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PROCESSO II UNIDADE 1 - SENTENÇA Capítulo sobre Sentença (Marinoni, Didier, Arenhart). 1. Sentença 1.1. Sentença e Atos Processuais do Juiz 1.1.1. Art. 203 (classificação dos atos processuais - classificação subjetiva) Comparando-se o art. 203 do Novo CPC com o 162 do antigo, o novo é muito superior. Esse artigo, no entanto, não esgota todos os atos executados pelo juiz. A doutrina costuma fazer referência aos atos reais. a) Atos reais São comportamentos materiais do juiz, que não constituem despachos, nem decisões interlocutórias, muito menos sentenças. Como exemplo: o ato de presidir a audiência, o ato de ouvir a declaração da testemunha ou colher o depoimento pessoal, o ato de o juiz se dirigir ao local do fato para inspecionar (inspeção judicial). b) Pronunciamentos Ou provimentos. São comandos (determinações) emitidos pelo poder judiciário. Essencialmente, o art. 203 trata dos provimentos. O art. 203 pensou apenas no juiz de primeiro grau, mas também se aplica aos Tribunais (que também proferem despachos, decisões interlocutórias e sentenças). Os pronunciamentos se dividem em duas grandes categorias: de um lado os depachos, de outro lado, as decisões. b1) Despachos O despacho é um pronunciamento do juiz sem cunho decisório (ato de mero impulso processual). Ao despachar, o juiz não decide, ele não escolhe um caminho, mas limita-se a concretizar uma norma abstrata prevista em lei. O despacho não possui caráter decisório. Por exemplo: o ato do juiz que determina a intimação do recorrido para contrarrazoar, o ato do juiz que determina a data da audiência, o ato do juiz de primeiro grau que determina a remessa dos autos para o Tribunal. Há um critério prático desenvolvido pela jurisprudência dos Tribunais, a doutrina do prejuízo. Pragmaticamente, o despacho é um ato processual que não causa prejuízo a nenhuma das partes. Dos despachos não cabe nenhum recurso. b2) Decisões (decisões interlocutórias e sentenças) A decisão pressupõe uma escolha. Não significa somente colocar em prática uma norma legal. A decisão implica que o juiz escolha um caminho, convencido de alguma forma. Quanto à prova, por exemplo, seria uma decisão deferi-la ou indeferi-la. Quanto ao julgamento, vários caminhos, como a coisa julgada, a procedência, a decadência, a prescrição ou a parcial procedência da ação. Há vários conceitos possíveis para diferenciar decisão interlocutória e sentença. O sistema original do Código de 1973 (Buzaid) trazia em seu art. 162 um critério topológico (momento processual em que a decisão foi proferida) ou formal de classificação das decisões. Dizia: sentença é o ato do juiz que põe termo ao processo. Decisão interlocutória: atos que não implicam encerramento da tramitação processual. O ato do juiz que indefere o litisconsórcio, por exemplo, é interlocutória. O ato do juiz que reconhece a prescrição de um dos pedidos cumulados, por exemplo, é interlocutória. Em cima desse conceito, o código de 73 construia todo o sistema recursal. Esse sistema simples foi modificado em 2005, quando da Reforma da Execução de Sentença. Lei 11.232, de dezembro de 2005. Essa lei transformou o Processo de Execução (que era autônomo) e inseriu-o dentro do procedimento comum. Ele se transformou em uma simples fase do procedimento comum. A partir dessa lei, portanto, a Sentença não punha mais fim ao processo. Ao modificar o conceito de sentença, perturbou-se o conceito de recurso. O Código passou, em 2005, a dizer o que a sentença faz: o ato que implica alguma das situações do art. 267 ou 269. Omitiu-se de dizer o que ela é. Sentença, portanto, seria o ato de apreciar ou extinguiro mérito. Ler a exposição de motivos do CPC. Uma das intenções do Novo Código é o de resolver problemas e dúvidas, uma delas em relação ao conceito de Sentença - art. 203 § 1º. O legislador volta para um critério topológico. Não interessa o conteúdo, mas o momento em que o ato é proferido. A sentença é, portanto, o pronunciamento, pelo qual o juiz põe fim à fase cognitiva do procedimento, bem como extingue a execução. Portanto, essencialmente falando, sentença é o ato do juiz que encerra fase processual (seja a fase de conhecimento, seja a fase de execução). O que interessa é o momento da marcha processual em que o ato do juiz foi proferido. Se o ato do juiz não implica encerramento de fase processual, isso não o define como sentença. Duas são as grandes fases do processo civil: a fase de conhecimento (exame da existência do direito) e a fase de execução (realização do direito). O Novo Código tenta dar o conceito de decisão interlocutória, dizendo que são todos os pronunciamentos que não se enquadram no § 1º. São, assim, todos os pronunciamentos decisórios que não implicam encerramento de fase, por exemplo, a decisão que examina o deferimento de liminar, a decisão que examina a admissibilidade de prova, a decisão que se pronuncia sobre o requerimento de AJG, a decisão que reconhece a prescrição de um dos pedidos cumulados. A decisão (art. 356) de julgamento antecipado parcial de mérito - um dos pedidos cumulados ou parcela do pedido que se tornou madura para julgar - pode-se julgar o mérito por fatias, à medida em que se tornam maduras. Por exemplo, a inscrição indevida no SPC (dois pedidos: cancelamento da inscrição + danos morais) - se o réu só contestou os danos morais, e não o cancelamento da inscrição, o pedido de cancelamento é incontroverso, e pode ser julgado. o § 5º do art. 356 prevê o AI como recurso cabível a tal decisão. Isso seria classificado como decisão interlocutória, vez que a instrução continuará para decidir as demais questões. O art. 1.015 § 2º - prevê a expressão "mérito do processo". O posicionamento não é unânime. Em relação à parcela incontroversa estaria encerrada a fase cognitiva, na ótica de alguns autores, posição minoritária. Sustentação oral - art. 937: o novo CPC delimita a sustentação oral de acordo com o tipo de recurso. Pelo § 8º, não cabe sustentação oral em Agravo, a não ser que trate de interlocutórias de urgência. Portanto, em relação ao JAPM, via de regra, não caberia sustentação oral. Talvez caiba interpretação extensiva do artigo, tendo em vista que o JAPM concretiza a coisa julgada material em relação à questão decidida. Essencialmente, o Novo CPC voltou ao conceito topológico, voltando importância ao momento processual em que a decisão foi proferida, para caracterizá-la ou não como Sentença. 1.1.2. Art. 204 a) acórdãos Há a classificação do acórdão. Esse artigo define o acórdão como uma decisão colegiada (tomada por mais de um magistrado) dos tribunais. O novo cpc corrige uma importante falha do código velho, que definia acórdão como uma decisão do tribunal. b) decisões unipessoais Também conhecidas como Decisões Monocráticas. São proferidas por tribunais. São as decisões tomadas isoladamente por um magistrado pertencente ao tribunal. Art. 932. É o artigo que fundamenta as decisões monocráticas. Os principais incisos seriam o III, IV e V: não conhecimento de recurso, negar provimento ao recurso (mérito), dar provimento ao recurso (mérito), respectivamente. Essas decisões referem-se a matérias pacíficas, que podem ser analisadas monocraticamente, sem a necessidade de que haja necessidade de consulta aos demais integrantes do Tribunal, da Seção, da Turma etc. Didier mostra que o acórdão e a decisão interlocutória podem ter conteúdos diversos. O acórdão pode ter conteúdo de sentença (acórdão-sentença). Os tribunais podem proferir decisões colegiadas que encerramfases processuais. Pode haver também acórdãos-interlocutórios, que não encerram fases processuais. Ainda, pode-se pensar em acórdãos-despacho (acórdãos que determinam, por exemplo, a remessa dos autos para a realização de norma processual que não foi efetuada). O mesmo vale para decisões monocráticas. 