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Page | 1 TP IV- PRODUÇAO DE IOGURTE E O ESTUDO DA VITALIDADE DA FLORA INTESTINAL Ayerissina Inglês (21504489), Daniela Gomes (21601064), Nuno Neto (21603699) Docente: Elisabete Maurício Ciências da Nutrição, Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias, Av. Campo Grande, 376, 1749-024 Lisboa, Portugal Resumo: Este trabalho teve como intuito estudar a vitalidade da flora específica presente no iogurte e a sua produção. Para tal, recorreu-se a um iogurte natural ao qual se verificou em vários meios os microrganismos existentes e posteriormente á sua produção a partir destes. Verificou-se, então que há vários parâmetros a ter em conta independentemente do meio de leite onde sejam inoculados os microrganismos. Além disso, averiguou-se também que independentemente do meio (leite gordo), os microrganismos existem e produzem iogurte, sendo que os iogurtes com melhores características são os que têm o conjunto de microorganismos (Lactobacillus Bulgaricus, Streptococcus thermophilus) e não apenas um deles. Palavras-chave: Iogurte; Streptococcus; Lactobacillus; MRS e M17; Coloração Gram; Meio de leite gordo estéril . 1.INTRODUÇÃO bactérias - Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus, resultando em um produto de alta qualidade sensorial (Silva, et al., 2012 & Pimentel, 2011). É ‘ ’ 5 hõ q 108UFC/g (Oliveira & Caruso, 1996). Idealmente, o produto final deve conter quantidades aproximadamente iguais destas bactérias (Biscaia et al., 2004 & Cunha et al., 2008). Durante o processo de fermentação, estas bactérias estimulam-se mutuamente, complementando o crescimento uma da outra - Simbiose. Deste modo, no início da fermentação, o valor de pH do leite favorece o desenvolvimento de Streptococcus thermophilus e, com o aumento do teor de ácido láctico a (o crecimento/desenvolvimento de) Lactobacillus bulgaricus (Gallina, 2015). O equilíbrio das bactérias é necessário para que, o produto permaneça suficientemente ácido e aromático. A acidez e armazenamento a valores de temperatura que rondam os 4-5ºC, tornam- nos alimentos relativamente estáveis, porque inibem o crescimento de outras bactérias prejudiciais para a saúde (Varavallo, 2008). - da de 50. Atualmente, é considerado um alimento probiótico e funcional (Saad, 2006 & Varavallo, 2008). Dentre as inúmeras qualidades nutricionais do iogurte pode-se destacar a sua capacidade em restabelecer a flora intestinal, a proteção contra agentes patogénicos e a sua maior digestibilidade face ao leite (sendo adequado para intolerantes à lactose). Tal facto deve-se ao teor de lactose do leite ser convertido em ácido láctico, durante a fermentação, e por conseguinte, torna-se facilmente digerível e com maiores benefícios do que o leite (Rodas, 2001 & Siva, 2004). Assim sendo, este trabalho teve como objetivo estudar a vitalidade da flora especifica presente na produção do iogurte natural. Page | 2 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais e reagentes Com o objetivo da realização deste trabalho prático foram utilizados os seguintes materiais: um iogurte natural, dois meios de M17 e MRS, água peptonada, parafilme, meio de leite gordo estéril, coloração Gram (violeta de cristal, soluto de lugol, álcool e safranina). 2.2 Metodologias Para o ínicio deste trabalho prático houve a necessidade de pesar 10g de iogurte e colocar 100ml de água peptonada em cada tubo esterilizado. De seguida, foram colocados 1 ml de 10 -2 , 10 -4 e 10 -6 nas placas de Petri com os meios (M17 e MRS), realizando-se, de seguida, o espalhamento. Os meios foram colocados na estufa a 37ºC, durante 48 horas, estando selados com parafilm. Após as 48h foram contados os UFC/g a 10 -4 . Realizou-se, também, o método de coloração Gram para a possível caracterização dos microrganismos, observando-se ao microscópio (observações macroscópicas e microscópicas). Posteriormente, procedeu-se á inoculação de culturas puras em dois tubos estéreis em meio de leite gordo estéril, que depois foi incubado a 40ºC, durante 24 a 48 horas. Após a recolha dos tubos, realizou-se novamente o espalhamento onde se retirou uma gota do M17 e do MRS, secando à chama. Em seguida, efetou-se a coloração Gram para a observação ao microscópio das bactérias existentes nos meios. Á posteriori, inocolou-se o fermento do iogurte, colocando 1 ml de cada meio (MRS e M17) em leite gordo estéril, agitando no vortéx e colocando parafilm. Foi à estufa a 45ºC durante 24 horas. Por fim, e com o objetivo de testar os iogurtes efetuados, realizou-se a prova e avaliação sensorial. 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Culturas obtidas a partir das diversas diluições Fig.1- Culturas obtidas a partir das diversas diluições em meios MRS e M17 Entre as três diluições nas placas, para a M17 para a MRS, tem que se contar e escolher a placa contável que tenha entre 30 a 300 colónias. Em relação à diluição 10 -2 (iogurte mais àgua peptonada) para ambos os meios as colónias estavam incontáveis. Na placa 10 -4 no meio M17 era incontável e no meio MRS continha 744 colónias. Por fim na placa 10 -6 no meio M17 estava contido com 17 colónias, já no meio MRS ocorreu um erro possivelmente na inoculação/operador. Para o meio M17, escolheu-se a diluição 10 -6 e para o meio MRS, escolheu-se a diluição 10 -4 , uma vez que são as únicas placas aceitáveis. Teoricamente o correto seria escolher a placa de diluição 10 -6 por ser a mais diluída mas como referido acima, ocorreu um erro de inoculação/operador. Page | 3 3.2. Coloração Gram das culturas obtidas nos diferentes meios (M17 e MRS) Após a realização da coloração Gram e observação ao microscópio, chegou-se á conclusão de que se tinham obtido, no meio M17, culturas de Streptococcus, apresentando estes células esféricas (cocus), enquanto que no meio MRS tinha-se obtido Lactobacillus, que por sua vez apresentam células em forma de bastonetes longos, neste caso em cadeia. 