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Penal - Crimes contra a família

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Faculdade de Direito Unidade São Gabriel
	
TRABALHO DIREITO PENAL IV
Dos Crimes contra a Família
Belo Horizonte
2017
SUMÁRIO
Art. 235 – Bigamia .......................................................................... 3
Art. 236 - Induzimento a erro essencial e 
ocultação de impedimentos ............................................................ 4
Art. 237 - Conhecimento prévio de impedimento ........................... 5
Art. 238 – Simulação de autoridade para
Celebração de casamento ............................................................. 6
Art. 239 – Simulação de casamento .............................................. 7
Art. 240 – Adultério (revogado) ...................................................... 8
Art. 241 – Registro de nascimento inexistente ............................... 9
Art. 242 - Parto suposto; Supressão ou Alteração 
de Direito inerente ao Estado Civil de recém-nascido ................... 10 
Art. 243 – Sonegação de estado de filiação .................................. 11
Art. 244 – Abandono material ........................................................ 12
Art. 245 – Entrega de filho menor à 
pessoa inidônea ............................................................................ 14
Art. 246 – Abandono intelectual .................................................... 15
Art. 247 – Abandono moral ........................................................... 16
Art. 248 – Induzimento à fuga, entrega arbitrária 
ou sonegação de incapazes ......................................................... 17
Art. 249 – Subtração de incapazes ............................................... 18
Exemplos de cada artigo ............................................................... 19
Bibliografia ................................................................................... 21
1) Bigamia
Artigo 235, CP
“Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 1º. Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º. Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.”
	Crime de Bigamia
	
Bem jurídico
	
A organização da família, especialmente a ordem jurídica matrimonial
	
Sujeitos
	Ativo: a pessoa que, casada, contrai novo matrimônio, ou que, solteira, viúva ou divorciada, se casa com pessoa que sabe ser casada.
Passivo: o Estado e, secundariamente, o cônjuge do primeiro casamento e o contraente do segundo, se de boa-fé.
	
Tipo objetivo
	
Contrair alguém, sendo casado, novo casamento (caput). É pressuposto do delito a existência formal de casamento anterior. Se anulados, por qualquer motivo, o matrimônio anterior ou o posterior – este, por razão diversa da bigamia -, inexiste o delito.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo.
	
Consumação
	
Ocorre com a celebração do novo casamento (art. 1.514, CC)
	
Tentativa
	
Admissível
	
Forma privilegiada
	
Ocorre na hipótese daquele que, não sendo casado, contrai casamento com a pessoa casada, conhecendo essa circunstância.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de reclusão, de dois a seis anos. Para aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é prevista pena de reclusão ou detenção, de um a três anos. Admite-se, nesse caso, a suspensão condicional do processo. A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação 
Doutrinária
	
Crime simples, próprio, material, de dano, de forma vinculada, comissivo, instantâneo de efeitos permanentes, plurissubjetivo e plurissubsistente. 
2) Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Artigo 236, CP
“Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único: a ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.”
	Crime de induzimento/ocultação ao impedimento
	
Bem jurídico
	
A organização da família, especialmente a ordem jurídica matrimonial
	
Sujeitos
	Ativo: qualquer pessoa que se case com o propósito de induzir o outro à erro ou ocultar impedimento.
Passivo: o Estado, diretamente interessado na preservação da família, e o contraente de boa fé induzido ao erro essencial.
	
Tipo objetivo
	
Contrair novo casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou lhe ocultando impedimento que não seja casamento anterior. Como o CP não conceitua erro essencial, tampouco elenca as causas de tal impedimento (artigo 1.521, CC).
	
Tipo subjetivo
	
Dolo.
	
Consumação
	
No momento em que os cônjuges manifestam vontade de estabelecer vínculo conjugal perante o juiz (artigo 1.514, CC).
	
Tentativa
	
Por se tratar de crime condicionado à anulação ou declaração de nulidade do casamento, não é possível a tentativa.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se detenção de seis meses a dois anos. A ação penal é a única hipótese, em toda a legislação penal, de ação penal privada personalíssima. Somente o ofendido pode ajuizar a ação penal. Caso ocorra o falecimento, o direito de queixa não será transmitido. Não é possível a nomeação de curador especial ao incapaz ou o início da ação penal pelo seu representante legal.
	
