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TCC em Letras - Conteúdo Online

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TCC EM LETRAS (LÍNGUA PORTUGUESA) 
AULA 1 – PRIMEIROS PASSOS 
Introdução ao Trabalho de Conclusão de Curso 
Considerações Iniciais 
A elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso é um requisito importante para que os 
estudantes universitários obtenham seu grau, concluam com pleno aproveitamento o seu 
curso. Por este motivo, dedicamos especial atenção ao esforço de orientar todos para que 
cumpram esta etapa de sua formação com êxito. Ao longo de nossas aulas, veremos, passo a 
passo, as etapas necessárias para que o trabalho de cada um seja feito. 
Por meio da realização de seu TCC, o aluno revela sua capacidade de pesquisador, uma 
habilidade das mais importantes na vida acadêmica. No futuro, caso venham a fazer uma pós-
graduação, já se encontrarão mais bem preparados. Além disso, em outras tarefas 
profissionais, como a elaboração de aulas ou o planejamento de atividades docentes, terão 
maior facilidade caso já dominem habilidades ligadas à busca de informações e à reflexão 
crítica sobre tais informações. 
Neste momento de sua vida acadêmica, o estudante mobiliza aspectos vários da bagagem 
adquirida no curso. Neste momento, antes de mais nada, é importante destacar a importância 
ao que foi estudado nos dois períodos em que se trabalhou com a disciplina de Produção 
Textual, uma vez que o nosso objetivo principal é conduzir os estudantes a construir uma 
reflexão e escrever um texto dissertativo observando os critérios básicos de clareza, coesão e 
coerência textuais, qualidades que se requer de qualquer texto acadêmico. 
Além disso, é preciso ressaltar que a ocasião pede uma atenção especial à variante padrão da 
língua, ou seja, um cuidado especial com a correção do texto, obedecendo às regras básicas 
no que diz respeito à gramática e ortografia. Para tanto, o estudante deve desenvolver uma 
sistemática de trabalho que passe pela elaboração de rascunho, pela submissão deste a 
quantas revisões forem necessárias, para que o resultado final esteja a contento. 
Há ferramentas tecnológicas que nos ajudam neste processo, os corretores automáticos, a 
começar pelo próprio corretor do Word, mas é preciso ter cuidado e não confiar por completo 
nestes recursos, em particular no que diz respeito à revisão sintática, que o sistema oferece 
por meio de uma linha verde abaixo dos supostos erros cometidos. A solução para um bom 
aproveitamento da revisão é incorporar o processo de revisão como uma constante 
inseparável do cotidiano do estudante. 
Ao realizar a pesquisa e elaborar o texto final do seu trabalho, todos devem ter em mente que 
sua produção poderá vir a ser objeto de análise e estudo por outros estudantes. O texto 
sempre deve pressupor um público em potencial. Não se deve imaginar que um texto como 
este virá a ficar guardado numa gaveta para sempre. O estudante não escreve apenas para 
ser avaliado. 
Os ensaios produzidos pela turma podem vir a ser disponibilizados em biblioteca para 
enriquecer a vida acadêmica de futuros estudantes/pesquisadores. Por este motivo, a atenção 
aos requisitos básicos de apresentação do texto é absolutamente essencial. 
A seguir, antes de darmos início ao processo de elaboração do trabalho propriamente dito, 
vamos levantar alguns questionamentos da maior importância. Convido todos a ler com 
atenção e considerar com muito cuidado o que adiante se expõe. Mais do que mera 
introdução ao nosso curso, estamos propondo toda uma reflexão voltada para a percepção de 
como é importante que um estudante universitário se mostre capaz de pesquisar antes de ser 
considerado apto a ingressar no mercado de trabalho. 
A Universidade e Seus Propósitos 
O primeiro passo a ser dado é conceituar “pesquisa”. Para tanto, é importante colocar em 
debate a universidade, enquanto instituição. Estamos acostumados a pensar a universidade 
como instituição de ensino, cujo propósito central seria a transmissão do conhecimento. Não 
há como negar que ela existe para atender a esta finalidade. Porém, não se esgota aí. 
Não somos como aquelas bibliotecas antigas, em que todo o saber acumulado de uma 
civilização fica guardado, pronto e imutável. Pelo contrário, somos uma instituição dinâmica, 
que está aberta a um processo contínuo de avanço em novas descobertas, bem como a uma 
constante reavaliação do conhecimento já produzido. Para que isto tudo se realize, é preciso 
que a universidade não funcione apenas como instituição de ensino, mas também de 
pesquisa. 
Isso ainda não é tudo. Está previsto na legislação em vigor que a universidade também esteja 
aberta ao mundo, devendo abrir-se para a realização de atividades que tenham importância 
para o conjunto da sociedade. Para dar conta desta tarefa, desenvolvem-se as atividades de 
extensão. 
Podem ser cursos de capacitação, abertos à comunidade próxima do campus, campanhas de 
esclarecimento sobre questões diversas, aulas de reforço para estudantes do ciclo básico, 
atendimento gratuito em áreas que podem ir desde o direito trabalhista à enfermagem etc. 
O que importa é que a universidade não seja fechada, o que ainda é mais importante se 
considerarmos o fato de que vivemos numa sociedade carente nos mais diferentes aspectos. 
Veja então que a universidade é uma instituição que precisa estar em constante diálogo com o 
resto da sociedade, assim como é importante que as diferentes universidades estejam em 
diálogo entre si. Elas formam profissionais para atender às necessidades desta sociedade, 
então não pode estar alheia às carências desta sociedade. Não podem agir como se fossem 
mundos à parte, mantendo-se fechadas em altos muros, como eram as antigas universidades 
europeias na Idade Média. 
Tanto o ensino, como a pesquisa e a extensão – as três finalidades básicas das instituições 
universitárias – precisam estar interligadas e atender às demandas sociais, ou seja, precisam 
ser capazes de fornecer à sociedade justamente aquilo que ela precisa: profissionais formados 
com competência para atuar nos mais diversos campos do conhecimento humano e ajudar a 
população em suas necessidades básicas. 
Bem, mas nosso Trabalho de Conclusão de Curso não precisa, obrigatoriamente, estar ligado a 
uma atividade de extensão. O que vamos comentar agora diz respeito à pesquisa, mesmo. 
Quando você entrou na faculdade, não estava somente começando a adquirir conhecimentos 
ligados à sua área de saber, o universo da linguagem e suas múltiplas manifestações. 
Também estava sendo treinado para se tornar um pesquisador nesta área. Tendo adquirido 
uma postura voltada para a pesquisa, você passa, também, a contribuir para a aventura da 
construção do conhecimento. 
Talvez nem tenha percebido isto, mas o fato é que, desde o primeiro período, já vinha 
recebendo tarefas que estimulavam uma atitude de pesquisa, a procura pelas informações, 
como também a prática de submeter estas informações a uma reflexão. 
Pesquisar é buscar informações, mas também ir além da simples busca: é a capacidade de 
selecionar as informações realmente importantes e submetê-las a um processo constante de 
reflexão crítica. A rigor, todo saber universitário é fruto de pesquisa. 
Os conhecimentos que nos são transmitidos nas aulas das demais disciplinas foram, todos 
eles, resultado de um esforço constante de busca, seleção e reflexão. 
Ou seja, tudo que hoje em dia é matéria de ensino foi um dia tópico de pesquisa. Disso 
resulta que não é possível pensar o ensino e a pesquisa como elementos separados dentro de 
uma universidade. 
Será algum exagero dizer agora que o trabalho de ensinar pressupõe uma atitude constante 
de pesquisa? 
Será algum destempero propor um conceito de ensino que inclua a prática constante da 
pesquisa? Então, o professor deve se habituar a manteruma atitude de dinâmica busca do 
conhecimento, de atualização. 
Por isso, estamos aqui. Por isso, a produção de um ensaio crítico, atividade que pressupõe um 
trabalho sistemático de pesquisa, é tão importante na vida acadêmica de cada formando em 
Letras. Não somente para os que têm em mente uma carreira na pós-graduação. 
Poderíamos mesmo dizer, como algumas teorias pedagógicas, que o professor não é 
propriamente um “profissional do ensino”, mas sim um “profissional da aprendizagem”. Ou 
seja, alguém que faz da disposição em aprender uma profissão, tornando-se, por isso mesmo, 
alguém habilitado para guiar seus alunos nas aventuras do conhecimento. 
Com efeito, fica difícil conceber o ensino e a pesquisa como atividades apartadas uma da 
outra, visto que sempre se alimentam de modo dinâmico. Desta forma, podemos propor que a 
finalidade fundamental das instituições universitárias é tornar os estudantes capazes de 
buscar as informações, onde quer que seja, processar estas informações, dialogar com elas, 
enfim, produzir conhecimento. 
Sim, porque o que já vimos que é válido para nós, adquire importância em qualquer outra 
área. Os melhores profissionais são os que estão mais bem preparados para a busca 
constante de novos conhecimentos, para se confrontar sempre com o novo, estar preparado 
para atuar num mundo em transformação constante. 
Entendo aqui pesquisa como uma atitude de constante diálogo crítico com a realidade. Esta é 
a tarefa a que nos propomos a partir de agora. Para tanto, um percurso será construído e 
espero que cada estudante possa dar o melhor de si para obter um resultado favorável. Isso 
leva o conceito para muito além da mera coleta de informações. De nada adianta ter nas 
mãos a informação se não soubermos o que fazer com ela, se não estivermos preparados 
para trabalhar a partir dela. 
Modalidades de Trabalho Acadêmico 
Outro tópico a exigir atenção nesta fase inicial é sobre o que será concretamente feito pelo 
estudante ao longo deste semestre. Ou seja, em que consistirá seu Trabalho de Conclusão de 
Curso. Em linhas gerais, podemos defini-lo como um ensaio crítico. Mas para uma explicação 
clara acerca do que vem a ser isso, será preciso comentar sobre as várias modalidades de 
trabalho acadêmico, correspondentes a cada etapa da vida acadêmica de um estudante. 
