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APOSTILA PROCESSO PENAL II TRIBUNAL DO JURI

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1 
 
ESTACIO/FIB - DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
PROFESSOR RENÉ ALMEIDA 
APOSTILA DE TRIBUNAL DO JURI 
 
PROCEDIMENTO NOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO JURI 
 
A Constituição Federal reconheceu a instituição do júri como garantia 
individual (art. 5°, XXXVIII, CF), atribuindo-lhe a competência mínima para 
julgamento dos crimes dolosos contra a vida (homicídio, aborto, infanticídio, 
induzimento, auxilio ou instigação ao suicídio, em suas formas consumadas e 
tentadas – art. 74, § 1° CPP). 
Como direito e garantia individual, não pode ser suprimida do 
ordenamento pátrio nem mesmo por emenda constitucional, pois se cuida de 
cláusula pétrea (art. 60, § 4°, IV, da CF). 
Observação: as infrações que apresentam o resultado morte a título doloso, 
mas que não se incluem nas citadas espécies de crimes, não são de 
competência do tribunal do júri. Ex. latrocínio, que é julgado pelo juiz singular, 
ainda que a morte praticada durante o roubo tenha sido intencional. 
Súmula n. 603 do STF: “A competência para processo e julgamento de 
latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri”. 
A regra de competência em questão, como as demais normas 
constitucionais, não é absoluta, deve-se harmonizar-se com outras disposições 
do próprio texto constitucional, razão pela qual prevalecerão, sobre a 
competência do júri, as previsões de foro por prerrogativa de função. 
Se um prefeito, membro do MP ou um juiz de direito for acusado de 
homicídio, será julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado-membro em que 
exerce sua função e, não, pelo júri. 
Súmula n. 721 do STF: “a competência constitucional do Tribunal do Júri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente 
pela Constituição estadual”. 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AO JÚRI 
A Constituição Federal, no art. 5°, XXXVIII, tratou de enumerar os princípios 
fundamentais que informam a instituição do júri. 
 
 
 
2 
 
1) PLENITUDE DE DEFESA 
Compreende o pleno exercício da defesa técnica, por parte do profissional 
habilitado, e da defesa pessoal. Sempre que houver divergências entre teses 
técnica e pessoal, ambas devem ser submetidas à apreciação dos jurados. 
A possibilidade de o acusado participar da escolha dos jurados que irão 
compor o Conselho de Sentença. Outra manifestação da plenitude de defesa 
estaria no poder conferido ao juiz presidente de, considerando o réu indefeso, 
dissolver o Conselho de Sentença, nomeando-lhe outro defensor e marcando 
novo julgamento (art. 497, V, CPP). STF, HC 85.969, o acusado teve seu 
defensor nomeado 2 dias antes do Plenário do Júri. E, além disso, o advogado 
se limitou a dizer que seu cliente era inocente. Então, o Júri foi anulado. 
 
2) O SIGILO DAS VOTAÇÕES 
O segredo das votações é postulado que se origina da necessidade de 
manter os jurados a salvo de qualquer fonte de coação, embaraço ou 
constrangimento, por meio da garantia de inviolabilidade do teor de seu voto e 
do recolhimento a recinto não aberto ao público (sala secreta - art. 485, caput, 
CPP) para o processo de votação, donde receberá cada jurado pequenas 
cédulas feitas de papel opaco, contendo umas palavras sim e outras não, a fim 
de, secretamente, serem recolhidos os votos (art. 486, CPP). 
 
3) A SOBERANIA DOS VEREDICTOS 
Diz respeito somente aos fatos reconhecidos pelo Conselho de 
Sentença (não pelo juiz-presidente, que pode ter sua decisão revista pelo 
Tribunal de Justiça). “Assim, o julgamento proferido pelos jurados não pode ser 
modificado pelo juiz togado ou pelo Tribunal que venha apreciar um recurso” 
(TÁVORA, ALENCAR, 2009, p. 676). 
Não impede, porém, que o tribunal, julgando a decisão manifestamente 
contrária à prova dos autos, determine seja o réu submetido a novo júri. 
Tampouco obsta a possibilidade de revisão criminal. (CPP, art. 593, III, “d”, § 
3º). 
 
4) A COMPETÊNCIA MINIMA PARA O JULGAMENTO DOS CRIMES 
DOLOSOS CONTRA A VIDA 
Não impede que o legislador ordinário alargue essa competência 
incluindo outras figuras criminais, desde que haja conexão e continência com 
algum crime doloso contra a vida. 
 
CARACTERES DO TRIBUNAL DO JÚRI 
3 
 
a) Temporariedade - o tribunal do júri é órgão jurisdicional de caráter não 
permanente, é constituído em determinadas épocas do ano e dissolvido depois 
de cumprir a tarefa. 
b) Órgão colegiado – é integrado por vários membros. 
c) Heterogeneidade – composto por 01 juiz profissional (juiz- presidente) e 25 
juízes leigos (jurados), dos quais 07 são sorteados, a cada julgamento. 
d) Decisão por maioria – as decisões do júri são por maioria simples de votos. 
 
