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1 Decisão sobre imputação da responsabilidade penal por meio de seus indicadores externos A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro já proferiu decisão sobre o tema, usando a argumentação de Winfried Hassemer: EMENTA - PENAL - PROCESSO PENAL - RECURSO DEFENSIVO - RECEPTAÇÃO - ABSOLVIÇÃO - DENUNCIA INEPTA QUANTO AO CAPUT DO ARTIGO 180 DO CÓDIGO PENAL - ACUSADO NÃO TINHA CONHECIMENTO DA ORIGEM ILÍCITA DO BEM - DOLO DIRETO - PROVA - AUSÊNCIA ARTIGO 309 DO CTB - CRIME DE PERIGO - INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA - ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO RECEPTAÇÃO: O delito de receptação, chamado pela doutrina de acessório, tem como pressuposto que a coisa seja produto de crime, sendo do Ministério Público o ônus desta prova, tudo de acordo com o que dispõe o Artigo 156 do CPP. Não basta a presença dos elementos objetivos do tipo para o reconhecimento da receptação, sendo necessária a prova de que o agente tinha conhecimento daquela origem ilícita, tratando-se do elemento subjetivo do tipo o dolo, ou seja, a prévia ciência da proveniência criminosa do material apreendido. Esta prova é mais difícil de ser feita, lecionando Francisco Munoz Conde, citando Hassemer, que "a vertente subjetiva, diversamente da objetiva, é muito mais difusa e difícil de comprovação, de vez que reflete uma tendência ou disposição subjetiva que pode ser deduzida, mas não observada." (Teoria Geral do Delito, Tradução de Juarez Tavares e Luiz Regis Prado, Sérgio 2 Antonio Fabris Editor, p. 55). No caso concreto, o próprio Ministério Público ao re-ratificar a denúncia, afastou a presença do dolo direto, o que impede a condenação pelo caput do artigo 180 do Código Penal, sendo destacado na inicial que o acusado deveria saber que o carro por ele conduzido era produto de crime. O dolo indireto não permite a condenação pelo crime de receptação, salvo quando se tratar da forma qualificada do § 1º, que não é a hipótese dos autos. ARTIGO 309 DO CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO: O crime de direção sem habilitação, conforme previsto no próprio tipo penal, para a sua configuração, exige que o autor, ao dirigir sem habilitação, esteja efetivamente causando perigo de dano, ou seja, exige-se que o condutor do veículo esteja dirigindo perigosamente, de forma anormal, colocando em risco a sua integridade física e a de outrem. No presente caso, no entanto, o autor encontrava-se dirigindo normalmente, sem expor a sua vida e a de outrem a nenhum risco, o que, por si só, descaracteriza o delito do Artigo 309 do CTB, tratando-se de mero ilícito administrativo. (TJRJ, Apelação Criminal n. 0061598-64.2011.8.19.000, Primeira Câmara Criminal, Rel. Des. Marcus Basilio - Julgamento: 20/08/2012).
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