram para a formulação de um entendimento acerca do fenômeno do desenvolvimento, sendo um profícuo autor suíço, Jean Piaget, que estudou profundamente os aspectos da pedagogia infantil e elaborou revolucionariamente os conceitos vigentes de inteligência e desenvolvimento cognitivo. 
4. O OBJETO DE ESTUDO
	Jean Piaget enfatizou seu estudo com crianças a partir de uma perspectiva de orientação construtiva, isto é, considerava as etapas progressivas de desenvolvimento de modo processual. Ele considerou o desenvolvimento como um produto de alguns esforços dos indivíduos para poder compreender melhor o agir sobre o ambiente. Devido ao autor ter sido um estudante de biologia, ele entendeu que a sobrevivência exigia adaptação, ou seja, qualquer sujeito, ou ao até mesmo qualquer espécie tende a se adaptar as constantes mudanças que ocorrem dentro do ambiente. Assim, considerou então que o desenvolvimento humano e a inteligência prosseguiam igualmente em um procedimento complexo na tentativa de se adaptar a um ambiente. 
De acordo com esta teoria, o desenvolvimento humano pode ser descrito em termos de funções e estruturas cognitivas, onde as funções seriam as mesmas de um processo biológico inato para todos e permanecem inalterados ao longo da história ontológica de cada um. O principal objetivo é construir estruturas cognitivas internas através da interação com o ambiente externo, essas estruturas variam conforme o crescimento da criança. À medida que ocorre a gradativa interação com o meio, outras possibilidades de apreensão do mundo vão gerando raciocínios mais elaborados para conceituar e abstrair fenômenos. Piaget considera que “as crianças não herdam capacidades mentais pronas, apenas o modo de interação com o ambiente.” Deste modo, as atividades intelectuais visam à adaptação do sujeito frente à relação com ambiente, sendo, portanto, uma construção gradativa.
A teoria Piagetiana percebe o desenvolvimento cognitivo construído a partir das condições biológicas. Segundo Piaget (1975), a inteligência começa a se organizar por meio de uma lógica da ação fundamentada sobre o biológico, como por exemplo, reflexos inatos do bebê. Ou seja, para Piaget, os atos e comportamentos biológicos são respostas de adaptação ao meio físico. Desta forma, pode-se concluir que para Piaget o fator cognitivo era compreendido como uma adaptação, onde seria organizado em função de estruturar o universo do indivíduo. Este conceito refere-se à relação entre o pensamento e os objetos concretos, uma vez que a capacidade cognitiva desempenha uma construção mental das estruturas capazes de serem aplicadas às do meio. A criança que utiliza da cognição constrói o real através da ação. 
	Os princípios que fundamentam o raciocínio de Piaget são conhecidos como o conceito da adaptação biológica. Esta contribuição não foi de todo original, pois já havia estudos sobre a presente área até então. Contudo, Piaget utilizou esses conceitos existentes e os aplicou ao desenvolvimento da inteligência dos indivíduos à medida que amadurecem, da infância até a vida adulta, baseando em sua própria concepção de que a atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento total do organismo.
	
5. AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
Para explicar o fenômeno do conhecimento e do desenvolvimento, Piaget apresenta algumas noções que fundamentam a dialética do sujeito frente ao contato com o ambiente. O autor parte da ideia que os atos biológicos são comportamentos adaptativos ao meio físico e concreto e, portanto, as atividades cognitivas não se separam do funcionamento total do organismo.
A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo classifica o desenvolvimento em quatro etapas, e comprova que os seres humanos experienciam uma série de mudanças previsíveis e ordenadas. Ou seja, geralmente todos os indivíduos vivenciam todos os estágios na mesma sequência, porém o inicio e término de cada estágio sofre variações dadas às diferenças individuais de natureza biológica ou do meio ambiente em que o indivíduo está inserido. Piaget mostra que cada etapa tem características diferentes, nesses estágios o indivíduo interage, organiza e se adapta com a realidade, essa é a teoria do desenvolvimento intelectual por estágios, onde Piaget divide em quatro períodos o processo de desenvolvimento cognitivo da criança.
	De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura de estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Essas construções seguem um padrão denominado por Piaget de estágios que seguem idades mais ou menos determinadas. Todavia, o mais fundamental é a ordem dos estágios e não a idade de aparição destes.