Classificação Doutrinária
	
Crime simples, comum, material, de dano, de forma vinculada, comissivo, instantâneo de efeitos permanentes, unissubjetivo e plurissubsistente.
3) Conhecimento prévio de impedimento
Artigo 237, CP
“Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause à nulidade absoluta:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.”
	Crime de impedimento prévio
	
Bem jurídico
	
Tutela a família para evitar casamentos com violação dos impedimentos legais (artigo 1.548, II, CC).
	
Sujeitos
	Ativo: qualquer pessoa, que esteja ciente do impedimento. Se ambos os contraentes têm conhecimento do impedimento matrimonial, serão coautores do delito.
Passivo: o Estado, pois ele tem interesse na preservação da família e regularidade do casamento. Mediatamente, pode ser considerado sujeito passivo o contraente que não sabia do impedimento.
	
Tipo objetivo
	
A conduta consiste em contrair casamento ciente de que está impedido por lei. Como o CP não elenca as hipóteses de nulidade absoluta do casamento, deve o intérprete da legislação buscar a complementação no Código Civil.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo direto.
	
Consumação
	
Por ser um crime material, sua consumação ocorre no momento em que o casamento é realizado. 
	
Tentativa
	
É admissível, por se tratar de crime plurissubsistente (vários atos).
	
Pena e ação penal
	
Comina-se detenção de três meses a um ano. A ação penal é pública incondicionada, pois neste crime ambos os cônjuges podem ser processados pelo crime de conhecimento prévio de impedimento.
	
Classificação Doutrinária
	
Crime simples, comum, material, de dano, de forma vinculada, comissivo (mas pode ser praticado por omissão), instantâneo de efeitos permanentes, unissubjetivo e plurissubsistente.
4) Simulação de autoridade para celebração de casamento
Artigo 238, CP
“Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave.”
	Crime de simulação de autoridade
	
Bem jurídico
	
Tutela-se o matrimônio, a proteção da disciplina jurídica do casamento.
	
Sujeitos
	
Ativo: é o particular. Também pode sê-lo o funcionário público que não tenha atribuiçãopara celebrar casamento. Aqui, é possível a participação.
Passivo: é o Estado, bem como os cônjuges de boa-fé.
	
Tipo objetivo
	
Atribuir-se no sentido de imputar a si a qualidade de autoridade para celebrar casamentos. A autoridade competente, segundo artigo 98 da CF, é o juiz de paz, cidadão eleito pelo voto direto, com mandato de 4 anos.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo. Se o agente acredita ter autoridade para celebrar casamentos, exclui-se o dolo em razão do erro de tipo.
	
Consumação
	
Consuma-se o crime com a atribuição de autoridade, pois é um crime formal, prescindindo-se da celebração do casamento. 
	
Tentativa
	
É admissível, por se tratar de crime plurissubsistente (vários atos).
	
Pena e ação penal
	
Comina-se detenção de 1 a três anos. A ação penal é pública incondicionada. Não se exige condição de procedibilidade para seu exercício (artigo 89 da Lei n. 9.099/95).
	
Classificação Doutrinária
	
Crime comum, mera conduta, instantâneo de efeitos permanentes, unissubjetivo e plurissubsistente, subsidiário expresso e comissivo.
5) Simulação de casamento
Artigo 239, CP
“Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.”
	Crime de simulação de casamento
	
Bem jurídico
	
Protege-se a organização regular da família, mediante a proteção da ordem jurídica matrimonial, isto é, do casamento válido.
	
Sujeitos
	
Ativo: qualquer pessoa que efetivamente simule a celebração de um casamento. Pode ser também ambos cônjuges, ou ainda, o juiz, o Oficial de Registro ou as testemunhas (todos como coautores).
Passivo: é o Estado, por ter interesse na formação regular da família, e a pessoa iludida com seus familiares e tais testemunhas.
	
Tipo objetivo
	
O verbo núcleo do tipo penal é simular, fingir, representar. A ação deve ser praticada mediante engano de outra pessoa que esteja interessada na celebração do casamento.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo. 
	
