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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Comportamento Empreendedor Aula 2 Prof. Elton Schneider Prof. Henrique Castelo Branco CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá! Seja bem-vindo a mais uma aula da disciplina Comportamento Empreendedor! Hoje vamos estudar sobre a importância da criatividade, seus conceitos, característica e as oportunidades que dela resultam no ambiente organizacional. Está pronto para começar? Então, vamos lá! “Pensamento criativo é a atividade mental que usa suas habilidades de pensamento para estabelecer relações novas e úteis ou soluções criativas a partir de informações que você já sabia. Aristóteles disse que todas as coisas provêm de alguma outra coisa, e esse é o propósito do pensamento criativo: tirar algo novo, único ou diferente de algo velho (WHELLER, 2002)”. Dessa observação de Wheller surgem as seguintes dúvidas: por que algo tão simples acaba se tornando tão complicado e muitas vezes difícil de ser praticado? O que nos faz resistir ou temer o pensamento criativo? Será que tememos por desconhecermos o que é ser criativo e pensar de modo criativo? Isso tem lógica! O ser humano tende a temer o desconhecido, mesmo que esse desconhecido possa lhe ser útil e importante. Para empreender, pensar de modo criativo é um insumo básico e indispensável. Portanto, nesta aula, vamos trabalhar o conceito de criatividade com o intuito de demonstrar que ser criativo “não dói”! Pelo contrário, quando exercitamos a criatividade acessamos elementos cerebrais ligados ao prazer. Então, vamos saber um pouco mais como esse exercício útil e prazeroso pode ser associado à ação empreendedora, dando a ela muito mais valor, originalidade e potencial de mercado. Para saber mais sobre o tema da aula, assista ao vídeo de introdução, disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Barreto (1997) diz que a criatividade surge à medida que se tem um problema. Quando o problema aparece, a criatividade se aproxima para nos ajudar a resolver a questão. E quem não tem problemas? Por isso, conhecer mais sobre criatividade é algo importante, pois lidar com nossos problemas e encontrar as melhores soluções é um exercício pleno de criar. Somos capazes de fazer isso? Sim! Afinal, se chegamos onde chegamos é porque conseguimos lidar com uma infinidade de problemas, utilizando a criatividade para superá-los e evoluirmos. Sendo assim, não estamos falando de algo que não é de nosso domínio. Podemos inclusive dizer que a criatividade está dentro de todos nós. Só que não basta existir, é preciso saber onde ela está e como utilizá-la. Portanto, esta aula tem a seguinte missão: apontar o que é criatividade; qual sua utilidade; como pode ser acessada e desenvolvida; como associá-la a uma caminhada empreendedora; como torná-la preciosa em uma organização; a utilização da criatividade na percepção de oportunidades e como estas podem fazer diferença na vida dos empreendedores. A ideia é que, ao final de nossos estudos, você disponha de todos os conceitos e condições de aperfeiçoar ainda mais sua criatividade e estar com ela “afiada” para o passo seguinte, que é migrar de um momento criativo para um momento inovador. Problematização Entrar no mundo da criatividade implica em se ligar a um contexto complexo, sistêmico e altamente conectado. A criatividade é uma ação neural, porém, não é algo que acontece simplesmente. Pesquisando a respeito, foi possível encontrar a seguinte informação: A neuroimagem por ressonância magnética funcional mostrou que, enquanto a percepção sensorial é inconsciente, o processo de pensamento é uma função paralela e deliberada que envolve muitas áreas do lado superior do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 córtex pré-frontal do cérebro, em especial às áreas associadas com a lembrança, a imaginação, a atenção e a consciência (MOROSINI, 2010). Essas descobertas construíram um contexto no qual se pode perceber o exercício criativo como sendo algo de caráter holístico, envolvendo experiências mentais com experiências reais, interações neurais com sociais, enfim é possível perceber que não se trata de um elemento racional, fruto apenas do consciente presente em nosso corpo e mente. Diante do exposto podemos afirmar que: I. A capacidade criativa depende de uma atenção de qualidade. II. As experiências mentais são determinadas pela nossa consciência e por nossas experiências reais. III. As possibilidades criativas são tantas quantas forem as informações e conhecimentos que lhes possam alimentar. IV. As experiências sociais pouco contribuem para o processo criativo por acontecerem fora do ambiente neural que gera os resultados criativos. Quais alternativas estão corretas? a. I, II apenas b. I, III e IV apenas c. II e IV apenas d. I, III apenas Feedback a. Resposta incorreta Dizer que as experiências mentais são determinadas pela nossa consciência e por nossas experiências reais é observar o processo criativo apenas pelo lado racional e concreto. Nossa criatividade é muito mais ampla do que isso. Podemos criar de algo irreal, inexato, inexistente, enfim, essa afirmação não é correta por serem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 nossas experiências mentais bem mais amplas do que nos é fornecido pelo nosso contexto formal e racional. b. Resposta incorreta A ideia de que nossas experiências sociais pouco contribuem para o processo criativo por acontecerem fora do ambiente neural que gera os resultados criativos é uma inverdade, pois não é correto pensar que a criatividade só usa elementos internos em sua geração. Tudo que possa se tornar informação, conhecimento, experiência, tendo vindo de nosso ambiente interno ou externo, contribuem para nossa ação criativa. c. Resposta incorreta Ambas as alternativas estão incorretas. Dizer que as experiências mentais são determinadas pela nossa consciência e por nossas experiências reais é observar o processo criativo apenas pelo lado racional