1.2. Elementos da Sentença (489) Os elementos tratados no artigo não possuem todos a mesma relevância. Por exemplo, o relatório, que não seria elemento anulador de sentença. Há também dois elementos essenciais que não aparecem nesse artigo: a data e a assinatura do magistrado. O art. 489 menciona três elementos denominados como 'essenciais': o relatório, a fundamentação e o dispositivo. 1.2.1. Relatório Inciso I. Colocar o nome das partes demarca os limites, entre outros, da coisa julgada. A princípio, a sentença faz coisa julgada em relação às partes. O relatório é uma exigência do CPC, mas não é uma exigência do direito brasileiro. Barbosa Moreira diria que a exigência do relatório é um convite a que o juiz leia o processo. O relatório não é verdadeiramente um requisito essencial da sentença, não se trata, portanto, de requisito existencial da sentença. Não é algo universal ao mundo do direito. Uma sentença desprovida do relatório ainda pode ser reconhecida como sentença. Dificilmente seria caso de nulidade. Somente seria caso de invalidade caso a sentença fosse uma falta efetivamente significativa e contaminasse o conteúdo da decisão. O princípio do pejuízo: não se decreta nulidade sem prejuízo. O princípio da finalidade: Se o ato alcançou sua finalidade, não se decreta sua nulidade. 1.2.2. Fundamentação Inciso II. Há quatro aspectos essenciais a respeito da fundamentação: (a) A fundamentação é relacionada com o contraditório. Os 12 primeiros artigos do código preveem os direitos fundamentais do processo civil. Pelo menos 3 desses artigos tratam do contraditório. "A fundamentação é o banco de provas do contraditório", segundo T. Rudalvin e D. Mitidiero. O contraditório não é uma formalidade. Para o NCPC, o contraditório é o direito de influenciar de modo eficaz o convencimento e a decisão judicial. Assim amparam o art. 7º (juiz deve zelar pelo efetivo contraditório), art. 9º (estabelece como regra geral o contraditório prévio e como excessão o contraditório postergado) e art. 10 (manda submeter todas as matérias ao contraditório, até mesmo às matérias analisáveis de ofício). *Ofício refere-se apenas à iniciativa, não à ausência de debate. Exemplos clássicos: (1) prescrição - os tribunais 'tiram da cartola' prazos prescricionais sobre os quais nenhuma das partes jamais se manifestou. Antes de decidir sobre tal matéria, o juiz deve submeter às partes o diálogo. (2) nulidades processuais - é necessário o diálogo com as partes antes de desconstituir a sentença. O STJ recentemente decidiu que a prescrição não se sujeita ao debate, que o art. 10 só seria relativo à matéria de fato e não de Direito. A decisão está equivocada, o art. 10 sujeita-se a matérias de fato e de direito. No Estado Constitucional, não basta a decisão correta, é necessária a explicação ao cidadão da decisão. (b) Na fundamentação é necessária a resolução de questões. Segundo Carnelutti, questão é um ponto controvertido da lide, em relação ao qual há um conflito. Todo o conflito social segundo C., é formado por várias questões, que constituem a lide. Algumas questões são relativas à matéria fática e algumas são relativas à matéria de Direito. É necessária a resolução das questões suscitadas pelas partes e as questões de ofício. (c) O juiz, em sua fundamentação, estabelece dois discursos, ideia trabalhada por M. Taruffo e D. Mitidiero. Há duas camadas: a primeira se dirige às partes - constrói-se um discurso que explica às partes a decisão, é a função endoprocessual da fundamentação; a segunda camada é o discurso extraprocessual, que se dirige não apenas às partes, mas à sociedade como um todo. Esse segundo discurso tem a ver com o precedente e com a interpretação do direito. O STF e o STJ são tribunais encarregados de interpretar a norma jurídica. Isso é particularmente visível nas decisões do STJ, originadas dos julgados de Recursos Repetitivos. Um exemplo muito simples é a cobrança da comissão de corretagem, que está afetada para julgamento no STJ.Uma segunda interpretação refere-se à sinalização efetuada pelo STF e pelo STJ acerca da melhor maneira de se interpretar a norma jurídica, o que simboliza a isonomia. São verdadeiros faróis que mostram formas de interpretar o ordenamento. (d) Em um Estado Democrático, a fundamentação necessita ser minimamente racional. Seria suscitar a neutralidade e a imparcialidade. O juiz não é neutro, mas deve ser imparcial. Exige-se que o juiz demonstre racionalmente suas escolhas. O juiz é movido por razões que transcendem o Direito, mas no momento de fundamentar a decisão é imperiosa a apresentação de motivação racional, o que permite o controle das partes sobre a decisão do juiz, além do controle social. (e) Em um conjunto, o dever de fundamentação não parece muito popular no poder judiciário e não tem recebido a devida atenção pelos juízes. Pode-se creditar essa lacuna ao excesso de trabalho e a certas facilidades (copiar-colar) técnologicas. A motivação é a última etapa do contraditório. O código novo parte dessa constatação: o judiciário brasileiro não tem levado a sério esse dever de motivação. Não apenas em sentença, mas também em decisões interlocutórias ('presentes/ausentes os requisitos legais, defiro/indefiro a medida'). A Constituição Federal, em seu art. 93, IX, disciplina que as decisões serão fundamentadas, sob pena de nulidade. Parte-se sempre da Constituição Federal, dos direitos fundamentais processuais constitucional. A Constituição estabelece um padrão elevado, em que o juiz é obrigado a fundamentar TODAS as suas contradições como um imperativo democrático. O CPC vem portanto no intento de densificar o mandado constitucional, resolve elevar o padrão e reagir à realidade, tendo aproximá-la do que a Constituição prevê. Fala-se, a partir de então, de fundamentação analítica. O art. 489 § 1º não surpreende, ele é óbvio, poder-se-ia facilmente deduzi-lo da própria Constituição Federal. O novo CPC tentou elevar o padrão e o faz de maneira interessante, elencando as situações em que não considera que as decisões estejam fundamentadas, trazendo uma lista (exemplificativa, não exaustiva) de casos em que as decisões não atendem ao padrão constitucional. FPPC (Fórum Permanente de Processualistas Civis) - houve várias discussões acerca desse artigo (489 § 1º). O fórum vai editando enunciados de aplicação. Enunciado nº 303: trata-se de uma lista explicativa. Enunciado nº 309: o dever de fundamentação analítica também é aplicável ao JEC. Não basta reproduzir o artigo de lei ou indicá-lo. A expressão 'paráfrase' igualmente - dizer a mesma coisa com outras palavras - aquilo que está colocado na lei. O texto da lei não é direito, é uma mera fonte de direito. Não se pode confundir texto e norma. Copia-se o texto, não a norma. É necessário interpretar essas palavras, demonstrar sua articulação com o caso concreto. Atualmente, é necessário atribuir o significad das palavras do texto da lei e sua concretização no caso específico. Interpretar é atribuir significado, não redizer com outras palavras. O inciso segundo faz referência ao conceito jurídico indeterminado - expressão vaga que aparece na hipótese jurídica da norma - suporte fático, hipótese de incidência etc. Esse inciso, portanto, exige que se dê conteúdo ao conceitoindeterminado, é necessário dizer seu entendimento, sua concretização ao caso analisado. Por exemplo, o art. 6 traz o conceito de 'tempo razoável' - para concretizá-lo é necessário que o juiz exponha seu entendimento