Consumação
	
Consuma-se o crime com a simulação de qualquer ato referente à celebração do casamento, pouco importando se o agente conseguiu obter a falsa declaração de casado. 
	
Tentativa
	
É admissível, por se tratar de crime plurissubsistente (vários atos).
	
Pena e ação penal
	
Comina-se detenção de 1 a três anos. Se o fato constituir crime mais grave, a pena aplicável será a do delito apenado mais severamente, uma vez que o delito é subsidiário. A ação penal é pública incondionada.
	
Classificação Doutrinária
	
Crime comum, mera conduta, instantâneo de efeitos permanentes, unissubjetivo e plurissubsistente, subsidiário expresso e comissivo.
6) Adultério (Crime Revogado pela Lei n. 11.106/2005)
Artigo 240, CP
“Cometer adultério:
Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.”
	Crime Revogado de Adultério
	
Bem jurídico
	
Protege-se a organização regular da família, mediante a proteção da ordem jurídica matrimonial.
	
Sujeitos
	
Ativo: homem ou mulher casados, assim como a pessoa não casada com quem o adultério é cometido. Os coautores tinham que ser de sexo diferente, ou seja,o artigo não abrangia os homossexuais.
Passivo: o cônjuge real do autor do adultério.
	
Tipo objetivo
	
A lei não definiu o que entendia por adultério, deixando tal conceituação a cargo da doutrina. Não se considerava adultério a conduta homossexual. Era indispensável à configuração do delito a existência e vigência do casamento de um dos agentes.
	
Tipo subjetivo
	
O erro do co-réu quanto ao estado civil de casado do outro excluía o dolo, nos termos do artigo 20, caput, CP (erro de tipo). 
	
Consumação
	
Consuma-se o crime com a ocorrência do adultério mediante comprovação que uma das partes era casada. 
	
Tentativa
	
Era admissível por ser um crime de erro de tipo.
	
Pena e ação penal
	
Cominava-se detenção de 15 dias a 6 meses. A ação penal era privada e só podia mover o cônjuge ofendido.
7) Registro de nascimento inexistente
Artigo 241, CP
“Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.”
	Crime de registro inexistente de nascimento
	
Bem jurídico
	
O estado de filiação
	
Sujeitos
	
Ativo: qualquer pessoa
Passivo: é o Estado e, em particular, todas as pessoas eventualmente prejudicadas pelo registro.
	
Tipo objetivo
	
Promover (dar causa, provocar, requerer, originar) no Registro Civil a inscrição de nascimento inexistente. Busca-se o registro de nascimento inexistente, ou seja, de nascimento que não ocorreu ou de nascimento de natimorto. O delito de falsidade é absorvido pelo registro de nascimento inexistente.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo. 
	
Consumação
	
Com a efetiva inscrição, no Registro Civil, de nascimento inexistente. 
	
Tentativa
	
Admissível.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se a pena de reclusão de dois a seis anos. A prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
Crime comum, instantâneo de efeitos permanentes, comissivo, de mera conduta e plurissubsistente. 
8) Parto suposto. Supressão ou Alteração de Direito inerente ao Estado Civil de recém-nascido
Artigo 242, CP
“Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único: Se o crime é praticado por motivo de reconhecimento nobreza:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.”
	Crime de supressão/alteração de recém-nascido
	
Bem jurídico
	
O estado de filiação e também a fé pública do Registro Civil.
	
Sujeitos
	Ativo: na modalidade “dar parto alheio como próprio”, apenas a mulher (delito especial próprio); nas demais modalidades, qualquer pessoa (delito comum).
Passivo: o Estado, bem como os herdeiros prejudicados, as pessoas lesadas pelo registro e os recém-nascidos.
	
Tipo objetivo
	
Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil. 
- Ocorre a primeira modalidade quando a agente cria situação em que a gravidez e o parto são simulados e, ao depois, apresenta recém-nascido alheio como se fosse próprio, ou quando, embora tenha havido o parto, o natimorto foi substituído por filho alheio. Desnecessária a inscrição no Registro Civil.
- Verifica-se a segunda modalidade quando o sujeito ativo promove a inscrição no Registro Civil de filho de outrem como se fosse seu. Embora real o nascimento, é falsa a filiação declarada. 
- Pela terceira modalidade, o agente oculta recém-nascido e, pela quarta modalidade, o substitui por outro (vivo ou morto), suprimido ou alterando, em ambas as hipóteses, direito inerente ao estado civil.
	