e concreto. Assim como a ideia de que nossas experiências sociais pouco contribuem para o processo criativo por acontecerem fora do ambiente neural que gera os resultados criativos é uma inverdade, pois não é correto pensar que a criatividade só usa elementos internos em sua geração. d. Resposta correta Somente as alternativas 1 e 3 estão corretas, pois não se pode afirmar que a atenção não é parte integrante do processo criativo e muito menos que o volume de informações e conhecimento não determinam o volume de criações que podemos fazer. Criar depende de atenção e ganha força em virtude da disponibilidade de informações e conhecimentos que ampliam o poder de sinapses e associações criativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Os professores Elton e Henrique fazem comentários acerca da problematização apresentada. Acesse o material on-line e assista ao vídeo com bastante atenção! A importância da criatividade na ação empreendedora Vimos que o empreendedor deve procurar ser “aquele um”, ou seja, precisa se destacar dos demais, ter algo diferenciado, identificador e marcante para deixar de ser apenas mais um. Esse perfil, que o torna fora do comum, tem relação direta com sua capacidade criativa. Esse seu destaque vem de algo que ele percebeu ser novo, diferente,reforçador, ou seja, ele criou esse elemento diferenciador. Ele teve de ser criativo para se auto-inventar/diferenciar! Não dá para ser um empreendedor de destaque, de impacto e resultado sem o exercício da criatividade. Esta se faz presente e necessária em qualquer momento ou desafio da empreitada. É possível, inclusive, concluir que não há empreendedor que não seja criativo e, portanto, seria redundância se falar em empreendedor criativo! Essa simbiose de conceitos e características por vezes confunde o perfil do empreendedor com o do criativo. Apesar dessa proximidade excessiva, são questões que têm suas próprias definições, perfis e composições. Como já tratamos disso na aula anterior no tocante ao empreendedor, agora vamos mais fundo na questão da criatividade. Pense sobre as seguintes perguntas: ■ ■ O que poderia descrever melhor uma pessoa criativa? ■ ■ Pense em pessoas que você considera criativas e diga o que lhe fez identificar estas pessoas como sendo criativas? ■ ■ Após a reflexão, pense: a que resultado chegou? Agora, vamos ver se esses elementos que elencou durante a sua reflexão estão realmente conectados com o perfil do ser criativo. Continue a leitura! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Siqueira (2009) fez uma enquete na internet a respeito do perfil das pessoas criativas e o resultado apontou as seis características mais marcantes dos criativos. Fonte: Adaptado a partir de SIQUEIRA (2009) Desse material podemos entender que questões como flexibilidade, curiosidade, inconformismo, persistência, observação e conhecimento são elementos formadores da criatividade. Em uma abordagem mais lúdica, porem complementar a visão de Siqueira, foi montada as seguintes dicas em prol de uma formação mais criativa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Fonte: os autores Percebe-se que a questão de ser criativo está relacionada a crenças, conhecimentos e atitudes. Crenças porque não se torna criativo sem desejar ou crer que isso vale a pena e que somos capazes de sermos! Conhecimentos porque não dá para criar sem um acervo de informações e conhecimentos nos apoiando no processo criativo! Atitudes porque criatividade não é teoria, é prática! A caminhada entre o empreendedor e o seu sonho é composta por degraus que requerem um exercício constante da criatividade, dentro de seus requisitos cognitivos, de personalidade, de comportamento e de prática. Por isso não se pode dissociar a ação empreendedora da competência criativa. Ela é a energia que sempre será consumida pelo empreendedor em sua trajetória em busca do cumprimento de seus sonhos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Importante é ter em mente que, quando se fala em ação empreendedora, estamos encaixando tal ação à qualquer atividade humana que tenha como objetivo o alcance de uma situação diferente no futuro. Assim, pensar em criatividade significa vinculá-la a questões pessoais, sociais, econômicas, artísticas, enfim, onde existir ação humana em busca de mudanças e transformações, existirá a necessidade da criatividade. Organizações que buscam se perpetuar e manter presença no mercado precisam que a criatividade lhes dê a centelha da mudança e adaptação para que permaneçam competitivas e participativas. Em resumo, podemos dizer que exercitar a criatividade é elemento decisivo para a vida das pessoas, grupos, organizações, governos, sociedade, países e até mesmo para o planeta. Leitura obrigatória Leia, no capítulo 2 do livro A Caminhada Empreendedora (pág. 53 a 58), a parte que aborda a questão da criatividade integrada ao empreendedorismo e à liderança e como ela se desenvolve. Acesse a Biblioteca Virtual! Para complementar seus estudos, faça uma leitura do post “A rotina de famosos criativos” e reflita sobre a prática criativa de pessoas famosas e reconhecidas como verdadeiros criativos. http://www.updateordie.com/2014/08/28/rotina-de-famosos-criativos/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Também sugerimos que assista às seguintes palestras do canal TEDx Talks: https://www.youtube.com/watch?v=mz95o6L_hFK https://www.youtube.com/watch?v=OYVgmlv4Oo0 Agora, acompanhe as explicações dos professores Elton e Henrique no vídeo que está disponível no material on-line. Aproveite para tirar suas dúvidas! Conceitos e características da Criatividade Há coisas que em termos de definição, não há consenso. Uma delas é a de criatividade. Talvez porque os autores das definições acabam sendo muito criativos, ou porque se trata de um tema com tantas conexões e usos, que uma definição única nunca satisfaz. Porém, estamos aqui para trabalhar esse tema dentro do contexto do empreender, inovar e ser feliz. Sendo assim, vamos