Podemos começar pelas resenhas críticas, que são trabalhos em que o estudante deve 
resumir e comentar uma obra estudada em alguma disciplina do curso. Neste tipo de trabalho, 
as apreciações de teor crítico já começam a revelar a capacidade do estudante em perceber e 
avaliar a importância e o valor de uma obra, seguindo critérios que se baseiam no conteúdo 
estudado por ele ao longo do curso. 
Assim, ao fazer uma resenha, o estudante revela um grau de maturidade proporcional ao nível 
de maturidade alcançada por ele no período em que se encontra. 
Presume-se que um aluno que esteja por concluir seu curso de graduação está muito mais 
apto para elaborar boas resenhas do que um calouro. Mas vale ressaltar que na resenha o 
estudante apresenta comentários breves, o suficiente para demonstrar capacidade de 
aprofundamento na leitura do texto analisado. 
Antes de prosseguir, é preciso deixar bem claro que o conceito de “crítica”1 com que se 
trabalha aqui não tem relação direta com a necessidade de apresentar uma avaliação negativa 
sobre o tema estudado. Um cuidado especial é preciso aqui, uma vez que podemos ser 
contaminados pela visão que o senso comum tem desta palavra. 
1 Entendemos a crítica como a capacidade de submeter um tema, qualquer que seja ele, a 
uma apreciação racional, a um exame analítico, uma reflexão. Portanto, sua atividade de 
crítica pode chegar a resultados variados, inclusive a observações elogiosas sobre o texto ou a 
temática que foi alvo da análise. 
Outra modalidade são os artigos científicos1, que não tem como objetivo avaliar uma obra, 
como as resenhas, mas expor um ponto de vista sobre um tema específico. Este também é 
um tipo de trabalho que o estudante de graduação pode vir a ser chamado a realizar. 
1 O artigo se caracteriza por suas dimensões modestas, não precisando ter mais do que 
algumas laudas, cinco por exemplo. Por este motivo, deve ter em questão um tema bem 
específico, dissertar acerca de um único assunto. Esta modalidade também é conhecida no 
meio científico como paper, vocábulo tomado de empréstimo do inglês. 
Chamamos o artigo científico por razões de ordem metodológica, conforme será explicado em 
aulas posteriores. Mas para adiantar alguns aspectos, o texto deve ser elaborado segundo as 
regras gerais observadas para a elaboração de qualquer trabalho científico. Deve seguir uma 
sistemática, resultar de um planejamento. 
Uma explicação mais precisa a este respeito virá em nossas próximas aulas. Vale dizer que o 
mais importante de tudo é que o pesquisador tenha capacidade de análise e reflexão crítica. 
Ou seja, demonstre que é capaz de submeter o tema escolhido a um exame racional. 
Contudo, nosso TCC não será um mero artigo. Será um texto que vai se oferecer como um 
espaço de reflexão mais extenso, no qual o estudante poderá demonstrar com mais liberdade 
a sua capacidade de análise. 
O trabalho de conclusão de curso, seguindo os critérios que explicaremos mais adiante, deve 
ter um mínimo de quinze laudas de texto. Consideramos tal quantidade o mínimo suficiente 
para que o estudante demonstre ser capaz de seguir sua vida acadêmica, de modo a enfrentar 
qualquer outro desafio. 
Por Onde Começar? A Delimitação do Tema 
No decorrer do curso, no contato com todas as outras matérias que compõem a grade 
curricular, o estudante teve a oportunidade de tomar contato com uma gama extraordinária 
de informações. A busca do conhecimento foi sendo alimentada por vários semestres. Vários 
exercícios propostos nos fóruns, como oportunidades para enriquecer a vivência crítica e a 
reflexão sobre os mais variados temas da área de Letras. 
Vários tópicos apresentados como oportunidade para aprimorar a capacidade de reflexão 
crítica. Agora, quando chega o momento de elaborar o seu TCC, o aluno terá a oportunidade 
de demonstrar sua capacidade no mister de elaborar um ensaio. 
Conforme dito acima, o TCC é um trabalho de cunho monográfico, o que implica em dizer que 
será um texto escrito (grafado) que versa sobre um único (mono) tema. Um questionamento 
inicial se impõe: sobre qual tema trabalhar? 
Foram tantas as opções apresentadas que é absolutamente normal que, num primeiro 
momento, o estudante fique indeciso. Mas a escolha não pode demorar, uma vez que há 
muito que fazer e não há tempo a perder. Proponho dois critérios básicos, para começo de 
conversa: 
A. Dentre os muitos assuntos estudados ao longo do curso, escolha um que mais lhe 
motiva e agrada. Jamais faça um trabalho sobre algo que não lhe interessa muito, 
desperdiçando a oportunidade de pesquisar sobre algo que vai realmente dar a 
necessária motivação para que o trabalho tenha um rendimento favorável. 
B. Tenha uma atenção especial para a questão do acesso ao material de pesquisa sobre o 
tema escolhido. Assim, algo que muito lhe interessa pode ser de difícil articulação, no 
plano do levantamento bibliográfico. Neste caso, pode se tratar de uma escolha que 
lhe trará problemas. 
Tendo em mente estes dois critérios essenciais, as opções são muitas. Em caso de dúvida, 
sempre existe a possibilidade de definir, como estratégia, que um tema será trabalhado agora, 
enquanto os outros ficarão guardados para mais adiante, como na pós-graduação, ou em 
algum artigo escrito para ser publicado numa revista especializada. Afinal, nosso curso lida 
com a linguagem, considerada em seus mais diversos aspectos, taiscomo: 
 o nosso idioma, propriamente dito, que pode ser estudado de maneiras variadas, com 
ênfase em tópicos como a semântica, a sintaxe, a morfologia, a fonética e a fonologia 
etc.; 
 um estudo mais teórico de aspectos gerais da linguística, as diferentes teorias do 
discurso, que podem ser pensadas em sua relação com a prática cotidiana dos atos de 
fala; 
 as diferentes literaturas no idioma de Camões, campo vastíssimo e inesgotável, que 
abarca a produção de todos os autores relevantes do Brasil, de Portugal e da África 
lusófona; 
 as múltiplas opções oferecidas pelo vasto campo da Literatura Comparada, que nos 
permite ir além das fronteiras de nosso idioma, buscando o diálogo com outros povos e 
sua produção literária... 
 sem falar nas questões ligadas ao ensino de Língua e Literatura, a problemática da 
competência leitora, a produção textual, entre outras possibilidades. 
Enfim, são tantas opções que o grande problema, para o estudante, passa a ser não ficar 
muito perdido na escolha. De qualquer forma, em caso de dúvida, sempre existe a 
possibilidade de definir, como estratégia, que um tema será trabalhado agora, enquanto os 
outros ficarão guardados para mais adiante, como na pós-graduação, ou em algum artigo 
escrito para ser publicado numa revista especializada. 
Mas é importante ater-se aos conteúdos das disciplinas específicas de Letras. As matérias 
pedagógicas podem dar suporte a uma escolha de tema, mas tome cuidado para não escolher 
um tema que tenha a ver apenas com pedagogia. Um exemplo pode vir do caso da disciplina 
Educação Especial. Uma coisa é estudar as dificuldades de aprendizado dos portadores de 
certa deficiência, outra é estudar a dificuldade desses indivíduos na aquisição da linguagem. 
Somente neste último caso, estamos diante de uma escolha pertinente. 
Outro campo de pesquisa que muito interessa aos alunos, mas encerra seus perigos, é o 
preconceito linguístico. Em primeiro lugar, a delimitação nos impõe a necessidade de escolher 
certo tipo de uso da língua, ou uma determinada época e lugar. 
Algo como “o preconceito linguístico sofrido pelos imigrantes nordestinos na capital paulista 
nos dias atuais”, um tema, aliás, bastante instigante e que tem gerado bons trabalhos de 
alunos. Veja como na delimitação foi observada a escolha de uma época e de um lugar, o que 
já facilita muito o trabalho. 
Porém há outra questão séria provocada por uma escolha deste tipo: a tendência de o aluno 
vir a dar total atenção aos exemplos concretos, negligenciando a teoria, ou seja, deixando 
meio de lado o próprio estudo da linguística. Neste caso, ele deve atentar que um bom 
trabalho de conclusão de curso sempre prima por buscar um equilíbrio entre teoria e prática. 
O risco que se corre aqui é ficar expondo exemplos e mais exemplos, sem considerá-los à luz 
de uma adequada avaliação crítica. Neste caso, o erro não terá sido a falha na delimitação, 
mas a inconsistência metodológica. 
Para evitar situações assim, será preciso levar em conta tudo o que vamos desenvolver no 
conteúdo das próximas aulas. Neste momento, o importante é cada estudante encontrar o seu 
caminho. Isso impõe a necessidade de cada um não se atrasar muito no processo de 
delimitação. Por isso, consideramos importantíssimo tratar disso logo na primeira aula. Bom 
será que, na semana que vem, todos já tenhamos uma ideia clara sobre o que pretendemos 
pesquisar. 
AULA 2 – COMO ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA 
Sempre que o ser humano se defronta com atividades que não estejam automatizadas, ou 
seja, que não façam parte de sua rotina diária, corre o risco de se defrontar com o 
questionamento básico “e agora, como fazer?” 
Não temos a pretensão de possuir nenhuma receita infalível, mas consideramos de grande 
utilidade colocar por escrito todos os grandes desafios da vida, de modo a dialogar com eles 
com mais facilidade. No começo, podemos fazer uma simples anotação de uma linha. Com o 
tempo, ela vai crescer e ganhar corpo. Transforma-se num plano a ser posto em prática, com 
vistas a realizar a tarefa. 
