Buscar

Fichamento Alma

Prévia do material em texto

Fichamento “Alma”
Capítulo “Definições”
Livro “Tipos Psicológicos” 
Autor: C.G. Jung
Editora Vozes, 5º reimpressão Novembro/2016
“Por psique entendo a totalidade dos processos psíquicos, tanto conscientes quanto inconscientes. Por alma, porém, entendo um complexo determinado e limitado de funções que poderíamos caracterizar melhor como “personalidade”.”
“E realmente uma observação psicológica mais penetrante consegue, sem grandes dificuldades, comprovar em indivíduos normais vestígios de uma divisão de caráter.”
“O provérbio “anjo na rua e demônio em casa” traduz a experiência quotidiana do fenômeno de divisão da personalidade. Cada meio requer uma atitude especial. Quanto mais exigida esta atitude pelo respectivo ambiente, mais ela se tornará habitual.”
“De acordo com as condições e necessidades sócias, o caráter social se orienta, de um lado, pelas expectativas ou exigências do ambiente profissional e, de outro, pelas intenções e aspirações sociais do indivíduo.”
“Na verdade ela (personalidade) é individual, como todo o ser, mas de modo inconsciente. Por sua identificação mais ou menos plena com a atitude do momento, engana no mínimo os outros, muitas vezes também a si mesma, sobre seu verdadeiro caráter; veste uma máscara que sabe corresponder, por um lado, às intenções, e por outro, às exigências e opiniões do meio ambiente, prevalecendo ora um ora outro momento. Esta máscara, ou seja, a atitude assumida ad hoc (por agora) eu a denomino persona.”
“A persona é, pois, um complexo funcional que surgi por razões de adaptação ou de necessária comodidade, mas que não é idêntico à individualidade. O complexo funcional da persona diz respeito exclusivamente à relação com os objetos.”
“Entendo, por sujeito, em primeiro lugar, aquela sensação vaga e obscura, sentimentos, pensamentos e sensações que não nos advém comprovadamente da continuidade da vivência consciente com o objeto, mas que, provindo do íntimo obscuro, dos planos de fundo da consciência, perturbam ou inibem e, por vezes, ajudam, constituindo, em sua totalidade, a percepção do da vida inconsciente. O sujeito considerado como “objeto interno” é o inconsciente. Assim como há um relacionamento com o objeto externo, uma atitude externa, também existe em relacionamento com o objeto interno, uma atitude interna.”
“Todas aquelas inibições ocasionais, caprichos, humores, sentimentos vagos e fragmentos de fantasia que às vezes perturbam o trabalho de concentração e o repouso da pessoa normal, e que racionalizamos como provenientes de causas que lhe são atribuídas pela consciência, mas são percepções dos processos dos processos inconscientes.”
“Algumas pessoas têm acesso apenas episódico a essas moções inconscientes ou só a determinada categoria delas. Para algumas pessoas essas moções talvez nunca tenham chegado à consciência como algo que merecesse reflexão; para outras, porém, são problemas de ruminação diária.” 
“Essas maneiras diferentes de lidar com as moções inconscientes são tão habituais quanto as atitudes para com o objeto exterior. A atitude interna corresponde, pois, a um complexo funcional tão determinado quanto a atitude externa.”
“Denomino persona a atitude externa, o caráter externo; e a atitude interna denomino anima/alma.”
“(...) quando alguém possui atitude habitual com referência a certas situações, costumamos dizer que ele é outro quando faz isto ou aquilo. Com isso demonstra a autonomia do complexo funcional de uma atitude habitual: é como se uma outra personalidade se tivesse apossado do indivíduo, como se “outro espírito tivesse entrado nele.” 
“Se a persona for intelectual, a alma será sentimental com toda certeza. O caráter complementar da alma atinge também o caráter sexual, conforme pude constatar muitas vezes. Mulher muito feminina tem a alma masculina, homem muito masculino tem a alma feminina. Deve-se ao fato de o homem não ser completamente viril em todas as coisas, mas possuir, em geral, certos traços femininos. Quanto mais viril sua atitude externa, mais suprimidos são os traços femininos; aparecem, então, no inconsciente.”
“Se, com relação ao homem, falarmos de anima, deveríamos logicamente falar de animus com relação a mulher. Geralmente na atitude externa do homem predominam ou são considerados ideais a lógica e a subjetividade, nas mulheres predomina o sentimento. Na alma porém, a situação se inverte: o homem sente e a mulher delibera. Por isso, o homem desespera mais facilmente, ao passo que a mulher ainda consegue consolar e ter esperança.”
“Tudo o que normalmente deveria estar na atitude externa, mas que ali falta ostensivamente, encontra-se com certeza na atitude interna. É regra básica que pude comprovar sempre que de novo. Mas, no que se refere às qualidades individuais, nada é possível deduzir.”
“Assim como a persona, em ambiente primitivo, assume quase necessariamente traços primitivos, também a alma assume, por um lado, os traços arcaicos do inconsciente e, por outro, o caráter simbólico-prospectivo do inconsciente. Daí provém o caráter “de pressentimento” e “criador” da atitude interna.”

Continue navegando