sobre o significado de tempo razoável. Outro expemplo, o art. 8, tem-se a expressão 'bem comum', que, de igual forma, exige interpretação e conteúdo. Trabalhar com conceitos indeterminados exige precisa interpretação, e explicação de como tal conceito se traduz ou se realiza no caso concreto. O inciso II também é aplicável à cláusula geral. A cláusula geral não é um tipo de norma, é uma forma de redigir o texto normativo duplamente vago, e se diferencia do conceito indeterminado. Na cláusula geral tem-se uma dupla vagueza: na hipótese e na consequência. Portanto, seguindo o exemplo, o próprio texto do art. 6 tem sido uma cláusula geral. Primeiramente, não se sabe o que é colaborar e o art. tampouco diz o que acontece caso não haja a colaboração. A norma é um enunciado lógico. Duas classes principais: as regras (o que se deve fazer) e os princípios, (normas que positivam um valor). A norma é um juizo lógico. A cláusula geral é uma redação de texto normativo, as cláusulas gerais se distinguem da técnica de definição casuística. Geralmente, a partir da cláusula geral, extrai-se um princípio. Inciso IV - muito importante*. Faz mais clara referência ao direito fundamental ao contraditório. Se o juiz ignora a manifestação, o contraditório seria absolutamente vão, vazio. A necessidade de motivar a decisão deve ser entendida como um princípio, não uma regra. É necessário compatibilizar a fundamentação com o direito fundamental ao contraditório. A grande questão é pensar nos limites da fundamentação analítica, e quais argumentos são necessários fundamentar. O código parece conferir um certo critério "capazes de em tese infirmar a conclusão". Portanto, tem- se de enfrentar o argumento da parte que perde. O conceito de argumento - tradicionalmente, a doutrina e a jurisprudência brasileiras fazem a distinção entre argumento e fundamento. Fundamento são as questões de fato e de direito submetidas pelas partes. Argumentos são reforços retóricos construídos para justificar o fundamento. Por exemplo, a prescrição quinquenal é um fundamento, e o argumento para que se acolha a pretensão é, por exemplo, um artigo de lei. O juiz deve analisar o fundamento, o que não significa que a atividade de julgar se resuma aos argumentos retóricos (artigos de lei, doutrinas etc.). Portanto, o que deve ser apreciado são os fundamentos e não necessariamente todos os argumentos. Incisos V e VI - precedentes. O código geralmente menciona precedentes, súmulas e jurisprudências. O inciso V trata da hipótese em que o juíz quer seguir o precedente ou a súmula do tribunal superior, não bastando invocar o precedente. É necessário identificar o argumento central/determinante empregado para julgar o precedente. Também é necessário demonstrar que o caso emprestado se adequa ao concreto. O precedente é UMA decisão que parte de UM caso concreto. No mínimo, portanto, o magistrado deve demonstrar em que o caso em questão se assemelha ao caso apreciado no precedente. Por sua vez, o inc. VI trata da situação em que o juiz deixa de aplicar a súmula, dizendo que tal decisão padece de fundamentação. É um dos dispositivos do código que talvez introduza a ideia do precedente obrigatório. Para não seguir o precedente, entre outros fatores, é necessário realizar uma distinção entre o caso concreto e o caso que gerou o precedente. Isso se chama técnica da distinção. Um outro caminho para não seguir o precedente é demonstrar que aquele entendimento já foi superado. O código efetivamente coloca um padrão muito elevado. Também há a situação em que o juiz só analisa as provas de amparo ao vencedor. Se considera não fundamentada. Igualmente, há a sentença com fundamentação per relationem, é a fundamentação que faz referência a outra decisão, ou seja, a adoção de fundamentação criada para um caso distinto. É muito comum. Não poucas vezes vê-se cópia de trecho da manifestação do MP. 1.2.3. Dispositivo (a) Noção Nada mais é do que a conclusão. É necessário acolher ou rejeitar os pedidos. Frequentemente encontra-se parte do dispositivo na fundamentação. Por exemplo, quando o juiz insere "ante o exposto, rejeito/acolho" no corpo do acórdão. A palavra 'principais' relaciona-se à questão da eficácia preclusiva da coisa julgada material. Isso aparece no art. 503. (b) Capítulos de sentença Cândido Rangel Dinamarco tem um livro intitulado "Capítulos de Sentença". Esse autor, com base nos autores italianos, define capítulos de sentença como unidades decisórias autônomas em que pode ser decomposto o dispositivo da sentença. Tem-se o capítulo relativo ao dano material e o capítulo relativo ao dano moral. Ofensas pessoais, por exemplo, ensejam o dano moral. O fato de reconhecer um deles não necessariamente significa que se tenha que reconhecer o outro. Outro exemplo: pode-se identificar o capítulo principal da sentença - o dispositivo, mas também é necessário lembrar a existência de capítulos acessórios, relativos a custas e honorários. Esses capítulos se referem tanto à ação como à reconvenção. O novo CPC consagrou expressamente a ideia de que a sentença tem capítulos. O art. 966, por exemplo, relativo à ação rescisória. O § 3º diz que a ação rescisória pode ter por objeto apenas um capítulo da decisão. Outro exemplo é o art. 1.1013, referente ao capítulo impugnado. Ter-se-á a devolução parcial do recurso de apelação. O novo código exige que o apelante se oponha especificamente, ponto a ponto ao que ele discorda. 1.2.4. Outros requisitos - art. 205. (a) Data (b) Assinatura Há a assinatura física e a eletrônica. Ambas são aceitas. A assinatura confere autenticidade aos atos do magistrado. A assinatura tem sido identificada como elemento de existência do ato sentencial, juntamente com o dispositivo. De todos os vícios da sentença, talvez a ausência de assinatura seja o mais fácil de corrigir. Não é necessário anular a sentença: é muito simples - não se pode anular algo que não existe. Basta que a sentença seja remetida para que ele corrija o vício. (c) Ementa Acórdãos e decisões monocráticas devem conter a ementa. A ementa é um resumo daquilo que foi analisado no acórdão. 1.2.5. Existência e Validade da Sentença Existir significa que o ato reune condições minimas para ser reconhecido e identificado como um ato do processo. O que, de fato, é essencial para que se possa eftuar esse reconhecimento é o dispositivo e a assinatura. Se o ato do juiz não tem dispositivo, significa que não houve conclusão, que é somente uma divagação. Portanto, deve-se identificar o núcleo básico no dispositivo em que o juiz está respondendo à demanda das partes. Há uma polêmica na doutrina mundial a respeito da fundamentação. É um requisito de existência da sentença? M. Taruffo sustenta que a fundamentação é um requisito de existência da sentença judicial. Não se reconheceria como sentença, de acordo com essa tese, um ato desprovido de motivação. O art. 93, IX da Constituição estabelece, no entanto, que a sentença sem fundamentos é apenas nula, e não inexistente. A conclusão no direito brasileiro, portanto, é de que a sentença seria apenas inválida. Portanto, a fundamentação constitui requisito de validade da sentença. A validade é a completude daquilo que existe. Para que a sentença possa ser considerada completa, é necessário também o relatório. Portanto, dispositivo e assinaturatêm a ver com a existência. E o relatório e a fundamentação têm a ver com a validade. 