Diante do desafio de dar conta de uma pesquisa não é diferente. Podemos dizer que toda boa 
pesquisa começa pela etapa do planejamento. Pois bem, o objetivo principal da presente aula 
é destacar a importância de um bom planejamento, a fim de que o trabalho de pesquisa 
chegue a resultados satisfatórios. Isso se realiza, normalmente, por meio de um instrumento, 
que é o projeto de pesquisa. 
Infelizmente temos visto, muitas vezes, esta etapa ser encarada pelo aluno como mera 
formalidade. De tal modo que suas etapas, que detalharemos a partir desta aula, são vistas 
como tarefas mecânicas e sem vida. Isso é um engano muito grande. Um bom projeto 
funciona como um mapa, capaz de guiar o estudioso em sua trajetória de realização da 
pesquisa. Aponta caminhos, indica as diretrizes, contém os indícios. 
É bem verdade que o projeto não deve servir como um roteiro obrigatório. Muito pelo 
contrário, é frequente que venha a ser superado, tão logo a pesquisa começa a ganhar corpo. 
Contudo, mesmo que, mais tarde, no decorrer do processo de elaboração do trabalho, o 
planejamento inicial se revele insatisfatório, incompleto, assim mesmo terá cumprido seu 
papel fundamental de nortear nossos primeiros passos. 
Sim, nortear os primeiros passos. Eis a ideia-chave. Experimente, por exemplo, colocar para 
funcionar um aparelho eletrônico novo sem jamais abrir o manual de instruções. O resultado 
será bem mais custoso do que se você o fizer depois de ter manejado o texto que acompanha 
o produto. Assim ocorre com quem tenta ensaiar seus primeiros passos numa pesquisa sem o 
suporte de um bom plano. A grande diferença é que você mesmo, caro estudante, será o 
autor de seu manual de instruções. Mas tal aspecto não tira nem um pouco a importância 
deste instrumento. Ele é muito valioso, como teremos oportunidade de verificar ao longo do 
curso. 
O projeto de pesquisa funciona como um plano piloto para a realização do trabalho. A seguir, 
vamos nos ocupar de alguns aspectos fundamentais da elaboração de um projeto consistente, 
deixando outros para a próxima aula. Antes, porém, apresentaremos um panorama geral da 
estrutura de um projeto de pesquisa. 
Estrutura de Um Projeto de Pesquisa 
Em primeiro lugar, é preciso levar em conta a finalidade de nossa pesquisa. Temos em vista a 
elaboração de uma pesquisa que resultará na elaboração de um ensaio crítico, a ser 
apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Letras. Este ponto de 
partida é da maior importância para se pensar o alcance de cada etapa elencada em nosso 
projeto. Assim, por exemplo, o tempo de realização da pesquisa, por exemplo, se limita a 
quatro meses, no máximo, tendo em vista que o ensaio deve estar pronto ao final do 
semestre letivo. 
Basicamente, todo projeto de pesquisa se compõe de: 
Elementos pré-textuais, que antecedem ao texto, propriamente dito; 
Elementos textuais, o corpo de texto do projeto, em si, dos quais destacaremos alguns dos 
principais elementos para comentar agora, deixando outros para mais tarde; 
Elementos pós-textuais, que são anexos de diferentes tipos, como fotos, gráficos e outros 
documentos, nenhum deles de caráter obrigatório. 
Chamamos de pré-textuais todos os elementos que vêm na frente, serão os primeiros a serem 
manuseados por nossos futuros leitores. Portanto, não se deve descuidar deles. Ao contrário, 
é interessante pensar em estratégias que os deixem bem convidativos. Dentre os elementos 
pré-textuais, há os que são obrigatórios, como a capa e a folha de rosto, ao passo que outros 
são facultativos, como a dedicatória e os agradecimentos. 
Mas, em aula posterior, teremos oportunidadede nos ocupar com mais detalhes dos aspectos 
ligados à apresentação final do projeto. Vale destacar que as partes pré-textuais de seu 
projeto já podem ficar guardadas a fim de ser usadas, mais tarde, na versão final do ensaio, 
momento em que cumprirão o mesmo papel: abrir o texto e atrair o leitor para ocupar seu 
tempo com o fruto de nosso trabalho. 
No momento, nosso foco central de atenção são os elementos propriamente textuais. Vamos a 
eles, então: 
Título do projeto de pesquisa 
Identificação 
Apresentação e justificativa 
Objetivos 
Problema, ou questão norteadora 
Sumário 
Proposição de hipóteses 
Metodologia 
Levantamento bibliográfico 
Resultados esperados 
Cronograma 
Estes dois últimos itens dizem respeito a projetos que obtêm financiamento de alguma 
agência do governo ou entidade de fomento à pesquisa. Não precisamos nos deter neles por 
ora. Quanto aos demais, serão objeto de nossa atenção na presente aula e também na 
próxima. Mãos à obra... 
Título do Projeto 
A rigor, o título cumpre duas finalidades: conter alguma informação acerca do que é o 
trabalho e despertar o interesse dos leitores. Vale destacar que o título não pode ser 
confundido com o tema do trabalho, mas precisa trazer nítidos esclarecimentos a respeito. 
Mas, além de ser informativo, ele deve cumprir a contento a segunda finalidade, convidar os 
possíveis interessados a ler o conteúdo do texto. 
Um exemplo tornará tudo mais claro. Se o seu projeto, por exemplo, traz como tema o 
levantamento e análise de usos peculiares de formas verbais na população de uma favela 
carioca, como a Rocinha, você tem nisto um tema, mas será difícil fazer funcionar toda esta 
frase como título. Títulos excessivamente grandes devem ser evitados, ainda que isso não seja 
regra obrigatória. 
Bem, agora você já pode começar a pensar em que título vai dar ao seu trabalho. Mas não se 
esqueça do que já dissemos: esta etapa não precisa, necessariamente, ser a primeira. 
Portanto, nada de se estressar por conta disso. Também é válido ir em frente e esperar um 
pouco. De posse do tema, dê tempo ao tempo, para ver se uma ideia mais sólida ganha corpo 
em sua mente. 
Identificação 
Mais do que mera formalidade, esta etapa é indispensável. O que está em jogo é a criação de 
um desses hábitos que, de tão rotineiros, nem percebemos o quanto são importantes. O 
estudante que se inicia nas aventuras da pesquisa deve se habituar a autenticar cada passo 
da trajetória com sua assinatura. 
Nesta parte do projeto, devem ser destacadas algumas informações básicas, tais como o 
nome do aluno/pesquisador, sua matrícula, o local onde será desenvolvido o trabalho, o tipo 
de público que poderia vir a se interessar pela pesquisa. 
Apresentação e Justificativa 
Nesta parte do trabalho, começa propriamente a parte discursiva, que deve se caracterizar 
pelo domínio de técnicas de dissertação expositiva. Ou seja, deve colocar com clareza e 
concisão as informações iniciais, das quais derivam tudo o mais no projeto. Não há 
necessidade, nesta etapa, de se propor e defender argumentos. Estes serão apresentados, 
mais tarde, sob a forma de hipóteses. 
Muitos estudantes se deparam com a questão básica de “como começar” e nisso perdem um 
tempo precioso. 
A seguir, ainda nesta etapa do projeto, vem a parte em que a relevância social da pesquisa é 
destacada. Ou seja, vamos expor o que a sociedade em geral tem a ganhar com a nossa 
pesquisa. Tendo em vista as sérias deficiências que o país enfrenta no que diz respeito ao 
ensino de Língua Materna e Literaturas, não é nada complicado desenvolver este tópico. 
Vale dizer que o avanço do conhecimento científico, em qualquer área, sempre tem como 
propósito maior a melhoria da qualidade de vida da população, o bem-estar comum. No 
terreno da Literatura, por exemplo, submeter a obra de qualquer autor a uma análise sob 
novos parâmetros é contribuição valiosa para que as novas gerações tenham oportunidade de 
conhecer mais a fundo a obra deste autor, ou seja, é contribuição de caráter geral para o 
desenvolvimento cultural dos cidadãos como um todo, e das crianças em idade escolar, de 
forma mais específica. 
Mas a relevância social não esgota o tópico da justificativa do trabalho. Também se podem 
expor os motivos pessoais que levaram o pesquisador a escolher este tema. Sempre com o 
cuidado de não imprimir ao texto um tom pessoal demais. Isso pode ser resolvido por meio de 
estratégias de impessoalização do texto, que visam a tornar a exposição de ideias mais fria, 
menos comprometida com a presença do sujeito falante. 
A Formulação dos Objetivos 
Aqui, o que temos a fazer é colocar no papel o que nos propomos alcançar com a realização 
da pesquisa. Esta etapa do trabalho possui ritos bem específicos, ligados à técnica de 
apresentação de cada objetivo por meio de uma frase clara e concisa, que se inicia por um 
verbo no infinitivo. Isso se justifica por se tratar de um procedimento de bons resultados 
quando se trata de buscar uma fórmula de expressar um pensamento. 
Portanto, já se coloca aqui outra questão: quando você expuser cada um de seus objetivos 
numa frase realmente curta e direta, tome cuidado para não se perder em detalhes. Estes 
poderão muito bem vir expressos em outras etapas de seu trabalho, como a apresentação e a 
justificativa, por exemplo. Entretanto, por mais que estes detalhes mereçam atenção por parte 
dos estudantes, o mais importante é que os textos destas frases apontem para metas reais da 
pesquisa. 
Tanto que um dos critérios para se avaliar a qualidade de um projeto de pesquisa é verificar 
em que medida o que se propõe nos objetivos se verifica presente em outras etapas do texto. 