Tipo subjetivo
	
O dolo e, nas modalidades “ocultar recém-nascido ou substituí-lo”, também o elemento subjetivo do injusto consubstanciado no especial fim de agir. 
	
Consumação
	
- com a situação que altera o estado de filiação;
- com o efetivo registro;
- com a supressão ou alteração do direito.
	
Tentativa
	
Admissível.
	
Pena e ação penal
	
Se os crimes são praticados por motivo de reconhecida nobreza (generosidade, solidariedade), resta caracterizada a forma privilegiada, ou pode o juiz deixar de aplicar a pena, extinguindo-se a punibilidade pelo perdão judicial.
	
Classificação Doutrinária
	
Os crimes são próprios, comuns, instantâneos, permanente (na ocultação), plurissubsistente, de tendência (na supressão e alteração do estado civil do recém-nascido) e omissivo impróprio (na supressão).
9) Sonegação de estado de filiação
Artigo 243, CP
“Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprioou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.”
	Crime de sonegação filial
	
Bem jurídico
	
O estado de filiação.
	
Sujeitos
	
Ativo: qualquer pessoa (delito comum).
Passivo: o Estado e, em particular, a criança prejudicada em seu estado de filiação.
	
Tipo objetivo
	
Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência (pública ou particular) filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil. Abandonada a criança em local distinto daqueles descritos no tipo, é possível a caracterização dos delitos insculpidos nos artigos 133 ou 134 do Código Penal.
	
Tipo subjetivo
	
O dolo e o elemento subjetivo do injusto, consistente no fim de prejudicar direito inerente ao estado civil (delito de intenção).
	
Consumação
	
Com o efeito abandono nos locais alternativamente previstos, acompanhado da ocultação da filiação ou da atribuição de outra.
	
Tentativa
	
Admissível.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Cabível a suspensão condicional do processo. A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
É crime comum, unissubjetivo, formal, de tendência e plurissubsistente.
10) Abandono material
Artigo 244, CP
“Deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente invalido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no país.
Parágrafo único: Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.”
	Crime de sonegação filial
	
Bem jurídico
	
O organismo familiar.
	
Sujeitos
	
Ativo:os cônjuges, genitores, ascendentes ou descendentes (delito especial próprio).
Passivo: o cônjuge, o filho menor de dezoito anos ou inapto para o trabalho, o ascendente inválido ou maior de 60 anos, o descendente ou ascendente gravemente enfermo.
	
Tipo objetivo
	
Deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo
	
Consumação
	
Com a recusa do agente em proporcionar os recursos necessários à subsistência da vitima, com a falta de pagamento da pensão ou com a não prestação do socorro (delito permanente).
	
Tentativa
	
Inadmissível.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de detenção, de um a quatro anos, e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente. Admite-se a suspensão condicional do processo. A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
É crime próprio, de mera conduta, permanente, omissivo puro, unissubsistente. Para Bitencourt, também é plurissubsistente.
11) Entrega de filho menor a pessoa inidônea
Artigo 245, CP
“Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral e materialmente em perigo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º. A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
§ 2º. Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro”.
	Crime de entrega de menor à inidôneo
	
Bem jurídico
	
Assistência familiar.
	
Sujeitos
	
Ativo: os pais (casados ou não e adotivos), sem nenhuma distinção.
Passivo: o filho menor de dezoito anos.
	
Tipo objetivo
	
Entregar filho menor de dezoito anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor ficará moral ou materialmente em perigo.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo, direto ou eventual.
	
Consumação
	
Com a efetiva entrega do menor a pessoa inidônea ou com a prestação de auxílio.
	
Tentativa
	
Admissível.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de detenção, de um a dois anos. Para as formas qualificadas, a pena é de reclusão, de um a quatro anos.
A competência para processo é de reclusão, de um a quatro anos. A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
O delito é de perigo abstrato, doloso, unissubjetivo, instantâneo, próprio no caput e parágrafo 1º, e comum no parágrafo 2º, plurissubsistente e formal.
12) Abandono intelectual
Artigo 246, CP
“Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa”.
	Crime de abandono intelectual
	
Bem jurídico
	
A educação fundamental das crianças.
	