começar a conceituação a contar da seguinte esquematização: Fonte: ME EDUQUE (2010) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Essa é uma abordagem interessante, pois nos remete ao conceito de que criar é algo que tem de ter alguma utilidade. Se não for útil, não merece nosso esforço criativo. Em termos de empreender e inovar, tudo bem. No entanto, se considerarmos a arte, por exemplo, não podemos fazer essa conexão entre criatividade e utilidade de modo tão direto e claro. Não se trata de achar que arte não tem utilidade, mas sim de demonstrar que não se começa um processo criativo sem um fim ao qual essa criação será útil. Porém, além de útil, a criação precisa ser inusitada. Lógico! Se criarmos algo que já existe, é conhecido, está pronto, não estamos falando de criatividade, mas de cópia! Criar demanda impõe a inserção de algo novo, diferente, incremental ou até mesmo revolucionário! Mas do que precisamos para criar algo útil e inusitado? Existe uma séria de capacidades para que isso aconteça, todas elas bastante coerentes, já que para sair da mesmice e alcançar o diferente, teremos de exercitar ações em busca disso, sem nos apegar a conceitos, preconceitos, padrões, crenças arraigadas, pontos de vista viciados, sem nos mantermos presos ao contexto em que se está. Enfim, criar envolve uma prática alicerçada em diferentes comportamentos, e estes foram bem enunciados no esquema apresentado anteriormente. Há, contudo, outras definições que diferem muito dessa que foi apresentada. Osho (1993) nos remete a uma definição bem mais filosófica: “a criatividade é divina e está na essência do homem. Além de ser natural, é a própria saúde da pessoa. Sem ela a pessoa não está verdadeiramente viva”. Veja que nessa visão a criatividade não está relacionada a um conjunto de capacidades a serem desenvolvidas, mas sim a algo que está em nossa essência, mais do que isso, algo que representa nossa própria saúde. Sem criatividade estamos doentes! Se refletirmos um pouco, poderemos observar que realmente os momentos mais criativos nossos, quase sempre são momentos prazerosos, interessantes, que consomem nossa atenção, vontade e capacidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 de um modo intenso, pois é algo tão “gostoso” que deixando de perceber o tempo ou mesmo outras demandas. Entretanto, há autores que não acreditam que o prazer é o fator que nos remete à criatividade. Para Barreto (1997), o que nos faz ser criativos são os problemas. Segundo ele, criamos para resolver problemas e pode até ser que isso nos remeta a momentos prazerosos, mas, de modo geral, trata-se mais de uma necessidade do que um desejo. Fonte: Barreto (1993)Interessante observar que o autor nos diz que criatividade de verdade, aquela que efetivamente obedece a todos os critérios de um exercício criativo, só é útil em 1% dos casos em que se está buscando soluções para problemas. Em quase todas as situações, uma análise mais lógica e racional será suficiente para superar a questão. Mas, o que o mercado quer de verdade é ter disponível aquele profissional que é capaz de resolver esse 1% de problemas. São esses que valem ouro, pois acabam trazendo ao mundo algo diferente, inusitado, útil e inovador. E para ser o profissional 1% é preciso uma capacidade criativa não somente real, mas também bem desenvolvida. Hargrove (2006) complementa o que já comentamos, lembrando que criar é fazer conexões e isso, muitas vezes, vem de ligações estranhas, fora do esperado, desconexas e sem lógica. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Quando Gandhi uniu o pacifismo com o exercício do protesto, parecia algo antagônico, porém, se mostrou uma grande estratégia que resultou na independência da Índia. Quando fizeram a frigideira com teflon que não deixava a comida grudar, foi um grande sucesso! No entanto, pensar em um ferro de passar roupa usando esse mesmo princípio parecia ser “loucura”, mas não era. Quando a marca Zara disse que faria mais de 100 lançamentos por ano em um ramo no qual se fazia apenas um lançamento por estação (quatro por ano), foi dito que ela deveria “estar de brincadeira”, pois isso não só era impossível como também sem sentido em um mercado acostumado a quatro lançamentos anuais. Mas assim foi feito e tornou-se uma das marcas que mais cresceram nas últimas décadas, graças em parte a essa ousadia. Aqui surge um ponto inquietante: se criar é tão bom, prazeroso, necessário, útil, lucrativo, etc., por que então as pessoas não são super criativas? É fato que, se perguntar a um grupo de pessoas se elas são criativas, uma boa parte dirá que é pouco criativa e outra, que não é criativa. Talvez um ou dois se digam medianamente criativos ou mesmo criativos acima da média. Por que isso acontece? É um grande paradoxo, não é mesmo? Clique no botão a seguir para saber mais! Um autor clássico no estudo da criatividade, Oech (1988), nos traz um pouco de luz a esse respeito ao dizer que todos nós somos vítimas de um processo de afastamento de nossa essência criativa. Ele argumenta que nascemos muito criativos e à medida que desenvolvemos nossa educação familiar, estudantil e social, vamos criando bloqueios, barreiras, obstáculos e justificativas para que não sejamos mais tão criativos quanto éramos quando criança. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Fonte: Barreto (1993) A nossa prática perante a realidade que vivemos acaba nos remetendo à busca de soluções para os problemas que utilize pouco ou quase nada de nossa base e essência criativa, pois para nós são áreas difíceis de serem acessadas. Entre nossa prática do dia a dia e essa fonte criativa, foram criadas várias camadas isolantes nas quais temos dificuldade de transpor. Uma delas é o conformismo, na qual alegamos não ser criativos e “o que fazer a respeito? Não somos e pronto, acabou!”