Ou seja, se há uma real coerência entre o que é expresso nos objetivos e as etapas seguintes 
do trabalho. 
Mas não estamos aqui falando em rito por acaso. Se você fizer uma pesquisa na Internet, verá 
que há sites que fornecem a qualquer estudante uma lista de verbos que podem ser utilizados 
na elaboração de objetivos. Isso funciona como um suporte que pode até ser útil, desde que 
usado com parcimônia e equilíbrio. Afinal, a presença de um verbo no infinitivo não é o 
suficiente para garantir, em si mesmo, a qualidade da frase que contém o objetivo. 
O próprio recurso a sites “especializados” em listas de verbos nos adverte para o risco de que 
este exercício possa se tornar mecânico e vazio. Outros aspectos devem ser observados para 
que o objetivo esteja bem elaborado. Conforme já dissemos, se o restante da frase não 
estiver de acordo com o que se pretende alcançar com o trabalho, então, nada feito. 
Além disso, é evidente que o objetivo também pode ser expresso de maneira diversa, sem 
apresentar a estrutura mais tradicional. Contudo o emprego da frase curta, iniciada por verbo 
no infinitivo, apresenta a vantagem de garantir uma apresentação bem clara e direta para o 
objetivo. 
A Técnica da Problematização 
Nossa aula anterior terminou com algumas orientações para facilitar a escolha do tema e sua 
delimitação. Bem sei que isso nem sempre é tarefa fácil. A dúvida entre um leque variado de 
opções pode ficar atormentando o estudante, como também a dificuldade em estabelecer 
parâmetros para fazer um recorte temático que possa ser explorado num ensaio de TCC. 
Como vimos, temas excessivamente vastos não cabem, pois desde o início já sabemos que 
não vamos dar conta de tudo. 
Uma pesquisa sobre o Romantismo Brasileiro, por exemplo, é algo que não se concebe aqui, 
tendo em vista a quantidade de autores e obras que teriam que ser analisados, com um 
mínimo de qualidade e atenção. Nem mesmo escolhendo a obra de um só autor teremos 
resolvido o problema. José de Alencar,por exemplo. Estamos falando de um autor que 
escreveu mais de vinte romances, sem falar de sua contribuição para o teatro e para os 
jornais de seu tempo. Impossível tornar o conjunto de sua obra tema de TCC. 
As demais etapas da elaboração do projeto serão estudadas em nossa terceira aula. O que 
propomos agora é que você dirija questionamentos ao seu tema, esteja ele em que ponto 
estiver em seu processo de delimitação. Não passe para a próxima aula sem cumprir esta 
tarefa. Tal procedimento é muito importante para o andamento do trabalho. E alguns desses 
questionamentos, os que vierem a se mostrar os mais fecundos, devem ser destacados em 
seu projeto de pesquisa. 
AULA 3 – COMO ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA (PARTE II) 
Na aula passada, demos os passos iniciais para a elaboração de nosso Projeto de Pesquisa, 
discorrendo sobre a elaboração de suas etapas iniciais: apresentação, justificativa e objetivos. 
Depois disso, tivemos oportunidade de verificar as utilidades que se obtém da técnica da 
problematização. Vimos que, logo de saída, uma elas é aproveitar os questionamentos 
elaborados para aprimorar a delimitação do tema, submetendo à prova a escolha que fizemos. 
Como resultado, somos convidados a uma reflexão que tornará mais firme e consciente nossa 
escolha. 
Agora, antes de seguir em frente, o estudante deve permanecer atento para a necessidade de 
que as diferentes etapas de seu projeto mantenham coerência, uma relação de 
complementaridade. Cada um precisa tomar muito cuidado para não se perder em 
considerações paralelas que podem afastar o pesquisador do seu foco. Além disso, esteja 
sempre em alerta para os problemas que possam comprometer a clareza do texto, tais como 
aspectos ligados à coesão textual, a uma pontuação inadequada, entre outras questões. 
Na condução de seu discurso acadêmico, os novatos em pesquisa devem evitar vícios de 
obscuridade. Para prevenir isso, opte sempre por uma apresentação clara e simples dos rumos 
do seu raciocínio. Isso não impede que você demonstre controle sobre o assunto e 
conhecimento de causa suficiente para defender suas posições. 
Mas, de todas as precauções contra as quais o estudante precisa se proteger, nesse começo 
de percurso, a mais séria é a tentação de trocar de tema. Se você chegou até aqui, nossa 
terceira aula, já deve ter passado um bom tempo acalentando uma ideia, inclusive levantando 
interessantes questionamentos a respeito dela. Um bom conselho: siga nessa estrada, não 
mude de assunto. 
Pode parecer um conselho fora de propósito a esta altura, mas não é. Temos bastante 
experiência no assunto. E nada perturba mais o pesquisador iniciante do que a indecisão. Sei 
que muitos de vocês têm mais de uma boa ideia na cabeça. Mas, por razões de ordem prática, 
guardem aquelas que não foram selecionadas para este trabalho. Depois, podem surgir 
oportunidades de retomá-las. Quem sabe numa pós-graduação? 
Do Problema à Hipótese: A Dúvida Alimenta o Conhecimento 
Com o que vimos até aqui, ficou claro que problematizar ajuda a repensar etapas do trabalho 
já realizado. Por isso, a formulação do problema ficaria destacada como providência de 
importância central para que nosso trabalho alcance pleno êxito. Mas não pense que esta é a 
única finalidade das perguntas que você propôs. Estamos longe de esgotar o assunto. 
A partir de agora, vamos mostrar que a problematização tem várias outras utilidades, de tal 
forma que ela acaba se afirmando como uma peça-chave de todo o Projeto de Pesquisa. Na 
verdade, o que explica a exigência de que o problema venha expresso com clareza no texto 
final do projeto é justamente sua grande importância para o trabalho como um todo. 
Não há nenhuma etapa do projeto que não tenha utilidade no processo de planejamento de 
sua pesquisa. Teremos oportunidade de mostrar, ao longo de nossas aulas, como cada linha 
de seu projeto será reaproveitada no momento da redação de seu Ensaio Crítico. Mas, em se 
tratando da problematização, estamos lidando com algo básico, um tijolo fundamental de 
nossa construção. 
Com efeito, caros alunos, os questionamentos levantados como problemas ficam sempre a 
exigir respostas. Ninguém faz perguntas para que elas fiquem lançadas ao vento. Claro que 
sempre queremos que nossas dúvidas venham a ser resolvidas e essa expectativa é muito 
natural. Entretanto, como ainda estamos no começo de nossa investigação, nas etapas iniciais 
do trabalho, só poderemos oferecer respostas provisórias, a que daremos o nome de 
hipóteses. Nas palavras de Antônio Carlos Gil (2002): 
Por hipótese, entende-se uma suposição ou explicação provisória do problema. Essa hipótese, 
que em sua forma mais simples consiste na expressão verbal que pode ser definida como 
verdadeira ou falsa, deve ser submetida a teste. Se em decorrência do teste for reconhecida 
como verdadeira, passa a ser reconhecida como verdadeira. (GIL, Antônio Carlos. Como 
construir hipóteses? Como elaborar projetos de pesquisa. cap. 3. São Paulo: Atlas, 2002.) 
Dessa forma, cogitar da possibilidade de respostas provisórias aos problemas levantados é um 
passo importante na condução de uma pesquisa. Mais tarde, com o desdobramento da 
pesquisa, estas hipóteses serão objeto de verificação e/ou de exame mais acurado, levando 
ao desenvolvimento de argumentos. Bem, mas aí já não estaremos mais na etapa da 
preparação do projeto. 
Os argumentos virão a ser, mais tarde, o nervo central do desenvolvimento do próprio ensaio 
crítico. Disso resulta, como fica claro, que os questionamentos oferecidos à verificação, ou 
seja, os problemas, funcionam como molas propulsoras de importância fundamental para o 
processo de gestação do ensaio. 
Podemos, então, resumir o que foi posto acima no gráfico seguinte: 
Problema → Hipótese → Argumento 
Dos elementos dispostos no gráfico, somente os dois primeiros nos interessam neste 
momento. Decerto que, mais para diante, vamos nos ocupar de construir argumentos que 
sustentem nossos pontos de vista, mas vamos por partes. Nesta aula, vamos nos ocupar mais 
particularmente das hipóteses, de como devemos proceder para se chegar até elas, bem como 
de sua importância como etapa da reflexão crítica que leva o pesquisador a alcançar os 
propósitos de sua pesquisa. 
Além disso, também vamos chamar a atenção para os riscos de hipóteses formuladas de 
modo precipitado e propor um modelo de hipótese que será de grande utilidade para a 
condução do trabalho. 
Portanto, neste momento, não se preocupe ainda com os argumentos. O momento para 
pensar neles será adiante, quando estivermos cuidando da elaboração do desenvolvimento do 
texto de seu Ensaio, mas não precisam constar em seu projeto. Já as hipóteses devem vir 
expressas com muita clareza no projeto. Elas são os embriões dos argumentos, da mesma 
forma como o projeto, como um todo, é um embrião do ensaio, texto que trará o resultado 
final de nossas pesquisas. 
Existem vários modos de construir hipóteses. Vamos propor um método específico que tem 
como finalidade já deixar o caminho preparado para que as hipóteses venham mais tarde a 
ser desenvolvidas, dando origem a argumentos. Nossa finalidade principal é oferecer um 
caminho que permita a cada estudante elaborar suas próprias hipóteses. 
Formular Hipótese Requer Cuidado Redobrado 
Todo trabalho de investigação tem na dúvida um de seus fundamentos básicos. Isso se 
verifica, por exemplo, no trabalho de um detetive, que formula várias possíveis soluções para 
o crime que estiver investigando. Como experimentado profissional, ele sabe que a dúvida 
será um aliado, caso queira chegar a bom termo. Suspeitar de possíveis caminhos é a própria 
essência de seu trabalho. O que temos a dizer é que a condução de umapesquisa acadêmica 
também não escapa a isso. Temos, em nosso trabalho, a necessidade de um pouco deste 
“faro” de investigação que possui um detetive. 
