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História do Direito Brasileiro Prova 1

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Na antiguidade, em especial no Império Romano Ocidental, as fontes do direito eram exclusivamente duas: os costumes e as leis, sendo estas decorrentes de iniciativa do Rei. Este, porém, apenas tinha suas propostas colocadas em vigor após a aceitação popular.
Os pontífices e patrícios da época, no entanto, guardavam em segredo as leis vigentes na República Romana em prol de utiliza-las contra os leigos plebeus. Os mesmos, após tomarem conhecimento do abuso que sofriam, exigiram a elaboração de uma obra compilatória escrita e documentada que versasse sobre todos os seus respectivos direitos. Dito isso, elabora-se a LEI DAS 12 TÁBUAS, a qual reúne sistematicamente todo o direito vigente, sendo este completo, complexo e técnico. Representou o primeiro documento legal a oficializar o Direito Romano, mas o texto oficial foi perdido após as invasões gaulesas.
Dito que os Reinos Germânicos estavam sofrendo pressão dos Hunos, não lhes sobraram opções senão a invasão do Império Romano e convivência com os nativos da Roma Ocidental. Este episódio marca a transição para a Idade Média. Os Germânicos, porém, praticavam um direito oral muito simplório e embasado em costumes e tradições. Sendo assim, a coexistência do mesmo com a complexa legislação romana deu origem ao chamado Direito Romano Vulgarizado, sendo este atécnico e compilado na Lex Romana Visigothorum. 
Justiniano, rei do Império Bizantino, além da unificação, reconquista do Império Ocidental e expansão de seus territórios, almejava também a compilação de todo o direito romano, ou seja, que englobasse todas as épocas e fosse, sem dúvida, uma legislação que atendesse as demandas e litígios do período. Para isso, com a ajuda de Tiboniano, elaborou o CORPUS JURIS CIVILIS e o distribuiu para todo o território romano.
 Após o assassinato de Justiniano, porém, o Império enfrentou um período de intensos conflitos e desestabilidade, principalmente após as invasões Mulçumanas. Com isso, o Corpus Juris Civilis foi esquecido, e ficara diversos exemplares do mesmo abandonados nas bibliotecas.
Por ocasião do renascimento comercial ocorrido na Itália, redescobre-se o CJC, e este passa a ser utilizado em uma enorme gama de países europeus, inclusive em Portugal. Este, por sua vez, surge como um condado após a retomada do Reino Vizigodo, que estava na mão dos árabes. O país lusitano, então, ao adotar tal legislação em seu território, decide por o fazer também na colônia, vulgo Brasil.
Haja vista que os países europeus já possuíam seus próprios direitos e legislações, vulgo JUS PROPRIUM, antes da redescoberta do CJC, este passou a ser utilizado apenas como um direito subsidiário. Em consequência de versar sobre diversas áreas e possuir uma normatividade invejável, o Direito Romano acabou por enraizar-se nas culturas nacionais e, de certa forma, tornou-se impossível a dissociação do mesmo, no que pode-se chamar de “romanização do direito próprio”. Existia ainda o Direito Canônico, que fizera-se como uma espécie de Direito Romano, mas limitado a versar sobre questões de âmbito religioso.
Sendo assim, dado que autoridade do rei ainda não era absoluta, as fontes do direito em Portugal eram:
Costumes
Leis 
Direito Romano – CJC
Após o fortalecimento do Rei com o Estado Absolutista, porém, o direito próprio se guarniciou de diversas novas leis e adquirira mais importância, enquanto a utilização dos costumes enquanto elemento jurídico se tornou escassa. O Direito Romano permaneceu forte.
O direito português e, consequentemente, o brasileiro, era formado por uma série de ordenações. Tais ordenações estabeleceram-se após solicitação dos populares, pois antes as leis eram divulgadas em voz alta no Pelourinho e, sem dúvida, fazia-se difícil tomar conhecimento dos direitos e deveres.
Sendo assim, as ordenações eram: 
Afonsinas
Manuelinas – revisão da anterior
Filipinas – a mais importante
FILIPINAS
Por ter ocorrido apenas a consolidação das leis que já estavam em vigor, não pode-se dizer que houve inovação legislativa com a promulgação das Ordenações Filipinas, e estas seguiam a estrutura dos decretais de Gregório IX, dividindo-se em 5 livros que versavam sobre diferentes temas.