PROVIDÊNCIAS PARA A CONSTITUIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI 
De acordo com o art. 425, caput, CPP, todo ano o juiz-presidente 
organizará a lista geral dos jurados, que é de 800 a 1.500 jurados nas 
comarcas de mais de 1 milhão de habitantes, de 300 a 700 nas comarcas de 
mais de 100mil habitantes e de 80 a 400 nas comarcas de menor população. 
O juiz-presidente, requisitará indicação de pessoas para serem jurados 
às autoridade locais, às associações de classe e de bairro, às entidades 
associativas, às instituições de ensino, às universidades, aos sindicatos, às 
repartições públicas e a outros núcleos comunitários (art. 425, § 2° CPP). 
A lista geral dos jurados, será publicada em duas oportunidades, por via 
da imprensa e de editais afixados à porta da sede do Tribunal do Júri: a 1ª lista, 
que poderá ser alterada de oficio ou por força de reclamação de qualquer do 
povo até a publicação da lista definitiva, no dia 10 de outubro, a 2ª lista no dia 
10 de novembro. 
Da inclusão ou exclusão de jurados na lista definitiva cabe recurso em 
sentido estrito, no prazo de 20 dias, para o Presidente do Tribunal de Justiça 
ou para o Presidente do Tribunal Regional Federal (arts. 581, XIV, e 586 
parágrafo único). 
Observação: o art. 426, § 4°, procurou evitar que uma pessoa fique servindo 
por vários anos ao tribunal do júri, dispondo que será excluído da lista geral o 
jurado que tiver integrado o conselho de sentença nos 12 meses que 
antecederem a publicação, ou seja, o jurado que tiver efetivamente participado 
de algum julgamento. 
Composta a lista definitiva, os nomes e endereços dos jurados serão 
inscritos em cartões, que serão depositados em uma urna geral, e a chave 
ficará em poder do juiz (art. 426, § 3°, CPP). Da urna geral é que serão 
sorteados os jurados que servirão em cada reunião periódica. 
Entre o 15° e o 10° dias que antecederem cada reunião periódica será 
realizado um sorteio, pelo juiz, de 25 jurados. Será feito em sessão pública e 
com prévia intimação do MP, da OAB e da Defensoria Pública (art. 432 e 433, 
CPP). 
4 
 
Observação: os 25 jurados são sorteados para participarem de todos os 
julgamentos que ocorrerem em uma mesma reunião periódica do tribunal do 
júri, independente do número de sessões (julgamentos) previstas para 
realizarem-se. No início de cada sessão de julgamento 7 jurados serão 
sorteados, dentre os 25, para integrarem o conselho de sentença. 
 
CAPACIDADE GERAL PARA O SERVIÇO DO JÚRI 
Para que possa ser jurado, a pessoa deve atender aos seguintes requisitos: 
I) Nacionalidade brasileira – somente os brasileiros, natos ou naturalizados 
podem ser jurados; 
II) Cidadania (art. 436, caput, CPP) – a capacidade eleitoral ativa, que a 
pessoa está no gozo dos direitos políticos adquire com o alistamento eleitoral. 
III) Ser maior de 18 anos (art. 436, caput, CPP); 
IV) Notória idoneidade (art. 436, caput, CPP) – não poderão pessoas com 
reprovável conduta social, aquelas que ostentam antecedentes criminais, 
ébrios, drogados etc. 
V) Alfabetização – não está na lei de forma expressa,mas o jurado tem que 
emitir seu voto por escrito, e ler cópia do relatório de processo e da decisão de 
pronúncia (art. 472, § único, CPP), e os autos do processo (art. 480, § 3°, 
CPP); 
VI) Gozo das faculdades mentais. 
Observação: o STJ entende que não precisa residir na comarca (STJ – RHC 
8.577/PE). 
 
PESSOAS ISENTAS DO SERVIÇO DO JÚRI 
De acordo com o art. 437 do CPP, estão isentos do serviço do júri: 
I) O Presidente da República e os Ministro de Estado; 
II) Os Governadores e seus Secretários; 
III) Membros do Poder Legislativo Federal, Estadual, Distrital ou Municipal; 
IV) Os Prefeitos Municipais; 
V) Os Magistrados e membros do MP e as Defensoria Pública; 
VI) Os servidores do Poder Judiciário, do MP e da Defensoria Pública; 
VII) As autoridades e os servidores da polícia e da segurança púbica; 
VIII) Os militares em serviço ativo 
5 
 
IX) Os militares em serviço ativo; os cidadãos maiores de 70 anos que queiram 
dispensa; 
X) Aqueles que, demostrando impedimento por meio de requerimento (arts. 
443 e 444, do CPP). 
DIREITOS E VANTAGENS DOS JURADOS 
O desempenho da função de jurado e, não, a mera figuração na lista, garante 
as seguintes vantagens: 
I) Presunção de idoneidade (art. 439, CPP); (sem antecedentes criminais, bom 
cidadão); 
II) Preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas, bem como 
no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública e, ainda, nos 
casos de promoção funcional ou remoção voluntaria (art. 440, CPP); 
III) Garantia da inocorrência de descontos nos vencimentos quando de seu 
comparecimento a sessão de julgamento (art. 441, CPP); 
IV) Prisão processual especial, já que, muito embora a Lei n. 12.403/2011 
tenha suprimido essa prerrogativa da redação do art. 439, CPP, subsiste 
previsão da regalia no art. 295, X, CPP. 
 
PROIBIÇÃO DE CRITÉRIOS DISCRIMINATÓRIOS 
A lei proíbe que se exclua dos trabalhos do júri ou que se deixe de alistar 
cidadão em razão de cor ou etnia, credo, sexo, profissão, classe social ou 
econômica, origem ou grau de instrução (art. 436, § 1° CPP). 
Observação: o analfabeto não pode compor o Tribunal Popular. Não se trata 
de excluí-lo por conta de seu grau de instrução, mas por não ostentar aptidão 
mínima para atuar no julgamento. (Art. 472, § único e 480, caput, CPP). 
 
