Buscar

Anestesiologia de cães e gatos - apostila natalini completa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 95 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 95 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 95 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA 
 
 
PROF. DR. CLÁUDIO C. NATALINI 
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (1984), mestrado em 
Cirurgia Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (1991), doutorado (Ph.D.) University of 
Minnesota (2000) e pós-doutorado realizado na Louisiana State University no tema farmacologia e biologia 
molecular. Atualmente é professor adjunto do departamento de farmacologia, da Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul. 
 
 
Esta apostila originou o livro “TEORIA E TÉCNICAS EM ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA” que possui 
como colaboradores Alexandre da Silva Poydoro, Jefferson da Silva Pires, Fábio Futema, Luciana 
Dambrósio Guimarães e Simone Bopp. O livro foi editado pela editora Artmed em 2007. 
 
I - Princípios de Anestesiologia Veterinária 
 
 
Capítulo 1 
 
Introdução à Anestesiologia 
 
 
TERMINOLOGIA UTILIZADA EM ANESTESIOLOGIA: 
 
Anestesiologia 
Termo utilizado para descrever o estudo dos fármacos e técnicas empregadas para 
obtenção do estado anestésico. Deve ser diferenciado de anestesia que significa o ato 
anestésico em si. A anestesiologia veterinária foi criada na Inglaterra em 1846 logo após 
a demonstração do uso do éter em seres humanos pelo dentista Inglês MORTON no 
mesmo ano. Desde então as técnicas e drogas anestésicas utilizadas em animais 
acompanham a evolução da anestesiologia humana. 
 
Anestesia 
Anestesia é a obtenção de um estado reversível de não reconhecimento do 
estímulo doloroso pelo cortex cerebral, podendo ser localizada ou geral com a obtenção 
de inconsciência. Deve ser lembrado que o estado de inconsciência não implica 
obrigatoriamente na ocorrência de anestesia apropriada para determinados procedimentos 
cirúrgicos. É produzida através do uso de fármacos anestésicos que deprimem o sistema 
nervoso central ou periférico. Os fármacos anestésicos desejáveis são aqueles que 
produzem seu efeito farmacológico com menor freqüência possível de efeitos adversos. A 
obtenção do estado anestésico pode envolver a associação de diversas técnicas e agentes. 
 
Anestesia Local 
Compreende a administração local de um ou mais agentes anestésicos com o 
objetivo de produzir anestesia a uma parte localizada do organismo. Quando utilizada 
isoladamente não envolve inconsciência. 
 
Anestesia Regional 
 
Compreende o bloqueio anestésico de uma parte localizada do organismo à 
semelhança da anestesia local, embora na anestesia regional o objetivo seja o de 
anestesiar um tronco nervoso e produzir anestesia de uma maior área do organismo. De 
forma semelhante a anestesia local, quando utilizada isoladamente não envolve 
inconsciência. 
 
Anestesia Geral 
Significa perda total da consciência e ausência de reconhecimento do estímulo 
doloroso ou de resposta à manipulação diagnóstica. A anestesia geral pode ser obtida com 
 
fármacos injetáveis ou inalatórios. Em geral a anestesia geral envolve a combinação de 
mais de um fármaco, embora seja possível o uso de uma único agente (propofol ou 
isoflurano por exemplo). 
 
 
 
 
 
Anestésico 
Adjetivo que define o fármaco empregado para anestesiar o paciente, os 
equipamentos e aparelhos utilizados e as demais condutas clínicas relacionadas ao ato 
anestésico como por exemplo os exames pré-anestésicos. O termo pré-anestésico pode 
ser utilizado para designar os procedimentos e fármacos empregados antes da indução 
anestésica. O termo “pré-anestesia” não é correto pois indicaria uma “anestesia antes da 
anestesia” o que é técnicamente incorreto. 
 
 
 
Tranqüilização ou Neurolepsis 
Estado obtido com fármacos ou outras técnicas como hipnose ou acupuntura em 
que o paciente permanece consciente embora calmo sem responder exageradamente a 
manipulação. O animal tranqüilizado não deve ser submetido a procedimentos dolorosos 
ou manipulado em excesso. 
 
Sedação 
Estado semelhante a tranqüilização embora com maior depressão do sistema 
nervoso central em que o animal está consciente e responde com menos intensidade a 
manipulação. No animal sedado com fármacos analgésicos, é possível a realização de 
procedimentos pouco dolorosos ou minimamente invasivos como remoção de suturas de 
pele, exames otoscópicos, exames radiográficos que não envolvam administração 
parenteral de contrastes e etc. 
 
Hipnose 
 
Chamado sono artificial por que é induzido farmacologiamente ou através de 
técnicas de auto-sugestão em seres humanos. É um estado característico da anestesia 
geral pois neste caso o animal é induzido ao sono artificial. 
 
Narcose 
 
Estado de profunda sedação em que o animal não está em sono artificial porém 
está completamente desligado do ambiente que o cerca. É um estado característico 
produzido por analgésicos narcóticos em cães e por intoxicação por alguns gases como 
monóxido e dióxido de carbono. 
 
Analgesia 
 
 
Perda da sensibilidade e percepção do estímulo doloroso. Os fármacos 
analgésicos produzem sua ação no sistema nervoso central, principalmente na medula 
espinhal. Desta forma interrompem a transmissão do estímulo doloroso ao cortex 
cerebral. 
 
 
 
 
Acinesia 
 
Perda do controle motor e ausência de movimento. Esta definição é importante 
pois a maioria das técnicas anestésica produz efeito acinético o que é desejável pois o 
paciente não deve apresentar movimento voluntáio ou involuntário quando sob anestesia. 
 
Neuroleptoanalgesia 
 
Termo que descreve o estado de narcose associado a profunda analgesia. Na 
neuroleptoanalgesia o paciente não reconhece estímulo dolorosos embora não seja 
possível a realização de procedimentos cirúrgicos maiores pois o paciente ainda está 
consciente. 
 
Catalepsia 
 
Estado caracterítico produzido por anestésicos dissociativos derivados da 
fenciclidina como a quetamina e a tiletamina. Ocorre rigidez muscular dos membros 
locomotores e o animal geralmente não responde a estimulação ou manipulação. É um 
estado inadequado para cirurgia e alguns procedimentos diagnósticos pois não ocorre 
relaxamento muscular. 
 
Anestesia Dissociativa 
Estado de anestesia geral em que o animal está dissociado do ambiente. Ocorre a 
interrupção da neurotransmissão no nível talâmico embora a atividade no nível do cortex 
cerebral seja mantida. Em geral o animal não responde a estímulos dolorosos mas 
continua consciente e os reflexos protetores laríngeos como a tosse e faríngeos como a 
deglutição estejam presentes. 
 
 
USOS DOS FÁRMACOS ANESTÉSICOS E DAS TÉCNICAS DE ANESTESIA: 
 
- Contenção 
- Exames 
- Manipulação de animais agressivos e espécies selvagens 
- Cirurgias 
- Controle de convulsões 
- Eutanásia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS ANESTÉSICOS: 
 
1. Intravenosa 
2. Intramuscular 
3. Inalatória 
4. Subcutânea 
5. Tópica 
6. Epidural 
7. Espinhal (subaraquenóide) 
 
 
Acesso Venoso e Cateterização Venosa: 
 
 
O acesso venoso é utilizado em anestesiologia para administração de fármacos 
anestésicos, medicamentos utilizados no período perioperatório (antibióticos, fluidos, 
antiinflamatórios) e medicamentos em caso de emergência como parada cardíaca ou 
respiratória. 
 
Em animais as veias mais comumente utilizadas são a cefálica e safena em pequenos 
animais e a jugular em grandes animais. Em suínos ainda utiliza-se a veia marginal da 
orelha. 
 
O acesso venoso poder ser realizado com uma agulha de calibre apropriado para a 
espécie, uma dispositivo venoso como o butterfly ou um catéter venoso. Existem vários 
calibres e tipos de catéteres disponíveis. A grande vantagem do catéter plástico está no 
fato do equipamento não se deslocar quando apropriadamente instalado, poder ser 
mantido por períodos prolongados de tempo para posterior terapia (fluidos e antibióticos). 
Os dispositivos do tipo agulha hipodérmica ebutterfly podem lacerar o vaso sangüíneo. A 
regra geral para a instalação de um catéter venoso ou a punção venosa é a tricotomia da 
região, antissepsia com álcool para os casos de punção simples e com iodo-povidona e 
álcool para a instalação de um catéter, e a compressão venosa distalmente ao ponto de 
punção. 
 
Acesso Venoso Periférico no Cão: 
 
 
Catéter Venoso 
 
 
 
Butterfly 
 
 Punção Venosa Periférica no Cão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cateterização Venosa Central no Cão 
 
 
Cateterização Venosa Central no Eqüino 
 
 
 
AVALIAÇÃO DO PACIENTE ANTES DO PROCEDIMENTO ANESTÉSICO 
 
 Uma avaliação clínica apropriada do paciente se faz necessária antes da 
administração de fármacos anestésicos. O cliente ou proprietário do animal deve ser 
informado dos riscos que a anestesia envolve e é recomendado que seja assinado um 
termo de autorização para o profissional proceder à anestesia. Nessa autorização deve 
constar claramente que o cliente está ciente dos riscos anestésicos e permite o 
procedimento no seu animal. Mesmo quando se procura utilizar os fármacos e técnicas 
mais seguras, a falta de uma acurada avaliação clínica do paciente pode produzir 
complicações que poderiam ser facilmente evitadas. Vários fatores estão envolvidos na 
avaliação do paciente e, conseqüente seleção dos fármacos e técnicas mais apropriadas. O 
exame inicial deve começar com uma avaliação física e história clínica do paciente. Para 
isso, deve ser realizada uma boa anamnese procurando obter do cliente a mais completa e 
acurada informação sobre o animal, principalmente aquelas relacionadas aos sistemas 
cardiovascular, respiratório, renal e hepático. Informações sobre episódios anestésicos 
anteriores também são valiosas. Os resultados dos exames físicos de ausculta cardíaca e 
pulmonar, inspeção da coloração de mucosas, estado nutricional e as informações obtidas 
do proprietário vão ditar a necessidade ou não de exames especializados como patologia 
clínica, por exemplo. 
 