Direito administrativo e organização judiciária
Direito dos eclesiásticos, do rei, dos fidalgos e dos estrangeiros
Processo civil
Direito civil e processo comercial
Direito penal e processo penal
No livro 5, encontrava-se algumas peculiaridades e características marcantes, como:
Preocupação em fazer valer o poder do rei – torna-se claro no momento em que crimes de Lesa Majestade são comparados à lepra
Condenação de atos que fossem de encontro com princípios católicos
Punição e condenação de toda a linhagem de um indivíduo; sendo este, provavelmente, traidor e\ou cometedor de crime de Lesa Majestade. Além disso, em dados casos, a terra do infrator era salgada para que nada mais fertilizasse ali.
Linguagem técnica, rebuscada e narrativa
Forte presença de pessoalidade e diferenciação da qualidade do indivíduo. Sendo assim, como em toda sociedade estamental da época, certas normas não podiam ser aplicadas aqueles que gozassem de privilégios.
Já no Livro 3, estabelecia-se o processo de julgamento de casos e suas respectivas instâncias. Sendo assim, respeitava-se tal ordem:
Direito Próprio – Jus Proprium
Direito Canônico – Jus Comunne - em ocasião de pecado
Direito Romano – Jus Comunne – sem ocorrência de pecado
Bártolo e Acúrsio
Julgamento do Rei – tornando-se precedente para casos futuros
No que diz respeito às ordenações, vale destacar dois termos:
Precedente- é a decisão judicial tomada em um caso concreto, que pode servir com o exemplo para outros julgamentos s imilares
Jurisprudência- conjunto de decisões reiteradas dos tribunais, ou as súmulas de jurisprudência, que são as orientações resultantes de um conjunto de decisões proferidas com mesmo entendimento sobre determinada matéria.
Haja vista que no Brasil ocorriam, concomitantemente, alguns tipos de jurisdição, faz-se de imenso valor destaca-los e caracteriza-los.
MUNICIPAL- Os municípios adquirem tal status após a expedição, por parte da coroa portuguesa, da carta de Foral. Esta carta, por seu turno, profere ao município uma série de privilégios, tributos, obrigações religiosas etc. Porém, para a expedição da mesma, faz-se necessário que a cidade – futuro município – tenha capacidade de financiar sua Câmara Municipal. A Câmara, então, era composta pelos vereadores e Juízes Ordinários, sendo os representantes de ambas magistraturas escolhidos pelos Homens Bons – chefes de família, detentores de poder e nomeação.
O poder de jurisdição encontrava-se nas mãos do Juízes Ordinários, sendo estes leigos e capacitados apenas para julgar casos de baixa complexidade. Com isso, pode-se inferir que os julgamentos eram feitos através dos costumes e dos princípios da equidade.
Nos municípios, estabeleciam-se regras de interesse local e de baixa normatividade proferidas pela Câmara, e recebiam o nome de Posturas Municipais.
SENHORIAL- Em Portugal, o sistema feudal recebia o nome de Senhorialismo, e diferenciavam-se em pouquíssimas questões.
Ao conquistar colônias, o país lusitano estabelece nas mesmas o mesmo sistema que era aplicado na metrópole, porém com o nome de Capitanias Hereditárias. Para a instituição de tais capitanias, fazia-se necessário 2 documentos, ambos proferidos pela Coroa, e que assemelhavam-se à bula papal praticada nos países católicos da Europa.
Carta de Doação- Nesta carta, estavam indicados os limites territoriais da capitania, os sucessores do donatário e, através da mesma, concedia-se ao capitão e, consequentemente, aos Ouvidores, o poder de jurisdição. Estes Ouvidores, por seu turno, eram bacharelados em direito.
Carta de Foral- Esta, por sua vez, determinava os tributos a serem pagos à Coroa, as obrigações religiosas e conferia uma série de privilégios.
A jurisdição senhorial, porém, apenas atuava em 3tipos de casos específicos: 
Crimes de baixa complexidade ocorridos fora do Município
Crimes de alta complexidade
Recursos contra o julgamento dos Juízes Ordinários – segunda instância
REAL- Esta jurisdição, em Portugal, era exercida pelo Corregedor e, no Brasil, pelo Ouvidor Geral. Tal magistrado apenas julgava os recursos proferidos contra o julgamento de Juízes Ordinários e\ou Ouvidores, servindo como uma espécie de segunda ou terceira instância. Porém, pela alta demanda de recursos e a incapacidade do O.G. julgar todos eles, estabelece-se o Tribunal de Relações do Brasil e, posteriormente, o da Goa, da Bahia, de Porto e do Rio de Janeiro.
Cria-se, mais à frente, um tribunal ainda mais absoluto e com o maior poder de jurisdição, chamado Casa da Suplicação e julgava os recursos proferidos contra as decisões dos tribunais, como uma espécie de segunda instância. Os julgadores da Casa de Suplicação eram Desembargadores escolhidos pelo rei, que então se tornavam Ministros, e fazia-se necessário que fossem bachalerados em direito.

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