Sujeitos
	
Ativo: os pais (casados ou não e adotivos), sem nenhuma distinção.
Passivo: o filho em idade escolar (sete a catorze anos).
	
Tipo objetivo
	
Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar. Não se configura o delito quando a educação é ministrada em casa, em razão das características do local em que se encontra.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo, direto ou eventual.
	
Consumação
	
Quando, por tempo juridicamente relevante, o agente não providencia a educação fundamental do filho em idade escolar.
	
Tentativa
	
Inadmissível.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. A competência para processo e julgamento é reservada aos Juizados Especiais Criminais. Admite-se a suspensão condicional do processo. A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
O delito é omissivo próprio, permanente, próprio, unissubjetivo, unissubsistente e de mera conduta.
13) Abandono moral
Artigo 247, CP
“Permitir alguém que menor de 18 (dezoito) anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância:
I – frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
II – frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
III – resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV – mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa”. 
	Crime de abandono moral
	
Bem jurídico
	
A formação moral do menor de dezoito anos.
	
Sujeitos
	
Ativo: os pais ou qualquer pessoa a quem o menor é confiado.
Passivo: o menor de dezoito anos.
	
Tipo objetivo
	
Permitir (expressa ou tacitamente) que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância se envolva em um dos delitos citados no artigo citado.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo e, na figura descrita no inciso IV, também o especial fim de agir – “para excitar a comiseração pública”.
	
Consumação
	
No caso de permissão anterior, quando o menor pratica qualquer uma das condutas previstas; na hipótese de anuência posterior, com o assentimento do agente.
	
Tentativa
	
Admissível apenas em se tratando de permissão prévia.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de detenção, de um a três meses, ou multa. A competência para processo e julgamento é reservada aos Juizados Criminais.Admite-se a suspensão condicional do processo.
A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
Crime comum, de perigo abstrato, omissivo impróprio, de forma vinculada, instantâneo, habitual e plurissubsistente. 
14) Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes
Artigo 248, CP
“Induzir menor de 18 (dezoito) anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem em ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de 18 (dezoito) anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (ano), ou multa.” 
	Crime induzimento a fuga e entrega/sonegação de incapaz
	
Bem jurídico
	
O poder familiar, a tutela ou a curatela.
	
Sujeitos
	
Ativo: qualquer pessoa.
Passivo: os pais, o tutor ou curador, bem como o menor de dezoito anos ou interdito.
	
Tipo objetivo
	
Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem, sem ordem dos pais, do tutor ou do curador, algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo.
	
Consumação
	
Com a efetiva fuga do menor ou interdito, com a sua entrega ou com a recusa do agente em entregá-lo a quem legitimamente o reclame.
	
Tentativa
	
Admissível no induzimento à fuga e na entrega arbitrária e incabível na sonegação de incapazes. 
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de detenção, de um mês a um ano, ou multa. A competência para processo e julgamento é reservada aos Juizados Especiais Criminais. Admite-se a suspensão condicional do processo.
A ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
É um crime misto cumulativo (agente responde por concurso de crimes), delito comum (no induzimento a fuga), instantâneo, material, plurissubsistente, crime comum (na entrega arbitrária), unissubjetivo, de mera conduta, comissivo puro e permanente.
15) Subtração de incapazes
Artigo 249, CP
“Subtrair menor de 18 (dezoito) anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
§ 1º. O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
§ 2º. No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
	Crime de subtração de incapazes
	
Bem jurídico
	
A guarda do menor ou interdito.
	
Sujeitos
	
Ativo: qualquer pessoa, inclusive o pai, a mãe, o tutor ou o curador destituído ou temporariamente privado do poder familiar, da guarda, da tutela ou da curatela.
Passivo: os pais, tutores ou curadores, bem como o menor ou interdito.
	
Tipo objetivo
	
Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial.
	
Tipo subjetivo
	
Dolo.
	
Consumação
	
Com a efetiva subtração do menor ou interdito.
	
Tentativa
	
Admissível.
	