Outros fatores importantes 
 
Outros fatores são importantes na seleção da técnica anestésica como espécie 
animal, raça, idade, sexo, peso corporal, temperamento do animal, tipo de procedimento a 
ser realizado (cirúrgico ou diagnóstico), anestésicos e equipamentos disponíveis e 
experiência profissional. 
A raça do animal tem importância como no caso do Doberman Pinscher que 
freqüentemente apresenta problemas de coagulação pela deficiência do fator de von 
Wilebrand. Nestes casos o animal deve ser tratado com acetato de desmopressina IVou 
intranasal 30 a 50 minutos antes do procedimento cirúrgico. O tempo de sangramnto da 
mucosa oral deve ser avaliado antes da indução anestésica e deve ser inferior a 3 minutos. 
Schnauzers miniatura, principalmente as fêmeas, não raro apresentam arritmias cardíacas 
devendo ser procedido uma atenciosa auscultação e obtenção do ECG para essa espécie. 
Cães da raça Greyhound ou outros galgos não devem ser anestesiados com tiobarbituratos 
pois são mais susceptíveis a complicações anestésicas com esses fármacos, tais como 
recuperação prolongada e excitação durante a recuperação. Os animais da raça Boxer são 
mais susceptíveis aos efeitos dos derivados fenotiazínicos e as doses utilizadas nesta raça 
devem ser as mínimas necessárias para a obtenção doe feito tranqüilizante desejado. As 
raças braquicefálicas como o Bulldog e Pug comumente apresentam obstruções 
anatômicas das vias aéreas superiores. Nesses animais o uso de fármacos pré-anestésicos 
da função respiratória, como os derivados opióides merecem extrema atenção. 
Freqüentemente os animais braquicefálicos necessitam receber oxigênio via máscara 
antes da indução anestésica que deve ser obtida com fármaco de efeito rápido como os 
tiobarbituratos ou o propofol e a intubação orotraqueal deve ser procedida rapidamente. 
 Outro fator a ser observado é a utilização de medicamentos antes ou durante a 
anestesia. Antibióticos aminoglicosídeos (gentamicina, neomicina) podem causar 
 
bloqueio neuromuscular. Quando associado a anestésicos voláteis (inalatórios) podem 
causar severa depressão . A gentamicina em altas doses ou utilizada por períodos 
prolongados pode causar insuficiência renal e pacientes que receberam esse medicamento 
devem ter avaliada a função renal. Barbitúricos tais como o fenobarbital, utilizados para 
tratar convulõesdevem ser mantidos embora possam produzir a indução de enzimas 
hepáticas que metabolizam esses fármacos requerendo doses maiores de tiobarbituratos 
(tiopental sódico) para a indução anestésica. 
O uso de corticosteróides por mais de dois dias deprime a liberação de hormônios 
adrenocorticotróficos (ACTH) reduzindo a capacidade do organismo de reagir ao estresse 
imposto pela anestesia e cirurgia. Esses animais tratados com corticosteróides devem 
receber hidrocortisona ou dexametasona IV antes da anestesia. 
 As condições nutricionais do paciente podem interferir com a anestesia por que 
muitos animais muito obesos, em geral, apresentam algum grau de insuficiência cardíaca 
e pode apresentar dificuldade ventilatória principalmente quando posicionados em 
decúbito dorsal. Animais com peso corporal e percentual de gordura abaixo do normal 
têm menor volume para distribuição de anestésicos, conseqüentemente, será produzida 
uma maior concentração anestésica sangüínea para uma mesma dose, com maiores 
efeitos adversos. 
A seqüência de procedimentos a serem realizados para uma adequada avaliação 
do paciente a ser anestesiado está resumida no Quadro 1. 
 
Quadro 1 - avaliação do paciente para seleção da técnica anestésica 
 
Resenha 1. espécie 
2. raça 
3. idade 
4. sexo 
 
História clínica 1. afecção médica ou cirúrgica 
2. tempo de evolução da enfermidade 
3. sinais e sintomas 
4. envolvimento de órgãos vitais 
5. medicação recente ou atual 
6. anestesias prévias 
 
Exame físico 1. peso corporal (kg) 
2. estado físico (nutricional, grau de hidratação) 
3. sistema cardiovascular 
4. sistema respiratório 
5. palpação abdominal 
6. avaliação neurológica 
7. sistema locomotor 
8. tegumento 
 
 
 
 
EXAMES LABORATORIAIS E COMPLEMENTARES 
 
 Havendo necessidade de exames complementares de patologia clínica ou outros, o 
ideal é que eles sejam recentes, de no máximo 7 dias de antecedência e, em alguns casos, 
inferior a 24h. Resultados de exames como gases sangüíneos, hematócrito e proteínas 
totais do plasma podem sofrer alteração rápida, principalmente nas afecções agudas. 
Alguns exames laboratoriais podem ser indicados de acordo com a idade do animal e seu 
estado clínico. Esses exames podem ser agrupados como mostra o Quadro 2. 
 
Quadro 2 - Exames laboratorias indicados por estado clínico e idade do paciente 
 
Estado clínico Exames 
Hígido com < 5 anos de idade 1. hematócrito 
2. proteínas totais plasmáticas 
3. contagem total de leucócitos 
4. pesquisa de microfilária 
 
Enfermidade moderada sem risco 
imediato 
1. Hemograma completo 
2. uréia nitrogenada do sangue 
3. creatinina do sangue 
4. glicose sangüinea 
5. CO2 total do sangue 
6. Eletrólitos do sangue (Na+, K+, CL-) 
 
Enfermidade grave com risco imediato 1. todos os exames já citados 
2. análise dos gases sangüíneos 
3. exames específicos (coagulação) 
4. provas de função hepática 
5. provas de função renal 
 
 
 
Exames complementares 
 
 Alguns exames complementares podem ser indicados antes do procedimento 
anestésico, principalmente nos pacientes portadores de afecções cardiovasculares, 
respiratórias e naqueles geriátricos ou traumatizados. Exames como eletrocardiograma 
(ECG), pressão arterial, ultra-sonografa, radiologia e ecografia podem identificar lesões 
específicas como altertações anatômicas, cardíacas, arritmias cardíacas, obstruções 
vasculares e gastrintestinaise hiper ou hipotensão arterial. O quadro 5 apresenta um 
resumo das indicações de exames de acordo com a afecção apresentada pelo paciente. 
 
Classificação do paciente - estado físico 
 
 
 Após a realização do exame físico e clínico do paciente e obtenção e interpretação 
dos exames laboratoriais, este paciente deve ser enquadrado em um dos estados físicos 
segundo a classificação da Associação Americana de Anestesiologia (ASA). O quadro 3 
apresenta a relação do estado físico e a classificação que o paciente vai obter após a 
realização dos exames. Esta classificação é importante pois relaciona o paciente ao risco 
anestésico a que vai ser submetido. Ela é um indicador para se acessar rapidamente os 
riscos anestésicos de determinado paciente. 
 
Quadro 3 - Classificação do estado físico conforme a Associação Americana de 
Anestesiologia (ASA) 
 
Estado físico Condição do paciente 
1 normal, hígido 
 
2 enfermidade sistêmica compensada. Ex. infecção urinária sob 
tratamento 
 
3 enfermidade sistêmica moderada, parcialmente compensada. 
Ex. Insuficiência cardíaca sob tratamento embora o animal 
apresente sinais clínicos 
 
4 enfermidade sistêmica severa, não compensada, que apresenta 
risco de vida constante ao paciente. Ex. Síndrome 
dilatação/volvo gástrico 
 
5 animal com risco de morte iminente, com poucas chances de 
sobrevivência. Ex. hemorragias agudas graves 
 
Categoria E (emergência) Utilizada nos casos em que a intervenção anestésico-cirúrgica 
deve ser imediata. Aplica-se a qualquer estado físico. Assim, 
um animal pode ser 1E (cão com laceração de córnea sem 
qualquer outro problema sistêmico) ou 5E (eqüino em choque 
por ruptura intestinal). Em ambos os casos há necessidade de 
intervenção anestésico-cirúrgica imediata. 
 
 
Preparação do Paciente 
 O paciente a ser anestesiado deve ser cuidadosamente preparado para prevenir 
complicações. 
 - Hospitalização: 
 Preferencialmente o animal deve ser hospitalizado na noite anterior ao 
procedimento anestésico-cirúrgico. Isto dá chances ao paciente de se aclimatar ao 
ambiente hospitalar gradativamente e proporciona ao anestesiologista a chance de uma 
melhor avaliação e instituir qualquer terapia necessária como, por exemplo, hidratação 
em animais desidratados ou transfusão sangüínea em animais anêmicos. 
 
 - Jejum: 
 Com o objetivo de evitar o vômito e a possível aspiração de conteúdos gástricos 
que podem levar a pneumonia grave. O jejum deve ser instituído sempre que possível em 
animais que serão submetidos a anestesia geral e, em alguns casos de anestesia local ou 
regional como laparotomias, pelo flanco em ruminantes. O quadro apresenta o tempo, em 
horas, recomendado para jejum ns diferentes espécies domésticas. Nas espécies silvestres 
e exóticas podem ser seguidos os tempos das espécies domésticas. Ressalta-se que em 
filhotes e nas espécies de metabolismo elevado como aves e pequenos roedores o jejum 
deve ser evitado pelo risco de hiopoglicemia. Nos casos em que o jejum é absolutamente 
necessário, deve-se monitorar a glicose sangüínea desses animais e, se necessário, 
administrar solução de dextrose ou glicose de 1% a 2,5% até que os valores de glicemia 
estejam dentro da variação normal para a espécie. 
 
Quadro 4 - Tempo de jejum prévio à anestesia nas espécies domésticas. 
 
Espécie Tempo 
Pequenos animais 1. de 8 a 12 h para sólidos 
2. de 1 a 2 h para líquidos 
 
Eqüinos 1. de 12 h para sólidos 
2. de 1 a 2h para líquidos 
 
Bovinos 1. de 24 a 48 h para sólidos 
2. de 12 a 24 h para líquidos 
 
Ovinos e caprinos 1. de 24 h para sólidos 
2. de 12h para líquidos 
 
 
Estabilização do paciente 
 O paciente a ser anestesiado deve ser adequadamente estabilizado antes de 
receber fármacos anestésicos. O profissional deve ter em mente que os anestésicos podem 
produzir alterações fisiológicas importantes tais como hipotensão, bradicardia, 
taquicardia e hipóxia. Assim, cuidados tais como hidratar o animal, fazer transfusão de 
sangue quando o hematócrito for inferior a 20%, antibioticoprofilaxia, controle da 
temperatura corporal, da dor e terapia de apoio em animais politraumatizados ou sofrendo 
de afecções mais graves, devem ser instituídos anteriormente ao uso de técnicas 
anestésicas, principalmente na anestesia geral. Pacientes que vão receber anestesia local 
também devem receber cuidados prévios à anestesia, pois em alguns casos, como 
infecções no local da administração do anestésico local e hipotensão arterial podem ser 
contra-indicações para o uso de técnicas como anestesia epidural ou bloqueios locais. 
 