	A primeira etapa seria o estágio sensório motor, que ocorre por volta dos zero até doisanos de idade, seguido pelo estágio pré-operatório que se sustenta entre os dois aos seis ou sete anos, que prossegue para o terceiro estágio, operatório concreto, classificado dos seis ou sete anos até os onze e/ou doze sendo finalizado pelo último estágio de desenvolvimento, o estágio das operações formais que se estabelece dos onze ou doze até a vida adulta. Os aspectos característicos pormenorizados de cada etapa serão explicitados abaixo para um melhor entendimento acerca da dinâmica de cada estágio do desenvolvimento.
	O primeiro estágio, classificado como sensório-motor, ocorre até os dois anos de idade. É a fase que corresponde ao nascimento até o período de dois anos de idade, quando o bebê adquire conhecimentos por meios sensoriais, desenvolve controle motor a partir de reflexos, assimilando assim o meio em que vive e aprende a se locomover, engatinhar e andar. Nesta idade é principado o entendimento acerca do que é verbalizado, ocorrendo uma repetição dos sons. Emitindo-os e repetindo-os conforme é visualizado em seu meio. Suas ações motoras vão se desenvolvendo, à medida do crescimento biológico, conseguindo correr, chutar e ter percepções de movimento. Este estágio vai do nascimento até a aquisição da linguagem e através dos estudos feitos por Piaget, é possível perceber que a primeira inteligência que a criança desenvolve, a primeira capacidade de assimilar é relativa ao movimento e a sensibilidade, por isso é denominado de período sensório-motor, pois as ações são determinadas pelos reflexos, pelo mecanismo hereditário, pelos instintos e pelas primeiras emoções.
Neste período, conforme Balestra (2007), o bebê não demonstra possuir consciência da fronteira entre seu mundo interno e o mundo externo, onde psicologicamente não se distingue do mundo, e a toda referência que tem do mundo externo é o seu próprio corpo, devido à ausência de experiências, como se ele fosse o centro do universo, acarretando em uma indiferenciação completa entre os aspectos subjetivos e objetivos (egocentrismo) sendo que esse se prolonga até o início das operações concretas do sujeito. 
Nesse contexto, o egocentrismo se define essencialmente pelo artificialismo, onde a criança acredita que tudo que ocorre ao seu redor é provocado intencionalmente por alguém e destinado a ela; pelo finalismo, onde tudo tem uma finalidade estabelecida; pelo animismo em que a compreensão de que tudo ao redor tem vida própria, tal como ela tem e o realismo infantil, que se define em uma concepção particular e subjetiva do meio onde está inserida. Nesse estágio as atividades são de natureza prática, e ocorrem manifestações bem específicas dessa fase do desenvolvimento divididas em reações circulares, sendo primárias, secundárias e terciárias. Reações circulares primárias são os reflexos e hábitos que marcam os primeiros dias de vida do bebê, que com o tempo (3 a 6 meses) vão se transformando em ações inteligentes e práticas. Na próxima fase ocorrem as reações circulares secundárias, onde as ações do bebê ainda estão marcadas por hábitos básicos, mas já é perceptível o surgimento da intencionalidade em torno de um objetivo, com a intenção de mantê- lo, visto que já ocorre a assimilação dos objetos e consequentemente a construção de esquemas de ação por parte do bebê. Dos 10 aos 24 meses de vida é observada a presença das reações circulares terciárias, onde as ações que a criança reproduz, intencionalmente, é observado um dado movimento e repete esse comportamento de forma variada sempre que desejar novo objetivo, demonstrando que a criança já utiliza esquemas conhecidos e mais complexos frente as novas situações, com intencionalidade para a obtenção de um novo resultado, sendo o ponto-de-partida para o alicerçamento de novas estruturas que marcam o juízo experimental. No estágio de desenvolvimento sensório-motor existem subestágios que são importantes para compreender como o bebê se adapta ao mundo e nele se desenvolve. Conforme Piaget (1971) são os seguintes subestágios:
Subestágio1 (0 a 1 1½ mês): o recém-nascido possui esquemas de reflexos como giro involuntário da cabeça, sucção, movimentos de agarrar e olhar. Subestágio2 (1½ a 4 meses): surgem as reações circulares primárias e há a repetição de reações agradáveis. Subestágio3 (4 a 8 meses): já se inscrevem as reações circulares secundária, e começa a existir uma consciência ampliada dos efeitos das próprias ações sobre o ambiente. Subestágio4 (8 a 12 meses): ocorre a coordenação das reações circulares secundárias e o bebê realiza combinação de esquemas para atingir um efeito desejado. Subestágio5 (12 a 18 meses): é o início das reações circulares terciárias em que é possível à criança variar deliberadamente os meios de resolução de problemas e também experimentar conseqüências. Subestágio6 (18 a 24 meses): surge a representação simbólica e as imagens e palavras passam a representar objetos familiares e a possibilidade de invenção de novos meios de resolução de problemas através de combinações simbólicas.
