Buscar

materia online politicas publicas aula 2


Continue navegando


Prévia do material em texto

Politicas Públicas e Organização da Educação Básica
Aula 2: Evolução histórica da política educacional e seus reflexos
Olá! A partir dessa aula vamos começar a estudar as legislações brasileiras. Nesse capítulo, em particular vamos abordar as constituições. No vídeo acima, você vê o momento em Getúlio Vargas preside a solenidade de cremação das bandeiras estaduais, conforme determinação na nova Constituição de 1937, a Constituição do Estado Novo.
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
1-Leia o texto condutor da aula.
2-Participe do Fórum de discussão no tópico Tire suas dúvidas.
3-Realize as atividades solicitadas.
4-Leia a síntese da aula e a chamada para a aula seguinte.
5-Realize os exercícios de autocorreção.
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Identificar as relações entre a organização da educação básica e as constituições nacionais;
2. Reconhecer que os textos legais refletem a organização da sociedade brasileira;
3. Analisar as políticas educacionais a partir do contexto histórico em que se inserem.
4. Identificar as relações entre a organização e desenvolvimento da Educação Básica Brasileira e suas constituições
Passeio pela história
A Constituição é a lei que estabelece as principais regras e normas jurídicas, políticas, econômicas e sociais de um país, dentre elas as da educação. Através do estudo dos textos constitucionais que o Brasil já viveu, podemos perceber a importância que a educação ocupou em diferentes momentos da nossa história. Você verá, a partir de agora, como cada Constituição que o Brasil conheceu tratou a questão educacional.
Contexto Histórico
A necessidade da Constituição nasceu no momento em que o Brasil tornou-se independente de Portugal. Após a disputa entre a elite brasileira e os interesses portugueses, a primeira Carta Magna brasileira foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I.
Na letra da Lei
A educação é tratada em um dos últimos itens do artigo 179, parte integrante do título que dispunha acerca dos direitos dos cidadãos, como se vê a seguir:
Art.179. A inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos cidadãos brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte: (...)
XXXII. A instrução primária é gratuita a todos os cidadãos.
XXXIII. Colégios e universidades onde serão ensinados os elementos das ciências, Belas-Artes e Letras.
Comentários
A partir da leitura do dispositivo legal, repara-se, portanto, a pouca importância reservada á instrução, que se mantém nessa época restrita a uma pequena parcela da população. A Constituição estabelecida à gratuidade do ensino primário, porém não indicava as condições para essa situação se concretizasse, consequentemente a população mantinha-se afastada das salas de aula e, por conseguinte, durante muito tempo as taxas do analfabetismo apresentavam-se bem elevadas.
1891 – A primeira Constituição Republicana
A República proclamada em 1889 mudou o regime político no país, e como decorrência exigiu a elaboração de outro texto constitucional que correspondesse aos novos tempos. Vamos conhecer um pouco mais sobre a Carta Magna de 1891.
Artigos da carta
Art.35. Incumbe, igualmente, ao Congresso, mas não privativamente (...)
 2o. Animar, no país, o desenvolvimento das letras, artes e ciência, bem como a imigração, agricultura, a indústria e o comércio, sem privilégios que tolham a ação dos governos locais;
3o. Criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados.
4o. Prover a instrução secundária no Distrito Federal.
Comentários
A república, debatida durante muitos anos por um setor significativo da sociedade, não trouxe melhoria de condições para a maioria da população, que se manteve em condições para a maioria da população, que se manteve em condições de miséria, e em grande parte distante do processo de escolarização. Essa situação reflete-se no texto constitucional, que se referia ao poder público unicamente como um incentivador da instrução do país.
A Constituição de 1934
 Longos debates entre educadores e um movimento social crescente começava a invadir a sociedade brasileira, exigindo reformas no país, sobretudo no campo educacional, a partir dos anos de 1920. A criação do Ministério da Educação é um exemplo das mudanças resultantes da pressão do movimento conhecido como Escola Nova. O capítulo II do texto legal abordou a questão educacional incorporando sugestões e ideias levantadas por intelectuais e professores da época, já apresentadas no Manifesto dos Pioneiros, publicado em 1932.
Artigos da carta
Art. 149. A educação é direito de todos, e deve ser ministrado pela família e pelos poderes públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no país no modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana. Art. 156. A união e os Municípios aplicarão nunca menos de dez por cento, e os Estados e o Distrito Federal nunca menos de vinte por cento, da renda resultante dos impostos, na manutenção e desenvolvimento dos sistemas educativos. 