 
Quadro 5 – Exames recomendados de acordo com o quadro clínico 
 
Condição Histór
ia 
Estad
o 
físico 
H
t e 
P
T 
Uréia e 
Creatini
na 
EC
G 
Funçã
o 
hepáti
ca 
Glicem
ia 
Eletrólit
os 
Coagulaç
ão 
R
X
< 12 
semanas 
X X X X 
Adulto 
hígido 
X X X 
Geriatra X X X X X X 
Desidratad
o 
X X X X X X 
Enfermida
de 
gastrintesti
nal 
X X X X 
Cardiopata X X X X X X X
Insuficiênc
ia 
respiratória 
X X X X
Nefropata X X X X X 
Hepatopata X X X X X X X X
Sob terapia 
esteróide 
ou AINES 
X X X X X 
Diabetes 
melito 
X X X X X X X 
Enfermo 
do SNC 
X X X X X X X 
Paciente de 
trauma 
X X X X X 
Com 
diátese 
hemorrágic
a 
 
X X X X X 
 
 
Capítulo 2 
 
Medicação Pré-Anestésica 
 
 
Os fármacos administrados ao paciente de 15 a 45 minutos antes da indução 
anestésica fazem parte da medicação pré-anestésica. Estes fármacos poderão ser aqueles 
relacionados diretamente com a produção do estado de anestesia como tranqüilizantes ou 
sedativos, ou pertencerem a outros grupos farmacológicos como antieméticos, anti-
histamínicos, anticolinérgicos, anti-inflamatórios não-esteróides e corticoesteróides. Em 
Medicina Veterinária, geralmente é necessária a associação destes fármacos para a 
preparação do paciente para a indução anestésica. NÃO existe um fármaco que 
individualmente produza os efeitos desejados como medicação pré-anestésica. Uma 
adequada medicação pré-anestésica tem como objetivos: 
 
 
1. Tranqüilizar ou sedar os animais mais apreensivos e agressivos. 
2. Potencializar os efeitos dos anestésicos necessários para a indução e manutenção da 
anestesia. 
3. Produzir analgesia nos períodos trans e pós-operatórios. 
4. Reduzir os efeitos autonômicos adversos dos fármacos anestésicos e de certos 
procedimentos terapêuticos. 
5. Diminuir as secreções das vias aéreas e a salivação. 
6. Reduzir a secreção e a acidez do fluido gástrico. 
7. Prevenir o vômito ou regurgitação. 
8. Tornar os períodos de indução, manutenção e recuperação anestésicos livres de 
intercorrências adversas. 
 
 
 Antes da escolha e administração dos fármacos pré-anestésicos, um amplo 
conhecimento da farmacologia destas substâncias é necessário e diversos fatores devem 
ser considerados como: 
 
1. Temperamento e espécie animal - Animais dóceis necessitam de tranqüilização 
enquanto os de temperamento mais sangüíneo devem ser sedados. 
2. Necessidade de analgesia - A técnica anestesésica para procedimentos que produzam 
dor intensa deve incluir um fármaco analgésico potente ou ser combinada a anestesia 
local ou regional. 
3. Classificação do paciente quanto ao seu estado físico - Pacientes em estado grave ou 
portadores de afecções dos sistemas nervoso central, cardiovascular ou respiratório, 
poderão ou não requerer medicação pré-anestésica de acordo com o caso (ver quadro 
1). Pacientes hígidos deverão sempre que possível ser tratados com fármacos pré-
anestésicos. 
4. Efeitos farmacológicos desejados - Os efeitos e período hábil dos fármacos pré-
anestésicos devem ser considerados de acordo com o pacientee o procedimento 
terapêutico ou diagnóstico. Pacientes agressivos podem se beneficiar de fármacos 
 
sedativos de efeito prolongado, enquanto que com os mais linfáticos, pode-se reverter 
os efeitos dos fármacos tranqüilizantes se necessário. 
 
 O uso de medicação pré-anestésica em Medicina Veterinária foi iniciado em 1950 
quando farmacologistas e químicos franceses descobriram os derivados fenotiazínicos e 
criaram o termo neuroléptico, significando que o efeito farmacológico principal ocorre no 
sistema nervoso central. Atualmente diversas substâncias de diferentes grupos 
farmacológicos são empregados como medicação pré-anestésica em animais. Algumas 
destas susbstâncias podem ter seus efeitos farmacológicos revertidos. Existem diversas 
classificações possíveis para os fármacos utilizados na MPA. Neste capítulo os fármacos 
estão agrupados de acordo as características farmacológicas. O termo tranqüilizante fica 
reservado para os fenotiazínicos, benzodiazepínicos e butirofenonas, enquanto os 
opióides e agonistas alfa-2-agonistas serão denominados sedativos. Os principais 
fármacos utilizados pertencem as seguintes classes (ver Quadro 6 para doses e 
comentários): 
 
 
1. Anticolinérgicos. 
2. Opióides. 
3. Agonistas Alfa-2-adrenérgicos. 
4. Fenotiazínicos. 
5. Benzodiazepínicos. 
6. Butirofenonas. 
7. Neuroleptoanalgésicos. 
8. Anestésicos dissociativos 
 
ANTICOLINÉRGICOS OU ANTIMUSCARÍNICOS 
 
Indicações para o uso - Os fármacos anticolinérgicos são utilizados para prevenir 
bradicardia induzida por tono vagal aumentado ou a salivação e secreções do trato 
respiratório excessivas. Em geral, opióides e agonistas alfa-2 adrenérgicos produzem 
bradicardia sinusal ou bloqueio atrioventricular de primeiro e segundo graus ou completo. 
Procedimentos cirúrgicos envolvendo o globo ocular, a região cervical e a manipulação 
de vísceras abdominais produzem estímulo vagal com conseqüente bradicardia. Doenças 
cardíacas primárias e neoplasias também podem existir produzindo bradicardia. Animais 
braquicefálicos ou que receberam derivados fenciclidínicos como parte da medicação 
pré-anestésica por vezes apresentam salivação profusa, havendo necessidade de serem 
tratados com anticolinérgicos. 
 
Efeitos Farmacológicos - Inibição competitiva dos receptores parasimpáticos colinérgicos 
muscarínicos no nível pós-gangliônico. Em doses clínicas, produz bloqueio dos efeitos da 
acetilcolina nos receptores muscarínicos sem efeito nos receptores nicotínicos. 
Geralmente ocorre taquicardia sinusal, diminuição das secreções das vias aéreas e da 
salivação e diminuição da motilidade gastro-intestinal. Nos ruminantes, os fármacos 
anticolinérgicos devem ser evitados sempre que possível, pois diminuem as secreções 
 
mais fluidas, tornando a saliva e secreções das vias aéreas mais espessas podendo causar 
obstrução. 
 
1. Sulfato de Atropina - O sulfato de atropina é uma amina terciária que atravessa a 
barreira placento-fetal e hemato-encefálica. Bloqueia a acetilcolina nos receptores 
pós-ganglionares nas terminações das fibras colinérgicas no sistema nervoso 
autônomo por 1 a 1.5 horas. Produz diminuição das secreções orais, faríngeas e do 
trato respiratório e broncodilatação. Em razão da broncodilatação, aumentam o 
espaço morto respitatório anatômico e fisiológico, podendo produzir hipoxemia em 
animais portadores de disfunção respiratória ou em animais braquicefálicos. A 
atividade motora e secretória do trato gastrointestinal diminui, podendo ocorrer íleo 
paralítico em eqüinos. Ocorre diminuição do tono vagal cardíaco com conseqüente 
taquicardia sinusal, aumento do débito cardíaco, sem alterações significativas sobre a 
pressão arterial. Em animais que receberam atropina, o efeito de fármacos agonistas 
adrenérgicos é acntuado pelo bloqueio eferente dos reflexos vagais dos 
baroreceptores. O sulfato de atropina quando administrado durante o período de 
indução e manutenção anestésica, pode produzir arritmias cardíacas como contração 
ventricular prematura e bigeminismo ventricular. Além destes efeitos, o sulfato de 
atropina produz midríase por relaxamento da musculatura do esfíncter da íris e da 
musculatura ciliar da lente ou cristalino, impedindo a drenagem da câmara anterior. 
No trato urinário, ocorre relaxamento da musculatura lisa, causando retenção urinária 
e oligúria. O sulfato de atropina pode ser administrado pelas vias, intramuscular, 
subcutânea,intravenosa, intraossea, oral e intrapulmonar. O metabolismo e eliminação 
do sulfato de atropina variam com a espécie. Em felinos, roedores e leporinos, a 
atropina é degradada rapidamente, mesmo em grandes concentrações, por esterases 
hepáticas. Em canins, após metabolismo hepático a atropina é eliminada por via 
urinária, 30% a 50% sem biotransformação. Em caprinos e ovinos os efeitos 
anticolinérgicos da atropina são reduzidos pela presença de atropinase no soro 
sangüíneo. 
 
2. Brometo de Glicopirrolato - O glicopirrolato é um anticolinérgico sintético, derivado 
de amônia quaternária. Não atrevessa a barreira hemato-encefálica ou placento-fetal. 
Produz efeitos menos acentuados do que o sulfato de atropina, não ocorrendo 
taquicardia sinusal tão acentuada e praticamente é destituído de outros efeitos 
arritmogênicos sobre a função cardíaca durante a indução e manutenção anestésicas. 
Os efeitos antimuscarínicos são semelhantes aos da atropina. Produz aumento da 
freqüência cardíaca, reduz o volume e acidez das secreções gástricas, diminui a 
motilidade intestinal e reduz as secreções gastro-intestinais e do trato respiratório. O 
período de efeito é de cerca de 2 a 5 horas. O glicopirrolato deve ser utilizado em 
lugar do sulfato de atropina, sempre que o paciente apresentar bradicardia menos 
acentuada ou como medicação pré-anestésica antes da indução anestésica com 
associações neuroléptico-analgésicas. 
 