Assim, como explica Balestra (2007), a criança vai se diferenciando do mundo e tornando possível a permanência do objeto, onde ele permanece existindo mesmo quando desaparece de seu campo visual, ganhando assim a noção de que o mundo não está mais concentrado em seu ser. É o processo de descentralização, um domínio que proporciona para a criança a condição de deslocar seu pensamento livremente entre passado, presente e futuro. No estágio sensório motor, segundo a mesma autora é alcançado o equilíbrio quando a criança consegue atingir objetos afastados ou escondidos pelas pessoas que a rodeiam, pois ao conquistar isso o bebê demonstra que sua ação apresenta-se estruturada quanto aos aspectos espaço-tempo-causa, ressaltando também a capacidade de permanência do ser e a superação do egocentrismo, e consequentemente o aparecimento da função simbólica.
	O Segundo período é chamado de pré-operacional e ocorre por volta dos dois aos sete anos de idade. Neste momento a criança adquire certas capacidades como o domínio da linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. É também muito significativo o processo de egocentrismo presente nessa etapa, pois a criança encontra dificuldade em compreender a perspectiva de outra pessoa. O domínio da linguagem nessa fase se faz de importância capital, pois por meio de sua aquisição, o indivíduo é levado a uma modificação no comportamento, trazendo consigo o jogo simbólico, a imitação e a famosa fase dos “porquês”, pois a criança ainda está em um movimento de descobrimento de si e do mundo. Este processo faz com que a inteligência sensório-motora seja transformada em pensamento	através da mediação feita pela linguagem e pela socialização.O estágio pré-operacional é representado por um grande avanço para o desenvolvimento com a gênese da capacidade simbólica. 
O desenvolvimento da linguagem traz consigo três consequências para a vida mental da criança, sendo: a socialização da ação com trocas entre os indivíduos; o desenvolvimento da intuição e desenvolvimento do pensamento a partir do pensamento verbal que traz consigo o finalismo (porquês), e os animismos, e por fim o artificialismo. Segundo Papallia (2000), além da função simbólica (pensar em algo sem precisar vê-lo), as crianças nessa fase podem desenvolver a compreensão de identidades (ideia de que as pessoas e muitas coisas continuam as mesmas, mesmo mudando aparência), de causa e efeito (o mundo é organizado e que ela pode fazer as coisas acontecerem), capacidade de classificar (organizar objetos, pessoas e eventos em categorias de significado) e compreensão de números (contar e lidar com quantidades). 
Esse avanço todo ocorre porque segundo Biaggio (2000), esse período a criança já não lida apenas com sensações e movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) de um significado concreto (objeto ausente), ampliando assim em muito o seu vocabulário e formando sentenças mais complexas. Embora o pensamento da criança se transforme rapidamente, o egocentrismoainda continua presente, pois observa-se que nesse estágio, o sujeito ainda não concebe uma realidade da qual não faça parte devido a ausência de esquemas conceituais e da lógica. Rodrigues et al (2005) acrescenta que nesse estágio, a leitura da realidade é incompleta e parcial, pois a criança prioriza aspectos que são mais relevantes aos seus olhos e também não é possível a reversibilidade do pensamento, pois a criança não consegue organizar os objetos e acontecimentos em categorias lógicas gerais.
 O aspecto central dessa fase é mesmo o desenvolvimento da linguagem que de acordo com Balestra (2007) gera novos esquemas e favorece a reconstrução daqueles anteriormente formados, oportunizando a edificação do pensamento simbólico em substituição à ação direta do sujeito sobre o objeto pela sua evocação e representação mental. O pensamento simbólico possibilita a superação dos limites referentes a noção de tempo e espaço da fase anterior, e essa nova habilidade de operar a partir de representações mentais conduz à superação gradativa do subjetivismo da criança, possibilitando maior objetividade na aquisição de conhecimento.