OBRIGATORIEDADE DO SERVIÇO DO JÚRI 
É obrigatório o serviço do júri (art. 436, caput, CPP), já que se trata de 
dever a todos imposto e, não, de mero direito ou faculdade, razão pela qual a 
recusa injustificada sujeita o recalcitrante ao pagamento de multa de 01 (um) a 
10 (dez) salário mínimos, de acordo com a condição econômica do jurado (art. 
436, § 2°, CPP). 
ESCUSA DE CONSCIÊNCIA 
Consiste na recusa do cidadão em submeter-se a obrigação legal a 
todos imposta, por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica e política. 
Sujeita ao autor da recusa ao cumprimento de prestação alternativa que vier a 
ser prevista em lei, e, no caso da recusa também se estende a esta prestação, 
haverá a perda dos direitos políticos. (art. 5°, VIII, CF) e (art. 438, § 2°, CPP). 
6 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CRIMINAL DOS JURADOS 
Os jurados são considerados funcionários públicos para fins penais (art. 
327, caput, CP), motivo pelo qual são responsáveis, no exercício da função ou 
a pretexto de exerce-la, nos termos em que o são os juízes togados (art. 445, 
CPP). Ex. se solicitar dinheiro de uma das partes para proferir decisão a ela 
favorável, incorrerá em crime de corrupção passiva. 
Por outro lado, o jurado que sem motivo legitimo não comparecer à 
sessão, ou, ainda, que se retirar antes de ser dispensado pelo juiz presidente, 
será sancionado administrativamente com multa de 01 (um) a 10 (dez) salários 
mínimos, fixada pelo magistrado de acordo com sua condição econômica (art. 
442, CPP). 
 
IMPEDIMENTOS, SUSPEIÇÃO E INCOMPATIBILIDADE 
Dos jurados são as mesmas dos magistrados togados (art. 252, 253 e 
254, CPP). Há ainda os impedimentos previstos no art. 448, I a VI, CPP. 
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: 
I – marido e mulher; 
II – ascendente e descendente; 
III – sogro e genro ou nora; 
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; 
V – tio e sobrinho; 
VI – padrasto, madrasta ou enteado. 
§ 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável 
reconhecida como entidade familiar. 
§ 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as 
incompatibilidades dos juízes togados. 
 
PRIMEIRA FASE – SUMÁRIO DA CULPA (“JUDICIUM ACCUSATIONIS”) 
Esta primeira fase do procedimento de apuração dos crimes dolosos contra 
a vida está disciplinada nos arts. 406 a 421, CPP, constituindo-se dos 
seguintes atos processuais: (início com recebimento da denúncia vai até a 
pronúncia) 
1) Oferecimento da denúncia ou queixa-crime – obediente aos requisitos 
do art. 41, CPP. 
7 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
 
 
Quanto ao número de testemunhas a serem arroladas, dispõe o art. 406, 
§ 2°, que não poderá ser superior a 08 (oito). 
2) Rejeição liminar ou recebimento da inicial – art. 395 do CPP. 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
O juiz poderá rejeitar liminarmente a denúncia ou a queixa. Não sendo 
este o caso, procederá ao seu recebimento, ordenando a citação do acusado 
para resposta. 
3) Citação do acusado – como regra, deverá ele ser citado pessoalmente. 
Não localizado, será cabível a sua citação por edital (art. 361 e 363, § 1°, 
CPP). Verificando o oficial de justiça que o réu está se ocultando para evitar a 
citação, esta poderá ser feita por hora certa (art. 362, CPP). 
4) Resposta do acusado – o acusado terá o prazo de 10 (dez) dias para 
responder à acusação, que será contado a partir do efetivo cumprimento do 
mandado ou comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor 
constituído, no caso da citação invalida ou por edital (art. 406, § 2°). Decorrido 
o prazo e não apresentada a resposta, deverá o juiz nomear um defensor 
dativo para oferecer no prazo de 10 (dez) dias (art. 408, CPP). 
5) Oitiva da acusação – apresentada a defesa, o juiz deverá notificar o MP ou 
querelante para se manifestarem sobre eventuais preliminares arguidas na 
resposta do réu ou sobre documentos que, com ela tenham sido acostados, no 
prazo de 05 (cinco) dias art. 409, CPP. 
6) Aprazamento de audiência de instrução, interrogatório, debates e 
decisão – recebida a resposta do réu, o juiz tem 10 (dez) dias para marcar 
audiência de inquirição das testemunhas arroladas no processo e realização 
das diligências requeridas pelas partes (art. 410, CPP), esclarecimentos de 
peritos, acareações e reconhecimentos (art. 411, CPP). 
Observação: as provas (orais) serão produzidas em uma só audiência, 
podendo o juiz, inclusive, indeferir aquelas que considerar irrelevantes, 
impertinentes ou protelatórias (art. 411, § 2°, CPP), bem como ordenar a 
condução coercitiva à audiência de quem, regularmente notificado, a ela deva 
comparecer (art. 411, § 7°). 
8 
 
Em audiência, a prova oral será produzida na seguinte ordem: 1°) 
declarações do ofendido, se possível; 2°) declarações das testemunhas de 
acusação e defesa, nesta ordem; 3°) interrogatório do acusado;4°) 
esclarecimentos dos peritos, acareações e reconhecimento de pessoas ou 
coisas. 
 
Esgotado a instrução probatória e não sendo o caso de aplicação da regra 
pertinente à mutatio libelli, art. 384, CPP (art. 411, § 3°, CPP), passa-se a fase 
de debates orais, primeiro acusação e, depois, à defesa, pelo prazo de 20 
minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos (art. 411, § 4°, CPP). Havendo 
assistente de acusação habilitado nos autos, será facultado 10 minutos, logo 
após o MP, que também será acrescido a defesa (art. 411, § 6°, CPP). 
Observação: Não se contempla, aqui, a possibilidade de serem os debates 
orais substituídos por memoriais escritos. 
Encerrados os debates orais, o juiz, proferirá sua decisão em 10 (dez) dias (art. 
411, § 9°, CPP). Neste momento, faculta-se ao juiz pronunciar o réu, 
impronunciá-lo, absolvê-lo sumariamente ou desclassificar a infração penal. 
7) Prazo para conclusão do sumário da culpa – art. 412, CPP, a primeira fase 
do procedimento do júri deverá ser concluída no prazo máximo de 90 dias. 
 
 
ETAPA DECISÓRIA DO SUMÁRIO DA CULPA (FASE DA PRONÚNCIA) 
Alcançada essa etapa, o juiz pode encerrar a fase de formação da culpa 
com uma das quatro espécies de decisão: 
■ Decisão interlocutória de Pronúncia – art. 413 do CPP; 
■ Decisão interlocutória de Impronúncia – art. 414 do CPP; 
9 
 
■ Sentença de Absolvição sumária – art. 415 do CPP; 
■ Decisão interlocutória de Desclassificação – art. 419 do CPP. 
 