DERIVADOS OPIÓIDES 
Indicações para o uso - Os derivados opióides estão indicados como medicação pré-
anestésica, quando se necessita de analgesia pré, intra e pós-operatória, como sedativos 
 
para contenção química de animais intratáveis e animais silvestres e como parte de 
associações neurolépto-analgésicas na contenção farmacológica para procedimentos 
diagnósticos como ultrasonografia, punções e cateterização venosa ou óssea. 
Efeitos Farmacológicos - Os derivados opióides são aqueles compostos sintéticos ou 
exógenos com afinidades por receptores opiódes específicos. O principal efeito 
farmacológico dos opióides é a produção de analgesia intensa. Dependendo do fármaco 
utilizado, este efeito analgésico pode ser de curta ou longa duração. Os derivados 
opióides são classificados de acordo com sua afinidade e atividade sobre os diferentes 
receptores. Atualmente são conhecidos os seguintes receptores opióides: Mu, Kappa, 
Sigma, Delta. Existem evidencias de outros receptores opióides como os Epsilon, embora 
não se conheça a importância clínica destes receptores. Os derivados opióides produzem 
mínima depressão cardiovascular, sendo observada bradicardia quando estes fármacos 
são administrados sem o uso concomitante de anticolinérgicos. Pode ser observado 
intenso efeito depressor da função ventilatória com a ocorrência de hipercapnia e acidose 
respiratória quando são utilizadas doses elevadas de agonistas dos receptores Mu como 
morfina. Em geral a depressão respiratória é dose dependente e ocorre diminuição do 
volume corrente pulmonar. A freqüência respiratória pode estar diminuída ou aumentada. 
No sistema nervoso central os opióides produzem depressão pós-sináptica da neuro-
transmissão por bloqueio da liberação de neurotransmissores como norepinefrina. Em 
algumas espécies como a eqüina, felina e suína, quando administrado por via venosa ou 
subaraquinóidea, ocorre ativação da neuro-transmissão por aumento da liberação de 
dopamina como efeito compensadorda diminuição da concentração de norepinefrina na 
fenda sináptica. O centro termoregulador fica deprimido e alguns animais desenvolvem 
taquipnéia compensatória. O centro do vômito não é atingido, embora a zona de indução 
ao vômito no tronco cerebral seja estimulada por agonistas Mu. 
 
1. AGONISTAS MU OPIÓIDES 
Morfina 
Considerado o derivado opióide padrão, por isso arbitrariamente recebeu a referência de 
potência “1” contra a qual os demais opióides são comparados. Produz vômito em 
caninos e felinos. Produz intensa analgesia por longo período de tempo quando 
administrada por via intramuscular ou extradural. Em caninos e felinos, quando 
administrada por via venosa ocorre liberação de histamina que pode produzir hipotensão 
severa e quadros de choque anafilactóide como edema de glote e pulmonar e bronco-
constrição. Por produzir disforia em eqüinos e felinos, nestas espécies o sulfato de 
morfina dever ser precedido de fenotiazínicos como a acepromazina ou a 
levomepromazina. Em eqüinos o uso de agonistas alfa-2-adrenérgicos também está 
indicado previamente ao sulfato de morfina para produzir efeito sedativo intenso. Como a 
morfina sofre metabolismo hepático, animais portadores de grave disfunção podem 
apresentar sedação por períodos prolongados. Nestes casos devem ser utilizados fármacos 
antagonistas opióides para reverter os efeitos do sulfato de morfina. As doses variam de 
acordo com a espécie animal e o com o efeito desejado. Em alguns casos o sulfato de 
morfina pode ser utilizado por infusão contínua. Nestes casos cuidados intensivos devem 
ser dispensados pois pode ocorrer profunda depressão respiratória. Quando utilizada por 
via extradural, o sulfato de morfina deve ser utilizado sem solução preservante. Em geral 
 
as soluções de morfina contém fenois como preservante que podem ser tóxicos para a 
medula espinhal. 
 
Meperidina 
 
A meperidina é menos potente que a morfina (possui apenas 25% da potência) e produz 
efeito por menor período de tempo. Quando administrada por via venosa em cães produz 
maior liberação de histamina que a morfina. Da mesma forma pode ser utilizada em 
associação a fenotiazínicos para obtenção de intenso efeito sedativo em eqüinos. Como 
pode produzir severa hipotensão, deve ser administrada com cautela em caninos e felinos. 
 
 
 
Oximorfona 
 
Dez vezes mais potente que a morfina, a oximorfona produz intensa analgesia por curto 
período de tempo, em geral de 1 a 2 horas quando 0,1mg/kg são administrados por via 
intramuscular. Esta recomendada nos casos em que se necessita de intenso efeito 
analgésico por curto período de tempo. Também esta recomendada nos casos em que os 
efeitos depressores ventilatórios dos opióides são indesejáveis como nos animais 
braquicefálicos, geriátricos e debilitados. Não produz liberação de histamina quando 
administrada por via venosa, sendo por isso recomendada em associações sedativas com 
benzodiazepínicos por via intravenosa. 
 
Tramadol 
 
Embora não seja considerado um fármaco opióide, o tramadol exerce sua atividade 
analgésica fundamentalmente por efeito sobre os receptores Mu opióides. Existem 
evidências de que o tramadol também produza inibição da liberação de 
neurotransmissores como a serotonina, reduzindo a neurotrasnissão nas vias de condução 
e modulação do estimulo doloroso. O tramdol é cerca de dez vezes menos potente que a 
morfina e produz intenso efeito emético em caninos e seres humanos. 
 
Fentanil 
 
O citrato de fentanil é um derivado opióide extremamente potente. Deprime a função 
ventilatória e produz bradicardia intensa. Pode ser utilizado por via intramuscular como 
MPA sempre associado a um fármaco anticolinérgico. Em caninos pode produzir rigidez 
torácica por efeito depressor sobre os receptores de elastância da parede torácica 
(deprime o reflexo de Hering-Bauer). A maior indicação para o uso do fentanil é como 
analgésico intra-operatório em caninos. Não é indicado em eqüinos por produzir aumento 
de atividade do sistema nervoso central, sendo necessário aumentar a concentração 
alveolar mínima para manter os animais sob plano anestésico quando do uso de anestesia 
volátil. Existem outros derivados semelhantes aos fentanil com maior ou menor potência 
como o sufentanil, alfentanil, remifentanil e carfentanil. O carfentanil é extremamente 
 
potente e indicado para captura de grandes mamíferos silvestres como elefantes e 
rinocerontes. 
 
Etorfina 
 
A etorfina é um potente derivado opióide com potência cerca de dez mil vezes a da 
morfina indicada para a captura de animais silvestres. Seu uso é extremamente ariscado 
pois o contato a pele, mucosas ou a aspiração de vapores pode causar severa depressão 
respiratória e óbito. 
 
2. AGONISTAS PARCIAIS MU OPIÓIDES 
 
Buprenorfina 
 
A buprenorfina possui intensa afinidade por receptores Mu opióides, embora exerça baixa 
atividade, ou seja, apesar de ligar-se aos receptores sua atividade intrínseca ou a 
capacidade de ativar os receptores é baixa. O início de efeito é considerado lento, e o 
tempo de efeito é prolongado. Pelo fato de ocupar os sítios nos receptores e pelo 
prolongado tempo de efeito, deve ser entendido que após o uso de buprinorfina, se houver 
necessidade do uso de um agonista Mu como morfina, os efeitos deste último serão 
menos intensos, especialmente o efeito analgésico. A buprenorfina deve ser reservada 
para produção de analgesia pós-operatória nos casos de estímulo doloroso de média 
intensidade (cirurgias laparoscópicas, suturas de pele, cirurgias oftálmicas que não 
envolvam o globo ocular). 
 
3. AGONISTAS KAPPA OPIÓIDES 
 
Butorfanol 
 
O butorfanol é classificado como um agonista Kappa opióide e um antagonistas Mu, ou 
seja, tem afinidade por receptores Kappa e Mu, embora possua atividade intrínseca 
somente sobre receptores Kappa. É mais potente que a morfina, embora o período de 
efeito seja breve. Produz analgesia moderada por cerca de 60 minutos quando é utilizada 
dose de 0,4mg/kg por via intramuscular. Está indicado como sedativo pré-opratório, em 
associações com fenotiazínicos em caninos e felinos ou com alfa-2-agonistas em eqüinos. 
Assim como alguns agonistas parciais Mu, após o uso de butorfanol, na eventualidade de 
ser necessária analgesia mais intensa, os agonistas Mu não produzem a mesma 
intensidade de efeito pois os receptores estarão sobre efeito antagonista do butorfanol. 
 
Nalbufina 
 
Assim como o butorfanol, a nalbufina é um agonista Kappa e um antagonista Mu. Produz 
analgesia moderada e geralmente não é utilizada como medicação pré-anestésica e sim 
como analgésico pós-operatório. A maior indicação para o uso de nalbifina é em caninos 
que receberam agonistas Mu como MPA e é necessária a reversão dos efeitos opióides 
destes agonistas Mu, sendo necessária a manutenção do efeito analgésico. Seu efeito 
 
persiste por 1 a 2 horas. Portanto, após este período, havendo necessidade de manutenção 
do efeito analgésico, deve ser utilizada nova dose de nalbufina ou outro Kappa agonista, 
pois os agonistas Mu praticamente não produzirão efeito. 
 
4. ANTAGONISTAS OPIÓIDES 
 
Naloxona 
 
A naloxona reverte completamente os efeitos analgésicos e depressores dos agonistas 
opióides, embora o período de efeito seja curto. Indicada para antagonizar os efeitos 
sedativos dos opióides, principalmente nos casos de recuperação anestésica prolongada. 
Deve ser administrada lentamente por via venosa. Pode ser administrada por via 
subcutânea e intramuscular. Quando administrada rapidamente por via venosa, pode 
produzir taquicardia, hipertensão e edema pulmonar. Como produz efeito por apenas 45 
minutos, é recomendada a administração de uma dose intramuscular e a mesma dose por 
via subcutânea para manutenção do efeito, principalmente nos casos de depressão 
respiratória em cães braquicefálicos. 
 
Naltrexona 
 
Mais potente que a naloxona,a naltrexona está indicada para a reversão dos efeitos dos 
opióides quando doses elevadas são administradas acidentalmente, principalmente por 
que possui período de efeito maior. É o fármaco de eleição para a reversão dos opióides 
utilzados para imobilização de animais silvestres. 
 
AGONISTAS ALFA-2-ADRENÉRGICOS 
 
Indicações para o uso 
 
Os fármacos agonistas alfa-2-adrenérgicos são utilizados como sedativos e analgésicos de 
curta duração de efeito em caninos, eqüinos, felinos, bovinos e animais silvestres. Em 
eqüinos ocorre marcada ataxia quando os animais são sedados com xilazina ou 
detomidina, o que contra-indica o uso destes fármacos nos casos de fraturas de membros 
locomotores, ou quando os animais têm que ser movimentados após sedados. De forma 
geral estes fármacos são utilizados em animais hígidos. A única exceção é a indicação do 
uso destes fármacos nos casos de síndrome cólica em eqüinos. Os agonistas alfa-2-
adrenérgicos podem ser utilizados isoladamente para procedimentos diagnósticos não 
invasivos como exames radiológicos, ultrasonográficos e otológicos. Não devem ser 
utilizados para testes alergênicos dermatológicos pois interferem com a leitura de tais 
testes, principalmente por que diminuem a pefusão sangüinea tecidual periférica. Em 
associações farmacológicas, os agonistas alfa-2-adrenérgicos podem ser combinados a 
derivados fenotiazínicos para a produção de profundo efeito sedativo em caninos e 
eqüinos, com opióides para a produção de neurolépto-analgesia em eqüinos e com 
anestésicos dissociativos com a quetamina para a sedação de felinos e caninos agressivos. 
 