1.3. Dever (Regra) de Congruência (a) Noção A sentença precisa guardar mínima relação com o mundo dos fatos. Por isso tem-se provas típicas e atípicas. Há toda uma preocupação com o problema da verdade no processo. Poder-se-ia também dizer que a sentença deve ser congruente com o ordenamento jurídico. A lei é apenas uma fonte do Direito. Quando se fala em congruência, está-se pensando em uma ideia distinta, que será construída a partir do art. 141 e do art. 492 do CPC. Fala-se em doutrina de coerência externa: a coerência da sentença em relação a algo que está fora da própria sentença - é a congruência com os elementos objetivos da demanda, exteriores à própria decisão. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes (Princípio da Demanda). A noção de congruência, portanto, é de que a sentença deve ser coerente com os limites da demanda, não apenas com os limites subjetivos, mas igualmente com os limites objetivos da demanda. A violação de tais limites extrapolaria a iniciativa e os direitos do cidadão. (b) Defeitos - Sentença: I. extra petita; II. Ultra petita; III. citra petita É fundamental que se conheça dos três principais defeitos da sentença do ponto de vista do dever de congruência. JJ. Calmon da Passos "Esboço de uma Teoria das Nulidades". Na conclusão desse livro tem-se basicamente a fonte do que se passará a abordar. I. Tem-se três situações. De um lado, uma sentença viciada que não respeitou o dever de congruência, é a extra petita - o pedido é apenas um dos elementos da demanda. Há a questão do pedido, a questão das partes e a questão das razões de decidir. Fora do pedido significa que a sentença concedeu uma providência não postulada. Isso se liga ao tema da eficácia da sentença. A sentença, nesse caso, julga fora dos limites do pedido. O princípio da congruência impede o juiz de analisar pretensão não posta. Exemplo: (1) pedido de mera declaração da existência da relação jurídica, ao passo que o juiz, para além de reconhecer, já condena à prestação; (2) postula-se danos morais (ofensa aos direitos da personalidade), ao passo que o juiz concede danos materiais (não postulados); (3) o juiz de família, ao invés de julgar o divórcio, decreta a falência. Na vida real, costuma-se ver a sentença parcialmente extra petita: sentença que analisa aquilo que foi postulado e também pretensão fora dos limites do pedido. Deve-se reconhecer na sentença extra petita o vício da nulidade? No processo, nulidade significa um defeito relevante, ou seja, o ato processual é atingido por defeito relevante. A nulidade deve ser decretada pelo juiz. Para retirar o ato processual do mundo jurídico, é necessária a decisão do juiz. Para o defeito ser relevante é necessário que haja prejuízo ou vício. A sentença extra petita deve necessariamente ser anulada? Normalmente, o Tribunal não precisará desconstuir toda a sentença, bastando eliminar as providências que transbordam do pedido. De modo geral, portanto, não há necessidade de anular toda sentença. Basta cassar a parte da sentença que extrapola a pretensão. Só é necessária a desconstituição se ela for completamente extra petita. Nesse caso, o juiz desrespeita o chamado "pedido imediato". O pedido imediato significa a providência jurisdicional postulada (são cinco tipos de providência). A providência é a tutela jurisdicional pretendida. Diante da constatação do vício da extrapetição, deverá o Tribunal desconstituir a decisão. É necessário analisar se além de desconstituir a decisão, seria também caso de determinar o retorno dos autos ao primeiro grau. Não necessariamente o Tribunal deverá remeter o processo ao primeiro grau. Se a causa estiver madura para julgamento, não apenas nessa situação, mas em outras, deverá o tribunal, desde logo, julgar a causa. Isso aparece no art. 1.013 § 3º. *Causa madura: todas as provas que deveriam ter sido produzidas, já o foram. Também, aqui, deve-se observar se foi oportunizado às partes o direito ao contraditório. Sempre que possível, o Tribunal julgará a causa, mesmo que anule a sentença. As provas possíveis de serem produzidas no segundo grau, assim o devem ser. II. A expressão ultrapetita significa, literalmente, além do pedido. Aqui diz respeito ao pedido mediato (o bem pretendido, por exemplo, uma quantidade de dinheiro a ser paga). Aqui refere-se a um excesso no que se refere às quantidades. O juiz condenou à tutela que havia sido postulada, mas não respeitou o limite da petição inicial: o juiz não pode conceder mais do que foi postulado. Quem circunscreve os limites da cognição judicial é a parte. Portanto, a decisão ultrapetita traz um excesso na esfera quantitativa. *Caso do dano moral: anteriormente, entendia-se que o dano moral expresso na inicial era meramente quantitativo, indicativo. Objetivamente, como não se tinha lei estabelecendo critério para a quantificação do dano moral, o juiz podia conceder mais do que foi postulado. Atualmente, o art. 292, V do novo CPC dá critérios para que se atribua o valor da causa, inclusive em ações indenizatórias. Portanto, entende-se que não se pode mais deixar ao juiz tal artbitramento. Possivelmente, a partir dessa nova lógica, não se permitirá mais que o juiz extrapole esse limite. Solução, segundo Calmon, basta afastar o excesso, readequando o comando sentencial ao pedido. Basta cassar o excesso. III. Pode também ser chama a decisão citrapetita de infrapetita. Aqui, tem-se um vício no sentido de que a decisão omite-se ao julgamento de um dos pedidos ou de uma parcela do pedido. É o esquecimento de apreciar o pedido, não o indeferimento. Por exemplo: pede-se danos materiais e morais e o juiz aprecia apenas a questão relativa aos danos morais. É a falta de esgotamento da prestação jurisidicional, diferentemente da procedência parcial da demanda. No último caso, o juiz examinou tudo, mas chegou à conclusão de que a parte não faz jus à totalidade do pedido. A decisão que deixa de analisar determinado pedido por omissão é a citrapetita. O erro do juiz é formal, é um vício de atividade, erro de procedimento, bem como a extrapetita. O art. 1.013 § 3º, III diz que o tribunal, ao constatar omissão de apreciação do pedido, poderá julgado, desde que a causa esteja madura. A causa madura, conforme dito, tem a ver com o contraditório e com as provas. Citra significa "aquém". Não necessariamente precisar-se-á dirigir recurso à Instância Superior. A decisão citrapetita é a incompleta - omissa. O saneamento desse vício pode fazer-se por embargos de declaração, art. 1.022 § 2º. Há dois caminhos: os embargos de declaração à própria instância ou apelação. De regra, basta que a sentença citrapetita seja complementada, desde que a causa esteja madura para julgar. 2. Classificação das Sentenças 2.1. Quanto ao exame do mérito O mérito pode ser pensado como o merecimento do direito pleiteado. Ao examinar o mérito, o juiz efetivamente investiga se o demandante merece ou não o direito postulado. O mérito está vinculado ao conflito apresentado ao juiz. O juiz resolve o mérito quando ele se pronuncia sobre o conflito de interesses exposto na exordial (lide). Existem questões prévias que o juiz deve resolver e que comprometem o exame da lide. Tradicionalmente no Brasil, a doutrina de inspiração italiana considera que o juiz examina um trinômio de questões: os pressupostos processuais, as condições da ação e o mérito. Os pressupostos são requisitos de constituição e desenvolvimento válido da relação jurídica entre autor-juiz-réu. É tambémtradicional a consideração às condições da ação, segundo E. Tullio Liebman que dá origem à escola de S. Paulo, que diz que o direito de ação significa o direito ao julgamento do mérito. A possibilidade jurídica do pedido, a admissibilidade em tese do direito pleiteado, a legitimidade das partes (coincidência entre autor e réu), interesse jurídico (conjugação entre necessidade de recorrer ao poder judiciário e a utilidade da providência