Já vimos que uma hipótese não passa de uma suposição, uma possibilidade latente, uma 
resposta provisória para as dúvidas levantadas. Por isso mesmo, será preciso muito cuidado 
por parte do pesquisador para que não se precipite, tratando suas hipóteses como fatos 
estabelecidos. Há etapas importantes da pesquisa a serem cumpridas, antes que se possa 
considerar que uma hipótese tem força suficiente para se afirmar como uma resposta efetiva 
ao problema antes. A isso chegaremos em seu devido tempo. 
Pode parecer óbvio, mas é necessário o alerta, na medida em que certas hipóteses surgirem 
com tanta força e aparente evidência que ficamos tentados a achar que o problema já está 
resolvido, sem submeter a hipótese a um trabalho adequado. Muitas vezes, o pesquisador 
pode se encantar com uma hipótese que venha a formular. Isso pode acabar se revelando 
prejudicial à pesquisa. 
Para deixar claro como a pesquisa científica pode induzir os homens a erros, começaremos 
com um exemplo em que hipóteses equivocadas vieram a ser acalentadas como respostas 
definitivas a um questionamento. Isso ocorreu no caso de pesquisas que eram feitas um 
século atrás, ou mesmo ainda no século XIX, por cientistas norte-americanos, comparando o 
desempenho escolar de crianças brancas e negras. 
Vivia-se então tempos de forte racismo. A sociedade tomava como evidente o fato de que os 
brancos eram melhores, superiores. Sendo assim os resultados das pesquisas, que realmente 
mostraram o desempenho mais fraco das crianças negras, caíam como uma luva para efeitos 
de comprovar o que os segmentos dominantes da sociedade, ou seja, os brancos, queriam 
impor como verdade. 
Considerações Sobre o “Enigma de Capitu” 
A seguir, outro exemplo, este vindo dos estudos de Literatura Brasileira. Sabemos que o 
romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, durante muito tempo foi lido e debatido sem 
que as pessoas levassem muito em conta o fato de que a narrativa é toda em primeira 
pessoa, o que faz com que o ponto de vista do personagem-narrador se sobressaia, de tal 
modo que a bem poucos ocorria duvidar da possibilidade de Capitu ser adúltera. Mesmo quem 
se colocasse “a favor de Capitu” não era capaz de se afastar de uma leitura que colocava o 
suposto adultério no centro das atenções. 
Isso era tão forte para a sociedade brasileira, nas primeiras décadas do século XX, que chegou 
a ser um hábito relativamente comum que as escolas, com o objetivo de dinamizar as aulas, 
organizassem tribunais simulados para julgar os atos da personagem. Não duvido de que 
muitas vezes ela tenha sido condenada, sem que fosse levado em conta o fato de que, nas 
páginas do romance, nem mesmo o acusador demonstra tanta certeza, mantendo um discurso 
coerente o tempo todo. Suas contradições são evidentes e muito claras. 
Capitu passou, então, a se impregnar no imaginário do brasileiro como protótipo de mulher 
provocadora, traiçoeira, ou, no mínimo, enigmática. Aliás, este é o foco de uma obra 
interessante sobre o assunto que resume um pouco dos debates travados por décadas a fio 
sobre a principal personagem feminina do romance Dom Casmurro. O volume, assinado por 
Eugênio Gomes tem exatamente o título de “O enigma de Capitu”. 
Neste livro, o crítico se revela capaz de explorar aspectos da ambiguidade do romance, 
reconhece que a obra não apresenta elementos conclusivos, porém ainda trabalha com o 
pressuposto de que o adultério é o tema central do romance de Machado. 
Com efeito, nas últimas décadas, nosso país tem experimentado grande avanço da presença 
feminina em vários aspectos da vida, que antes eram quase total exclusividade masculina. 
Desde o ofício de soldado até o de presidente, os exemplos se sucedem. A questão é verificar 
se isso é razão suficiente para que o romance tenha passado a ser alvo de outro tipo de 
leitura. Que ficção e realidade se encontram em constante diálogo, todos sabem. 
Ainda assim, a associação desta “libertação de Capitu”, ou seja, o triunfo da percepção de que 
o problema central da obra não implica nas atitudes dela, mas sim nos conflitos íntimos de 
Bentinho, o que isso teria a ver diretamente com a nova realidade do lugar da mulher na 
sociedade real, pelo menos a princípio, não passa de uma hipótese. Parece tentadora, mas 
ainda fica por merecer novas pesquisas, antes que se possa afirmá-la como uma resposta 
consistente ao problema proposto. 
Estrutura Fundamental das Hipóteses 
A seguir, apresentamos um método interessante para a formulação das hipóteses, ainda que 
não seja o único possível. Ele toma por base alguns aspectos de lógica formal. Tal método se 
constitui no princípio de se partir de premissas para se chegar a conclusões, por meio de 
inferências, num processo a que também se pode dar o nome de silogismo. 
Mas não entraremos em pormenores acerca das diferentes modalidades de raciocínio lógico. 
Não, agora. Nem mesmo estaremos preocupados com os modelos consagrados que a lógica 
formal desenvolve no âmbito dos estudos de Filosofia. Mais tarde, o processo de 
transformação das hipóteses em argumentos exigirá de nós um compromisso mais estrito com 
este rico ramo da filosofia que também possui importantes implicações no campo da produção 
textual. 
Vamos a nossas técnicas para a formulação de hipóteses. Em primeiro lugar, é preciso 
reconhecer que, em qualquer hipótese, temos um ponto do qual partimos para elaborar uma 
conclusão provisória. Então, a hipótese sempre expressa a relação entre duas afirmações. 
Diria, antes, entre pelo menos duas afirmações, já que podemos construir hipóteses mais 
complexas, que relacionem maior número de assertivas. Chegaremos também a elas. Antes, é 
preciso tomar como ponto de partida o modelo mais simples, no qual lidamos com apenas 
duas assertivas. 
A título de exemplos, vamos continuar trabalhando com os temas do subtítulo anterior: o caso 
que trata da diferença de rendimento entre crianças negras e brancas e o suposto “enigma de 
Capitu”. 
O primeiro passo é dispor os aspectos em que se desdobra o tema em debate em assertivas, 
como as seguintes: 
 O desempenho escolar de crianças brancas era melhor do que o de negras nas escolas 
norte-americanas de cem anos atrás. 
 Indivíduos de raça branca são superiores. 
Bem, acreditamos que, com os exemplos apresentados, já foi possível mostrar um caminho 
que levará o aluno a construir suas próprias hipóteses. A partir de agora, portanto, você já 
pode retomar o caso específico de seu tema, sua problematização e dar mais este passo na 
direção de construir seu Projeto de Pesquisa. 
AULA 4 – COMO ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA (ETAPAS FINAIS) 
Na verdade, tudo o que fizemos até aqui, desde nossa primeira aula, foi trabalhar com 
método. Num sentido mais geral, essa palavra diz respeito a qualquer caminho ou processo 
racional que venha a ser utilizado para se chegar a resultados satisfatórios. Agir com método 
significa planejar, e isso é o que temos feito desde o começo. Indica, basicamente, a 
necessidade de pensarmos antes nos rumos para depois iniciar a caminhada. 
Podemos até considerar a busca pelo conhecimento como uma aventura, mas sempre é 
melhor mapear a estrada antes de seguir a jornada. Qualquer estratégia definida como 
necessária ou útil para se chegar a algum objetivo pode ser qualificada como um “método”. 
 
João Álvaro Ruiz (1985), em seu trabalho Metodologia científica: Guia para eficiência nos 
estudos, afirma que o método é “o conjunto de etapas e processos a serem vencidos 
ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade”. Assim, o simplessequenciamento do trabalho a ser feito em etapas é parte do método, como também o é a 
realização de cada uma das tarefas necessárias para cumprir as diferentes etapas. Isso implica 
em considerar que todo o trabalho a ser feito exige um método. 
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: Guia para eficiência nos estudos. 13. ed. São Paulo: 
Atlas, 1985, p.131. 
Porém, o que chamaremos, de “metodologia”, neste momento, tem um sentido mais 
específico, designará a etapa do projeto de pesquisa em que se fará uma previsão de quais 
escolhas metodológicas estamos prevendo que serão utilizadas no momento em que formos 
realizar efetivamente a pesquisa, ou seja, quando passarmos do projeto para a elaboração do 
ensaio crítico. 
E quanto à bibliografia, pode ser incluída em um tópico mais amplo, que é o da coleta de 
informações acerca do tema em estudo. Não será apenas em livros que será baseado tal 
trabalho. Em nossa cultura audiovisual, as informações facilmente podem estar presentes nas 
mais diversas mídias. Sem contar que também pode ser incluído até o depoimento pessoal de 
pessoas de destacado conhecimento acerca do assunto, o que se pode obter, por exemplo, 
assistindo a uma palestra. 
Na verdade, as duas etapas aqui estudadas estão em estreita relação. Dependemos de 
leituras para dar maior embasamento teórico à nossa reflexão sobre o tema em estudo. Isso 
trará consequências diretas sobre o método. Portanto, não há como redigir cada uma dessas 
partes em separado. O que for dito acerca de uma delas poderá ter um efeito muito imediato 
sobre a outra. 
A metodologia científica moderna nasceu do trabalho dos pioneiros das ciências modernas, 
como Copérnico e Galileu, que estiveram entre os primeiros europeus a submeter os 
conhecimentos a um exame pautado pela análise racional, mas foi pela primeira vez 
sistematizada pelo matemático francês René Descartes (1596 – 1650), em um ensaio 
intitulado Discurso sobre o método. 
