Buscar

Responsabilidade civil: Origem do instituto e pressupostos gerais

Prévia do material em texto

1. Responsabilidade civil: Origem  do instituto e pressupostos gerais
1.1. Conceito
A ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de não prejudicar outro. A responsabilidade pode ser definida como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua ação ou omissão. Nas palavras de Rui Stoco:
“A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana” (STOCO, 2007, p.114).
Segundo Silvio Rodrigues “A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam” (RODRIGUES, 2003, p. 6). O termo responsabilidade Civil, conforme a definição de De Plácido e Silva é:
“Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção” (SILVA, 2010, p. 642).
No direito atual, a tendência é de não deixar a vítima de atos ilícitos sem ressarcimento, de forma a restaurar seu equilíbrio moral e patrimonial. Conforme o entendimento de Carlos Alberto Bittar:
“O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado” (BITTAR, 1994, p. 561).
Em seu sentido etimológico e também no sentido jurídico, a responsabilidade civil está atrelada a ideia de contraprestação, encargo e obrigação. Entretanto é importante distinguir a obrigação da responsabilidade. A obrigação é sempre um dever jurídico originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo consequente à violação do primeiro (CAVALIERI FILHO, 2008, 3).
1.4. Pressupostos gerais da responsabilidade civil
Os atos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito subjetivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é imposto pelo ordenamento jurídico.
O Código Civil Brasileiro estabelece a definição de ato ilícito em seu artigo 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”.
Através da análise deste artigo é possível identificar os elementos da responsabilidade civil, que são: a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa. Este artigo é a base fundamental da responsabilidade civil, e consagra o princípio de que a ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem.
Na lição de Fernando Noronha, para que surja a obrigação de indenizar são necessários os seguintes pressupostos:
1. que haja um fato (uma ação ou omissão humana, ou um fato humano, mas independente da vontade, ou ainda um fato da natureza), que seja antijurídico, isto é, que não seja permitido pelo direito, em si mesmo ou nas suas consequências;
2.que o fato possa ser imputado a alguém, seja por dever a atuação culposa da pessoa, seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma atividade realizada no interesse dela;
3.que tenham sido produzidos danos;
4. que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo ato ou fato praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua risco próprio da atividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por esta (NORONHA, 2010, p. 468/469).
Responsabilidade civil x responsabilidade penal
O Código Civil de 2002 faz referência ao ato ilícito no artigo 186 e 187:
“Art. 186 - aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
“Art. 187 - também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
A partir daí, o legislador entendeu por bem que deveria editar normas a cerca da responsabilidade civil, assim prescreve o artigo 927 do mesmo código civil:
“Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
A responsabilidade penal tem quase o mesmo fundamento da responsabilidade civil, o que as difere são as condições em que elas surgem, porque uma é mais exigente do que a outra quanto ao aperfeiçoamento dos requisitos, assim entende Aguiar Dias.
No caso da responsabilidade penal, o agente infringe uma norma de direito público. Neste caso, o interesse lesado é a sociedade. Entretanto, na responsabilidade civil, o interesse tutelado é o privado, cabendo ao prejudicado requerer a reparação caso entenda necessário.
É possível que o agente, ao infringir uma norma civil, transgrida também a lei penal tornando-se ao mesmo tempo, obrigado civil e penalmente.
A responsabilidade penal distingue ainda da responsabilidade civil, pois esta é pessoal, intransferível, ou seja, o réu responde com a privação da sua liberdade. Enquanto a responsabilidade civil é patrimonial de modo que, se a pessoa não possuir bens, a vítima permanecerá sem ser ressarcida.
Na esfera civil, porém, é um pouco diferente e existem exceções, o que a torna menos rigorosa que o processo penal. Na responsabilidade civil não se trata de réu, mas de vítima.
Outra exigência é a tipicidade, que é um dos requisitos genéricos do crime. É necessário que haja perfeita adequação do fato concreto ao tipo penal. Já no cível, conforme artigo 196, qualquer ação ou omissão pode gerar responsabilidade, a partir do momento em que há violação de direito ou prejuízo a alguém, independentemente de culpa.
A imputabilidade também é tratada de modo diferente entre os institutos. Somente os maiores de 18 anos são responsáveis civil e criminalmente por seus atos.
Com relação à culpabilidade, no âmbito civil a ela é mais ampla. Já na criminal nem toda culpa acarreta a condenação do réu, pois se exige certo grau ou intensidade naquele ato praticado.
O nosso ordenamento jurídico adotou a teoria da responsabilidade civil objetiva, chamada teoria do risco, segundo o qual todo dano deve ser indenizado independentemente de culpa, considerando-se que alguns casos prescritos em lei enquadram-se na espécie de culpa presumida.