pleiteada). A utilidade se refere à providência jurisdicional pleiteada, ou seja, ao pedido. A utilidade poderia ser entendida como possibilidade de melhora na situação jurídica do autor. Estando presentes as condições da ação, o juiz analisa o mérito da ação. O Novo CPC não faz mais referência à categoria das condições da ação. Portanto, há uma segunda maneira de ver o assunto, como a visão de Didier, segundo a qual o Novo CPC acaba tratando do interesse e da legitimidade em preliminar ao mérito da ação. Assim, o CPC não faz referência às condições, mas adota a teoria de um binômio: pressupostos de um lado e mérito do outro. O art. 485, VI, não faz mais referência à possibilidade jurídica do pedido. O Código entende a possibilidade jurídica como mérito. Hoje, a possibilidade jurídica passa a ser incluída no mérito. O juiz proferirá decisão apta à coisa julgada material. a) Sentenças Terminativas (art. 485) A ideia é que o art. 485 reune todas as hipóteses de impossibilidade de exame do mérito. Autores mais atuais disciplinam que isso possui um novo significado: é central a ideia de tutela de direito. O art. 485 encerra a relação processual sem tutelar qualquer direito das partes. Portanto, aqui, as hipóteses não amparam definitivamente o interesse de nenhuma delas. Aqui, há uma coletânea de 10 incisos em que não se conhece tutela de direito. As situações do art. 485 não dão ao réu vitória definitiva. O autor perde e o réu também. Inc. I - Indeferimento da petição inicial quando ela não reúne condições mínimas de ser julgada. O art. 485 § 1 relaciona-se ao 330. Aparece no novo código a possibilidad de indeferimento parcial da petição inicial. O inc. II faz referência à negligência bilateral das partes, à falta de interesse no prosseguimento do feito. O inc. III diz respeito ao abandono da causa, que é uma omissão unilateral praticada pelo autor (ex: juntar documento para viabilizar citação do réu). Ver § 6º do art. 485. Em relação a esses dois incisos, é fundamental o que consta do § 1º - só se pode reconhecer os arts. II e III quando a pessoa for intimada a cumprir a providência. Não basta a negligência, é necessário que a parte tenha sido intimada pessoalmente para praticar o ato. É necessário que a parte e não apenas seu advogado seja intimada. O inciso IV trata genericamente dos pressupostos processuais. Alguns pressupostos processuais são: a competência internacional, a competência interna (absoluta, relativa), a capacidade de ser parte (personalidade processual). Na sequência, inc. V, faz referência a três pressupostos processuais negativos: perempção (perrda do direito de ação em virtude do abandono da causa pelo autor por três vezes - art. 486 § 3º) a perempção é um fenômeno processual, o autor continua titular do direito subjetivo material e poderá alegar esse direito como matéria de defesa, mas não como direito ativo, litispendência (tramitação simultânea de duas ou mais demandas idênticas - mesmo pedido, mesmas partes e mesma causa de pedir) e coisa julgada (uma das demandas idênticas já foi apreciada por decisão da qual não cabe recurso). O inc. VII faz referência à convenção de arbitragem quando o juizo arbitral reconhecer sua competência (se a cláusula compromissória - por meio da qual as partes assumem compromisso de se submeter ao árbitro) - o CPC opta por reforçar o instituto da arbitragem. Para o novo CPC, arbitragem é jurisdição - ele promove a arbitragem para meio de resolução de conflitos (ADR). Não faria qualquer sentido a existência de dois processos simultâneos (judicial e arbitral). Lei 9.307 - lei da arbitragem. O inc. VIII faz referência à desistência da ação - manifestação de vontade no sentido de que o processo não deve continuar. Todavia, a pessoa não renuncia ao direito subjetivo (a renúncia aparece no 487 e implica na resolução do mérito). A desistência da ação deixa incólume o Direito Subjetivo. Sobre desistência da ação, há as regras dos §§ 4º e 5º do CPC. A desistência da ação, enquanto não for oferecida a contestação, é unilateral. Após o oferecimento da contestação, ainda é possível a desistência da ação, desde que o réu concorde. O código traça limite para a desistência da ação: até que sobrevenha a decisão. A desistência só é eficaz quando homologada pelo juiz. A desistência é um dos poderes especiais, que precisam estar expressos na procuração. O inc. IX - quando a demanda for intransmissível, há extinção do processo se o autor morrer. Se a demanda for transmissível, a demanda continua, devendo ser protocolada a sucessão. Ex. de intransmissibilidade: ação de divórcio. As sentenças terminativas não solucionam efetivamente o conflito de interesses expresso na inicial. As sentenças terminativas também não impedem a propositura de nova ação contra o mesmo réu e com mesma causa de pedir. O novo CPC passa a trabalhar no art. 486 com a ideia de correção de vícios, elencados no § 1º. Porém, o § 1º elenca cinco situações em que a parte precisa, para promover nova ação, corrigir o "vício". As sentenças terminativas são caracterizadas pela falta de prestação de tutela e têm como traço comum a inexistência de coisa julgada. b) Sentenças Definitivas (art. 487) Situações em que a lei considera existente a resolução do mérito da causa. Só haveria tutela do Direito, portanto, nas situações elencadas no art. 487 do Código. A sentença que acolhe o pedido é de procedência da demanda: resolução de mérito favorável ao direito do autor. O juiz julgou o Direito do autor integralmente existente. A sentença que rejeita o pedido do autor é de improcedência da demanda. O termo improcedência significa julgamento de mérito desfavorável ao autor. O juiz ampara o interesse do réu. São diferentes a sentença que extingue o processo e a sentença de improcedência. O autor não é a única entidade que demanda no processo. O réu tem direito à reconvenção. A reconvenção é o nome técnico da demanda movida pelo autor no mesmo processo. O CPC permite que se veícule essa demanda dentro da própria contestação. Se há reconvenção, o juiz pode julgá- la improcedente, o que significa orientar a conclusão a favor do autor originário. Na reconvenção fala-se em reconvindo e reconvinte. A parcial procedência, elemento faltante do artigo, também é possibilidade. O inciso II trata de prescrição e decadência como questões de mérito. Reconhecer a ocorrência de qualquer desses fenômenos conduz a decisão de mérito. A decadência extingue o Direito Potestativo (Direito de pedir). A prescrição não extingue nada. De acordo com P. Miranda, a prescrição é um simples encobrimento da eficácia da pretensão (Direito de ver cumprido seu direito). A prescrição afeta a exigibilidade do cumprimento do Direito Potestativo. Ver texto de Agnello Amorim Filho sobre Prescrição e Decadência. Distingue-se a desistência do direito da renúncia da ação. Distingue-se também as transações, concessões com o intuito de colocar fim ao conflito de interesses. 