 1937 – A Constituição do Estado Novo
Estado Novo foi o nome dado por Getúlio Vargas à ditadura que instalou no Brasil a partir de 1937, que correspondeu a um longo período de autoritarismo e repressão. Em todas as áreas sociais, particularmente na educação, houve um enorme retrocesso. As conquistas apresentadas na Carta Constitucional anterior (1934), que nem chegaram a ser colocadas em prática, foram totalmente abandonadas na nova lei.
1937- A Constituição do Estado Novo
Estado Novo foi o nome dado por Getúlio Vargas á ditadura que estalou no Brasil a partir de 1937, que correspondeu a um longo período de autoritarismo e repressão. Em todas as áreas sócias, particularmente na educação, houve um enorme retrocesso. As conquistas apresentadas na Carta Constitucional anterior (1934), que nem chegaram a ser colocadas em prática, foram totalmente abandonadas na nova lei.
Artigos da Carta
Art. 129. Á infância e a juventude, a que faltarem os recursos á educação em instituições particulares, e dever da Nação, dos Estados e dos Municípios assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em todos os seus graus, possibilidade de receber uma educação adequada ás suas faculdades, aptidões e tendências vocacionais.
Art.130. O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porem, não exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim por ocasião da matricula, será exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a caixa escolar.
Comentários
A educação deixa de ser considerado um direito de todos, como podemos observar no primeiro artigo que tratava da questão (Art.129). Manteve-se a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário, entretanto sem criar mecanismos para que fossem cumpridas, além de instituir a cobrança de uma taxa, chamada de caixa escolar, para aqueles que não pudessem comprovar a pobreza, que daria direito á gratuidade.
A Constituição de 1946
Em 1945, a longa Era Vargas chega ao fim. Uma nova Carta Constitucional foi redigida para acompanhar os novos tempos. Tempos democráticos que se instalavam na vida brasileira, e que traziam alguns direitos sociais. Quanto à educação, o antigo debate dos Pioneiros de 1932 é recuperado em relação a alguns temas. 
A Constituição de 1946
Em 1945, a longa Era Vargas chega ao fim. Uma nova Carta Constitucional foi redigida para acompanhar os novos tempos. Tempos democráticos que se instalavam na vida brasileira, e que traziam alguns direitos sociais. Quanto à educação, o antigo debate dos Pioneiros de 1932 e recuperado em relação a alguns temas.
Artigos da carta
Art.166. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdadee nos ideais de solidariedade humana.
Art. 167. O ensino dos diferentes ramos será ministrado pelos poderes públicos é livre a iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulam.
Art.168. A Legislação do ensino adotara os seguintes princípios: a) o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional: b) o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao primário sê-lo-á para quantos provarem faltas ou insuficiência de recursos:
Art.169. Anualmente, a União aplicará nunca menos de dez por cento, e os Estados o Distrito Federal e os Municípios nunca menos vinte por cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Diretrizes e Bases
A constituição de 1946 também determinou que fosse elaborada uma legislação especifica que aprofundasse o tema, através do artigo 5o, e estabelecesse as Diretrizes e a Bases da educação brasileira. Na Próxima aula estudaremos de maneira mais profunda a primeira Lei tratou sobre o tema.
Saiba mais:
 Caso você tenha alguma dúvida, ou queira explorar o conteúdo desta aula, vá ao fórum de discussão no tópico Tire suas dúvidas, e interaja com seus colegas de turma e com seu professor.
Atenção:
Indicamos para você uma leitura opcional para aprofundar o conteúdo desta aula.
A educação e a nova ordem constitucional, de Vicente Martins.
Referência bibliográfica desta aula
COSTA, Messias. A educação nas constituições do Brasil. R.J.: DP&A, 2002.
Síntese da aula
Nesta aula você viu:
a) que a educação na monarquia era um direito de poucos;
b) que a educação nas primeiras constituições republicanas foi um direito que permaneceu excludente;
c) que os capítulos sobre educação, nas constituições, refletem o contexto histórico brasileiro.
O que vem na próxima aula
A próxima aula pretende apresentar a Primeira Lei de Diretrizes e Bases do Brasil. A elaboração foi marcada por um longo processo que pode ser dividido em duas fases bem características. Vamos analisar, também, o texto aprovado, debatendo as principais determinações que vigoraram.