 
 
 
Efeitos Farmacológicos 
 
O principal efeito farmacológico dos agonistas alfa-2-adrenérgicos é a inibição da 
liberação de norepinefrina e o bloqueio dos receptores noradrenérgicos pré-sinápticos. Os 
agonistas alfa-2-adrenérgicos produzem severas alterações cardiovasculares, 
principalmente em doses elevadas. O efeito clínico mais comumente reconhecido é a 
bradicardia acentuada, principalmente quando utilizados sem a administração 
concomitante de um agente anticolinérgico como o sulfato de atropina. Pode ocorrer 
bloqueio atrioventricular de 1° e 2° graus por efeito dromotrópico negativo sobre o nodo 
sino-atrial cardíaco. O resultado final é a redução dramática do débito cardíaco. O efeito 
agonista sobre os receptores vasculares alfa-2 periféricos produz intensa vasoconstrição e 
aumento da resistência vascular periférica, o que mantém a pressão arterial elevada 
durante os primeiros 15 a 20 minutos da administração venosa. O quadro hipertensivo 
ativa os baroreceptores no arco aórtico e seio carotídeo, produzindo vasodilatação tardia, 
bradicardia e maior redução do débito cardíaco. Este efeito é menos intenso quando a 
administração é intramuscular. Ocorre ativação periférica de receptores alfa nos vasos 
sangüíneos, no pâncreas e no trato gastrointestinal. Os agonistas alfa-2-adrenérgicos 
produzem sedação, analgesia, relaxamento muscular, inibição da liberação de insulina e 
conseqüente hiperglicemia, diurese osmótica, depressão respiratória com doses elevadas, 
emese por ativação do centro do vômito. Ocorre vasoconstrição nos orgãos abdominais e 
no útero. Animais em quadros clínicos de cólica com involvimento intestinal devem 
receber doses moderadas para evitar intensa isquemia visceral e o risco de necrose e 
conseqüente peritonite por extravazamento de conteúdo intestinal. Pode ser produzido 
efeito abortivo principalmente em ruminantes. As doses variam entre as espécies. Suínos 
e caninos necessitam de doses maiores. Ruminantes são extremamente sensíveis e 
necessitam de menores doses. Em caninos pode ocorrer timpanismo gástrico por 
aerofagia e síndrome dilatação-torção gástrica. Em bovinos o timpanismo também é 
observado. Em felinos o uso concomitante de anticolinérgicos e agonistas alfa-2-
adrenérgicos pode produzir hipertensão acentuada por efeito somatório da taquicardia e 
aumento da resistência vascular periférica. 
 
1. Xilazina 
 
A xilazina apesar de produzir efeito preponderante sobre receptores alfa-2, também atua 
sobre receptores alfa-1. A administração arterial em produz efeito convulsógeno por 
efeito sobre receptores alfa-1-adrenérgicos e no passado foi confundida como efeito 
excitatório pois ocorria injeção intracarotídea ao invés de jugular em eqüinos. É o 
fármaco de eleição para sedação e analgesia em eqüinos com quadro de cólica pois 
produz efeito por breve período de tempo, entre 20 a 30 minutos e pode ser utilizado de 
acordo com a necessidade. Em pequenos animais deve ser restrito o uso a animais jovens 
e hígidos, porém está contra-indicada em pacientes pediátricos pois estes são dependentes 
da freqüência cardíaca normal para manutenção do débito cardíaco e conseqüente 
perfusão tecidual. Pode ser administrada por via intramuscular, venosa e subcutânea. Em 
caninos e felinos produz emese. Deve ser EVITADA quando o fármaco indutor 
anestésico for o tiopental sódico e a manutenção anestésica feita com halotano, pelo risco 
 
potencial de arritmias ventriculares e assístole cardíaca. Produz sedação intensa, 
salivação excessiva e decúbito esternal ou lateral em ruminantes, principalmente com 
doses elevadas. Os fármacos anticolinérgicos não devem ser utilizados para inibir a 
salivação e a secreção bronquial pois o volume salivar diminui as expensas de uma saliva 
mais espessa que pode obstruir as vias aereas e causar hipoxemia. Em suínos é necessario 
associar fármacos benzodiazepínicos, fenotiazínicos ou butirofenonas para obtenção de 
efeito sedativo acentuado. 
 
2. Medetomidina 
 
É cerca de 50 a 100 vezes mais potente que e a xilazina. Produz efeitos semelhantes aos 
da xilazina por período mais prolongado, cerca de 2 a 3 horas. Indicado para 
procedimentos diagnósticos em pequenos animais. Contra-indicada como MPA em 
pequenos animais pelos prolongados efeitos adversos sobre a função cardiovascular. A 
única excessão são os casos em que existe a necessidade de sedação de animais 
agressivos para posterior indução anestésica, quando baixas doses de medetomidina 
podem ser associadas a opióides. Não é indicada em eqüinos pois pode produzir 
acentuado relaxamento muscular e queda do animal. 
 
3. Detomidina 
 
Assim como a medetomidina, a detomidina é mais potente e seletiva para os receptores 
alfa-2-adrenérgicos. Ao contrário da xilazina o período de efeito e’dose dependente e 
pode extender-se por até 3 horas. É recomendada para sedação de eqüinos agressivos para 
procedimentos em estação, não sendo superior a associação xilazina e butorfanol como 
MPA em eqüinos. Sua diferença fundamental em relação a medetomidina reside no fato 
de que a medetomidina é um fármaco que produz maior relaxamento muscular e 
geralmente leva o animal ao decúbito lateral. 
 
4. Romifidina 
 
A romifidina produz efeitos semelhantes a detomidina, embora seja menos potente. 
Produz menos ataxia do que a detomidina e xilazina, sendo possível a movimentação dos 
animais após sedados. Em geral o efeito sedativo é dose dependente, embora o período de 
efeito não. O tempo de efeito é de cerca de 30 a 60 minutos. 
 
ANTAGONISTAS ALFA-2-ADRENÉRGICOS 
 
Estes fármacos antagonizam os efeitos analgésicos e sedativos dos agonistas alfa-2-
adrenérgicos. Os fármacos pertencentes a esta categoria são a Yoimbina, a Tolazolina e o 
Atipamezole. A Yoimbina não é tão efetiva como a tolazolina e o atipamezole. Quando 
administrados por via venosa, pode ocorrer taquicardia, hipertensão sistêmica e pulmonar 
e disforia por que a concetração de norepinefrina na fenda sináptica aumenta 
bruscamente. 
Em alguns animais é necessária suplementação da primeira dose do antagonista para a 
obtenção de efeitos clínicos. O atipamezole está indicado para a reversão dos efeitos da 
 
medetomidina. A tolazolina é indicada para a reversão dos efeitos da xilazina.Existem 
evidências de que a tolazolina possa causar óbito em camelídeos Sul-Americanos como 
Lhamas e alpacas, provavelmente pela administração de doses elevadas. Após a 
administração venosa do antagonista a reversão ocorre em cerca de 1 a 2 minutos. 
 
 
 
 
DERIVADOS FENOTIAZÍNICOS 
 
Indicações para o uso 
 
Utilizados como ansiolíticos, os derivados fenotiazínicos produzem tranqüilização sem 
analgesia, com excessão da levomepromazina que possui alguma atividade analgésica em 
caninos. São indicados como tranqüilizantes em caninos, felinos e eqüinos. Não 
produzem efeito sedativo marcante, embora quando associados a outros fármacos 
sedativos potencializem os efeitos destes últimos. Os derivados fenotiazínicos são 
indicados para o uso na MPA, associados ou não a outros fármacos. Podem ser 
administrados por via intramuscular, venosa e subcutânea. Caninos sedados com opióides 
e que apresentam recuperação disfórica e eqüinos propensos a recuperação anestésica 
agitada podem ser tratados com doses mínimas intravenosas para obtenção de efeito 
tranqüilizante. 
 
Efeitos Farmacológicos 
 
Os fármacos fenotiazínicos primariamente produzem bloqueio dos receptores 
dopaminérgicos no sistema nervoso central, produzindo seu efeito tranqüilizante e 
diminuindo a concentração alveolar mínima necessária para manutenção anestésica. O 
principal efeito periférico é o bloqueio dos receptores alfa-1-adrenérgicos, produzindo 
vasodilatação acentuada e hipotensão dose dependente. De forma geral a freqüência 
cardíaca e o débito cardíaco se mantém inalterados. De forma geral os efeitos dos demais 
fármacos anestésicos é potencializado, diminuindo a dose necessária de fármacos 
indutores e para manutenção anestésica. O metabolismo dos fármacos fenotiazínicos é 
hepático, sendo que os metabólitos são excretados por via renal e intestinal. Animais 
portadores de insuficiência hepática e/ou renal podem permanecer sob efeito por períodos 
prolongados, principalmente por que não existem antagonistas específicos. No sistema 
nervoso central, ocorre diminuição do limiar convulsógeno, principalmente nos animais 
submetidos a exames radiológicos ou tomográficos em que se utilizam meios de contraste 
iodados por via intravenosa ou via subaraquinoidea. Este efeito ocorre principalmente 
pelo bloqueio dopaminérgico, ocorrendo desorganização da neurotransmissão no SNC. 
Os derivados fenotiazínicos são também responsáveis por efeito antihistamínico e 
antiemético moderado. 
 