	Posteriormente, Piaget postula o terceiro estágio de desenvolvimento, denominado de Período Operatório Concreto, vivenciado dos sete aos doze anos. Nesta fase a criança parte da seriação e classificação que é a capacidade de perceber as diferenças entre os objetos, e é apta a realizar operações mentais. Segundo Piaget, é possível perceber que o desenvolvimento da socialização leva também a um aumento da compreensão das regras e condutas coletivas. Ou seja, quanto mais a criança participa de ações coletivas, quanto mais socializada estiver, mais alto será o nível de compreensão dos códigos sociais. 
Surgem então os processos de pensamento lógico, limitados, sendo capazes de serializar e ordenar em classes com bases em características em comum. O pensamento ainda é denominado concreto, pois a criança só pensa corretamente se os exemplos ou materiais que ela utilizar para sustentar o raciocínio existe mesmo e podem ser observados. Ainda não é possível pensar abstratamente.É marcante nesse estágio o declínio do egocentrismo, pois conseguem se comunicar de maneira mais eficaz sobre objetos que um ouvinte não consegue ver podendo pensa sobre a maneira como os outros a percebem e entendem que uma pessoa pode sentir de uma maneira e agir de outra. Assim, consegue regular melhor as interações sociais umas com as outras através de regras e começam a brincar de jogos baseados em regras. Levam em conta as intenções ao julgar o comportamento e acreditam que o castigo deve adequar-se ao crime. 
Conforme a explicação de Terra (2011), nesse estágio a criança adquire capacidade de estabelecer e coordenar pontos de vista diferentes e de integrá-los de modo lógico e coerente e de integrá-los de modo lógico e coerente, além de interiorizar ações, sendo possível, conforme Balestra (2007) construir raciocínios com arcabouço lógico.
Já no quarto e último estágio, denominado de Operatório Formal, o qual acontece dos doze anos em diante, a representação agora permite abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação. O raciocínio se caracteriza da abstração, surge à determinação da realidade tendo como base o caráter hipotético-dedutivo, representando a última aquisição mental quando é superada a natureza concreta dos fenômenos. Assim, obtêm-se a capacidade de pensar abstratamente e compreender o conceito de probabilidade.
De acordo com Balestra (2007) são as estruturas formadas nos estágios anteriores que constroem as possibilidades de pensamento existentes nesse estágio, as aquisições estruturais formadas nesses períodos ocorrem de forma integrada, sendo que as operações formais são possíveis a partir da ordem de sucessão das aquisições dos períodos precedentes. O sujeito nessa etapa exibe facilidade em elaborar teorias abstratas. A passagem para o pensamento formal torna o raciocínio hipotético-dedutivo, isto é, capaz de deduzir conclusões de puras hipóteses e não apenas por uma observação real. Sendo assim, as operações lógicas começam a ser transportadas do plano da manipulação concreta/direta para a das ideias, expressas em linguagem, mas sem o apoio da percepção, da experiência, da crença. No estágio das operações concretas havia uma representação de uma ação possível. Agora, no estágio das operações formais, há uma “representação de uma representação” de ações possíveis, ou seja, ocorrem os mesmos tipos de operações do nível anterior aplicadas agora a hipóteses ou proposições. Nesse estágio, as operações lógicas eram aplicadas simplesmente às operações de classe, relações e números.
 No estágio operatório formal serão construídas novas operações, de lógica proposicional, ou seja, a lógica de todas as combinações possíveis de pensamento. Sobre a universalidade do pensamento operacional formal, mesmo entre os adultos é assunto de muitas discussões, pois os três primeiros estágios do desenvolvimento cognitivo são impostos a maioria das pessoas pelas realidades físicas, ou seja, os objetos são realmente permanentes, a quantidade de água não muda quando é passada para outro copo. As operações formais, no entanto não estão ligadas ao mundo físico, elas podem ser o produto da experiência e da prática com a solução de problemas hipotéticos e do uso do pensamento científico formal, sendo que essas habilidades tendem a ser valorizadas e desenvolvidas nas culturas intelectualizadas, particularmente nas universidades. 
O próprio Piaget (1971) sugeriu que a maioria dos adultos pode ser capaz de usar o pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais eles tenham mais experiência ou interesse. Portanto, não se espera que todos os alunos do ensino médio sejam capazes de pensar hipoteticamente sobre todos os problemas que forem apresentados. Alunos que não aprendem ir além das informações repassadas a eles provavelmente vão ficar no meio do caminho. Alguns alunos encontram atalhos para lidar com problemas que estão além de sua compreensão e podem memorizar fórmulas ou listas de passos, o que pode ser útil para realizar provas, porém a compreensão do real só ocorre se forem capazes de ir além do uso superficial da memorização, usando de fato o pensamento operatório formal.