2.2. Quanto ao julgamento a) Sentenças de Mérito ("definitivas") - julgamento Classificação que só faz sentido no âmbito das sentenças "definitivas" (deve ser compreendida em oposição às terminativas). Pode-se diferencias duas situações:de um lado as sentenças que implicam julgamento efetivo em relação à demanda promovida pelo autor. Julgamento significa que o poder judiciário irá compor o conflito emitindo posicionamento em relação ao pedido do autor. No julgamento, pressupõe-se uma posição do juiz e ele realizará a composição do mérito. Aqui tem-se uma heterocomposição. São as hipóteses dos incisos I e II. b) Sentenças Homologatórias - resolução - ato das partes Não acontecem julgamento em todas as situações elencadas no art. 487, no in. III, por exemplo, em que o juiz se limita a homologar a convenção das partes. O CPC manteve essa linguagem acerca da resolução do mérito porque o juiz não vai efetivamente compor, mas prestar validade a um ato convencionado pelas partes. No inc. III existe autocomposição. Três situações: 1) quando o juiz homologa o ato da parte que reconhece a procedência do pedido formulado na ação e na reconvenção. a situação do 487, III, a, consiste em ato praticado pelo réu, submetendo-se ao interesse do autor, reconhecendo a procedência da demanda movida pelo autor. O reconhecimento jurídico do pedido significa que o réu está sacrificando de modo unilateral seu interesse em benefício do autor. Na letra c, há o contrário, o Código fala em renúncia da pretensão pelo autor. Portanto, renúncia e reconhecimento jurídico do pedido são parecidos. São atos unilaterais segundo os quais as partes renunciam ao seu interesse em prol da outra. A situação da letra b pressupõe comportamento bilateral - transação na qual as partes realizam concessões mútuas. Para haver transação é necessário que ambas as partes sacrifiquem seu interesse. Quanto à renúncia (inc. III): não cabe ao juiz examinar se a renúncia está correta. O que o juiz faz é um controle meramente formal do ato praticado pela parte. Na prática, além do caráter disponível do Direito, o juiz deverá verificar a existência de poderes dos advogados que peticionaram desistindo, reconvencionando etc. O juiz deverá proferir sentença (que não emite juízo de valor), mas que é capaz de colocar fim ao processo resolvendo-o sem julgar efetivamente o conflito. É com base na autocomposição das partes. 2.3. Quanto à suficiência para satisfazer o Direito Subjetivo A sentença sozinha, independentemente de outras operações do poder judiciário, é capaz de satisfazer o Direito postulado? a) Autossuficientes/ autossatisfativas Diferenciação básica que se vê em Marinoni, Arenhart e Mitidiero. São as sentenças que, por si só, são capazes de tutelar ou satisfazer o Direito Subjetivo. Essas sentenças, portanto, não dependem de execução ou de qualquer operação do judiciário após o trânsito em julgado. Exemplo: sentenças declaratórias e constitutivas. A sentença declaratória tem como objetivo esclarecer uma situação jurídica duvidosa. Por exemplo: IR sobre bolsa de estudos - postula a declaração sobre ausência ou existência de incidência de IR sobre bolsa de estudo. A declaração é contida inteiramente na sentença. A declaração constitui certeza jurídica. Uma sentença declaratória, segundo P. Miranda poderia satisfazer aspectos secundários. As sentenças constitutivas estabelecem alteração no mundo jurídico, à exemplo da sentença de divórcio. A averbação da sentença em cartório é uma mera publicização do ato. Não é execução da sentença! b) Não autossuficientes/ heterossatisfativas São sentenças incapazes de se autossatisfazerem. Por exemplo, ação de penhora. Se referem a situações em que se postula a tutela do Direito a uma prestação. Caracterizam-se em três prestações possíveis: a de entregar coisa (por exemplo: devolver imóvel alugado - essa obrigação deve-se materializar no mundo dos fatos). A sentença que tutela obrigação de entregar coisa é uma sentença executiva (sentença executiva = entregar coisa), na tradição de P. Miranda - a própria sentença já abre caminho para posterior tutela de entregar coisa - ela contém o comando que deve ser materializado no mundo dos fatos. A prestação ao pagamento de quantia. Há sentenças que impõem o pagamento de uma quantia em dinheiro. Esse segundo tipo de sentença também recebe um nome: a sentença condenatória (condenação = pagamento de quantia). A sentença condenatória não executa, é necessário posteriormente pedir sua execução. Esses dois exemplos referem-se a sentenças incompletas, que dependem de ato posterior ao seu trânsito em julgado. A sentença executiva estabelece um comando. A sentença condenatória se refere à obrigação de pagar quantia em dinheiro, ela não é autoexecutável (arts. 513 e 523 - exigem que o autor peça a execução da sentença condenatória). A prestação consistente em fazer e não fazer. Pressupõe-se algo que o indivíduo deva realizar (exemplo: projeto arquitetônico, buffet etc). Há um critério: quando é necessário preparar a coisa e depois entregá-la, considera-se obrigação de fazer. Há também as obrigações de não fazer, que são funtamentalmente obrigações de abstenção (por exemplo: não divulgar segredo de fórmula química industrial). A sentença pode determinar que o indivíduo faça ou deixe de fazer algo. Há meios de coerção indireta, meios de intimidação que movam a vontade do indivíduo no sentido de fazer ou não fazer. Há por exemplo astreintes (multa coercitiva), prisão civil (prisão alimentícia). Essa sentença, segundo P. de Miranda, intitula-se de Sentença Mandamental. 2.4. Eficacial *Bibliografia: Carlos. A. De Oliveira - Teoria e Prática da Tutela Jurisdicional e Pontes de Miranda - Tratado das Ações 2.4.1. Premissas Esta classificação se deve a Pontes de Miranda. a) Conceito de Eficácia Eficácia consiste, na primeira aproximação, na aptidão para produção de efeitos. Portanto, quando se fala em eficácia, está-se referindo à mera aptidão à produção de efeitos, à possibilidade de produzi-los. Eficácia não é o mesmo que efeito, é apenas a possibilidade de sua geração. Eficácia da sentença consiste em uma unidade de sentido que se encontra no dispositivo sentencial. Designa um peculiar verbo que o juiz emprega no Dispositivo de sentença. Em um segundo momento, o termo eficácia caracteriza o núcleo de significado que o juiz proferirá (exemplo: resolver o contrato, condenar o réu, decretar o despejo, determinar a reintegração etc.). Nesse verbo se encontra, portanto, a possibilidade de modificação no mundo fático ou jurídico. Eficácia se refere, portanto, a um verbo apto a provocar mudanças no mundo fático ou jurídico. Esses efeitos podem ser fáticos ou jurídicos, segundo P. Miranda. Na sentença que julga a ação de despejo, por exemplo, o juiz modifica o mundo dos fatos pelo verbo "decretar o despejo". No mundo jurídico, por exemplo, teríamos o exemplo de eficácia declaratória, à exemplo da declaração de existência de um contrato. Classifica-se a sentença de acordo com o verbo mais relevante dentro daquele tipo de sentença. Não se pode confundir eficácia com efeito, na medida em que a eficácia apenas enseja a possibilidade de produção desses efeitos, ao passo que pode não se realizar. O efeito nem sempre acontecerá. b) Tese (Pontes de Miranda) Nenhuma ação ou sentença é pura. Quando se fala em sentença declaratória, por exemplo, não cabe imaginar que ela se limita a produzir uma declaração. A tese, portanto, é de que as sentenças possuem múltipla eficácia, múltiplos núcleos de sentido. Há cinco eficácias principais. Todas as sentenças são formadas em grau maior ou menor por esses verbos. São cinco elementos ou átomos com os quais se cria todas as sentenças possíveis e imagináveis. São: a eficácia declaratória, a eficáciaconstitutiva, a eficácia condenatória, a eficácia mandamental e a eficácia executiva. Declarar significa conferir certeza, esclarecer. No fundo, toda sentença declara porque alguma coisa ela esclarece. Toda sentença torna claro o que não era claro antes dela. De alguma forma, a declaração está ligada à segurança jurídica. Constituir significa alterar algum elemento no mundo do Direito - modificação jurídica. Toda sentença mudará algo no mundo jurídico. Toda sentença constitui a si mesma. Condenar, na linguagem de Pontes, significa, basicamente, como reprovar um comportamento ou a conduta de um indivíduo. Toda