. Temos também a rotina de atitudes não criativas: praticamos tanto o não ser criativo que passamos até a acreditar que não existe uma prática contrária. Há ainda o desinteresse: deixamos de nos interessar pelo assunto criatividade, pois ele se torna tão distante de nós que até esquecemos que ele existe. Outra camada importante é a da racionalização. Como resolvemos muitos problemas apenas com o uso da razão, deixamos de ir em busca de soluções mais interessantes e criativas, ficando satisfeitos com o que aparecer em nossa lógica usual. Uma barreira de ordem emocional – a insegurança - também surge na medida em que a prática criativa é expositiva. Em outras palavras, quando CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 estamos exercitando a criatividade ficamos mais sujeitos a críticas, chamadas de atenção ou mesmo comentários do tipo “você está ficando maluco?”. Por fim, surge a mistificação, ou seja, criamos o mito de que não somos criativos e que em relação a isso não há o que fazer. Mas Oech (1988), além de nos apontar o problema, também indica a solução! Ele descreve dez bloqueios mentais mais comuns e como podemos lidar com eles: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Toda vez que um bloqueio desses aparecer em nosso cotidiano, nossas barreiras criativas tendem a aumentar. Cabe a nós conhecê-las e toda vez que surgirem circunstâncias em que elas desejem se fazer presentes, entramos em combate com elas, resistimos e fazemos o contrário do que elas querem! Veja a seguir: ■ Achamos a resposta certa? Que ótimo! Anote-as e vá em busca de outras respostas certas! Quem disse que a primeira resposta certa que aparece é a melhor? O que alguém falou não tem lógica? Tudo bem! Pensar que o homem um dia iria voar também não tinha lógica até o surgimento do avião! ■ Há normas a seguir? OK! Mas há pontos nelas a serem melhorados, então vamos questioná-las! Precisamos ser práticos? Não! Precisamos ser criativos e isso não significa que não estamos sendo práticos. São inúmeros os casos de soluções criativas que vieram de inspirações nada práticas! ■ Evitar ambiguidades? Por quê? Algo pode ser uma coisa e ao mesmo tempo ser outra coisa. Qual o problema? Nosso celular é telefone, agenda, câmera fotográfica, filmadora, computador pessoal, enfim, viva a ambiguidade! ■ Não podemos errar? O que é um erro se não um passo em direção ao acerto? Há empresas que dão tanto valor ao acerto quanto ao erro, pois sabem que colaboradores que já erraram e não foram punidos se tornaram excelentes profissionais, mais produtivos, audazes e indutores da criatividade. ■ Brincar é falta de seriedade? Equívoco! A pessoa que brinca é flexível, relaxada e aberta ao seu entorno. Está bem-disposta, alegre e deseja que isso contagie a todos. Sabendo que a criatividade pede esse estado de espírito para se manifestar, vamos brincar sim! Afinal, brincar é coisa séria! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 ■ Isso não é da minha área? Por que temos de ficar presos a uma área? Vamos aceitar diferentes olhares, opiniões, conceitos, referências etc. A diversidade é que enriquece as possibilidades criativas. ■ Não seja bobo? Bobo é quem guarda para si algo que deveria estar sendo compartilhado! Afinal, uma brincadeira aparentemente sem sentido pode ser a semente de uma solução inusitada. Um carrapicho que incomodou centenas de pessoas foi uma fonte inspiradora para uma delas, a ponto de ter inspirado a criação do velcro. ■ Por fim, dizer que não é criativo é reforçar o maior de todos os bloqueios mentais. Afinal, quando falamos algo, nosso cérebro recebe essa mensagem como uma ordem e passa a segui-la. É o que nos ensina a neurolinguística, então devemos respeitar isso e parar de afirmar que não somos o que somos, que não temos o que temos e que não conseguimos o que temos condições plenas de conseguir. Reveja sua fala e estará revendo seu cérebro, suas crenças, padrões e competências! Então está na hora de quebrar os bloqueios! Rever suas práticas, suas falas, seus comportamentos, enfim, está na hora de começar a libertar aquela pessoa criativa, feliz e dinâmica que foi aprisionada dentro de você e começar a brincar de ser criativo. Em casa, na família, no trabalho, no lazer, na vida! Incorpore a seuespírito empreendedor todo esse potencial criativo que está dentro de você pedindo passagem para trazer ao mundo ideias interessante, úteis e diferenciadas! Leitura obrigatória A seguir, leia, reflita e exercite os ensinamentos repassados por Oech (1988), entre as páginas 75 e 85 de seu livro, no capítulo que ele designa como sendo “Intervalo”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Acesse o site Guia do Estudante e faça o teste: Qual é o seu nível de criatividade? http://guiadoestudante.abril.com.br/testes-vocacional/qual-e-o-seu-nivel- de-criatividade-519911.shtml Para complementar seus estudos, leia o texto a seguir sobre algumas coisas que as pessoas criativas fazem diferente: http://www.brasilpost.com.br/2014/03/12/caracteristicas-pessoas- criativas_n_4948909.html Muito interessante, não é mesmo? Aproveite para se aprofundar um pouco mais nesses conhecimentos, assistindo ao vídeo que os professores Elton e Henrique prepararam para você! Acesse o material on-line! O elo entre a criatividade, o empreendedor e a organização Depois de falarmos sobre o empreendedor e a criatividade, é importante fazer uma relação mais clara sobre o elo de cada um deles para com as organizações. Lembrando que organizações são todos os tipos de instituições que atuam visando o cumprimento de seus objetivos mediante a ação de pessoas. Ao se vincular a uma organização, qualquer pessoa, em especial o intraempreendedor, passa a ser um agente em prol dos resultados desejados por essa organização. Espera-se que a ação humana seja sinérgica, sistêmica e qualificada, contribuindo para que se chegue o mais próximo possível das metas, ou mesmo que as supere. Porém, na realidade nem sempre é o que se vê na prática. É comum encontrarmos ambientes organizacionais em que impera a competição entre pessoas, equipes e setores, nem sempre contribuindo para os objetivos gerais. Contextos de verdadeira guerrilha, desinformação, sabotagens e atitudes egoístas ou setorizadas acabam comprometendo a produtividade, lucratividade e, em alguns casos, a própria sobrevivência das organizações. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Isso ocorre no ambiente interno, pois no entorno das organizações observam-se contextos semelhantes na disputa entre concorrentes, fornecedores e outros elementos. Há a interferência do sistema financeiro, das instituições governamentais, das leis e dos competidores de outros países que também causam tumulto à evolução das organizações, dificultando o cumprimento de suas metas. Também nesse ambiente, há pessoas nem sempre éticas, concorrentes imorais, regras que são pouco justas e procedimentos ilegais. As organizações precisam aprender a atuar tanto no contexto interno quanto externo e buscar caminhos para evoluir e crescer, considerando que, em muitos casos, as variáveis não são controláveis. O grande aliado das organizações no enfrentamento de tantos fatores desestabilizadores são as práticas de seus colaboradores. As organizações precisam criar condições, estruturas, culturas e climas que possibilitem a ação correta e efetiva de seus funcionários para obter melhores resultados. Aí entra a Altos impostos Legislações Concorrentes Fornecedores Importações Novas Tecnologias Falta de ética Monopólios Dumping Corrupção Egoísmo Etc. METAS CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 questão da liderança e do empreendedorismo, pois uma boa brigada de intraempreendedores, bem articulada e respaldada, tende a ser suficiente para lidar contra um exército de inimigos, sejam eles econômicos, sociais, culturais, comerciais, éticos ou educacionais. É interessante observar que uma organização, em sua fase inicial, recebe energia empreendedora de seu fundador, sendo este capaz de energizá-la, direcioná-la e fazer sua gestão sem precisar de muita ajuda externa a si mesmo. Porém, com o crescimento da empresa, aumenta-se também sua complexidade, demandas, relações, desafios, e continuar contando apenas com a energia do fundador passa a ser um risco. A energia empreendedora precisa crescer junto com a empresa e isso significa que “empreender” não pode mais ser uma ação advinda de apenas uma pessoa, mas sim de várias, se possível, de todas. Segundo Montenegro, em artigo disponibilizado no site do SEBRAE, o intraempreendedorismo é indispensável para as empresas já estabelecidas e com certo grau de crescimento, pois recria a cultura empreendedora interna. Nesse contexto, segundo ele, o ambiente intraempreendedor deve possuir as seguintes características: ■ A empresa opera nas fronteiras da tecnologia; ■ Novas ideias são encorajadas; ■ Não há parâmetro para a oportunidade; ■ Abordagem de equipes multidisciplinar; ■ Patrocinadores e defensores do modelo; ■ Apoio da alta administração. Observando essas seis características, fica bem claro o quanto colaboradores empreendedores e criativos são necessários às organizações. Vamos analisar essas características para entender melhor essa questão, observe a tabela a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Saber lidar com o real contexto, considerando suas ameaças e oportunidades, questões corretas e incorretas, potencialidades e limitações, faz parte do perfil ideal de colaboradores que, atuando com o apoio de seu espírito empreendedor e criativo, são capazes de fazer a diferença e alcançar as metas desejadas. Tal aproveitamento de potencial é responsabilidade constante da alta direção que deve organizar os elementos sob sua tutela de modo coerente, integrando pessoas, processos, tecnologias, recursos, parcerias e estratégias. Além disso, é necessário criar uma “personalidade” empresarial que considera como desejáveis fatores como atitude, curiosidade, aderência ao risco, aceitação do erro, exercício da criatividade e, ao mesmo tempo, limita ou elimina questões como ilegalidade, imoralidade, falta de ética, egoísmo, falta de senso de equipe, enfim, será a formação de uma organização sadia e voltada para a ação criativa e empreendedora que irá fazer com que floresça as características comentadas no quadro anterior. Deriva dessa constatação a mudança de perfil do líder personalista para o de uma liderança profissional. Nesse trânsito, a figura do líder fundador tende CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 a ser alterada para a de líderes curadores. Curador no sentido de cuidador, de incentivador, de orientador e motivador. Veja a imagem a seguir: O líder curador se dedica a seu papel estratégico, observando mais o entorno e contexto de negócios que o ambiente interno, mas se cerca de bons gerentes para que estes façam o devido papel tático de realização de metas, sem se afastarem do ambiente interno e de sua função de inspirar, ouvir, motivar e orientar a organização e sua força de trabalho. Essa ação do líder é que ajudará na construção de um clima adequado para o exercício do espírito criativo & empreendedor, elemento-chave para a sobrevivência e sucesso das organizações. Portanto, não basta querer colaboradores criativos e empreendedores. As organizações precisam se estruturar para poder não somente ter esse precioso colaborador como também criar uma cultura adequada à ação deste elemento humano, respaldado por condições materiais, tecnológicas, operacionais e gerenciais. Esse é o desafio lançado a todas as organizações! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23Leitura obrigatória Leia as páginas 96 a 103 do livro Empreendedorismo, de Paulo Sertek, disponível na Biblioteca Virtual. E para complementar seus estudos sobre este tema, sugerimos que assista aos seguintes vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=xY6Og5wQdF0 https://www.youtube.com/watch?v=NWFIXfe8ii0 Para aprofundar seus conhecimentos ainda mais, acompanhe ao vídeo a seguir com as explicações dos professores Elton e Henrique. Acesse o material on-line! A identificação de oportunidades “A palavra oportunidade vem de um nome de um vento. Os romanos tinham hábitos de nomear os ventos. Um dos ventos que apreciavam era chamado de Ob Portus, vento oportuno. Estes ventos levavam as embarcações para os portos.” Cortella (2007) É sempre aconselhável iniciar uma abordagem sobre um tema analisando a etimologia do mesmo, ou seja, a origem da palavra que dá nome ao tema. No caso de oportunidade, é interessante notar que a mesma está relacionada às forças que impulsionam uma situação (um empreendimento, por exemplo) para frente. Isso é algo muito relevante quando remetemos esse sentido para o contexto dos empreendedores e organizações. Na imagem a seguir, podemos entender melhor essa analogia. O barco representa os recursos, ou seja, tudo aquilo que a organização precisa para “navegar”. As pessoas são os condutores do barco “organização”. O destino é o porto seguro onde a organização quer atracar e que foi definido graças aos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 ventos que lhe possibilitaram escolher esse destino, ou seja, a oportunidade vislumbrada. As estratégias são os meios definidos pelas pessoas do barco para chegar ao porto e o mar é o mercado, com suas flutuações, tempestades e momentos de paz, que também recebe a navegação dos outros barcos, o dos concorrentes. Aqui vale aquela antiga afirmação de Sêneca: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”. A oportunidade é que ajuda as organizações a dar o norte de suas ações, alimenta a bússola dos negócios para que se direcionem os recursos e estratégias em busca do ponto de chegada desejado. Oportunidade não é só a escolha de um destino. Também tem a ver com a manutenção de energia para a direção certa, pois de nada adianta um vento “certo” por pouco tempo. O vento da oportunidade precisa aparecer e ser mantido até que se chegue ao destino desejado. Isso, em termos de negócios, não é algo trivial. Identificar uma oportunidade é identificar o “vento” que melhor pode guiar a “nave” organização em direção ao “porto” ideal. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Portanto, estamos falando de uma seleção de ideias. Nem toda ideia é uma oportunidade. O grande desafio do empreendedor nesse momento criativo é saber perceber se a ideia tem potencial inovador suficiente para se tornar uma oportunidade. Isso é algo que depende de alguns fatores. Uma ideia de negócio está inserida em um segmento de mercado que tem hoje uma clientela, um rol de competidores e o mercado em si, com suas características. É preciso observar isso previamente para a primeira seleção de ideias. Podemos avaliar uma ideia que tem uma clientela muito pequena. Isso não é impeditivo para que se torne uma oportunidade, mas é extremamente restritivo. A marca Ferrari, por exemplo, tem um mercado altamente restrito, mas é um segmento de clientes altamente ricos, ou seja, são poucos e estão dispostos a pagar caro por um carro dessa marca. Porém, para fazer esse público se interessar, a missão é altamente desafiante, onerosa e tecnológica. A ideia avaliada pode estar inserida em um mercado muito competitivo, com um número elevado de competidores. Nesse caso, o entrante terá uma dificuldade muito grande já que terá que lidar com um público acostumado com a facilidade de acesso e talvez já fiel a alguns dos competidores. Também precisará avaliar que se for um produto ou serviço com características de commodity, ou seja, a oferta existente é muito semelhante com difícil inserção de diferenciais, a disputa se daria essencialmente por preço. Nesses mercados, a “canibalização” é exagerada tornando a disputa muito intensa e agressiva, levando a uma séria e profunda reflexão do empreendedor antes de decidir entrar para essa disputa. A terceira questão diz respeito ao mercado de atuação. Há mercados em nascimento, em amadurecimento, maduros e em descendência. Essa curva de vida é fator de identificação do potencial de oportunidade da ideia. Não é interessante entrar em mercados em processo de diminuição de demanda, pois isso significa a extinção ou redução a um grau muito baixo de consumidores, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 tornando o segmento pouco interessante. Não queremos dizer que não exista oportunidade. Apenas é preciso avaliar se haverá demanda e se essa sustenta a ideia. Por exemplo, há os fornecedores de peças para carros antigos cujo nicho de clientes são colecionadores de carros fabricados no século XX. É uma parcela muito pequena de clientes e que precisam ser “buscados” em diferentes localidades do país e, por serem aficionados pelo tema, estão dispostos a se deslocar ou mesmo pagar bons preços pelas peças. Nesse caso, há um mercado relativamente estabilizado em termos de volume de clientes e pode ser interessante desde que se tenha como montar um acervo de peças que deem rentabilidade ao negócio. Porém, normalmente mercados muito restritos em termos de demanda não se mostram interessantes. Ainda é preciso avaliar questões como acesso à cadeia de suprimentos. Há mercados com uma concentração de mercado na mão de poucos e poderosos concorrentes que possuem um poder de barganha muito elevado a ponto de colocar barreiras de acesso aos fornecedores desses mercados ou então a questões de distribuição ou mesmo às tecnologias exigidas por esse mercado. Desse modo o entrante sofrerá muito para se estabilizar em termos operacionais e a tendência é de que tenha custos mais elevados, impactando seu preço e margem de lucro. Também é importante a percepção de qual tende a ser o montante inicial de investimento para avaliar se está dentro do “orçamento” do empreendedor e de seu poder de endividamento. Portanto, não se trata de um processo desconectado da realidade. É preciso uma avaliação criteriosa da ideia para identificar se ela é efetivamente boa, ou melhor, se ela é mesmo uma oportunidade. Para complicar ainda mais esse momento, além de olhar para os fatores externos comentados, o empreendedor precisa, ainda, avaliar a ideia em termos de si mesmo, ou