6. OUTROS AXIOMAS DA TEORIA
	De acordo com os conceitos de Balestra (2007), a formação teórica em Biologia de Piaget o influenciou na elaboração do conceito de adaptação que se desdobra no entendimento de que a inteligência é uma adaptação que possui a função de estruturar a organização do universo, visando a sobrevivência. Na formação de Piaget nota-se a presença de elementos teóricos e práticos, devido ao fato de ter utilizado seus filhos como método de observação participativa. Suas observações chegaram à conclusão de que a inteligência é a resolução de um novo problema, sendo um instrumento de coordenação dos meios para que se atinja determinado objetivo. Ainda de acordo com Balestra (2007), a equilibração é resultado da reestruturação do conhecimento após a resolução de um problema prático e da realização de uma nova experiência. O construtivismo tem a equilibração como um conceito de importância central, pois de acordo com Rodrigues (2005) ele é o fundamento que explica todo o processo de desenvolvimento humano, sendo a equilibração o direcionamento do organismo em busca do pensamento lógico, caracterizando-se como universal para todos os indivíduos. Porém é importante ressaltar que o termo sofre variações em função de conteúdos culturais do meio que se está inserido. 
Piaget ainda observa que o Construtivismo diferencia fatores invariantes de variantes no desenvolvimento cognitivo humano. Para Piaget (1971) os fatores invariantes são aqueles que ao nascer, o indivíduo recebe como herança uma série de estruturas biológicaspré-determinadas- sensoriais e neurológicas, que irão permanecer constantes ao longo de sua vida. Tais estruturas biológicas vão predispor o surgimento das estruturas mentais. Partindo desse pressuposto, na corrente piagetiana, considera-se que o indivíduo carrega consigo duas marcas inatas que são a tendência natural à organização e à adaptação, onde, portanto, que em última instância, o motor do comportamento básico do sujeito é inerente ao ser. 
Já os fatores variantes, podem ser representados pelo conceito de esquema, que conota a unidade básica de pensamento e ação estrutural do modelo piagetiano, caracterizando-se como um elemento que se transforma no processo de interação com o meio, buscando a adaptação do indivíduo ao que está em sua volta, o ambiente real e concreto, onde a busca do equilíbrio que paradoxalmente, segundo Terra (2011), nunca alcança, devido ao fato de que nesse processo de interação sempre ocorrem desajustes que rompem o equilíbrio do organismo, delegando esforços para que a adaptação seja reestabelecida. Tal busca do organismo por novas formas de adaptação é constante e envolve dois mecanismos indissociáveis e complementares: a assimilação e a acomodação, também conceitos centrais do pensamento piagetiano.
A assimilação é a tentativa de o indivíduo em solucionar uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que este possui naquele dado momento de sua vida. Tal conceito representa um processo contínuo, onde na medida em que se está em constante atividade de interpretação da realidade e consequentemente, busca-se se adaptar a ela. Nesse contexto, isso é uma tentativa de integração de aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados. Conforme Balestra (2007) a assimilação é a entrada de novos elementos ao contexto e a estrutura mental já existente, onde assimilar significa apreender novas experiências.
Na tentativa de manter sempre o equilíbrio do organismo, a acomodação é responsável por modificar a estrutura mental antiga para acomodar um novo objeto de conhecimento. Isso mostra que esta é intimamente relacionada com a ação do objeto sobre o indivíduo, eclodindo como elemento complementar da interação entre o homem e o mundo. Para Rodrigues et al (2005), a acomodação é a alteração da estrutura, ou seja, o ajuste que é feito pela cognição para receber novas informações no subconsciente do indivíduo.
Ao analisarmos ambos os conceitos, conclui-se que toda experiência nova é interligada a uma estrutura de ideias preexistentes, os denominados esquemas, podendo realizar uma transformação nesses esquemas, causando assim, a acomodação. Por esses fatores, pode-se dizer que a assimilação e a acomodação são interdependentes e complementares, pois perante a uma situação nova e desafiadora, o indivíduo depara-se com um problema novo e esse contexto exerce certa desorganização em sua mente, a desequilibração, sendo que um novo equilíbrio nas estruturas mentais somente irá ocorrer quando estiver concretizada a reestruturação do pensamento por meio dos processos de assimilação e acomodação. De acordo com Balestra (2007), a busca pela equilibração desenvolve as ações nos sujeitos estimulando o desenvolvimento das estruturas mentais, psíquicas e intelectuais, de modo que quanto mais desafios são propostos, maior é a ampliação do conhecimento do indivíduo. 