sentença condena o vencido, por exemplo, a pagar custas e honorários. Mandar (a palavra mandamental é inventada por P. Miranda) significa uma ordem ou comando para que alguém faça ou deixe de fazer algo. Toda sentença manda ou ordena. Pontes diz que o juiz, no mínimo, manda, por exemplo, publicar, registrar ou intimar (PRI - Publique-se, registre-se e intime-se). Executar significa transferir um valor (dinheiro, coisa, bem) da esfera do autor para a esfera do réu. A eficácia executiva implica na transferência de valor na esfera do réu para a esfera jurídica do autor. Pontes acertou quando diz que a sentença desempenha múltiplas eficácias. Por exemplo, a sentença que declara a inexistência de débito tributário condena o vencido a pagar custas e honorários, a sentença de despejo reconhece o descumprimento do contrato, coloca um fim na relação locatícia, decreta o despejo e condena o perdedor a pagar custas e honorários. Pontes parece ter se excedido quando diz que teremos sempre ao mesmo tempo as cinco eficácias em uma sentença. O que parece ser verdadeiro é a ideia de que a sentença não é pura e dentro dela convivem múltiplas eficácias. c) Desenvolvimento (Força, eficácia imediata, eficácia mediata, eficácia mínima) Pontes entendem que os verbos não exercem todos a mesma importância e estabelece uma escala descendente de relevância, do verbo mais pesado aos mais fracos. A sentença funciona como uma estante (formada por prateleiras). A sentença é como se fosse uma estante formada por cinco prateleiras: toda sentença tem cinco níveis de eficácia, que podem ser ordenados do mais relevante ao mais fraco. Pode-se explicar por meio de termos ou de números. Para P. Miranda, o verbo mais importante e mais pesado dá a classe a que pertence a sentença. Esse verbo significa a força, a eficácia preponderante, o verbo mais importante. A sentença declaratória, portanto, é aquela em que a declaração seja o verbo mais importante. O número da eficácia preponderante seria, portanto, o 5. Na sentença declaratória, a força recai sobre o verbo 'declarar'. A eficácia que vem logo em seguida é a imediata, a segunda prateleira. Aqui, P. Miranda diz que não é necessário fazer pedido posterior, a eficácia é exercida naturalmente sem que seja interposto novo pedido após o trânsito em julgado. Chama-se essa segunda eficácia de imediata, e ela não precisa ser requerida após o trânsito em julgado, será exercida naturalmente. É o número 4. Um terceiro verbo em ordem de grandeza, é a eficácia mediata. Quando o verbo ocupa a posição de eficácia mediata, será necessário requerer a efetivação após o trãnsito em julgado (hoje, por exemplo, isso ocorre com a eficácia executiva dentro da sentença condenatória, pelo art. 513 - é necessário requerer a execução). Aqui, há o número 3. Há as eficácias mínimas, de números 2 e 1. Não há uma nomenclatura para elas. A Constante 15 é, portanto, a soma da relevância dessas eficácias. Portanto, não há sentenças puras. Nas sentenças convivem múltiplas eficácias. Pode-se classificar as sentenças de acordo com a sua força, sua eficácia preponderante. 2.4.2. Sentença Declaratória - art. 19 CPC a) Noção - exemplos É a sentença cujo escopo, objetivo primordial, é esclarecer uma situação jurídica duvidosa. Declarar é esclarecer, trazer clareza para o que está dúbio. O juiz, ao esclarecer, ao declarar, não cria nada de novo, não extingue nada. Ele apenas afirma, lançando luzes no mundo do direito. Declara-se uma relação jurídica ou um efeito desse relação jurídica, como efeito subjetivo, a obrigação ou a pretensão. O objetivo da ação declaratória é pedir que o juiz esclareça a exitência ou a inexistência de uma relação ou do efeito dessa relação. Às vezes, pede-se que o juiz positivamente declare a existência de um vínculo e em outras, pede-se que o juiz, negativamente, declare a inexistência de um vínculo. Nesse passo, existem as ações declaratórias positivas e negativas. Por exemplo: o juiz pode dirimir uma ação acerca da dubiedade entre doação ou locação de determinado bem. Exemplos negativos: (1) Sentença declaratória negativa: sentença que declara a inexistência de relação jurídica tributária; (2) Sentença de improcedência de mérito: declara que o autor não possui o direito afirmado na petição inicial. - Quando o juiz julga improcedente uma ação declaratória negativa, ele afirma uma relação jurídica positiva. É possível executá-la? Há uma corrente doutrinária que defende que sim. b) Valor O valor preponderante na sentença declaratória é a segurança jurídica. c) Crise O juiz, por meio da sentença declaratória soluciona determinado tipo de "crise de certeza". Existe aqui uma tutela Certificatória, que declara o direito. A sentença declaratória produz a eficácia de preceito. d) Eficácia de Preceito Eficácia de Preceito significa uma ordem para que o vencido se comporte de acordo com aquilo que foi declarado. Exemplo: um indivíduo cobrado por um serviço de telefone celular não contratado. Pede-se o juiz então uma sentença declaratória negativa para certificar que o autor não possui qualquer relação jurídica. Também, pede-se que o autor não seja inscrito no cadastro do banco de devedores. Em uma sentença declaratória negativa por ser encontrada uma ordem, portanto, para que o réu efetue. Estabelece-se multa diária. Muitas vezes, em sentença declaratória, há também a eficácia de preceito (verbo mandar). A ordem é mera decorrência lógica da declaração de inexistência de débito. A eficácia mandamental viria, aqui em segundo nível. e) Declaração de existência de fato (exceção)/norma É possível pedir a declaração de existência de fato ou de incidência de norma? De regra, não. O sistema, regra geral, não permite porque de um único fato poderiam recorrer vários direitos. Não se pode pedir, portanto, à título de exemplo, que o juiz declare a ocorrência de um acidente, porque desse acidente poderiam decorrer várias pretensões, o que impossibilitaria o exercício do direito de defesa. Uma grande exceção seria: há um caso em que ordenamento permite a declaração de um fato (art. 19, inciso II do CPC) - ele permite a declaração de autenticidade ou falsidade de um documento, o que é um fato. Nesse caso, é possível ajuizar ação para que se reconheça a autenticidade ou falsidade desse documento. Quanto à existência de norma, há exceção, a sentença proferida pelo STF e pelo STJ em controle concentrado de constitucionalidade das leis. Em relação à Constituição estadual, por exemplo. O que está em jogo é a produção de uma lei infraconstitucional de acordo com os critérios previstos na Constituição. Por exemplo, quando se ajuiza uma ADIN ou uma ADC, se está pedindo que o STF ou o STJ examine a constitucionalidade de uma norma. É o chamado processo objetivo, está em discussão uma norma. e) A sentença declaratória é autossuficiente ou autossatisfativa. A sentença emsi é capaz de resolver a crise de incerteza. Ou seja, não é necessário executá-la em relação à declaração em si mesma. 