seja, avaliar o quanto se sentiria feliz e motivado atuando naquele segmento de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 negócio. De nada adianta se aventurar em um negócio que não é prazeroso e motivador no dia a dia. Uma pessoa que abre uma padaria, por exemplo, deve saber que está entrando em um ramo de atividade que exige de seu proprietário uma dedicação muito grande, acordando muitíssimo cedo, despendendo atenção constante, atuação aos sábados, domingos e feriados etc. Se isso não faz parte do imaginário de trabalho do empreendedor, mesmo sendo uma ideia interessante e com alto potencial inovador, é melhor ser descartada. Isso significa que a avaliação de ideias precisa “casar” com o mercado e com o empreendedor. Sem esse “matrimônio”, a tendência é o “divórcio”. A oportunidade não irá muito longe e não deixará “filhos”. Portanto, antes que se tenha uma ideia,é necessário pensar sobre onde encontrar aquelas que tenham potencial para se tornarem oportunidades. Para onde olhar? Como observar? O que buscar? Enfim, como é que se adquire um olhar identificador de oportunidades? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 Todo bom pescador sabe da importância de se ouvir os pescadores da região quando está em busca de bons locais para pescar. Basta uma conversa rápida com eles e uma observação de suas atitudes e escolhas para saber onde devem estar os bons peixes da região. No caso de ideias para negócios a fonte de informação são as necessidades, sejam de pessoas ou organizações. Observar o que as pessoas ou organizações querem, precisam, desejam ou venham a necessitar é uma grande fonte de oportunidades. E, quando se fala em oportunidades, imediatamente vem à mente a teoria apresentada por Maslow sobre as necessidades humanas. Observe a figura: A esse respeito, Schneider (2011) afirma que: Os níveis da pirâmide, de baixo para cima, indicam que quanto maior for o nível, maior a especialização, a complexidade e menor a competição, porém com necessidade de maior investimento. Normalmente, quanto mais baixo estiver na escala de necessidades, mais concorrido de menor complexidade e custo é o empreendimento. De qualquer modo, independentemente da altura em que a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 necessidade se encontre na pirâmide, o importante é satisfazê-la, seja inovando, seja criando valor para as pessoas ou organizações nos produtos e/ou serviços que lhes serão oferecidos. A percepção do nível em que se enquadra a oportunidade é um fator importante para entendê-la e avaliá-la. Isso faz parte da análise que comentamos anteriormente quando abordamos a questão de análise de público-alvo, concorrência e situação do mercado pretendido. Portanto, identificar oportunidades é um exercício de pesquisa, estudo, análise, avaliação e tomada de decisão. Nesse momento, é exigido do empreendedor competências relacionadas a: saber captar, organizar, analisar e avaliar informações; lidar com outras pessoas que possam passar informações importantes; e, ainda, dominar tecnologias da informação e criatividade, já que as informações precisam ser cruzadas, confrontadas, relacionadas, integradas. Enfim, é preciso “construir” uma oportunidade a contar das informações coletadas e que seja efetivamente uma ideia com potencial de inovação e possibilidades de sucesso no mercado. Leitura obrigatória Para complementar seus estudos, faça a leitura do artigo a seguir: http://www.sebrae.com.br/Estados/Estudo%20de%20Tend%C3%AAncia s%20e%20Oportunidades%20de%20Neg%C3%B3cios%20em%20Goi%C3%A 1s.pdf O vídeo a seguir é muito interessante e valioso para entendermos melhor a questão de identificação de oportunidades oferecido pela Endeaver. Não perca! https://endeavor.org.br/o-modelo-de-timmons-para-o-plano-de-negocio/# A seguir, você encontrará a Cartilha do Empreendedor, que, mesmo sendo bastante básica e com linguagem mais voltada para empreendedores de menor formação acadêmica, é interessante observar as recomendações e dicas apresentadas pelo SEBRAE. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/b ds/bds.nsf/F896176A3D895B71832575510075D2DB/$File/NT0003DCB6.pdf Nossos estudos não param por aqui! Assista ao vídeo que está disponível no material on-line e continue se aprofundando no tema! O empreendedor como gerador de oportunidades As oportunidades estão por todo lado. Percebê-las é parte importante do processo de empreender, mas é preciso ir além. Perceber, entender, relacionar, diferenciar, potencializar, avaliar, enfim, são atividades de um trabalho que exige bastante do empreendedor. Precisamos ser pessoas que buscaram e buscam certo perfil para que a ação empreendedora aconteça com maior grau de efetividade. Portanto, há pontos-chave que apontam nessa direção. A primeira questão, ao se avaliar uma oportunidade, é conhecer mais sobre ela e isso implica uma visão mais clara possível sobre quem é o público- alvo, qual é a situação do mercado e, ainda, como se vai oferecer algo que tenha valor (diferenciado do que existe hoje) e de modo coerente em termos de como CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 o cliente terá acesso a esse valor, como se relacionar com esse cliente e como cobrar por esse valor ofertado. Mas tudo isso não é suficiente. Afinal, são apenas os elementos que estão no ambiente externo. É preciso considerar que o sucesso está em fazer o que é preciso com o que se tem (elementos internos), de forma a se obter os resultados (externos desejados). Portanto, há também pontos-chave de ordem interna ao negócio. Vamos conhecer esses pontos. Verificadas essas questões de caráter mercadológico, presentes no entorno do negócio, é preciso passar o olhar para dentro do mesmo, buscando entender o que precisa ser feito na organização para que ela tenha condições de efetivar o que seu entorno está exigindo. Em outras palavras, quais são os itens de ordem interna que precisam ser trabalhados para que se tenha sucesso no ambiente competitivo? Veja a seguir: ■ Eu conheço