PRONÚNCIA 
É a decisão por meio da qual o juiz, convencido da existência material 
do fato criminoso e de haver indícios suficientes de que o acusado foi seu autor 
ou participe, admite que ele seja submetido a julgamento pelo tribunal do júri. 
Natureza da decisão de pronúncia 
Possui conteúdo eminentemente declaratório (art. 413, caput e § 1°, 
CPP). Em termos processuais, classifica-se como decisão interlocutória mista 
não terminativa, pois encerra uma fase do procedimento sem pôr fim ao 
processo. 
Na pronúncia deverão constar as elementares do tipo, as circunstancias 
qualificadoras e as causas de aumento de pena. Deverá o juiz, também, 
mencionar se o crime foi consumado ou tentado. Não caberá a menção às 
causas de diminuição de pena, bem como às circunstâncias agravantes e 
atenuantes. Também não poderá o juiz fazer referência ao concurso de crimes. 
Ao pronunciar o réu, o magistrado decidirá, fundamentadamente, a 
respeito da necessidade ou não de manutenção, revogação, substituição ou 
decretação de prisão cautelar, bem como sobre medida restritiva de liberdade 
anteriormente decretada. Em sendo afiançável o delito, deverá o juiz arbitrar, 
desde logo, o valor da fiança. 
Se dos autos constatarem indícios de autoria ou de participação de 
outros indivíduos não compreendidos na denúncia ou queixa, o juiz, ao preferir 
a decisão de pronúncia ou impronúncia, ordenará que os autos voltem ao MP, 
por 15 dias, aplicando-se, no que couber. Assim, o MP aditará a inicial ou 
requererá a separação de processos, com o oferecimento de denúncia contra o 
coautor ou participe. 
A decisão de pronúncia deve se pautar apenas em juízo de 
probabilidade, não de certeza, o juiz não deve demostrar claramente seu 
convencimento acerca do mérito da causa evitando-se o chamado excesso de 
linguagem (STF – informativo nº 597), o que prejudicaria a sua parcialidade e 
poderia interferir no convencimento dos jurados (STF – informativo nº 613). 
 
De acordo com a posição majoritária do STJ (AgRg no Resp 
1167720/DF), vale o princípio do in dubio pro societate e não in dubio pro réu: 
na dúvida deve o juiz pronunciar o réu para que ele seja esclarecido pelos 
jurados, verdadeiros juízes da causa 
 
Intimação da pronúncia 
10 
 
I) O acusado será intimado, em regra, pessoalmente (art. 420, I, CPP), mas, se 
estiver solto e não for localizado, será intimado por edital (art. 420, § único, 
CPP), com prazo de 15 dias (art. 370 e 361, CPP), sem qualquer prejuízo para 
o prosseguimento do feito; 
II) O defensor dativo será intimado pessoalmente (art. 420, I, CPP); 
III) O defensor constituído, o querelante e o assistente serão intimados pela 
impressa; 
IV) O órgão do MP será sempre intimado pessoalmente. 
Recurso 
Contra decisão de pronúncia é cabível Recurso em Sentido Estrito - RESE 
(art. 581, IV, CPP). 
 
 
IMPRONÚNCIA 
Se o juiz não se convencer da existência do crime ou se, apesar de 
convencido, não considerar demostrada a possibilidade de o acusado ser autor 
ou participe, deve proferir decisão de impronúncia. Trata-se de decisão de 
caráter terminativo, por meio da qual o juiz declara não existir justa causa para 
submeter o acusado a julgamento popular. 
Observação: uma vez prolatada a decisão de impronúncia, poderá ser 
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova (art. 414, § único, 
CPP), desde que não tenha operado causa extintiva da punibilidade 
(prescrição, morte do réu). 
Recurso 
Da decisão que impronuncia o réu cabe recurso de apelação (art. 416, CPP). 
DESCLASSIFICAÇÃO (art. 419, CPP) 
11 
 
Se o juiz se convencer, em discordância com a denúncia ou queixa, da 
existência exclusiva de crime que não seja da competência do júri, fará a 
desclassificação do crime, remetendo os autos ao juízo competente (art. 419, 
CPP). É conhecida como desclassificação própria. 
Ex. desclassificação de homicídio para lesões corporais seguidas de morte; de 
tentativa de homicídio para lesões corporais; de infanticídio para abandono de 
recém-nascido. 
Desclassificação Imprópria, quando o crime imputado na denúncia e também 
o crime desclassificado são dolosos contra a vida. Ex. Desclassificação do 
crime de homicídio para de infanticídio. 
 
Recurso 
Da decisão de desclassificação cabe recurso em sentido estrito (art. 581, II, 
CPP). 
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA 
Prevista no art. 415 do CPP trata da absolvição sumária, cabível quanto, 
de forma inequívoca, constatar o juiz, a partir da prova angariada na fase 
instrutória nas seguintes situações: 
I) Estar provada a inexistência do fato – art. 415, I, CPP; 
II) Estar provado que o réu não concorreu para o crime como autor ou participe 
– art. 415, II, CPP. 
III) Não constituir o fato infração penal – art. 415, III, CPP; (art. 21, CP erro de 
proibição, art. 22, CP coação irresistível ou obediência hierárquica etc). 
IV) Causa de isenção de pena consubstanciada na inimputabilidade por doença 
mental, quando esta se tratar da única tese defensiva – art. 415, IV, 1ª parte e 
§ único, CPP. 
V) Existir circunstancias que exclua o crime – art. 415, IV, 2ª parte (excludente 
de ilicitude) 
 
Recurso 
Da decisão que absolver o réu sumariamente, cabe apelação, conforme art. 
416, CPP. 
 