2.4.3. Sentença Constitutiva a) Noção, tipos e exemplos É a sentença que vai mudar o mundo do direito. A sentença constitutiva não mudará o mundo dos fatos, mas do direito. Constituir, em processo civil, é efetuar mudança jurídica. O foco da sentença Constitutiva é, portanto, modificar o mundo do Direito. Não se executa a eficácia preponderante, a constitutiva. Tem-se três mudanças passíveis de serem estabelecidas. Constituir significa criar uma nova relação. Tem-se uma sentença constitutiva positiva. O exemplo seria o da sentença procedente proferida na ação investigatória de paternidade: ela cria o vínculo jurídico de filiação. Um segundo tipo de sentença constituva é aquela que altera uma relaçãojá existente. Exemplo: (1) ações renovatórias de contratos de locação - quando a locação é comercial e o contrato é determinado pelo prazo de cinco anos. A lei de locação prestigia o esforço do locatário. Seria por exemplo a sentença que acolhe a pretensão renovatória de locação comercial; (2) Sentença que determina a retificação do registro civil - para o transexual ou para nome vexatório - a sentença constitutiva muda o direito, mas não o fato. Quando a pessoa, no mundo fático (já houve cirurgia de redesignação sexual, por exemplo) já se transformou, é necessário que haja a mudança de nome no mundo jurídico. Por fim, tem-se a constituição no sentido de extinguir uma relação jurídica existente (aqui, tem- se a ação Constitutiva negativa). Exemplo: (1) sentença que resolve o contrato por inadimplemento (devedor não cumpriu a prestação e a prestação não é mais útil ao credor); (2) sentença que decreta o divórcio. Os efeitos dessa deconstituição ou constituição negativa dependem do que está sendo deferido. b) Valor Preponderante O valor preponderante é a segurança jurídica. c) Crise Fala-se, aqui, em "crise de estabilidade das relações jurídicas". A ideia é de que a relação está passando por instabilidade. d) Autossatisfativa - providências registrais Trata-se de sentença autossatisfativa. A alteração da relação jurídica é fornecida pela própria sentença. Essa mudança virá com o trânsito em julgado da decisão. A sentença por si só extinguirá a relação jurídica matrimonial, por exemplo. Consequentemente, não há o que executar quanto à eficácia constitutiva. F. Didier chama atenção para o fato de que as sentenças não são puras, a sentença poderá ter eficácias secundárias. A sentença que resolve o contrato, por exemplo, condenará a parte a restituir. Averbar no registro civil o divórcio ou o registro de mudança de nome, não seria considerado como execução. Didier diz que 'executar é realizar na prática o direito a uma prestação'. Ora, averbar no registro o dispositivo de uma sentença constitutiva não se está própriamente realizando o direito a uma prestação (pagar, fazer/não fazer, entregar). A doutrina diz que essas providências registrais tem como objetivo o de dar publicidade ao comando sentencial. Um último elemento que explica esse efeito autossatisfativo é o Direito Potestativo. A sentença constitutiva tutela o Direito Potestativo - o poder de influenciar de modo unilateral na esfera jurídica de outrem. Por meio de uma única declaração de vontade, consegue-se alterar a esfera jurídica de outro - criando, alterando ou extinguindo uma relação jurídica. A sentença constitutiva existe quando não se consegue tutelar um direito potestativo amigavelmente ou fora do poder judiciário. 2.4.4. Sentença Condenatória a) Noção, exemplos Condenar significa reprovar o comportamento de alguém. A essência da sentença condenatória é o juízo de reprovação. Por meio desta sentença, o juiz certifica que o indivíduo atuou de modo contrário ao ordenamento jurídico (contra Direito). A ideia é de que condenar é mais do que declarar ou constitir. A sentença condenatória realiza um juízo de valor sobre o comportamento de alguém. A sentença condenatória se caracteriza por impor um sofrimento (con demno - com dano). Há uma ideia de retribuição ao sofrimento causado. No Direito Privado, isso se manifesta com o pagamento de uma quantia. A condenação teria esses dois elementos: o juízo de reprovação do comportamento do réu + a imposição jurídica de um sofrimento justo (indenização). Essa condenação se passa no mundo do Direito. A sentença condenatória não é autossuficiente. É preciso trazer isto para o mundo dos fatos. A sentença condenatória não passa de uma reles folha de papel que se terá de executar. Ela constitui o título executivo (um documento que habilita a parte a postular a execução). De todas as sentenças, talvez essa seja a mais fraca. Exemplo: sentença proferida na ação de reparação de danos morais - reprova o comportamento do réu e impõe o pagamento de indenização ao autor. Na sentença condenatória não está em jogo um direito potestativo, mas o direito a uma prestação pecuniária. É o Direito prestacional. São esses direitos que se sujeitam à prescrição. b) Valor Prevalece o valor da segurança jurídica. c) Crise - adimplemento (obrigação de pagar quantia) Essa sentença soluciona a crise de adimplemento ou cumprimento de uma prestação. O devedor tem de prestar. O Estado toma medidas para que isto aconteça. Alvaro de Oliveira relaciona a sentença condenatória com o tipo de obrigação de pagar quantia monetária ($). O réu também pode pagar com os seus bens (bens que lhe pertencem). Condenar envolve o pagamento com bens que pertencem ao devedor, que estão na sua esfera jurídica de modo conforme ao Direito. d) Tutela ressarcitória A sentença condenatória se relaciona ao ressarcimento de dano (tutela ressarcitória ou pecuniária). O ressarcimento que se pensa aqui é pelo equivalente pecuniário, por meio de pagamento de uma quantia. e) heterossatisfativa - executividade extrínseca (meios) É necessário outra operação do juiz após o trânsito em julgado para que a sentença possa se materializar. A sentença condenatória é heterossatisfativa, ela apenas cria condições para a sua satisfação, constitui o título executivo e habilita a parte a pleitear a execução. As outras operações serão realizadas na fase de cumprimento de sentença. É necessário o requerimento do cumprimento de sentença. Quando o processo é arquivado, inicia-se novamente o prazo prescricional. O prazo de prescrição da pretensão executória, regra geral, é o mesmo da pretensão de reconhecimento do Direito. A sentença condenatória não se autoexecuta, não se cumpre sozinha. É necessária nova manifestação de vontade do credor - art. 523. 2.4.5. Sentença Mandamental a) Noção - exemplos P. Miranda diferencia condenação e mandamento. O. Batista: "juiz que condena não ordena e juiz que ordena não condena.". A condenação não é uma ordem para pagamento. Condenar significa apenas impor o pagamento. Mandar significa emitir ordem ou comando por parte do juiz. Mandar singifica colocar nas mãos de outrem (in manum darem). Exemplo: (1) sentença proferida na ação de habeas corpus; (2) sentença proferida na ação de Mandado de Segurança (o mandado é o grande arquétipo da sentença mandamental); (3) Ação de Manutenção de Posse e Interdito Probitório. Em geral: ações voltadas para o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. b) Valor Efetividade. c) Crise - adimplemento (obrigação ou dever de fazer/ não fazer) Exemplo: (1) lavrar certidão negativa de débito, (2) entregarprojeto de reforma de uma casa, (3) não inscrever indivíduo em cadastros de impostos inconstitucionais, (4) não divulgar segredo industrial. Essa sentença pode tutelar deveres de fazer e não fazer nascidos fora do direito das obrigações. art 537 § 5º CPC. d) Tutelas (várias) A sentença mandamental viabiliza a tutela inibitória (tutela que visa impedir a prática, a reiteração ou a continuação de um ato ilícito). Instrumentaliza a tutela de remoção do ilícito. Art. 497 § único. e) Executividade Intrínseca - meios de coerção indireta A sentença mandamental é dotada de executividade intrínseca: não é necessário pedir a mudança no mundo dos fatos. O comando se realiza de ofício, independentemente de um novo requerimento. Há uma vantagem em relação à sentença condenatória - ela mesmo se cumpre, se efetiva por intermédio de meios de coerção indireta. São meios intimidatórios. A multa tem como objetivo intimidar o devedor. Ela vai exercendo pressão sobre a pessoa.
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