 
 
1. Acepromazina 
 
 
A acepromazina não possui atividade intrínseca analgésica e deve ser utilizada sempre 
associada a alguma técnica anestésica que contemple alguma forma de analgesia para os 
procedimentos dolorosos. A dose recomendada é de 0,1mg/kg por via intramuscular, 
sendo que a dose máxima deva ser de 3 a 4mg em caninos, 0,5mg em felinos e 10mg em 
eqüinos. Por via venosa a dose máxima deve ser de 0,05mg/kg. No caso de ser necessário 
efeito sedativo mais intenso, a acepromazina deve ser associada a um agonista opióide 
em caninos e felinos ou alfa-2-adrenérgico em eqüinos. Existem evidências de que os 
cães da raça Boxer são mais sensíveis aos efeitos dos derivados fenotiazínicos. O período 
necessário para início de efeito após administração intramuscular é de 30 a 45 minutos e 
o tempo de efeito varia de 3 a 6 horas. Doses elevadas podem produzir hipotensão 
acentuada em animais geriátricos, no choque septicêmico e animais toxemicos. Nestes 
casos pode ocorrer hipoperfusão renal e interrupção da filtração glomerular renal com 
necrose renal aguda e óbito do paciente em 24 a 48 horas. Pode ocorrer parafimose em 
eqüinos. Após administração a acepromazina se liga a proteínas plasmáticas. Em animais 
hipoproteinêmicos, doses consideradas adequadas podem produzir efeito mais intenso 
que o esperado. Em animais com dosagem de proteínas plasmáticas totais inferior a 
5,0g/dl a dose de acepromazina deve ser reduzida para a terça ou quarta parte da dose 
recomendada. Não ocorre depressão ventilatória ou respiratória. 
 
2. Levomepromazina 
 
Apresenta características fármacológicas semelhantes a acepromazina, embora seja 
menos potente. A levomepromazina produz analgesia moderada quando administrada por 
via venosa em caninos. O mecanismo pelo qual a levomeprozina produz analgesia não é 
completamente conhecido. Pode ser empregada na maioria das espécies domésticas. 
Quando associada a derivados benzodiazepínicos produz intenso efeito sedativo em 
eqüinos, caninos, bovinos e suínos. Quando utilizada como MPA, diminui a dose 
necessária de anestésicos dissociativos para manutenção da anestesia de maneira 
semelhante aos agonistas alfa-2-adrenérgicos. 
 
 
DERIVADOS BENZODIAZEPÍNICOS 
 
Indicação para o uso 
 
Os derivados benzodiazepínicos não são adequados para o uso na MPA isoladamente. 
Existe a necessidade de associá-los a outros fármacos, pois pode ocorrer disforia se 
utilizados por via intravenosa. Potencializam os efeitos dos derivados opióides e 
fenotiazínicos quando empregados concomitantemente. Existe um antagonista especíco 
(flumazenil). O tempo de efeito dos derivados benzodiazepínicos varia de 1 a 6 horas 
dependendo do fármaco, dose e via de administração. O diazepam produz efeito mais 
prolongado do que o midazolam. O flunitrazepam é mais potente e produz efeito mais 
longo que o diazepam e midazolam. 
 
 
 
 
 
Efeitos Farmacológicos 
 
Os benzodiazepínicos potencializam os efeitos inibidores do ácido gama-aminobutírico 
(GABA) no sistema nervoso central, inibindo a neurotransmissão. Existem evidências de 
que quando administrados por via subaraquinoidea, os derivados benzodiazepínicos 
produzem analgesia. De forma geral, considera-se que os benzodiazepínicos não 
produzam analgesia quando administrados por via venosa ou muscular. No SNC ainda, os 
benzodiazepínicos produzem inibição da neurotrasnissão ao nível dos neurônios 
internuncais na medula espinhal, produzindo relaxamento muscular, por isso são 
indicados no tratamento agudo das convulsões. Podem causar euforia e disforia quando 
administrados por via venosa isoladamente. Em geral não ocorrem alterações 
cardiovasculares. Podem produzir depressão respiratória quando associados a opióides e 
agonistas alfa-2-adrenérgicos. O metabolismo é hepático. Disfunção hepática ou redução 
do fluxo sangüineo hepático podem resultar em efeito prolongado, necessitando reversão 
com o antagonista específico. 
 
1. Diazepam 
 
Diluído em propileno glicol, o diazepam não é indicado para administração intramuscular 
pois a administração é dolorosa e a absorção inadequada. Por via venosa pode ser 
associado a oximorfona ou ao fentanil para produzir sedação ou mesmo indução 
anestésica. O propileno glicol produz cardiotoxicidade e o diazepam deve ser evitado em 
animais portadores de insuficiência cardíaca congestiva. Em equinos pode ser associado a 
agonistas alfa-2-adrenérgicos para obtenção sedação e relaxamento muscular acentuados. 
 
2. Midazolam 
 
Mesma potência do diazepam, embora seja hidrossolúvel e possa ser administrado por 
via intramuscular. Recomendado em associações com opióides e anestésicos 
dissociativos para a MPA em felinos, associado a levomepromazina para sedação de 
suínos. Em caninos pode ser associado a oximorfona para sedação intravenosa. 
 
ANTAGONISTAS BENZODIAZEPÍNICOS 
 
Flumazenil 
 
Desloca os derivados benzodiazepínicos dos receptores específicos, retornando a 
normalidade na neurotrasmissão ao nível do sistema nervoso central, retornando a 
consciência e terminando o efeito relaxante muscular. O flumazenil está indicado nos 
casos em que os animais receberam derivados benzodiazepínicos como MPA ou como 
parte da indução anestésica e experimentam dificuldades de recobrar a consciência e 
atividade motora. 
 
 
 
BUTIROFENONAS 
 
Indicações para o uso 
 
As indicações para o usode butirofenonas em medicina veterinária são bastante 
limitadas. Uma das excessões é o uso de azaperone para tranqüilização de suínos como 
MPA ou para reduzir a ansiedade e o estresse do transporte. As butirofenonas também 
são utilizadas em associações com derivados opióides para a produção de efeito 
neuroleptoanalgésico. 
 
Efeitos Farmacológicos 
 
As butirofenonas apresentam efeito farmacológico semelhante aos derivados 
fenotiazínicos, bloqueando a neurotransmissão ao nível do sistema nervoso central por 
inibição dopaminérgica. Não possuem atividade antihistamínica ou antiemética. Não 
possuem atividade analgésica. Algumas butirofenonas quando associadas a opióides 
produzem efeito neuroléptico, embora em caninos estas associações sejam implicadas em 
distúrbios de comportamento. Em geral os efeitos hipotensores das butirofenonas são 
menos acentuados do que os dos derivados fenotiazínicos. Não ocorre depressão do 
miocárdio ou depressão respiratória acentuada. O metabolismo é hepático e assim como 
com outros sedativos e tranqüilizantes, quadros de disfunção hepática podem produzir 
recuperação prolongada. Não existe antagonista para as butirofenonas. 
 
1. Azaperone 
 
Indicado para tranqüilização de suínos para transporte ou como MPA. Deve ser 
administrado por via venosa ou intramuscular. Destituído de efeito analgésico. O 
prolongado tempo efeito, 3 a 6 horas permite o uso para transporte dos animais. 
 
2. Droperidol 
 
Efeito semelhante a acepromazina em caninos. Associado ao fentanil produz profundo 
efeito sedativo, embora possa provocar mudança de comportamento nos animais após a 
recuperação, tornando o animal agressivo. Atualmente é contra-indicado para a espécie 
canina em associação ao fentanil. Não apresenta vantagens sobre a acepromazina ou a 
levomepromazina. 
 
 
 
 
 
 
ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS 
 
Indicações para o uso 
 
 
Os anestésicos dissociativos como a quetamina e a tiletamina são utilizados para a 
obtenção de sedação de felinos e caninos agressivos. É obrigatório o uso associado a 
outros fármacos tranqüilizantes e relaxantes musculares pois os derivados fenciclidínicos 
produzem intensa rigidez muscular e catatonia e aumentam a produção de secreções 
salivares e brônquicas. 
 
Efeitos Farmacológicos 
 
Os anestésicos dissociativos produzem interferência na transmissão neuronal entre o 
sistema límbico e as áreas talamo-corticais do cérebro, levando a dissociação entre o 
tálamo e o encéfalo. Ocorre antagonismo não competitivo pelos receptores N-metil 
aminoacido-excitatório (glutamato e aspartato). Este antagonismo não competitivo é 
responsável pelo efeito analgésico dos anestésicos dissociativos, embora este efeito 
analgésico seja de curta duração, ou seja, cerca de 45 minutos quando administrados por 
via intramuscular e 20 minutos por via venosa. Os derivados fenciclidínicos produzem 
intenso efeito analgésico somático e visceral. São bastante efetivos no tratamento da dor 
de orígem traumática e nos casos em que o fenômeno de hiperalgesia está instalado. O 
uso por via extradural em animais e seres humanos produz analgesia intensa de tempo de 
efeito de 45 a 90 minutos. Como o tono simpático aumenta quando da administração de 
anestésicos dissociativos, aumenta a freqüência cardíaca, a pressão arterial, a pressão 
intraocular e intracraniana. Por ser extremamente hidrossolúvel, os anestésicos 
dissociativos podem ser administrados por via intramuscular com rápida absorção. A 
hipersalivação pode ser prevenida com o uso de anticolinérgicos. O metabolismo é 
hepático em caninos, embora somente 50% da dose inicial seja metabilizada. O restante é 
eliminado sem metabolismo por via renal. Em felinos cerca de 80% da dose inicial são 
eliminados por via renal sem metabolismo. A presença de disfunção hepática e/ou renal 
pode produzir recuperação prolongada. Não existe antagonista. A função ventilatória é 
alterada com aumento da freqüência respiratória e diminuição do volume corrente. O 
volume minuto pulmonar não é alterado. O padrão respiratório em geral é o apneustico. 
Os efeitos cardiovasculares não são dignos de nota, a menos que outros fármacos 
administrados concomitantemente produzam depressão cardiovascular. Nestes casos os 
derivados fenciclidínicos podem potencializar a depressão cardiovascular e aumentar o 
consumo de oxigênio pelo miocárdio. Em caninos e eqüinos os anestésicos dissociativos 
podem causar efeito convulsógeno. Devem ser evitados em animais que receberão 
contrastes para mielografia ou tomografia. 
 
 
 
 
1. Quetamina 
A quetamina é utilizada como MPA em caninos, suínos e felinos associada a um agonista 
alfa-2-adrenérgico ou em associação com um derivado opióide e um benzodiazepínico. 
Não é recomendado o uso como MPA em eqüinos. 
 
2. Tiletamina 
 
A semelhança da quetamina o uso como MPA está restrito a caninos, suínos e felinos. É 
cerca de duas vezes mais potente que a quetamina. Comercializada em associação com o 
zolazepam (benzodiazepínico, duas vezes mais potente que o diazepam) na forma de sal 
para ser diluído. Felinos metabolizam o zolazepam lentamente pois são destituídos de 
complexo enzimático adequado para tal fim, ocorrendo recuperação prolongada. 
 