Como resultado da adaptação e por meio da assimilação e da acomodação, o indivíduo ajusta-se ao ambiente, estabelecendo e equilibrando uma descoberta com outras, possibilitando a reversão do pensamento. Ainda na teoria piagetana, de acordo com Basso (2011), o desenvolvimento ocorre espontaneamente a partir de suas potencialidades neuronais e a interação com o meio, sendo o processo lento, ocorrendo por meio de graduações sucessivas através dos estágios de desenvolvimento outrora descritos.
7. PIAGET E EDUCAÇÃO
Conforme cita Ferraciolli, (1999, p. 181) “o conhecimento não está no sujeitoorganismo, tampouco no objeto-meio, mas é decorrente das contínuas interações entre os dois”. Piaget formulou uma teoria sobre a inteligência humana, sendo que a partir disto surgiram propostas pedagógicas para formular as metodologias de ensino, ou seja, não existe um modelo pedagógico piagetiano, porém se tem uma teoria do desenvolvimento humano que oferece contribuições para o ensino. De acordo com Furth (1972), Piaget possui uma proposta construtivista de educação. Para ele, a evolução cognitiva ocorre por meio da equilibração, que se dá através da assimilação e acomodação. Na assimilação, o sujeito relaciona um novo conhecimento às suas estruturas cognitivas prévias e na acomodação modifica seus conhecimentos, ou seja, modifica os esquemas de assimilação e aprende algo novo. 
Portanto, baseando-se em Beard (1978 p. 11) “acomodação é a modificação de esquemas como resultado de novas experiências e assimilação é a incorporação de novos objetos e experiências a esquemas existentes”. Segundo Piaget (1998), a escola tradicionalista não leva em conta o processo de assimilação (conhecimento prévio) para atingir a acomodação (aprendizagem de um novo conhecimento). Assim, segundo Moreira (1999), só há aumento de conhecimento quando o esquema de assimilação sofre acomodação. O professor deve criar situações desafiadoras que provoquem desequilíbrios cognitivos (desequilíbrios adequados ao nível de desenvolvimento) para que o aluno atinja novamente o equilíbrio, que se trata do aprendizado de um novo conceito que antes não era dominado, ou seja, incorporando o processo de acomodação, desenvolvendo-se cognitivamente.
A transmissão social pela linguagem, contatos educacionais ou sociais é um fator necessário, na medida em que a criança pode receber uma grande, quantidade de informações. Entretanto, não é suficiente, pois ela só assimilará as informações que estiverem de acordo com o conjunto de estruturas relativas ao seu nível de pensamento. Um dos principais equívocos da escola tradicional, afirma Piaget (1982), é imaginar que a criança tenha apenas de incorporar as informações já digeridas, como se a transmissão não exigisse uma atividade interna de assimilação-acomodação do indivíduo, no sentido de haver uma restruturação e daí uma correta compreensão do que foi transmitido. (FERRACIOLI, 1999, p. 185).
Segundo Sabini-Cória (1986), cabe ao educador criar atividades, compatíveis com a evolução cognitiva do aluno, podendo utilizar os estágios piagetianos como referência, de modo que possa desenvolver o aprendizado infantil, criando atividades quefavoreçam a ampliação do conhecimento. Ou seja, seria papel do professor criar situações de ensino e aprendizagem compatíveis com o desenvolvimento cognitivo de seus alunos, de modo que eles possam evoluir para o estágio seguinte. O educador deve sempre levar em consideração os conhecimentos prévios do educando, cabendo à escola favorecer o aprendizado do sujeito através de uma concepção de educação problematizadora, propondo atividades que provoquem o raciocínio, criatividade, interesses, reflexões, autonomia, trabalhos escolares grupais e outros.