Pena e ação penal
	
Comina-se pena de detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime. A competência para processo e julgamento é dos Juizados Especiais Criminais. Admissível a suspensão condicional do processo.
Ação penal é pública incondicionada.
	
Classificação Doutrinária
	
É do tipo penal subsidiário, instantâneo (mas existem correntes que defendem a permanência), comum, comissivo, material e plurissubsistente. 
Exemplos de cada artigo:
Bigamia, 235
João é casado com Maria, e mesmo assim se casa com Ana. Ou, João é solteiro, viúvo ou divorciado, e se casa com Maria, sabendo que essa é casada com Lucas.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, 236
João, casado com Maria, esconde da mesma a prática de crime anterior ao casamento que, por sua vez, torna insuportável a vida em comum.
Conhecimento prévio de impedimento, 237
João, filho adotivo de Ana e Lucas, se casa com Maria, filha legítima do mesmo casal, mesmo sabendo ser impedimento previsto no artigo 1.521, parágrafo V, do Código Penal.
Simulação de autoridade para celebração de casamento, 238
Mesmo não sendo permitido em lei, Lucas se atribui ao sentido de juiz de paz para celebrar o casamento dos amigos, João e Ana, com intenção lucrativa.
Simulação de casamento, 239
João simula casamento com Ana, agente de boa-fé, tendo em vista apenas o patrimônio que sua conjugue possui como herança. 
Adultério, 240
João, casado formalmente com Ana, tem relações sexuais com Maria, esta sendo ciente da situação do autor.
Registro de nascimento inexistente, 241
João, médico de um reconhecido hospital, fornece dolosamente, atestado de nascimento à Ana, sua paciente, para que essa promova registro civil a inscrição de nascimento inexistente.
Parto suposto, supressão/alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido, 242
João faz constar no registro civil uma filiação inexistente, ou seja, registra em seu nome, filho de outrem, de forma que a identidade da criança ou dos herdeiros sofra prejuízo. Outro exemplo, João esconde recém-nascido, evitando seu registro e o prejudicando dos direitos inerentes ao seu estado civil.
Sonegação de estado de filiação, 243
João, objetivando excluir seu irmão da herança de seus pais, o abandona em um orfanato, alegando não o conhecer.
Abandono material, 244
João, pai de duas crianças e separado de tal conjugue, deixa de assegurar os recursos necessários (pensão alimentícia, por exemplo), ou deixa de os socorrer em casos de enfermo.
Entrega de filho menor a pessoa inidônea, 245
João, pai de duas crianças, deixa as mesmas sob os cuidados de Lucas, individuo inidôneo. E mesmo sabendo da situação de Lucas, João não se preocupa com os perigos materiais e morais que as crianças poderão sofrer, uma vez que considera Lucas seu amigo.
Abandono intelectual, 246
João, pai de duas crianças, não faz a matricula de uma delas na rede de escola primária, e impede a outra de freqüentar o estabelecimento de ensino fundamental.
Abandono moral, 247
João, pai de Lucas, menor de 18 anos, exige que o mesmo mendigue durante o dia e trabalhe a noite em casas de prostituição. E mesmo tendo ciência de que tal crime fira com a moral intelectual e física do menor, João continua permitindo, uma vez que todo lucro fica para seus gastos pessoais.
Induzimento a fuga, entrega ou sonegação de incapazes, 248
João induz Lucas, menor de 18 anos, a fugir de casa uma vez que seus pais tenham o proibido de treinar futebol após o período escolar. Outro exemplo, seria de João estar com o menor, Lucas, e não o levar embora assim que este pedir, traduzindo como uma sonegação, onde João estaria retendo o menor incapaz.
Subtração de incapazes, 249
João, pai do menor Lucas, o subtrai da ex conjugue sem prévia autorização judicial, e sem poder de tutela ou guarda disposta.
Bibliografia
Sites
- jusbrasil.com.br
- docslide.com.br
Livros
- BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal comentado: Tratado de Direito Penal Parte Especial. 3ª edição, revista e ampliada. São Paulo: Editora Saraiva, 2003
- PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro. 13ª edição, revista, ampliada e atualizada. Editora Revista dos Tribunais Ltda, 2014