A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesmo praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal." (Maria Helena Diniz)
A responsabilidade criminal incide face à transgressão de um tipo penal, caracterizando um crime ou contravenção. O Direito Penal cuida dos ilícitos considerados mais graves e lesivos à sociedade como um todo. Por isso as normas penais são consideradas de direito público.
Neste caso, não haverá reparação e sima aplicação de uma pena pessoal e intransferível ao transgressor, em virtude da gravidade de sua infração, pois a finalidade neste caso é dupla: a reparação da ordem social e a punição.
Responsabilidade civil subjetiva e objetiva
Denomina-se responsabilidade civil subjetiva aquela causada por conduta culposa lato sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se quando o agente causador do dano praticar o ato com negligencia ou imprudência. Já o dolo é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.
Até determinado momento da história a responsabilidade civil subjetiva foi suficiente para a resolução de todos os casos. Contudo, com o passar do tempo, tanto a doutrina quanto a jurisprudência passaram a entender que este modelo de responsabilidade, baseado na culpa não era suficiente para solucionar todos os casos existentes. Este declínio da responsabilidade civil subjetiva se deu principalmente em função da evolução da sociedade industrial e o consequente aumento dos riscos de acidentes de trabalho. Acerca do tema Rui Stoco assevera:
“A necessidade de maior proteção a vitima fez nascer a culpa presumida, de sorte a inverter o ônus da prova e solucionar a grande dificuldade daquele que sofreu um dano demonstrar a culpa do responsável pela ação ou omissão.
O próximo passo foi desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos casos expressos em lei, surgindo a responsabilidade objetiva, quando então não se indaga se o ato é culpável.” (STOCO, 2007, p. 157).
Nesse contexto surge a denominada responsabilidade civil objetiva, que prescinde da culpa. A teoria do risco é o fundamente dessa espécie de responsabilidade, sendo resumida por Sergio Cavalieri nas seguintes palavras: “Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa” (CAVALIERI FILHO, 2008, p. 137).
O Código Civil brasileiro de 1916 era essencialmente subjetivista. O Código de 2002 ajustou-se a evolução da responsabilidade, e apesar de não ter abandonado por completo a responsabilidade subjetiva, inovou ao estabelecer a responsabilidade objetiva em seu artigo 927: “Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
O Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor e do fabricante, desconsiderando o elemento culpa, conforme o constante nos artigos 12 e 14:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”” (BRASIL, 1990)
Responsabilidade Civil contratual e extracontratual
A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever jurídico violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual.
Na primeira, configura-se o dano em decorrência da celebração ou da execução de um contrato. O dever violado é oriundo ou de um contrato ou de um negócio jurídico unilateral. Se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir as obrigações que convencionaram. Acerca da responsabilidade por atos unilaterais de vontade Cesar Fiuza leciona:
“A responsabilidade por atos unilaterais de vontade, como a promessa de recompensa é também contratual, por assemelhação, uma vez que os atos unilaterais só geram efeitos e, portanto, responsabilidade, após se bilateralizarem, Se um indivíduo promete pagar uma recompensa a que lhe restitui os documentos perdidos, só será efetivamente responsável, se e quando alguém encontrar e restituir os documentos, ou seja, depois da bilaterização da promessa.” (FIUZA, 2011, p.331).
Já a responsabilidade propriamente dita, a extracontratual, que também é denominada de aquiliana, tem por fonte deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento jurídico considerado como um todo. O dever jurídico violado não está previsto em nenhum contrato e sem existir qualquer relação jurídica anterior entre o lesante e a vítima; o exemplo mais comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os danos oriundos de acidente entre veículos.
Esta categoria de responsabilidade civil - que visa a reparar os danos decorrentes da violação de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens alheios – costuma ser denominada de responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou, ainda, responsabilidade civil geral.
Na prática, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual dão ensejo à mesma consequência jurídica: a obrigação de reparar o dano. Desta forma, aquele que, mediante conduta voluntária, transgredir um dever jurídico, existindo ou não negócio jurídico, causando dano a outrem, deverá repará-lo.
 A responsabilidade civil no direito de consumidor.
Como relação sócio-jurídica que é, a relação consumerista também gera, logicamente, a responsabilização dos integrantes da cadeia de consumo em virtude de ações ou omissões provocadoras de lesão a direito do consumidor.
Neste âmbito, também é composta pelos elementos essenciais conduta humana, dano e nexo causal. Quanto ao elemento acidental culpa, o Código de Defesa do Consumidor inverte o tratamento dado pelo Código Civil à responsabilidade civil, para adotá-la, como regra, em sua modalidade objetiva, sendo a responsabilidade subjetiva exceção no regramento consumerista.
 Na sistemática do CDC, a responsabilidade civil se fraciona emresponsabilidade pelo fato do produto ou serviço, e em responsabilidade pelo vício do produto ou serviço.