 Para que o sujeito evolua no seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. Leite (1995) diz que o educador deve proporcionar desafios compatíveis aos estágios de desenvolvimento infantis e condições sociais estimulantes para o enfrentamento desses desafios. Porém, segundo Moreira (1999), a escola muitas vezes ignora o nível de desenvolvimento mental da criança tentando ensinar conteúdos que pressupõem sua evolução cognitiva, ou pelo contrário, são muito simplicistas para a sua mente. Segundo Mizukami (1986), a equipe pedagógica deve possibilitar ao educando o desenvolvimento de suas possibilidades de ação motora, mental e verbal, e o sistema de ensino deve possibilitar para que o aluno atinja a autonomia, ao invés do professor impor apenas as suas ideias (método tradicionalista) e de oferecer-lhe a solução pronta, sendo depositado o conteúdo no aluno. Assim, de acordo com Ferreiro (1999), a teoria piagetiana coloca o aluno no centro do processo, ao invés doprofessor. Além disso, afirma que não adianta introduzir conteúdos que ainda não foram assimilados pelos alunos, e que o ponto de partida da aprendizagem se faz pelo próprio sujeito. 
Na teoria piagetiana os erros dos educandos são construtivos, pois a partir dos mesmos, que o sujeito alcança a resposta correta. Conforme afirma Piaget (1998), a contribuição de Psicologia à Pedagogia é a de oferecer uma teoria sobre o desenvolvimento intelectual, que se dá a partir de sucessivas construções da sociedade e da relação dialógica entre professor e aluno. Com as descobertas piagetianas, o professor pode realizar o planejamento escolar e o currículo com mais significância levando em conta, além da cultura e classe social também os estágios desenvolvimentais dos alunos (SABINI-CÓRIA, 1986). Mizukami (1986 p. 75) relata: “todo o ensino devera assumir formas diversas no discurso do desenvolvimento já que o “como” o aluno aprende depende da esquematização presente, do estágio atual, da forma de relacionamento atual com o meio”, o ensino deve ser adequado ao desenvolvimento do sujeito. Porém, Beard (1978 p. 244) acrescenta: “as informações do mestre suíço não devem ser usadas pelo professor como camisa de força na programação de atividade de ensino. É preciso que haja espírito crítico”.
8. O CONSTRUTIVISMO 
Uma das teorias mais importantes na educação, a Teoria Construtivista, surgiu no século XX, a partir das experiências do biólogo, filósofo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), o qual observando crianças desde o nascimento até a adolescência - como um recém-nascido passava do estado de não reconhecimento de sua individualidade frente ao mundo que o cerca indo até a idade de adolescentes, onde já tem-se o início de operações de raciocínio mais complexas - percebeu que o conhecimento se constrói na interação do sujeito com o meio em que ele vive. Para este autor, o conhecimento
não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças á mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas (PIAGET, 2007, p.1).
Rompendo com alguns paradigmas da educação, como a ideia de um universo do conhecimento dado, seja pela bagagem hereditária (apriorismo) ou pelo meio físico e social (empirismo) e adotada em escolas de todas as partes do mundo, a teoria construtivista tem sido fonte de críticas, mas também de motivação e de pesquisa para vários estudiosos. Segundo Vasconcelos (1996), a divulgação das ideias de Piaget no Brasil tem início no final da década de vinte, no contexto do Movimento da Escola Nova, sendo que a crença liberal escolanovista de que a escola seria o instrumento adequado à criação de uma sociedade solidária e fraterna levou os educadores progressistas do início do século a acreditarem na proposta de que a realização de inovações pedagógicas poderia mostrar melhores resultados do que os obtidos pela escola tradicional, que não consolidara objetivos sociais e democráticos. A crítica aos métodos tradicionais e as novas propostas implicaram na revisão e na alteração dos pressupostos científicos de fundamentação das atividades pedagógicas. 
O movimento da Escola Nova buscou na Biologia e na Psicologia bases de sustentação para uma ação pedagógica que privilegiou o aluno no processo educacional. A Pedagogia escolanovistaincluia em seus pressupostos os princípios de atividade e de interesse e, Piaget, acrescentou o de cooperação, os quais poderiam contribuir para a formação de indivíduos autônomos e solidários, conforme os requisitos de uma sociedade justa. A inserção do escolanovismo no Brasil ocorreu, principalmente, na escola pública, por meio de reformas educacionais realizadas nos estados, as quais incorporaram os princípios ativos que foram veiculados por educadores, em publicações e laboratórios de Psicologia, criados na época. Jean Piaget esteve em terras brasileiras em 1949, representando a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), num Seminário de Educação e Alfabetização de Adultos, no Rio de Janeiro. Desde então, passou a ser considerado por muitos como pedagogo, embora nunca tenha se dedicado à Pedagogia. Porém, é inegável seu compromisso com a educação, assim como o são as implicações pedagógicas dos resultados de suas pesquisas sobre o desenvolvimento intelectual das crianças. Até os anos oitenta, a maioria dos piagetianos se dedicava aos aspectos estruturais dos estágios de desenvolvimento da criança, a partir daí houve um aumento de interesse pela pesquisa dos aspectos funcionais, ou seja, pela concepção construtivista e interacionista do desenvolvimento.