SEGUNDA FASE “JUDICIUM CAUSAE” 
Nos termos do art. 421, CPP, uma vez preclusa a decisão de pronúncia, 
os autos serão encaminhados ao juiz-presidente do Tribunal do Júri com vistas 
à preparação do processo para o julgamento perante o Conselho de Sentença, 
seguindo-se, o disposto nos arts. 422 a 424, CPP. 
12 
 
Ao receber os autos do processo, o juiz determinará a notificação do MP 
ou do querelante (no caso de ação penal privada subsidiaria), e do advogado 
do réu, no prazo de 05 (cinco) dias, apresentarem, querendo, o rol de 
testemunhas (no máximo 05) que deverão prestar depoimento em plenário, 
bem como juntar documentos e requerer diligências (art. 422, CPP). 
Após, deliberar sobre os requerimentos de provas a serem produzidas 
ou exibidas em plenário de julgamento, e depois de realizadas as diligencias 
eventualmente deferidas, o juiz ordenará as providências necessárias para 
sanar eventuais nulidades ou esclarecer fato que interesse ao julgamento dacausa. Em seguida, fará relatório do processo e marcando data para sessão 
(art. 423, I, II, CPP). 
Observação: vale ressaltar a supressão do libelo crime acusatório (peça 
inaugural que consistia em uma exposição escrita do fato criminoso, contendo 
o nome do réu as circunstancias agravantes e todas as demais que 
influenciava na fixação da pena) e da contrariedade ao libelo crime acusatório. 
Atenção: dispõe o art. 479, CPP, eventuais documentos que desejem as 
partes ler em plenário, ou objetos que pretendam exibir, deverão ser acostados 
aos autos com antecedência mínima de 03 (três) dias úteis, dando-se ciência à 
outra parte. 
Depreende o § único do art. 479, CPP, inserem-se na exigência legal 
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, 
fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo 
conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento 
dos jurados. 
 
DESAFORAMENTO 
Consiste no deslocamento do julgamento pelo júri para Comarca distinta 
daquela onde tramitou o processo criminal, podendo ser determinado pelo 
Tribunal competente a partir de requerimento de qualquer das partes (MP, 
querelante, assistente de acusação ou defesa) e inclusive pelo juiz, mediante 
representação àquele colegiado. 
Poderá haver desaforamento de acordo com os arts. 427 e 428, CPP: 
I) Interesse da ordem pública – é a intranquilidade social e os distúrbios 
locais que poderão ocorrer com a realização do julgamento na Comarca onde o 
processo tramitou. 
II) Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados – hipótese na qual a comoção 
existente na Comarca, pela gravidade do crime ou sua autoria, poderá levar os 
jurados absolver ou condenar o réu, independente do que vier a ser debatido 
no plenário do júri. 
III) Dúvida sobre a segurança pessoal do réu – realizado no foro do 
processo, haverá riscos a integridade física do acusado, sem que haja, de 
13 
 
parte do Estado, por meio dos efetivos policiais existentes, a garantia no 
sentido de que será possível evitar atentados à sua pessoa. 
IV) Não realização do julgamento, no prazo de até seis meses contados do 
trânsito em julgado da pronúncia, quando comprovado o excesso de serviço 
(art. 428, CPP). 
Trata-se do atraso na designação de data para a realização do julgamento 
popular justificado no excesso de serviço. (Destinada a fazer valer a garantia 
constitucional de duração razoável do processo (art. 5°, LXXVIII da CF). 
Somente após a decisão de pronúncia, ou seja, quando o processo estiver 
pronto para julgamento, é que se pode cogitar do desaforamento. 
Observação: se o desaforamento não for proposto pela defesa, será 
obrigatória a manifestação desta, pois, de acordo com a Súmula n. 712 do 
STF, “é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da 
competência do Júri sem audiência da defesa”. 
 
ORGANIZAÇÃO DA PAUTA 
Salvo motivo de interesse público, na ordem de julgamento dos processos 
terão preferência (art. 429, CPP): 
I) Os réus presos; 
II) Dentre os presos, os mais antigos na prisão; 
III) Em igualdade de condições, os que tiverem sido pronunciados há mais 
tempo. 
Determina a lei que, antes da data designada para o primeiro julgamento da 
reunião periódica, deve ser afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri lista 
dos processos a serem julgados. 
O juiz-presidente deverá reservar datas na mesma reunião periódica para 
inclusão de eventuais processos que venham a ter os julgamentos adiados 
(art. 429, § 2°, CPP). 
 
HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE 
O assistente que ainda não tiver sido admitido nos autos poderá 
requerer sua habilitação até 05 dias antes da data do julgamento no qual 
pretenda atuar (art. 430, CPP), mas, uma vez desatendido o prazo para 
ingresso no processo, não participará da sessão de julgamento. 
 
INTIMAÇÕES 
14 
 
Os 25 jurados sorteados para a reunião periódica serão convocados, 
pelo correio ou por qualquer outro meio hábil, para comparecimento nas datas 
dos julgamentos designados, sob as penas da lei (art. 434, caput, CPP). 
Estando o processo em ordem, serão realizadas as intimações para sessão de 
julgamento, de acordo com as seguintes regras: 
a) Intimação pessoal do acusado, do MP e do defensor, se nomeado, bem 
como do ofendido, testemunhas e peritos. Se o réu, todavia, não for encontrado 
para intimação pessoal, será intimado por edital. 
b) Intimação pela imprensa do defensor constituído, do querelante e do 
assistente do MP. 
 