Dentre os princípios propostos em sua obra, destacamos dois, para exame. São, por assim 
dizer, os dois fundamentos de sua contribuição para os estudiosos de todas as épocas: 
 Chegar à verdade através da dúvida; 
 Decompor o problema em pequenas partes, com o intuito de examinar mais de perto 
cada um de seus aspectos. 
Bem, sobre o primeiro tópico, a utilidade da dúvida para o desenvolvimento de uma pesquisa, 
já comentamos na aula passada. Pode-se, então, dizer que já estivemos a nos ocupar de 
procedimentos metodológicos, mesmo sem dar esse nome ao fato, na ocasião. Sem dúvida, o 
método cartesiano, ou seja, o que nasce das propostas de Descartes, tem nas hipóteses um 
de seus principais fundamentos. 
Agora, quanto ao segundo tópico, a utilidade da subdivisão do problema em pequenas partes, 
trata-se de algo que pode ser adotado ou não, dependendo do tipo de trabalho que temos em 
vista. Nesse aspecto, temos que levar em conta a complexidade do problema para avaliar se 
valerá a pena seguir à risca o processo de subdivisão. Tendo em vista que nosso objetivo 
básico é a elaboração de um ensaio crítico no nível de graduação, o empenho do estudante 
nessa subdivisão nem sempre é tão necessário. 
Além disso, é importante ter em mente que seguir uma metodologia científica é muito 
importante, mas tendo sempre em vista os nossos próprios objetivos. Assim como Descartes, 
vários de outros importantes pioneiros das ciências vieram do campo das exatas. Não 
pensaram critérios específicos para se lidar com as questões que envolviam o ser humano, a 
sociedade, a linguagem. 
Quanto a nós, especialistas em Letras, estamos comprometidos com esses três níveis de 
entendimento: fazemos ciência humana, social e ainda temos a linguagem como objeto de 
estudo. Por esse motivo, toda a tradicional metodologia científica só será útil se for adaptada 
às nossas próprias finalidades. 
A Ação Pedagógica e Seu Caráter Social e Político 
Uma das consequências disso é que alguns procedimentos típicos de outras ciências se 
tornam inviáveis. É o caso de submeter o tema em estudo a um olhar externo, totalmente 
livre de subjetividade. Não se pode pensar em se lidar com procedimentos puramente 
objetivos pelo simples fato de que somos seres humanos e vivemos, quase sempre, nas 
sociedades em que se verifica a presença de nosso objeto de estudo, ou seja, estamos 
incluídos no grupo sobre o qual se estuda. Estamos nos submetendo à análise de grupos 
sociais dos quais fazemos parte. 
Por esse motivo é que certos procedimentos desenvolvidos por cientistas eminentes do 
passado não se enquadram no que procuramos. O fato de usarmos uma metodologia 
científica não nos compromete com todas as etapas observadas para pesquisas em outras 
disciplinas. 
Feitas essas observações, podemos seguir adiante. Existem dois tipos de pesquisa, ou antes, 
duas abordagens de pesquisa, que podem ser conduzidas juntas ou separadas: 
 Qualitativa: encara o objeto de pesquisa sem a preocupação de enumerar ou medir os 
dados coletados. Antes disso, o pesquisador dá preferência a compreender e, a partir 
daí, elabora a sua interpretação dos fenômenos estudados. 
 Quantitativa: conduzida com o propósito deliberado para medir ou quantificar dados 
coletados. Faz uso de técnicas estatísticas, trabalhando com a dimensão mensurável da 
realidade. 
Precisamos deixar claro que os dois processos podem ser verificados em uma mesma 
pesquisa. O melhor seria dizer qualquer pesquisa na área de Letras sempre será qualitativa, já 
que o pesquisador tomará contato com o material a fim de tirar conclusões que o levarão a 
algum tipo de análise. O aspecto quantitativo não é indispensável a todas as pesquisas. 
Mas, em alguns casos, o volume de dados coletados pode fazer diferença, como ocorre em 
uma pesquisa na qual se proponha a trabalhar com pelo menos um dos temas citados em 
exemplos anteriores: o preconceito linguístico. 
Então, caro estudante, nesta parte do seu projeto é importante destacar se sua pesquisa terá 
ou não uma dimensão quantitativa. Se a resposta a essa pergunta é “sim”, você deve 
especificar de onde está se propondo a retirar os dados, de que fonte. Afinal, em nenhum 
trabalho científico se dá uma informação nova sem citar a fonte. 
A seguir, você deve também especificar outro tipo de informação, ainda mais relevante: o que 
diz respeito aos métodos de abordagem e aos métodos de procedimento. 
No primeiro caso, deve-se esclarecer que tipo de abordagem será feita na pesquisa, se a 
análise de um romance terá um viés estruturalista, por exemplo, ou psicanalítica, histórico-
sociológica, entre outras. Aqui, caberá também destacar quais serão os principais autores a 
sedimentar teoricamente a pesquisa. 
Não é necessário, ainda, tecer considerações de longa extensão sobre a visão de cada autor 
destacado. Guarde isso para quando estiver redigindo o ensaio crítico. Indicar que os autores 
são importantes em sua fundamentação teórica é indispensável no projeto de pesquisa. 
Quanto ao procedimento, o estudante deve dizer como o trabalho será conduzido. Assim, se 
você indicou o estruturalismo como método de abordagem para a análise de um texto 
literário, quando chegar a hora de indicar o procedimento, está claro que dirá que o texto será 
objeto de análise por suas características intrínsecas, ou seja, os aspectos propriamente 
textuais serão destacados. 
Neste ponto, recordamos que dos estudos de Teoria da Literatura, os estruturalistas 
propunham que cada texto fosse considerado como um sistema fechado, de modo que seus 
múltiplos aspectos fossem analisados por partes. 
Mas tudo isso deveria ser feito sem que aspectos de ordem contextual fossem levados em 
conta. Caso seja escolhida a uma análise com viés histórico-sociológico,será importante 
destacar os dados contextuais, tais como as implicações ideológicas e políticas que estariam 
ligadas à leitura do texto selecionado para análise. 
Alguns Cuidados no Levantamento Bibliográfico 
Partindo do pressuposto de que você delimitou seu tema, tendo em vista que já possui algum 
conhecimento prévio sobre o tema escolhido, não terá muitas dificuldades em lidar com o 
material bibliográfico relevante para sua pesquisa. Nas páginas que se seguem, daremos 
algumas orientações iniciais sobre como lidar com a bibliografia. Em aula posterior, quando já 
estivermos redigindo o Ensaio, retornaremos ao assunto a fim de desdobrar alguns de seus 
aspectos importantes. 
Em toda pesquisa na área de Letras, será necessário lidar com grande quantidade de material 
escrito. O levantamento de material bibliográfico acompanha cada etapa da pesquisa. Às 
vezes, ele começa antes mesmo da delimitação do tema. Chega a haver situações em que o 
estudante/pesquisador muda seu tema, diante da dificuldade de encontrar material de 
pesquisa sobre algum tema em particular. 
Bem, a primeira observação que faremos visa chamar a atenção para o fato de como lidar 
com material que não é de origem gráfica, ou seja, que não é impresso. Muitas vezes, lidamos 
com informação que não é escrita. É o que acontece com o material de origem fonográfica, 
videográfica ou até mesmo anotações de aula, por exemplo. Agora, dependendo de que tipo 
de pesquisa você escolheu fazer, vai depender mais ainda de material não escrito. 
Modos de Ler e Selecionar Informações 
Sabemos que não é tudo o que se diz sobre um assunto que merece crédito. Ainda mais tendo 
em vista as advertências feitas no subtítulo anterior, o estudante precisa se manter alerta ao 
que diz respeito a buscar a informação realmente importante, que vai acrescentar fundamento 
ao seu trabalho. Grande parte do tempo da pesquisa, qualquer uma delas, é gasto com esse 
processo de separar o joio do trigo. 
Neste ponto, o estudante precisa ter uma atitude desapaixonada, ou seja, ser criterioso no 
exame do material que se apresenta útil para a pesquisa. Toda e qualquer informação é 
passível de ser submetida ao crivo de um juízo crítico equilibrado. 
Portanto, não considere que está “perdendo tempo” nos momentos dedicados ao trabalho de 
levantamento de informações sobre o seu tema de pesquisa. Ao contrário, está treinando sua 
capacidade de escolher o que vale a pena, dentre tudo o que vier a ter em suas mãos, ou 
seja, estará se aprimorando numa habilidade que é básica para qualquer pesquisador, o 
exercício da capacidade seletiva, norteada pela reflexão crítica. 
Para a condução desse processo, será muito importante levar em consideração seu 
conhecimento prévio sobre o tema. Uma boa sugestão para um ponto de partida é retomar o 
material didático da disciplina estudada ao longo do curso que tenha mais relação com o tema 
escolhido. Talvez você já tenha feito isso, ou pelo menos começado. Mas nunca é demais 
relembrar que o TCC é o momento em que o estudante produz um texto de sua própria 
autoria, que seja fruto de um trabalho de pesquisa sobre um tema relacionado a alguma das 
disciplinas do curso. 
Portanto, procure na lista bibliográfica das obras usadas nas aulas, pois certamente 
encontrará boas indicações de novas leituras. Também é válido buscar indicações junto a 
professores que sejam especialistas no tema escolhido, bem como a alunos que tenham já 
passado pela experiência de desenvolver projetos e ensaios sobre o tema. 
Outra vantagem das anotações é o fato de facilitarem o confronto de dados colhidos em 
fontes diversas, o que é prática comum em pesquisas acadêmicas. Uma vez feitas as leituras 
que resultam na elaboração das notas de leitura, o estudante não precisa retornar ao texto 
que foi lido toda vez que as informações ali contidas estiverem sendo retomadas por outro 
texto. Desta forma, as anotações garantem um aproveitamento mais eficaz do tempo 
destinado à pesquisa. 
