Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2º VARA CRIMINAL DA COMARCA.../DO ESTADO XXX Processo nº ... MATEUS, já qualificado nos autos do processo acima indicado, vem na presença de V. Exa, através de seu advogado infra-assinado, conforme poderes conferidos em procuração em anexo, na forma do artigo 396 e 396-A, todos do Código de Processo Penal oferecer a presente RESPOSTA PRELIMINAR Em razão dos seguintes fatos e fundamentos: I- DOS FATOS O acusado foi denunciado pela suposta prática dos crimes previstos no art. 217-A, §1º C/C, art. 234-A , III todos do Código Penal, pois teria constrangido a jovem de nome Maísa a praticar conjunção carnal, em sua residência no mês de agosto de 2016, valendo-se de sua incapacidade de oferecer resistência por ser deficiente mental, fato este que gerou gravidez. II- DO MÉRITO II-A) DA ATIPICIDADE DO FATO No entendimento de Fernando Capez, a tipicidade pode ser entendida como: “um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, de modo que as pessoas sabem que só cometerão algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica à constante do modelo legal.” Desta forma, pode-se inferir, portanto, que o tipo é a fórmula que pertence à lei, enquanto a tipicidade pertence à conduta. Um fato típico é uma conduta humana, por isso prevista na norma penal. Tipicidade é a qualidade que se dá a esse fato. Dito isto, resta claro que o fato, portanto, é atípico, pois a situação em si não está prevista em lei. Ora, o Acusado não sabia que a Querelante era deficiente, inclusive, não constam nos autos qualquer prova de sua debilidade mental. Pelo contrário, o relacionamento e todos os tipos de relações que possuíam eram consentidas e de conhecimento da família do próprio, e justamente por isso não há provas nem de violência nem de grave ameaça. Diante do informado, cai a pretensão do artigo 217-A aplicado ao caso, visto que versa sobre o estupro de vulnerável que possua debilidade mental, o que não é o caso. Devendo o autor ser absolvido sumariamente nos moldes do Art. 397, III, uma vez que o fato narrado evidentemente não constitui crime, não havendo tampouco prova da autoria, ou justa causa. É possível verificar a pretensão indicada através do seguinte julgado: "TJ-SC - Apelação Criminal APR 20130218810 SC 2013.021881-0 (Acórdão) (TJ-SC) Data de publicação: 24/11/2014 Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO. VÍTIMA QUE, POR DEFICIÊNCIA MENTAL, NÃO TEM O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO. CRIME PRATICADO ANTES DO ADVENTO DA LEI N. 12.015 /09. VIOLÊNCIA PRESUMIDA AFASTADA PELA PROVA PERICIAL. CONSENTIMENTO VÁLIDO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO DEVIDA. RECURSO PROVIDO. 1 O delito previsto no art. 217-A , § 1º, do Código Penal exige, ao lado da prática de ato libidinoso, que recaia sobre vítima que, "por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato". Logo, tendo a perícia afastado a vulnerabilidade, deve ser reconhecida a atipicidade da conduta. 2 "É importante ressaltar que não se pode proibir que alguém acometido de uma enfermidade ou deficiência mental tenha uma vida sexual normal, tampouco punir aquele que com ele teve algum tipo de ato sexual consentido. O que a lei proíbe é que se mantenha conjunção carnal ou pratique outro ato libidinoso com alguém que tenha alguma enfermidade ou deficiência mental que não possua o necessário discernimento para a prática do ato sexual" (Rogério Greco, 2014)." II-B) DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA Conforme o STJ a Justa Causa está consubstanciada em três elementos: (1) na tipicidade da conduta, (2) na não incidência de causa de extinção de punibilidade, (3) na presença de indícios de autoria ou de prova de materialidade. No entanto, ainda assim não há a presença da justa causa no caso aplicado pois a conduta é atípica, visto que a menor não é deficiente mental e as relações eram consentidas, conforme previamente narrado. III- DO PEDIDO Isto posto, requer à Vossa Excelência: 1- A absolvição sumária do réu com base no art. 397, III do CPP; 2- Caso V. Exa. rejeite o pedido anterior, deverá rejeitar a Ação Penal na forma do art. 395, III do CPP; 3- A Intimação das testemunhas ao final arroladas para depor em juízo. Neste termos, Pede deferimento LOCAL, DATA ADVOGADO ROL DE TESTEMUNHAS: 1- Olinda (qualificação) 2- Alda (qualificação)
Compartilhar