 
 
 
NEUROLEPTO-ANALGÉSICOS 
 
Indicações para o uso 
 
Quando um fármaco com atividade analgésica é associado com outro depressor do 
sistema nervoso central denomina-se a associação como NEUROLEPTO-
ANALGESICA. Esta denominação não atende a todas as características de todas as 
associações possíveis pois algumas produzem relaxamento muscular e outros efeitos 
farmacológicos. A associação de um fármaco neuroléptico (tranqüilizante ou sedativo) a 
um analgésico, é a técnica mais adequada para a obtenção dos efeitos desejados no 
período que antecede a indução anestésica. O componente neuroléptico da associação 
produz efeito ansiolítico e tranqüilizante, enquanto o componente analgésico permite 
manipulação moderadamente invasiva como punções e cateterizações e dependendo do 
fármaco utilizado este efeito analgésico estará extendido ao período intra e pós-cirúrgico. 
Para a doses e indicações por espécie animal ver o Quadro 7. 
 
Efeitos Faramacológicos 
 
Os efeitos farmacológicos específicos variam com a associação empregada. Quando se 
associa agonistas alfa-2-adrenérgicos e derivados benzodiazepínicos, o intenso efeito 
relaxante muscular pode produzir apnéia. Da mesma forma, a associação de agonistas 
alfaf-2-adrenérgicos e derivados fentotiazínicos produzem intenso efeito hipotensivo, 
principalmente quando administrados por via venosa. Estes efeitos sinérgicos são 
observados também nas características desejáveis da associação, como quando opióides e 
agonistas alfa-2-adrenérgicos são associados e obten-se efeito analgésico mais intenso e 
por maior período de tempo (ver Quadro 7). 
 
 
 
Quadro 6 – Fármacos e Doses recomendados para uso na Medicação Pré-Anestésica 
e na Reversão dos Efeitos Sedativo e/ou Analgésicos (em mg/kg). 
 
Fármaco Canina Felina Eqüina Bovina Caprina/ 
Ovina 
Suína 
Atropina 0,02 IV 
0,04 IM 
0,02 IV 
0,04 IM 
0,01 IV 0,01 IV 0,1 IV 
0,2 IM 
0,02 IV 
0,04 
IM 
Glicopirrolato 0,01 IV 
0,02 IM 
0,005 IV 
0,01 IM 
0,005 IV 0,005 IV 0,01 IV 0,01 IV 
Acepromazina 0,05 IV 
0,1 IM 
0,01 IV 
0,05 IM 
0,05 IV 
0,07 IM 
0,02 IV 
0,01 IV 
0,05 IV 
0,1 IM 
0,05 IV 
0,2 IM 
Levomepromazin
a 
0,1 IV 
0,5 IM 
0,05 IV 
0,5 IM 
0,1 IV 0,1 IV 0,1 IV 
0,5 IM 
0,1 IV 
0,5 IM 
Diazepam 0,2 IV 0,1 IV 0,05 IV 0,05 IV 0,1IV 0,2 IV 
Midazolam 0,1 IV 
0,5 IM 
0,1 IV 
0,2 IM 
0,01 IV 0,01 IV 0,1 IV 
0,2 IM 
0,2 IV 
0,5 IM 
Flumazenil* 0,02 IV 0,02 IV 
Azaperone 2,2 IM 
Xilazina 0,1 IV 
0,5 IM 
0,1 IV 
0,5 IM 
0,5 IV 
2,0 IM 
0,04 IV 
0,2 IM 
0,04 IV 
0,2 IM 
0,5 IV 
2,0 IMMedetomidina 0,001IV 
0,04 IM 
0,001 IV 
0,02 IM 
 
Detomidina 0,01-0,02 
IV 
0,03 IM 
 
Romifidina 0,06-0,08 
IV 
0,1 IM 
 
Yoimbina* 0,1 IV 0,1 IV 0,1 IV 0,1 IV 0,1 IV 0,1 IV 
Tolazolina* 1-2 IV 1,0 IV 1-2 IV 1-2 IV 1-2 IV 1-2 IV 
Atipamezole* 0,2 IV 0,2 IV 
Morfina 1-2 IM 0,3 IM 0,1 IV 
Oximorfona 0,05 IV 
0,1 IM 
0,05 IV 
0,1 IM 
 
Fentanil 0,02 IV 
0,05 IM 
 
Buprenorfina 0,005 IV 
0,01 IM 
0,005 IV 
0,02 IM 
 
Meperidina 2-4 IM 2-4 IM 2,0 IM 
0,2-0,4 IV 
 2,0 IM 2,0 IM 
Tramadol 1-2 IM 
Butorfanol 0,1 IV 
0,4 IM 
0,1 IV 
0,4 IM 
0,05-0,1 IV 
0,2 IM 
0,05 IV 0,2 IM 
Nalbufina 0,1 IV IM 0,1 IV IM 
Naloxone* 0,002 IV 
0,01 IM 
0,002 IV 
0,01 IM 
0,002 IV 0,002 IV 0,002 IV 0,02 
IM 
Quetamina** 4,0 IV 
8,0 IM 
4,0 IV 
8,0 IM 
 
Tiletamina/ 
Zolazepam 
1-2 IV 
5,0 IM 
1,0 IV 
5,0 IM 
 3,0-5,0 
IM 
IM – intramuscular; IV – intravenosa; * Antagonistas; ** sempre associado a um 
sedativo ou tranqüilizante. 
 
 
Quadro 7 – Associações Neurolépto-analgésicas* 
 
Fármacos Canina Felina Eqüina* Bovina Caprina/ 
Ovina 
Suína 
Acepromazina 
Morfina 
0,1 IM 
1,0 IM 
 0,05 IV 
0,1 IV 
 
Acepromazina 
Meperidina 
 0,05 IV 
0,2 IV 
 
Diazepam 
Oximorfona 
0,2 IV 
0,05 IV 
0,2 IV 
0,05 IV 
 
Midazolam 
Oximorfona 
0,2 IV 
0,05 IV 
0,1 IV 
0,05 IV 
 
Midazolam 
Oximorfona 
0,2 IM 
0,2 IM 
0,2 IM 
0,1 IM 
 
Xilazina 
Butorfanol 
0,2 IM 
0,4 IM 
0,2 IM 
0,2 IM 
0,5 IV 
0,005 IV 
 
Acepromazina 
Butorfanol 
0,1 IM 
0,4 IM 
0,05 IM 
0,4 IM 
0,05 IV 
0,1 IV 
 
Xilazina 
Meperidina 
 0,5 IV 
0,2 IV 
 
Levomepromazina 
Midazolam 
0,5 IV 
0,1 IV 
 0,5 IM 
0,5 IM 
Medetomidina 
Acepromazina 
0,002 IM 
0,1 IM 
 
Medetomidina 
Morfina 
0,005 IM 
1,0 IM 
0,01 IM 
0,2 IM 
 
Medetomidina 
Butorfanol 
0,01 IM 
0,4 IM 
0,01 IM 
0,2 IM 
 
* O componente neuroléptico deve ser administrado com 15 minutos de antecedência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
 
Anestésicos Injetáveis 
 
 Em geral, os fármacos anestésicos injetáveis não produzem todos os efeitos 
desejáveis para obtenção da anestesia geral (inconsciência, hipnose, analgesia, 
relaxamento muscular e hiporeflexia). Estes fármacos produzem depressão não seletiva 
do sistema nervoso central e inconsciência (sono artificial), que é somente um dos 
componentes da anestesia geral. É comum e necessário em anestesiologia a associação de 
mais de um fármaco para a obtenção da anestesia geral. O profissional deve ser treinado 
para utilizar os vários grupos anestésicos e suas combinações. A adaptação a apenas um 
fármaco ou uma só combinação não são aceitáveis para se tornar proficiente na arte de 
anestesiar. Alguns anestésicos injetáveis não produzem hipnose como é o caso da 
quetamina, devendo ser associada a um fármaco hipnótico para a produção de 
inconsciência. Vários fatores devem ser considerados quando se vai selecionar um 
anestésico ou uma combinação de fármacos anestésicos para produção da chamada 
indução anestésica. A indução anestésica compreende o período de transição entre o 
estado de consciência e a inconsciência. Nesta fase várias complicações podem ocorrer 
tais como excitação ou mesmo parada cardíaca e/ou respiratória. A classificação do 
paciente de acordo com a ASA é que vai determinar que fármaco anestésico é o mais 
adequado para o caso. 
 
 
Indicações e Restrições para o Usos dos Anestésicos Injetáveis 
 
Os diferentes fármacos anestésicos injetáveis têm indicações específicas para o 
uso na indução anestésica e estas indicações bem como as limitações destes agentes deve 
ser observada. A não observação destes fatores pode produzir efeitos adversos e até o 
óbito do paciente. 
O tiopental sódico deve ser utilizado somente em pacientes sadios, nunca em 
Greyhounds ou galgos como o Irish Wolfhound e outros. É um fármaco com curto 
período de efeito (< 30 minutos). Pode ser utilizado em doses fracionadas durante a 
anestesia geral em eqüinos para aprofundar o plano anestésico rapidamente. 
O pentobarbital sódico é utilizado para controle das convulsões e para a indução 
anestésica combinado ao tiopental em animais a serem submetidos a mielografia 
contrastada principalmente quando o animal vai receber meios de contraste contendo 
iodo. Indicado para indução anestésica em animais de laboratório como pequenos 
roedores pois proporcina um período de anestesia mais prolongado que o tiopental. 
A quetamina é freqüentemente utilizada para indução anestésica em todas as 
espécies domésticas e nas silvestres e exóticas. Pode ser utilizada também para a 
contenção de animais silvestres e como medicação pré-anestésica em felinos domésticos. 
A tiletamina tem as mesmas indicações que a quetamina, sendo que somente deve 
ser administrada associada a um derivado benzodiazepínico(zolazepam ou flunitrazepam) 
potente pois é duas vezes mais potente que a quetamina e a ocorrência de efeitos adversos 
tais como a catalepsia é mais freqüente. 
 
O propofol produz indução anestésica de curta duração (< 20 minutos). Apresenta 
duas vantagens em relação ao tiopental por não produzir arritmias cardíacas com a 
mesma freqüência e pela rápida e completa recuperação do paciente mesmo após infusão 
contínua por várias horas. 
O etomidato está indicado para os pacientes cardiopatas pois não altera a função 
cardiovascular. Deve ser sempre administrado associado a um benzodiazepínico como o 
midazolam ou um derivado opiópide como o fentanil. 
O hidrato de cloral é um agente anestésico antigo, mas que ainda tem algumas 
indicações, principalmente para a contenção de animais silvestres e eqüinos agressivos. 
Apresenta a vantagem de poder ser administrado por vias oral e retal o que facilita a 
administração em animais intratáveis. 
O Guafenisin (éter gliceril guaiacolato) é um relaxante muscular de ação no 
sistema nervoso central, não produzindo inconsciência, mas está indicado associado a um 
agente anestésico geral para indução anestésica em bovinos, eqüinos, animais exóticos 
como Lhamas e em pequenos ruminantes. Em caninos e felinos deve ser evitado pelo 
grande risco de hemólise. 
 