AULA 5 – A FORMATAÇÃO DO PROJETO, SEGUINDO AS REGRAS DA ABNT 
Estamos chegando a uma etapa mais adiantada da preparação do projeto de pesquisa, 
quando a redação e a formatação do texto serão adequadas aos parâmetros da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas. Tal providência é necessária para que o trabalho atenda a 
princípios observados por pesquisadores de todo o país. Essas regras foram criadas 
justamente para proporcionar a todos os estudiosos um denominador comum, de modo que a 
troca de informações se tornasse mais fácil. 
Uma excessiva disparidade nos modos de apresentação dos trabalhos poderia gerar certa 
confusão entre os estudiosos. Outro prejuízo seria dificultar a divulgação da obra de nossos 
pesquisadores no exterior, tendo em vista que as regras que veremos estão adaptadas a 
procedimentos observados em trabalhos acadêmicos produzidos nas Universidades de todo o 
mundo, facilitando assim o diálogo intercultural, a troca de informações e experiências, para 
além de fronteiras. 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas existe desde 1940 e suas atividades vão muito 
além de nossa área de atuação. Abrangem grande variedade de produtos e serviços que 
circulam em território nacional ou são exportados. É uma entidade privada, sem fins 
lucrativos, reconhecida pelo governo como único Foro Nacional de Normalização, através da 
Resolução n. 07 do Conmetro, de 24.08.1992. 
Sua principal finalidade é a formalização de princípios que sejam usados por todos os 
praticantes de uma mesma atividade profissional, por todos os produtores de um mesmo 
artigo, de tal forma que não haja disparidades que perturbem ou criem confusão entre os 
usuários e consumidores. 
Dentro desse contexto mais amplo, os trabalhos acadêmicos são encarados como um serviço 
que as universidades proporcionam ao conjunto da sociedade. O propósito de toda pesquisa é 
ter alguma utilidade para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, portanto há razões 
de sobra para que também as pesquisas acadêmicas se submetam às regras de normatização 
da ABNT. 
Por falar em utilidade, aqui lembramos de que cada estudante foi convidado a destacar, na 
etapa de justificativa de seu projeto, a utilidade de sua pesquisa. Não é tão difícil. 
Quando se discute, por exemplo, modos diferentes de se compreender um romance de 
Machado de Assis ou José de Alencar, prestamos um serviço à sociedade, na medida em que 
proporcionamos a leigos e estudiosos a chance de uma reflexão mais profunda a respeito da 
mensagem de grandes clássicos de nossa literatura, de importantes patrimônios de nossa 
cultura. Melhorar a qualidade da recepção dos clássicos, ou seja, facilitar a sua compreensão 
pelas gerações mais jovens é um grande serviço que se presta à cultura pátria. 
Se, por outro lado, colocamos em debate o preconceito linguístico, não é difícil perceber que a 
pesquisa tem por horizonte o combate a esta e qualquer outra forma de discriminação, 
pautada no princípio de que todos os brasileiros têm direitos iguais. Conhecemos bem os 
problemas gerados por essa modalidade de discriminação. O alto índice de evasão e de 
repetência nas escolas é apenas parte da questão. 
A seguir, veja recomendações gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos, seguidos de 
cuidados específicos a serem observados na preparação de um projeto de pesquisa. Não estão 
incluídos neste capítulo partes que dizem mais respeito ao processo de elaboração do ensaio 
crítico, pois estas serão objeto de atenção em aula posterior. 
É o caso das partes pós-textuais, como anexos, tabelas, fotos e gravuras, que não fazem 
muito sentido por enquanto, mas são um dos elementos que podem compor a arquitetura 
final do ensaio. 
Regras Gerais Para os TrabalhosAcadêmicos 
Pode ser que você já conheça algumas dessas regras, tendo em vista que elas costumam ser 
usadas também para a digitação de trabalhos acadêmicos, em geral. É o que se verifica, por 
exemplo, nos relatórios de estágio. Mas nunca é demais frisar alguns dos princípios gerais que 
devem nortear a formatação dos trabalhos. 
Regras Específicas Para os Projetos de Pesquisa 
É muito comum acontecer de os manuais de produção acadêmica, tanto livros como 
conteúdos na Internet, fornecerem orientações gerais a serem seguidas em qualquer tipo de 
trabalho. Porém, o projeto de pesquisa apresenta aspectos bem peculiares que precisam ser 
observados. A começar pelo fato de ser um roteiro de pesquisa, e não a pesquisa em si 
mesma. Isso faz com que não tenha sentido a cobrança de uma estrutura dissertativa 
tradicional ao longo de todo o corpo do trabalho, de toda a sua parte textual. 
Esta parte não virá dividida sequencialmente em “introdução”, “desenvolvimento” e 
“conclusão”. Em vez disso, seguirá o ordenamento que já apresentamos em nossa aula 2. 
Desta forma, enquanto no item “apresentação” existe ocasião para se desenvolver um texto 
dissertativo, o mesmo não acontece em “objetivos” que, como vimos, devem vir expressos de 
modo bem sucinto em frases padronizadas no formato de orações reduzidas de infinitivo. 
Um dos elementos sobre o qual não falamos anteriormente é o sumário. Para localização 
desta seção dentro do conjunto do trabalho, veja a lista que apresentamos em nossa aula 2. 
O sumário nada mais é que uma enumeração de todas as etapas de seu trabalho, com as 
respectivas páginas, à maneira de um índice. Na medida do possível, deve ocupar somente 
uma página. Somente em trabalhos mais extensos se verifica a presença de sumários de 
dimensão mais dilatada. 
As etapas do trabalho todas são numeradas e uma delas, se subdivide. Neste caso, cada uma 
de suas seções virá com o número acrescido de ponto e um número específico. Tal 
procedimento é recomendado pelas normas técnicas, ainda que nem todos os pesquisadores 
lancem mão dele. No canto direito da folha virá o número da página em que se encontra 
cada parte do trabalho, precedido de um pontilhado, que é indispensável para facilitar o 
trabalho do leitor na localização da página referente a cada fase do projeto. 
Apresentação dos Elementos Pré-textuais 
Recebem esta denominação todas as etapas do trabalho acadêmico que devem vir 
apresentadas antes do texto, propriamente dito. Isso não significa que você tenha que 
produzi-las antes. 
Algumas dessas etapas são obrigatórias, como a capa, a folha de rosto e o sumário; outras 
são opcionais, obedecendo a critérios pessoais, como a epígrafe, a dedicatória e os 
agradecimentos. 
Conforme vimos, somente a capa não conta como uma das páginas do trabalho. Porém os 
números das páginas não devem vir impressos em nenhuma dessas etapas. Somente na parte 
textual do trabalho é que devem ser inseridos. 
A seguir, apresentamos alguns modelos de como deve ser a apresentação da capa e da folha 
de rosto do trabalho. É preciso ter um certo cuidado para não confundir as duas coisas. 
a) O nome da instituição de ensino, acima, em letras maiúsculas, mas sem o destaque em 
negrito; 
b) A seguir, logo abaixo, o nome completo do autor do trabalho, ou seja, o seu nome, 
também em maiúsculas, mas em negrito. 
c) Mais abaixo, procurando centralizar na página, vêm o título e o subtítulo do trabalho, 
obedecendo a critérios já observados acima: ambos em negrito, mas somente o título 
em letras maiúsculas. 
d) Por fim, abaixo, o nome da cidade e o ano, ambos em negrito, e devem vir apenas 
com iniciais maiúsculas. Caso em sua cidade haja mais de um campus de nossa 
instituição, tome cuidado, pois sempre é o nome da cidade e nunca o do campus que 
vem na capa do seu trabalho. Quanto à informação da data, não ponha outra 
informação além do ano. Sabemos que os períodos acadêmicos nas Universidades são 
sequenciados por semestre, mas as normas da ABNT não contemplam essa 
informação. 
Embora muitos recomendem que se use nesta apresentação o mesmo tamanho de letra que 
no restante do trabalho, ou seja, o 12, nada impede que se utilize um maior, tendo em vista 
um destaque maior para as letras no espaço branco da página. Neste caso, o nome da 
instituição e o seu nome, por estarem juntos, devem vir obrigatoriamente no mesmo 
tamanho, que pode ser, digamos, o 14. 
Há nítidas diferenças entre a folha de rosto e a capa. A começar pelo fato de não haver mais a 
necessidade de se destacar o nome da instituição de ensino. Temos, acima, apenas o nome 
do autor do trabalho, ou seja, o seu nome. A seguir, o título e o subtítulo (se houver) devem 
vir com o mesmo tipo de apresentação que tiveram na capa. Mais a seguir, a novidade: um 
pequeno box onde se informa o que é o trabalho. Para tanto, você pode seguir um modelo 
assim: 
Projeto de pesquisa elaborado junto ao Curso de Letras da Universidade Estácio de Sá, em 
cumprimento às tarefas da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como parte dos 
requisitos necessários para a obtenção do grau de Licenciado em Língua Portuguesa. 
Orientador: Prof. Dr. João da Silva. 
Considera-se como orientador de sua pesquisa, obviamente, o seu professor de TCC, mesmo 
que para a realização do trabalho você tenha contado com o suporte de algum outro professor 
da instituição. A este você reservará um lugar em seus agradecimentos. A informação acerca 
da titulação de seu orientador deve estar atualizada. A respeito deste box, uma última 
informação relevante: trata-se da única parte da sua folha de rosto que deve vir, 
obrigatoriamente, digitada com a mesma fonte que o corpo do seu trabalho. 