JULGAMENTO EM PLENÁRIO 
Iniciados os trabalhos, porém antes de instalada a sessão de 
julgamento, o juiz verificará se o MP (e o querelante), o defensor, o acusado, o 
ofendido e as testemunhas estão presentes observando as seguintes diretrizes 
(art. 454 a 462, CPP): 
Se ausente o MP, o julgamento será adiado para o primeiro dia útil 
desimpedido (art. 455, caput, CPP) e, se a ausência for injustificada, deverá o 
juiz expedir oficio ao PGJ, para as medidas administrativas cabíveis, se 
entender nomeará outro promotor para participar da futura sessão. 
O defensor até o momento do início dos trabalhos, da existência de justo 
motivo para o não comparecimento enseja o adiamento do julgamento. Se 
faltar sem justo motivo, o julgamento será adiado uma única vez, devendo 
comunicar a Defensoria Pública ou nomear dativo para a próxima data, 
observando o prazo de 10 dias (art. 456, CPP). 
Se o réu estiver preso, deverá ser conduzido à sessão. Na hipótese de 
não apresentação, o julgamento deve ser adiado para ocasião desimpedida. 
A ausência do acusado solto, desde que devidamente intimado, não 
interfere nos trabalhos, já que a lei passou a admitir o julgamento à revelia (art. 
457, caput, CPP). 
Também não é imprescindível à realização do julgamento a presença do 
assistente e do advogado do querelante, (ação penal privada subsidiaria da 
pública) desde que intimado, a ausência não implicará o adiamento, pois, o MP 
reassume a titularidade da acusação e o julgamento ocorrerá. 
A ausência de testemunha não deve ensejar o adiamento do julgamento, 
salvo se tiver sido arrolada, tempestivamente, em caráter de 
imprescindibilidade, com indicação, pela parte interessada, do local em que 
pode ser localizada. Mesmo nessa situação deve o juiz suspender a sessão e 
autorizar a condução coercitiva da testemunha, adiando o julgamento para o 
primeiro dia desimpedido. Se a testemunha não for encontrada no local 
15 
 
indicado, o julgamento será realizado mesmo sem a sua presença, desde que 
seja certificada pelo oficial de justiça (art. 461, § 2°, CPP). 
A testemunha faltosa, mesmo que não arrolada em caráter de 
imprescindibilidade, fica sujeita a multa no valor de 1 a 10 salários mínimos, de 
acordo com sua situação econômica, além do crime desobediência, ressalvada 
a comprovação da justa causa (art. 458, CPP). 
A testemunha que residir fora do local em que o juiz exerce a jurisdição, 
será ouvido em carta precatória, uma vez devolvida, será juntada aos autos e 
seu teor utilizado em plenário. 
 
INCOMUNICABILIDADE DAS TESTEMUNHAS 
Antes de constituído o conselho de sentença, o juiz providenciará o 
recolhimento das testemunhas a recintos nos quais umas não possam ouvir o 
depoimento das outras (art. 460, CPP), de modo a garantir que o depoimento 
de cada uma delas não seja influenciado pelo das demais e, assim, preservar a 
neutralidade da narrativa. 
 
VERIFICAÇÃO DA URNA E DO NÚMERO DE JURADOS 
Depois de superadas as questões relativas à presença das partes e 
testemunhas, bem assim após a apreciação de eventuais pedidos de 
adiamento, o juiz verificará, se a urna contém cédulas com os nomes dos 25 
juradossorteados, determinando, em seguida, que o escrivão proceda à 
chamada deles (art. 462, CPP). A defesa e, depois dela o MP poderão recusar 
os jurados sorteados, até 03 (três) cada parte, sem motivar a recusa (recusas 
peremptórias). Poderão as partes recusar outros jurados qualquer que seja a 
quantidade com justo motivo nos casos de suspeição, impedimento, 
incompatibilidade. 
Observação: se forem mais réus, as recusas poderão ser feitas por um só 
defensor (art. 469, caput, CPP), desde que com isso concordem os acusados. 
Em seguida, o juiz reintroduzirá na urna as cédulas relativas aos jurados 
presentes, dela excluindo aquelas que exibirem o nome dos jurados que não 
tiverem comparecido. 
Havendo o número mínimo de 15 jurados, o juiz-presidente declarará instalada 
a sessão (art. 463, CPP). Computa-se, para esse cálculo, os jurados excluídos 
por impedimento, suspeição ou incompatibilidade (art. 463, § 2°, CPP). 
Observação: não havendo o quórum necessário, a sessão não será instalada, 
pois, constitui nulidade, quando não presentes os 15 jurados (art. 564, III, i, 
CPP). O juiz então realizará o sorteio de jurados suplentes e designará nova 
data de julgamento. 
 
16 
 
PREGÃO 
Havendo o número mínimo de jurados, o oficial de justiça, anunciará em 
voz alta que o julgamento terá início, chamando o representante do MP (e do 
querelante), o acusado e seu defensor, bem assim o assistente que tenha sido 
admitido no processo e, ainda, as vítimas e as testemunhas (art. 463, § 1°, 
CPP). 
Observação: nos termos do art. 571, V, CPP, as nulidades que tenham 
ocorridos após a pronúncia só poderão ser arguida até o momento que se 
segue ao pregão, sob pena de preclusão. 
 
PROVIDÊNCIAS PRÉVIAS À COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE 
SENTENÇA 
Antes do sorteio dos 7 jurados que comporão o conselho de sentença 
(art. 466, caput, CPP) o juiz os advertirá das incompatibilidades previstas no 
art. 448, CPP. 
Ex. mulher e marido; ascendente e descendente; sogro e genro ou nora; 
irmãos e cunhado; tio e sobrinho; padrasto, madrasta ou enteado. Também 
estendem-se as pessoas que mantenham união estável reconhecida como 
entidade familiar (art. 448, § 1°, CPP). 
Os jurados também serão advertido nas hipóteses de suspeição, em 
razão de parentesco com o juiz, com o promotor, com o advogado, com o réu 
ou com a vitima. 
Deve-se atentar, ainda, para as seguintes causas de impedimento (art. 
449, CPP), que impedem de servir como jurado. 
Art. 449. Não poderá servir o jurado que: 
I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa 
determinante do julgamento posterior; 
II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o 
outro acusado; 
III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado. 
 