 Previsto no art. 12 do CDC, o fato do produto ou serviço relaciona-se àsegurança que estes devem oferecer aos consumidores. Ocorre o fato, ou acidente de consumo, quando o produto ou serviço expõe a risco a segurança, saúde ou a própria vida do consumidor. Tanto no fato do produto quanto no fato do serviço, os responsáveis respondem independentemente da prova da culpa.
Pelo fato do produto, todos na cadeia de consumo respondem pelos danos causados ao consumidor de forma objetiva e solidária, à exceção do comerciante, que somente responderá quando os demais da cadeia (fabricante, construtor, produtor ou o importador) não puderem ser identificados ou não sejam identificados claramente no produto, ou quando o comerciante não conservar adequadamente os produtos perecíveis (art. 13, I, II e III, CDC).
Também responde de forma objetiva, pelo fato do serviço, aquele que o presta de modo a causar danos em virtude de defeitos relativos à prestação em si, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, conforme dicção do art. 14 do CDC. Quanto aos profissionais liberais,conforme § 4º do art. 14, sua responsabilidade será subjetiva, apurando-se a existência da culpa.
A proteção pelo fato do produto ou serviço se estende não apenas ao consumidor em sentido estrito, mas também ao equiparado. Se, em virtude de acidente de consumo o motorista perde a direção do veículo gerando dando a terceiro alheio àquela relação contratual de consumo, tanto um quanto um quanto o outro poderão pleitear reparação do fabricante.
 Por seu turno, o vício do produto ou serviço corresponde a um descompasso entre o produto ou serviço oferecido e as legítimas expectativas do consumidor, aludindoa problema de inadequação, impedindo ou reduzindo a realização da função ou do fim a que se destina o produto ou o serviço.
 Ou seja, quanto ao vício, não há exposição do consumidor a situação de risco, de perigo, como no fato, mas frustração da legítima expectativa do consumidor quanto à utilidade do produto ou serviço.
Ao contrário do que ocorre em relação ao fato do produto ou serviço, quando se trata de vício, todos na cadeia da relação de consumo, inclusive o comerciante, respondem solidária e objetivamente, como se extrai do art. 18 do CDC.
 Conforme § 1º do art. 18 do CDC, existente vício do produto, ao consumidor é conferida a prerrogativa de, em não sendo sanado dentro de 30 dias, exigir: a. a substituição do produto; b. a restituição imediata da quantia paga, acrescida de atualização monetária; o abatimento proporcional do preço.
Há de se ressaltar que recebem proteção contra vícios não apenas os produtos duráveis, mas também os não duráveis, sendo considerados impróprios para consumo, conforme § 6º do art. 18 do CDC, produtos nas seguintes situações: a. os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; b. os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; c. os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Quando o vício for de quantidade do produto, além do abatimento proporcional do preço, da substituição do produto ou da restituição dos valores pagos, o consumidor poderá exigir a complementação do peso ou medida.
 Quando se tratar de vício do serviço, o consumidor terá direito à restituição imediata da quantia paga, ao abatimento proporcional do preço ou à reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível, consoante art. 20, I, II e III do CDC.
Por fim, ressalte-se que a ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação do produto ou do serviço não lhe exime de responsabilidade, conforme se verifica expressamente do art. 23 do CDC.
 Dos prazos de prescrição e decadência para reclamação
 Consoante art. 27 do CDC, prescreve em 05 anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou serviço, contado a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Decai em 30 dias o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, quando se tratar de serviços ou produtos não duráveis, e em90 dias, quando duráveis, conforme art. 26 do CDC, iniciando-se a contagem a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Quando se tratar de vício oculto, ou redibitório, a contagem do prazo iniciar-se-á no momento em que ficar evidenciado o defeito.
 Das excludentes de responsabilidade
 Curiosamente, o CDC tratou expressamente da exclusão da responsabilidade somente quanto ao fato do produto ou do serviço, deixando de fazê-lo, ao menos de forma explícita, em relação ao vício do produto ou serviço.
Com efeito, o § 3º do art. 12 do CDC estatui que o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador somente não responderão quando provarem: a. que não colocaram o produto no mercado; b. que o defeito não existe; c. a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.
Já o art. 14, § 3º assevera que restará excluída a responsabilidade do prestador de serviços quando provar: a. inexistir defeito no serviço prestado; b. a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 Como se depreende dos próprios dispositivos legais acima indicados, o ônus da prova competirá àquele que pretende elidir sua responsabilidade, ou seja, ao fabricante, construtor, produtor, importador ou prestador de serviço, não ao consumidor, parte hipossuficiente quanto à produção da prova. Mesmo porque, nesses casos, alega-se fato impeditivo do direito do autor, fazendo incidir o art. 330, II do Código de Processo Civil.
 Quanto ao fato fortuito ou força maior, excludente de responsabilidade no direito de uma forma geral, não foi adotado expressamente no CDC, o que gera certa celeuma doutrinária e jurisprudencial, sendo a tendência atual no sentido de aceita-la nas relações consumeristas.

Continue navegando