 Diante deste contexto, leituras parciais e distorcidas, bem como apropriações práticas indevidas da teoria construtivista se difundiram no Brasil, o que gerou confusão nos professores que trabalhavam de maneira tradicional e que passaram a realizar atividades basicamente mecânicas com as crianças, distorcendo, assim, a teoria de Piaget, a qual não é voltada para a ação pedagógica, mas para a construção do sujeito epistêmico. Como afirma Kesselring (2008, p. 74), “a teoria genética do conhecimento não visa descobrir como determinadas pessoas chegam a determinadas ideias, mas como se organiza o conhecimento humano ao longo do desenvolvimento”.
A Epistemologia Genética de Piaget defende, portanto, que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da sua vida. O desenvolvimento é observado pela sobreposição do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, resultando em adaptação. Assim, nesta formulação, o ser humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. O processo de modificação de si próprio é chamado de acomodação. Este esquema revela que nenhum conhecimento chega do exterior sem que sofra alguma alteração pelo indivíduo, sendo que tudo o que se aprende é influenciado por aquilo que já havia sido aprendido. A assimilação ocorre quando a informação é incorporada às estruturas já pré-existentes nessa dinâmica estrutura cognitiva, enquanto que a adaptação ocorre quando o organismo se modifica de alguma maneira de modo a incorporar dinamicamente a nova informação. Por fim, de um pensamento moderno que, buscando a síntese inusitada entre o biológico e o lógico-matemático, parece encontrar seus limites na desconstrução ainda mais inusitada a que tende sistematicamente todo o pensamento na atualidade: a de si mesmo se construindo de modo essencialmente esclarecido. 
9. CONCLUSÃO
Diante da apresentação exposta a partir da bibliografia consultada acerca dos principais postulados da teoria do desenvolvimento de Jean Piaget, examinaram-se de modo reflexivo algumas questões referentes à teoria piagetiana e o processo de aquisição do conhecimento. Neste contexto, o objetivo geral foi apresentar as principais características das teorias com a definição dos estágios e os processos de desenvolvimento, desde o nascimento até a vida adulta. Considerando que as categorias de conhecimento não são estáticas, mastransformam-se e se modificam durante o ciclo de desenvolvimento. Contudo, é possível compreender que as pesquisas de Piaget não visam conhecer melhor a criança e aperfeiçoar os métodos pedagógicos ou educativos, mas compreender o homem, a formação dos mecanismos mentais para entender-se então como se estrutura o processo de aquisição do conhecimento e suas consequências.
10. REFERENCIASBIBLIOGRÁFICAS
1. BALESTRA, Maria M. M. A Psicopedagogia em Piaget: uma ponte para a educação da liberdade. Curitiba: Ibpex, 2007.
2. BASSO, Cíntia M. Algumas reflexões sobre o ensino mediado por computadores. Disponível em: . Acesso em: 01 de Novembro de 2011.
3. BEARD, Ruth Mary. Como a criança pensa: a psicologia de Piaget e suas aplicações educacionais. Tradução deAydano Arruda. 5. ed. São Paulo: Ibrasa, 1978.
4. BORGES, Isolina Pinto. As provas operatórias de Jean Piaget: características metodológicas e implicações na avaliação psicológica. Revista de Psicologia e de Ciência da Educação, São Paulo v. 3/4, p. 7-22, 1992.
5. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
6. PIAGET, J. A epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1971.
7. PIAGET, Jean. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo
8. PIAGET, Jean.O juízo moral na criança. 4. ed. São Paulo: Summus, 1994.
9. PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
10. PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução Maria Alice Magalhães D´ Amorim e Paulo Sergio Lima Silva. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
11. RODRIGUES, Almir Sandro. Teorias da aprendizagem. Curitiba: IESDE, 2005.
12. SABINI, Maria Aparecida Cória. Psicologia aplicada á educação. São Paulo: EPU,
1986.
1. PIAGET, Jean. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São

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