INCOMUNICABILIDADE DOS JURADOS 
O juiz-presidente também advertirá os jurados de que, uma vez 
sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar 
sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão e multa de 1 a 10 salários 
mínimos (art. 466, § 1°, CPP). É vedada qualquer forma de comunicação, seja 
oral, escrita ou por meio de gestos, tanto durante o julgamento como nas 
pausas e nos intervalos. 
17 
 
A lei determina que o oficial de justiça elabore certidão a respeito da 
preservação da incomunicabilidade (art. 466, § 2°, CPP). 
 
COMPROMISSO E RECEBIMENTO DE CÓPIA DE PEÇAS DOS AUTOS 
Composto o conselho de sentença, os jurados prestarão o compromisso 
solene de examinar a causa com imparcialidade e de proferir a decisão de 
acordo com a consciência e os ditames da justiça (art. 472, caput, CPP). 
Em seguida os jurados receberão cópias da pronúncia e de eventuais 
decisões posteriores que tenham admitido alteração da acusação, bem como 
do relatório do processo (art. 472, § único do CPP). 
 
USO DE ALGEMAS E RETIRADAS DO ACUSADO DO RECINTO 
A possibilidade do uso de algema ocorre nas hipóteses de absoluta 
necessidade para a ordem dos trabalhos, para a segurança das testemunhas 
ou para garantia da integridade física dos presentes (art. 474, § 3°, CPP). Será 
registrado em ata e se não for um desses casos e o réu permanecer algemado 
durante o julgamento importará nulidade, nos termos da Súmula Vinculante n. 
11. 
É assegurado ao réu o direito de presença no julgamento, pode ser 
restringida se o acusado dificultar a realização do julgamento, caso em que o 
juiz mandará retirá-lo da sala e continuará o trabalho (art. 497, VI, CPP). 
Poderá ainda ocorrer momentaneamente a retirada do réu se o mesmo 
causar humilhação à testemunha ou ao ofendido (art. 217, CPP) durante o 
depoimento. 
 
 
 
ATOS DE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA 
Iniciada o julgamento, o ofendido e, em seguida, as testemunhas de 
acusação serão inquiridos sucessivamente pelo juiz, MP, assistente, querelante 
e defensor e por fim, pelos jurados que desejarem, os quais arguirão por 
intermédio do juiz (art. 473, CPP). 
Em seguida passa-se a inquirição das testemunhas arroladas pelo 
acusado, às quais o defensor perguntará logo após o juiz-presidente, 
mantendo-se, no mais a ordem legal. 
No julgamento em plenário, é o juiz quem dá início à inquirição das 
testemunhas (art. 473, caput, CPP), atividade na qual é sucedida pelas partes. 
Diferente do que ocorre no art. 212, CPP. 
18 
 
Observação: as perguntas serão feitas pelas partes diretamente às 
testemunhas e ao ofendido sem interferência do juiz. Já no tocante as 
perguntas dos jurados será feita para o juiz e o mesmo passará ao ofendido 
que responde ao juiz e o mesmo passa para os jurados, é o chamado sistema 
presidencialista de colheita de provas. 
Antes da realização do interrogatório, as partes e os jurados poderão 
requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimentos 
dos peritos. Poderão, ainda, requerer leitura de peças relativas, 
exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, 
antecipadas ou não repetitiveis (art. 473, § 3°, CPP). 
A instrução em plenário encerra-se com a realização do interrogatório do 
acusado, se tiver presente para exercer o direito de defesa. As perguntas serão 
feitas diretamente pelas partes, após as perguntas do juiz, iniciando-se pelo 
MP. 
Observação: Os depoimentos e interrogatório deverão ser registrados por 
meio de gravação magnética ou eletrônica (art. 475, CPP), para obter maior 
fidelidade as provas. 
PROVAS NOVAS 
O art. 479, CPP estabelece exceção à regra de que a prova documental 
pode ser introduzida a qualquer tempo, pois proíbe que durante o julgamento 
seja lido documento ou exibido objeto (jornal ou qualquer escrito, vídeos, 
gravações, fotografias laudos, quadros, croqui, armas ou instrumentos 
relacionados à infração, vestes etc), que não tenha sido juntado aos autos com 
antecedência mínima de 03 dias, dando ciência à outra parte. 
A arguição de documentos em desacordo com essa norma caracteriza 
nulidade de natureza relativa, cujo reconhecimento pressupõe a demonstração 
do prejuízo e imediata arguição (art. 571, VIII, CPP). 
DEBATES 
Terminada a colheita das provas, o MP disporá de 1h30min (uma hora e 
meia) para produzir a acusação, que deverá restringir-se aos termos da 
pronúncia ou de decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, 
falando o assistente logo após. 
O MP, não está vinculado à imputação, podendo postular a 
desclassificação do delito e até mesmo a absolvição. 
A defesa terá 1h30min (uma hora e meia) para o seu pronunciamento, 
ocasião em que deve oferecer resistência à pretensão punitiva, sem que possa 
concordar com a acusação em todos os termos.Ademais, percebendo a total 
insuficiência do desempenho do defensor acarretará que o réu está indefeso, o 
que ocorrerá a dissolução do conselho de sentença e designação de outra data 
para realização do julgamento, onde participará outro defensor. 
 
19 
 
RÉPLICA E TRÉPLICA 
Terminada a exposição da defesa, a acusação pode exercer a faculdade 
da réplica pelo prazo de 01 hora. Acaso haja assistente de acusação, esse 
poderá fazer uso da réplica mesmo que o acusador principal não pretenda usar 
dessa faculdade. 
A defesa só poderá fazer uso da tréplica, pelo período de 1 hora, se tiver 
havido réplica, já que se trata de uma faculdade. 
 
APARTES 
São as intervenções que uma parte faz durante a exposição do oponente. 
Durante o julgamento são permitidos os apartes, que devem ser solicitados 
pelo interessado à parte que está fazendo uso da palavra e, em caso de 
resistência, ao juiz. 
 