 
Mecanismos de Ação dos Anestésicos Injetáveis 
 
 Acredita-se que os fármacos anestésicos tenham multiplos efeitos no sistema 
nervoso central para a produção do estado de anestesia. Várias teorias foram propostas. 
Alterações das membranas celulares dos neurônios produzindo trocas iônicas e a 
interferência com o sistema neurotransmissor-receptor são as teorias mais prováveis. A 
maioria dos anestésicos injetáveis como os barbituratos, propofol e etomidato 
potencializam os efeitos depressores do SNC produzidos pelo GABA. Os anestésicos 
dissociativos como a quetamina e a tiletamina provavelmente tem mecanismos diferentes 
tais como antagonismo dos receptores muscarínicos colinérgicos no SNC, agonistas de 
receptores sigma e antagonistas dos receptores N-metil-D-aspartato responsáveis pela 
transmissão do estímulo doloroso ao cortéx cerebral. O guaifenesin não é um anestésico 
geral, embora produza relaxamento (relaxação) muscular de orígem central através do 
bloqueio da neurotransmissão ao nível dos neurônios internunciais (ou intercalares) na 
medula espinhal (efeito semelhante aos benzodiazepínicos). 
 
 
DERIVADOS BARBITÚRICOS 
 
 Os derivados barbitúricos são classificados quanto ao seu tempo de ação ou 
efeito. Os de longa e curta duração são indicados para o controle das convulsões 
enquanto os de ultra-curta duração de ação são empregados em anestesiologia: 
 
Longa duração de ação 8-12 horas ex. Fenobarbital sódico 
Curta duraçãode ação 1-2 horas ex. Pentobarbital sódico 
Ultra-curta duração de ação 5-15 minutos ex. Tiopental sódico 
 
 
 
1. TIOPENTAL SÓDICO: 
 
O tiopental sódico produz início de efeito 10-30 segundos após administração 
intravenosa e seu período hábil anestésico é de 5 a 15 minutos. O tiopental sódico é 
um derivado sulfúrico do ácido barbitúrico (tio) análogo ao pentobarbital. Torna-se 
instável em solução ou em contato com o ar. Deve ser estocado em frasco selado e a 
solução utilizada em 3 dias após diluição. Quando conservado sob refrigeração pode 
ser utilizado por até 10 dias. A diluição é feita com solução salina 0,9% ou água 
destilada em concentrações de 1,25% a 5%. As soluções de 1,25% a 2,5% são 
utilizadas em pequenos animais para evitar tromboflebites, enquanto a 5% é utilizada 
em grandes animais. As soluções de tiopental sódico são extremamente alcalinas com 
pH variando de 10 a 11. Soluções com pH tão elevado são potencialmente irritantes 
para os tecidos causando morte celular e necrose. O tiopental sódico somente deve ser 
administrado por via intravenosa e nunca perivascular. Quando ocorrer administração 
acidental subcutânea ou intramuscular, administrar lidocaína 2% sem vasoconstritor 
(epinefrina) para evitar vasoespasmo e grandes volumes de NaCl 0,9% para produzir 
efeito diluidor. 
 
PREPARO DA SOLUÇÃO: 
 
a) Solução a 2,5% 
 
1 grama de tiopental sódico = 1000mg 
 
40ml de solução salina 0,9% 
 
1000mg em 40ml ou 25mg/ml 
 
Para preparar uma solução a 1,25%, usar o dobro de diluente (80ml de salina 0,9%) e 
para 5% usar a metade (20ml de NaCl 0,9%). Lembre sempre que estes cálculos são 
para 1 g de tiopental sódico. 
 
Métodos de Administração: 
 
O tiopental sódico somente deve ser administrado quando um acesso venoso foi 
estabelecido através de um catéter ou disposito intravenoso do tipo butterfly. 
Preferentemente os animais devem ser sedados ou tranqüilizados antes da indução 
com tiopental sódico para reduzir-se as doses de tiopental, reduzir o risco de 
excitação do sistema nervoso central, reduzir a estimulação simpática e evitar 
arritmías cardíacas. Sem medicação pré-anestésica adequada, pode ocorrer excitação 
durante a indução anestésica e durante a recuperação anestésica. Em grandes animais 
principalmente não se deve administrar tiopental sem medicação pré-anestésica. Em 
pequenos animais e pequenos ruminantes (ovinos e caprinos) a dose utilizada é de 10 
a 15mg/kg IV. Esta dose é calculada e ½ ou 1/3 da dose é administrada rapidamente. 
Após 15 segundos, o restante da dose é administrado lentamente até obter-se o grau 
de relaxamento desejado. Em grandes animais este tipo de administração “ao efeito” 
 
não deve ser utilizado. Geralmente utiliza-se 5,5mg/kg em eqüinos e bovinos adultos 
e toda a dose calculada deve ser administrada rapidamente. O tiopental deve ser 
administrado em dose única para intubação traqueal ou procedimentos diagnósticos 
rápidos em animais jovens e sadios não portadores de arritmías cardíacas. Em animais 
geriátricos ou pediátricos e nos muito debilitados deve ser evitado. Doses repetidas 
são cumulativas e o tempo de recuperação anestésica será prolongado, geralmente 
com hipotermia grave. 
 
 
1.1 – Efeitos no Sistema Nervoso Central e Farmacologia 
 
O tiopental produz indução anestésica rápida destituída de analgesia. Ocorre 
depressão do cortéx cerebral, do tálamo e do hipotálamo. O fármaco é rapidamente 
distribuído a partir da administração venosa para os orgãos ricamente vascularizados 
como cérebro, coração e pulmões. Após 5 a 15 minutos o efeito anestésico desaparece 
por redistribuição para outros tecidos como músculos e tecido adiposo. Ocorre 
acúmulo do fármaco nestes tecidos e lentamente o fármaco acumulado retorna para o 
circulação sistêmica produzindo sonolência e aumentando o tempo de recuperação. 
Por este motivo doses repetidas devem ser evitadas. O pH sangüíneo e a concentração 
de proteínas plasmáticas podem interferir com a potência dos barbitúricos. A acidose 
(respiratória ou metabólica) aumenta a fração de tiopental ionizado aumentando a 
potência da droga. O tiopental liga-se a proteínas plasmática em cerca de 65%. 
Assim, animais hipoproteinêmicos (principalmente albumina) terão maior 
concentração de fármaco livre (não ligado a proteínas plasmáticas) aumentando a 
potência da droga e aumentando os riscos de efeitos adversos. O tiopental é 
detoxificado pelo complexo enzimático hepático e os metabólitos excretados na urina. 
Os Greyhounds têm dificuldade de metabolismo hepático do tiopental, ocorrendo 
recuperação lenta e agitada. Por este motivo, cães desta raça NÃO devem ser 
anestesiados com tiopental. 
 
1.2 – Efeitos Cardiovasculares 
 
Os efeitos cardiovasculares dos derivados barbitúricos podem ser deletérios em 
animais geriátricos ou nos debilitados, ou quando o fármaco é utilizado em doses 
altas. O tiopental sensibiliza o miocárdio ao efeito das catecolaminas endógenas e 
exógenas (adrenalina) e dos inotrópicos positivos (dopamina e dobutamina) 
produzindo arritmías ventriculares. Pode ocorrer taquicardia sinusal, bigeminismo 
ventricular e extrassístoles. Estas arritmías podem ser transitórias (1 a 2 minutos) ou 
prolongadas. Quando as arritmías são prolongadas estas podem evoluir para 
taquicardia ventricular, fibrilação ventricular e parada cardíaca. As arritmías 
produzidas pelo tiopental sódico podem ser potencializadas pela xilazina e outros 
agonistas alfa-2 e pelo halotano. Além destes, o uso trans-cirúrgico de epinefrina 
(cirurgias oculares e esplenectomias) e a dor podem desencadear arritmías em 
animais anestesiados com tiopental. O tiopental sódico produz redução do débito 
cardíaco e dimiuição da pressão arterial. Estes efeitos são compensados por animais 
hígidos, mas não são tolerados por animais geriátricos e/ou debilitados. 
 
 
1.3 – Efeitos Respiratórios 
 
Os derivados do ácido barbitúrico são depressores potentes da ventilação pulmonar. 
Ocorre depressão do centros respiratórios na medula (apneustico e pneumotácico). 
Pode ocorrer apnéia temporária após indução com tiopental que pode exigir suporte 
ventilatório através de intubação traqueal e ventilação artificial mecânica ou manual. 
A depressão respiratória pode ser potencializada pelos fármaco utilizados na MPA, 
principalmente quando a morfina ou os agonistas alfa-2-adrenérgicos forem 
utilizados. Depressão respiratória prolongada pode ocorrer sendo necessária 
ventilação por pressão positiva intermitente durante todo o período trans-cirúrgico. O 
cloridrato de doxapram (Dopram, Viviram) podem ser utilizados por via venosa (0,5 a 
1mg/kg ) como analépticos respiratórios após indução com tiopental sódico quando 
houver apnéia, com excessão dos casos em que ocorrer arritmias cardíacas 
concomitantes. O doxapram pode potencializar as arritmías cardíacas e ocorrer para 
cardíaca. Em animais gestantes deve ser evitado pois por ser altamente lipossolúvel, 
atravessa a barreira plancentária rapidamente produzindo depressão ventilatória e 
cardiovascular no feto. 
 
 
 
2. PENTOBARBITAL SÓDICO 
 
 
O pentobarbital sódico produ efeito de 1 a 2 minutos após administração e seu tempo 
hábil anestésico é de 1 a 2 horas. É utilizado como agente anestésico único somente 
em animais de laboratório ou em pesquisas com cães. A principal indicação para o 
uso do pentobarbital sódico é o controle das convulsões. O pentobarbital é um 
oxibarbiturato que pode causar excitação do sistema nervoso central se o animal não 
for adequadamente sedado ou tranqüilizado ou se for administrado muito lentamente. 
O pentobarbital raramente causa arritmías cardíacas embora produza depressão 
respiratória marcante. O tempo de recuperação pode ser longo (8 a 24 horas) quando 
forem utilizadas doses elevadas ( > 30 mg/kg IV). Em sub-doses como é 
recomendado para controle de convulsões

Continue navegando