3.3 Coloração Gram das culturas obtidas em meio de leite gordo estéril No M17, observou-se microrganismo Streptococcus, são de forma esférica (cocus) agrupados em forma de cadeia . No MRS o objetivo era observar o microrganismo Lactobacillus, porém verificou-se a presença de Streptococcus. Deve ter ocorrido algum erro na preparação das amostras sendo que não era uma cultura pura mas sim mista. 3.4. Prova Final O objetivo seria retirar o iogurte da estufa após 24H, porém por negligência por parte dos operadores, este permaneceu durante sete dias. No que diz respeito a avaliação macroscópica do mesmo, este apresentava uma cor característica (branca), a sua textura era cremosa, o cheiro era intenso a queijo e tinha um gosto àcido, característico de um iogurte natural. Fig. 3- Cultura de Streptococcus Thermophillus (M17) 10 -6 , A=1000 Fig. 2- Cultura de Lactobacillus Bulcaricus (MRS) 10 -4 , A=1000 Fig. 4- Cultura de Lactobacillus Bulcaricus (MRS) 10 -4 , A=1000 Fig. 5-Cultura de Streptococcus Thermophillus (M17) 10 -6 , A=1000 Fig. 6- Preparado do iogurte Page | 4 4. CONCLUSÃO O presente trabalho prático, teve como objetivo final a produção de iogurte, sendo que este deveria apresentar determinadas características, micro e macroscópicas, próprias dos iogurtes. Mesmo atingindo este objetivo, admite-se a ocorrência de diversos erros no decorrer da atividade, nomeadamente a obtenção de um número inapropriado de colónias em culturas inoculadas com algumas das diluições realizadas, o que posteriormente terá levado a um erro no número de UFC. Por ocorrência desses erros houve a necessidade de proceder a contagens em culturas em que as colónias superavam ou eram inferiores a 300 unidades. Pensa-se que estes erros em cadeia, possam ter tido origem numa inadequada realização das diluições por falta de experiência dos operadores ou dos métodos de inoculação dos meios. Assim sendo, estes são dois parâmetros a ter em conta na hipotética repetição deste trabalho. Concluiu-se que para a fábrico de um bom iogurte existem várias características a ter em conta como o aroma, o gosto, textura, etc., mas ainda mais importante é existência dos Lactobacillus e Streptococcus (microrganismos específicos) na mesma propoção para a sua produção. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Biscaia, I. M. F., Stadler, C. C., & Pilatti, L. A. (2004). Avaliação das alterações físico-químicas em iogurte adicionado de culturas probióticas. Simpósio de Engenharia de Produção- SIMPEP, 11. Cunha, T. M., de Castro, F. P., Barreto, P. L. M., Benedet, H. D., & Prudêncio, E. S. (2008). Avaliação físico-química, microbiológica e reológica de bebida láctea e leite fermentado adicionados de probióticos. Semina: Ciências Agrárias, 29(1), 103-116. de Brito Rodas, M. A., Rodrigues, R. M. M. S., Sakuma, H., Tavares, L. Z., Sgarbi, C. R., & Lopes, W. C. (2001). Caracterização físico-química, histológica e viabilidade de bactérias lácticas em iogurtes com frutas. Ciênc. Tecnol. Aliment, 21(3), 304-309. da Silva, L. C., Machado, T. B., Silveira, M. L. R., da Rosa, C. S., & Bertagnolli, S. M. M. (2016). Aspectos microbiológicos, pH e acidez de iogurtes de produçao caseira comparados aos industrializados da região de Santa Maria-RS. Disciplinarum Scientia| Saúde, 13(1), 111-120. Gallina, D. A., Silva, A. T., de Souza Trento, F. K. H., & Carusi, J. (2015). Caracterização de leites fermentados com e sem adição de probióticos e prebióticos e avaliação da viabilidade de bactérias láticas e probióticas durante a vida-de-prateleira. UNOPAR Científica Ciências Biológicas e da Saúde= Journal of Health Sciences, 13(4). Martin, Pinho & Ferreira (2004). Alimentos funcionais: conceitos, definições, aplicações e legislação. Alimentação Humana, 10(1), 67-78. Oliveira, A. D., & Caruso, J. G. B. (1996). Leite: obtenção e qualidade do produto fluido e derivados. Piracicaba: FEALQ, 2. Pimentel, T. C. (2011). Probióticos e Benefícios à Saúde. Saúde e Pesquisa, 4(1), 101-107. Saad, S. M. I. (2006). Probiotics and prebiotics: the state of the art. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 42(1), 1-16. Varavallo, M. A., Thomé, J. N., & Teshima, E. (2008). Aplicação de bactérias probióticas para profilaxia e tratamento de doenças gastrointestinais. Semina: Ciências biológicas e da saúde, 29(1), 83-104 Page | 5 6. ANEXOS 6.1- Contagem de Colónias no meio M17 e MRS UFC/g = M17 UFC/g = = 1,7 x 10 8 Tabela 1- Contagem do numéro de colónias do M17 e MRS Diluições M17 MRS 10 -2 incontável incontável 10 -4 incontável 744 colónias 10 -6 17 colónias erro MRS UFC/g = = 7,44 x 10 7