Finalmente, na parte de baixo da folha de rosto, repetem-se as informações, já presentes na 
capa do trabalho, referentes à cidade e ao ano de realização do trabalho. 
Procedimentos Para Citações 
Ao longo do seu trabalho haverá várias oportunidades em que você dirá coisas que têm 
embasamento em pesquisas e em argumentos de outras pessoas, tanto teóricos altamente 
valorizados naquela disciplina específica, como também professores, entre outros. Bem, neste 
momento, tocamos em um ponto delicado: como lidar com as palavras que não são de nossa 
própria autoria. Aqui temos problemas de ordem ética que precisam ser levados em conta. 
Na verdade, é impossível escrever sobre um tema, qualquer que seja, partindo da estaca zero, 
como se ninguém antes tivesse tratado dele. O melhor a ser feito é justamente reconhecer 
que outros passaram antes de você por aquele caminho e há maneiras diferentes de fazer 
isso. 
Em primeiro lugar, trataremos da paráfrase, que consiste em retomar o que outrem disse, 
mas não com as mesmas palavras do autor. 
Procedimentos Para as Referências Bibliográficas 
A seguir, delineamos alguns procedimentos para a confecção de sua lista de referências 
bibliográficas, a figurar no final da parte textual do seu projeto. Como sua pesquisa ainda se 
encontra em curso, não haverá problema de se tratar de uma lista provisória, a ser revista e 
enriquecida de mais títulos, quando da elaboração da versão final de seu ensaio crítico. 
Contudo, a maneira de organizar os títulos de sua lista bibliográfica é rigorosamente a mesma, 
nas duas etapas do processo. Portanto, é preciso observas as normas técnicas que dizem 
respeito a isso desde já. 
Em primeiro lugar, cumpre destacar que há informações indispensáveis, obrigatórias, e outras 
que são adicionais. O nome do autor vem sempre destacado em primeiro lugar, a começar 
pelo último sobrenome, em letras maiúsculas. Tal providência não se verifica apenas em casos 
de textos sem registro de autoria, como se poderá ver nosexemplos elencados, o que é 
relativamente comum em se tratando de material informativo colhido na imprensa, mas é uma 
situação muito rara em relação a livros. 
Outra confusão muito frequente é sobre o que diz respeito a material oriundo da Internet. Em 
situação alguma colocar apenas o link é considerado informação suficiente. Portanto, tome 
cuidado. Para tanto, vale considerar regras similares às que são usadas nas demais 
publicações. O endereço eletrônico não deve, de modo algum, substituir o nome do autor, 
mas sim a referência à editora. Veja a seguir o exemplo. 
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. Disponível em: 
http://www3.uma.pt/dmfe/DONDIS_Sintaxe_da_Linguagem_Visual.pdf. Acesso em 5 jan. 
2013. 
Note que em lugar de colocarmos a data de publicação, a informação necessária é a data em 
que tivemos acesso ao conteúdo. Tal informação é indispensável, tendo em vista que o 
material disponível na rede pode ser constantemente modificado, ou mesmo retirado dela, 
obedecendo a vários imperativos. 
Isso é o que ocorre, muito frequentemente, quando um ensaio se vê incluído em uma 
coletânea impressa, ou é publicado sozinho, em livro. Neste caso, é do interesse dos editores 
e do autor que o texto seja adquirido em sua versão física, o que motivará a retirada da web 
de sua versão virtual. Caso o texto, em vez de retirado, tiver sido modificado, o aluno se 
resguarda quanto ao desencontro de informações na medida em que marcou com clareza a 
data na qual consultou o texto. 
Dentre as informações estratégicas de uma referência de livro, a única que não encontra 
correspondente nesta modalidade é o local da publicação. Isso ocorre devido à tendência à 
desterritorialização, que vem a ser uma das principais características da Internet, ou seja, o 
local de onde provém a informação deixa de importar tanto, já que no universo da web as 
informações estão em processo de circulação constante. 
AULA 6 – AMPLIANDO OS CONCEITOS DE LEITURA E DE ESCRITA 
Agora, que já cuidamos da elaboração do Projeto de Pesquisa, podemos passar à etapa 
seguinte de nosso trabalho, que diz respeito ao Ensaio Crítico. 
Conforme sabemos, o Projeto é uma preparação para a elaboração do Ensaio e, portanto, 
tudo o que consta do primeiro pode e deve ser aproveitado no segundo. É o que faremos nas 
aulas que nos restam. 
Todavia, o Projeto e o Ensaio, em termos de estrutura, são dois documentos bem diferentes. 
Projeto de pesquisa: a partir de agora, o trabalho a ser feito é de outra natureza. Se antes, 
estávamos preparando o terreno para uma pesquisa, anotando tópicos de um planejamento, o 
que faremos agora consistirá em colocar em prática tal plano, realizar efetivamente a 
pesquisa. 
Ensaio crítico: nossa tarefa, de agora em diante, consistirá em dar forma a esta mutação, o 
que vem a ser um trabalho de construção de um novo texto, mas tendo como pontos de 
partida as fundações já preparadas antes. Podemos, aqui, nos valer da linguagem figurada e 
dizer que o que vínhamos fazendo até o momento era moldar os tijolos e que, agora, chegou 
o momento de pôr de pé o edifício. 
A presente aula tem seu foco em considerações de base para um bom rendimento na 
elaboração do ensaio. Portanto, este é um momento decisivo. Nosso conselho, aqui, é para 
que todos vocês parem um pouco mais para refletir sobre o seu trabalho. Em seguida, anotem 
algumas recomendações que serão de grande importância para que as aulas seguintes 
tenham um bom proveito. Nelas, serão examinadas as diferentes etapas da elaboração deste 
trabalho, com destaque para a produção de sua parte textual, ou seja, sua introdução, seu 
desenvolvimento e sua conclusão. 
O primeiro aspecto a ser salientado é justamente que não desperdiçaremos nada do que foi 
feito até agora. Nós, caros alunos, aproveitaremos do Projeto quase tudo em nosso Ensaio 
Crítico. 
Tecendo uma comparação com algo bem cotidiano, podemos dizer que o Projeto é como a 
lista de compras que fazemos antes de entrar no supermercado. Pois bem, cada item anotado 
na lista se converte num item em nosso carrinho. Da mesma forma, cada etapa do Projeto de 
Pesquisa se converterá em uma parcela de nosso Ensaio. 
Esta advertência parece tocar num ponto óbvio, mas infelizmente temos visto estudantes de 
graduação que cometem o erro de encarar o Projeto de Pesquisa como nada além de uma 
obrigação tediosa, de que é preciso se livrar assim que o trabalho fica pronto. Um engano, por 
isso mesmo algo a ser combatido. Como planejar mundos e fundos para, em seguida, jogar o 
resultado numa lixeira da mente. 
Porém, a natureza do que temos a fazer a partir de agora pede que o esforço de leitura das 
obras de referência, do material de consulta, seja mais aprofundado e que o processo de 
produção de texto resulte numa dissertação mais longa e consistente. Daí, a necessidade de 
parar um pouco para dar alguns conselhos preciosos para que a elaboração de Ensaio resulte 
num trabalho proveitoso. 
Será muito útil para o pesquisador ter em vista que as atividades de leitura e de produção de 
textos caminham juntas. Principalmente para um pesquisador da área de Letras. Não há como 
separá-las em dois momentos estanques. Portanto, sempre que começamos a escrever 
qualquer trabalho, tal empreendimento já pressupõe que se tenha feito algumas leituras 
preliminares. 
Porém, somente se a tarefa for muito breve e simples nos contentaremos com tão pouco. Na 
maioria das situações, o que fazemos exige que continuemos nossa busca por mais fontes de 
informação, por novos autores, com pontos de vista diferentes, que possam vir a enriquecer 
nossa reflexão sobre o tema em questão. 
Portanto, a cada leitura, você pode fazer anotações sem copiar exatamente como está no 
original, para que tais notas possam vir a ser úteis como embriões de parágrafos em seu 
texto. Esta é uma forma de encadear a leitura com a produção de texto de modo bem 
dinâmico, fundado no princípio da paráfrase. 
Claro que há um limite para o quanto de leitura será feito e por quanto tempo. Afinal, temos 
um prazo para a entrega do trabalho. Aconselhamos a que o estudante continue atento a 
novas fontes até o momento em que for iniciar a redação final de seu trabalho, ou seja, até o 
momento em que for passar a limpo seu texto, fazê-lo ultrapassar a fase inicial das anotações. 
Mas, a respeito desta etapa, nos ocuparemos a partir da próxima aula. Então, ainda é tempo. 
Agora, isso é uma observação que se faz para o esforço de levantar novos dados, ou buscar 
novos autores, com diferentes pontos de vista. A maneira de tratar o material bibliográfico 
que já temos a nosso dispor é diferente. Nada impede que este seja alvo de novas leituras e 
de sucessivas revisões, que podem levar os alunos/pesquisadores a encontrar novas soluções 
para impasses que possam surgir no processo de elaboração do texto final. 
Já dissemos o quanto é importante passar a limpo o texto, quantas vezes forem necessárias. 
Ao longo deste processo, não se submente o texto apenas a um processo de correção 
contínua, de análise textual, como também pode se manter uma prática de enriquecê-lo com 
mais detalhes, informações, o acréscimo do ponto de vista de mais um especialista no assunto 
etc. Passemos, agora, a examinar com mais detalhes alguns dos conceitos que permeiam a 
nossa prática de pesquisadores, produtores de conhecimento. 
Por um Conceito mais Ampliado de Leitura e de Produção Escrita 
Em épocas passadas, ler era um privilégio restrito a uma pequena minoria da população, um 
privilégio mantido por elites que cercavam tal atividade de mistério. Uma das principais 
mudanças vindas com a modernidade foi ter permitido uma ampla democratização da leitura. 
Hoje em dia, os indivíduos

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