FORMULAÇÃO DOS QUESITOS 
Os jurados decidem respondendo a perguntas formuladas pelo juiz, às 
quais o CPP denomina quesitos. 
Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado 
deve ser absolvido. 
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, 
de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária 
precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das 
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações 
das partes. 
Os quesitos devem ser formulados na ordem do art. 483, CPP. 
Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: 
I – a materialidade do fato; 
Ex. no dia 12 de outubro de 2013, por volta das 11 horas, na avenida paralela, 
neste município foram disparados projéteis de arma de fogo em direção a 
Juninho, provocando-lhe as lesões corporais descritas no laudo necroscópico, 
as quais, por sua vez, foram causa da morte do ofendido? 
II – a autoria ou participação; (esse quesito será formulado se o júri 
responder afirmativamente ao quesito anterior, pois, na hipótese contrária, o 
acusado já estará absolvido). 
Ex. Esses disparo foram realizados pelo acusado? 
III – se o acusado deve ser absolvido; (trata-se de quesito obrigatório, que só 
deve ser formulado se os jurados tiverem respondido afirmativamente aos dois 
quesitos anteriores, hipótese em que sua supressão acarreta a nulidade do 
20 
 
julgamento (Súmula 156 do STF: “É absoluta a nulidade do julgamento, pelo 
júri, por falta de quesito obrigatório”). 
Ex. O jurado absolve o acusado? 
 IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; 
Ex. O réu agiu sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta 
provocação da vítima? 
 V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena 
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram 
admissível a acusação. 
Ex. o réu praticou o crime com emprego de veneno? A vítima era menor de 14 
anos (art. 121, § 4°, CP). 
 
LEITURA, IMPUGNAÇÃO E EXPLICAÇÃO DOS QUESITOS 
O juiz-presidente lerá os quesitos em público e indagará às partes se 
têm alguma reclamação a eles. A ausência de impugnação gera a preclusão da 
faculdade de arguir deficiência dos quesitos. Caso ocorra alguma impugnação, 
o juiz decidirá de imediato se efetua ou não as alterações, devendo tudo 
constar em ata (art. 484, caput, CPP). 
Antes dos jurados serem encaminhados a sala secreta o juiz explicará o 
significado de cada quesito e se eles tem alguma dúvida que possa ser 
esclarecida (art. 484, § único, CPP). 
 
SALA SECRETA 
O juiz, os jurados, o representante do MP, o assistente, o querelante, o 
defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça passarão à sala especial 
(sala secreta), onde, sem a presença do réu, será realizada a votação (art. 
485, caput, CPP). 
Na falta da sala especial, o réu e o público em geral serão retirados do 
plenário, assim também outros servidores e policiais (art. 485, § 1°, CPP). As 
partes serão advertidas pelo juiz-presidente, de que qualquer intervenção que 
possa perturbar a livre manifestação dos jurados será expulso da sala (art. 
485, § 2°). 
VOTAÇÃO 
O juiz mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel 
opaco e facilmente dobráveis, contendo 07 delas palavras “sim” e outras 07 a 
palavra “não”, afim de, secretamente, serem recolhidos os votos (art. 486, 
CPP). 
21 
 
Terá início, então, a votação, que ensejará a decisão por maioria de 
votos, ocasião em que o juiz lerá o quesito e convidará os jurados a 
depositarem seus votos em uma urna e a descartarem a cédula não utilizada 
em outra. 
O juiz interrompe a abertura das cédulas com votos dos jurados sempre 
que constatar a existência de quatro votos favoráveis a determinada tese. 
O STJ, já proclamou que o escrutínio de cada quesito deve ser 
interrompido quando já alcançado o resultado pela maioria de votos. (STJ – 
Resp 957.993/RN -2009). 
 
SENTENÇA 
Da sentença, que deve espelhar a decisão do júri, não haverá 
fundamentação quanto ao mérito, basta fazer menção ao resultado da votação 
e declarar o réu condenado ou absolvido 
Já em relação à aplicação da pena ou da medida de segurança, no 
entanto, há necessidade de fundamentação, como ocorre em relação às 
sentenças proferidas pelo juízo singular. 
 
CONDENAÇÃO 
Em caso de condenação, incumbirá ao juiz aplicar a pena e decidir pela 
existência ou inexistência das circunstancias agravantes ou atenuantes 
genéricas alegadas nos debates (art. 492, I, b, CPP) sem que haja 
necessidade, portanto, de inclui-las no questionário dirigido aos jurados. As 
agravantes e atenuantes genéricas são previstas nos arts. 61, 62, 65 e 66 do 
CP. 
Deve também o juiz analisar a manutenção do réu no cárcere ou a 
decretação da sua prisão. 
 
 
ABSOLVIÇÃO 
Na hipótese de sentença absolutória, o juiz mandará colocar o réu em 
liberdade, se por outro motivo não estiver preso, e revogará eventuais medidas 
cautelares que tenha decretado. 
 
DESCLASSIFICAÇÃO 
É possível que o júri não condene o réu pela pratica de crime doloso 
contra a vida e também não absolva dessa imputação, desclassificando a 
22 
 
infração para outra de competência do juízo singular, hipótese em que o juiz-
presidente suspenderá a votação e proferirá sentença na mesma sessão (art. 
492, § 1°, CPP). Ex. desclassificação de tentativa de homicídio para lesão 
corporal grave. 
 
PUBLICAÇÃO 
Proferida a sentença, será publicada em plenário, mediante leitura na 
presença do réu e dos circunstantes, e, após, o juiz declarará encerrada a 
sessão. 
 
ATA DA SESSÃO DE JULGAMENTO 
Em cada julgamento o escrivão lavrará ata, que levará a assinatura do 
juiz e das partes, na qual estarão registrados, obrigatoriamente, todos os 
acontecimentos da sessão (art. 495, CPP). 
 
PROTESTO POR NOVO JÚRI 
Foi suprimido pela Lei n. 11.689/2008, que era exclusivo da defesa.

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