esse mercado. Sei o que é oferecido nele, de que modo, onde, como, com que jeito e formas de pagamento! ■ Eu sei quem é o cliente e/ou consumidor desse mercado. Tenho ideia quantitativa e de perfil de consumo e preferências. ■ Consciente da importância de manter uma boa relação com meus clientes e/ou consumidores já defini como irei estruturar meios de viabilizar esse contato da maneira mais adequada e econômica. ■ Tenho uma boa noção de onde posso oferecer meu produto/serviço visando facilitar, incrementar e efetivar o consumo do mesmo. ■ Já identifiquei a forma como irei captar dinheiro em meu negócio. Avaliei como o mercado hoje está captando recursos financeiro e mapeei a melhor forma de atuar nessa questão. O empreendedor precisa ter a competência de, a partir de uma pesquisa e leitura do mercado, definir os elementos importantes do negócio que pretende criar ou reformular: ■ O que vai diferenciar meu negócio? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 32 ■ Quem será meu cliente? ■ Como vou atender esse cliente? ■ Como vou me relacionar com esse cliente? ■ Como vou cobrar por meu produto/serviço? Se há valor no que se pretende oferecer, a pergunta é: quais são as atividades necessárias para que esse valor seja real e efetivo? Há ações da empresa que não podem falhar e identificar que atividades são essas é essencial para se avaliar o atendimento da oportunidade. Como empreendedor, é necessário ter claro quais atividades precisarei desenvolver em meu negócio que não poderei falhar de jeito nenhum! Devo saber, também, em que vou precisar investir para que minhas atividades funcionem bem e para que eu possa cumprir o que prometi ao mercado. Além disso, preciso definir com quais elementos externos precisarei contar para que minhas atividades funcionem a contento. É essencial ter uma consciência clara de quais serão meus custos fixos e variáveis para que possa dimensionar bem minha produção, estrutura e volume de vendas ideal. O empreendedor precisa ter a competência de olhar para dentro do negócio e estruturá-lo adequadamente. Essa forma de organizar o negócio, garante que suas promessase premissas externas possam ser suportadas e atendidas com qualidade, efetividade e economicidade. As atividades acabam ocasionando a necessidade de investimentos para que os recursos estejam disponíveis para sua operacionalização e também se torna importante decidir sobre o que será realizado pela própria empresa e o que será terceirizado ou cumprido por parceiros. Essas escolhas vão impactar nas atividades e grau de imobilização e qualidade do valor oferecido. Isso nos remete à avaliação de quais serão os principais custos do negócio proposto. É importante se ter uma ideia de quais serão os principais elementos de custos, seja direto ou indireto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 33 Percebe-se que esse trabalho de avaliação de uma oportunidade no qual se busca dar um padrão, um perfil ou mesmo uma modelagem para o negócio proposto é algo que exige do empreendedor certo traquejo, uma facilidade em lidar com essas questões e isso nos remete ao CHA Empreendedor, só que aqui voltado para esse momento de formatação da oportunidade. O CHA EMPREENDEDOR CAPACIDADES HABILIDADES ATITUDES Lidar bem com informação Pesquisar, tabular, analisar e organizar dados e informações. Perguntar, trocar ideias, solicitar apoio, identificar e acessar fontes confiáveis e adequadas. Fazer análises e sínteses Matemáticas, lógicas e de uso da tecnologia da informação. Ler, refletir, associar, relacionar, sintetizar, criar, reorganizar. Tirar conclusões Avaliação, medição de risco e complexidade, hierarquizar e categorizar. Conversar com pessoas que podem ajudar a orientar. Tomar decisões Resolver problemas, escolher alternativas, avaliar consequências. Pedir opiniões, delegar, quantificar risco e consequências. Negociação Comunicar bem, argumentar, gerenciar conflitos, superar obstáculos. Pró-atividade, empatia, paciência, convencimentos, argumentação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 34 O empreendedor precisa ser capaz de lidar de forma eficaz com a informação e isso lhe exige uma boa habilidade para achar dados relevantes, saber organizá-los de forma correta, trabalhar uma tabulação deles e depois analisá-los de modo a serem capazes de efetivar informações que lhes darão a melhor montagem possível do negócio a ser estruturado para aproveitamento da oportunidade. Isso acontece quando o empreendedor é capaz de se comunicar bem, desenvolver conversas que lhe apontem os melhores caminhos para localizar informações, achar meios de acesso às fontes mais adequadas, enfim, um conjunto de atitudes que ele precisa exercitar para que essa capacidade seja efetivada com competência. É importante que ele também seja capaz de efetuar análises e sínteses, pois a amplitude de informações é muito grande e a relação entre elas nem sempre é trivial. Lembramos que um bom domínio de informática é essencial, pois o uso de ferramentas eletrônicas como planilhas, gerenciadores de bancos de dados e softwares de estatística são fatores-chave para que se trabalhe bem os dados em seu processo de transformação em informação, para daí se analisar essa informação, convertendo-a em conhecimento a ser aplicado na oportunidade. Esse trabalho de conversão de informações em conhecimentos preciosos é algo determinante para a elevação do grau de inovação do negócio proposto. As informações trabalhadas e analisadas precisam ser também discutidas com pessoas com outros pontos de vista, que dominem outros conhecimentos e que possam ajudar a ampliar o poder de avaliação e efetivação de conclusões por parte do empreendedor. A contar disso, será possível o exercício das tomadas de decisão que serão decisivas para o desenho do mapa que dará visão ao contexto, forma e características da oportunidade a ser aproveitada. Aprendemos que identificar uma oportunidade de negócio – fruto de um exercício pleno de criatividade e inovação – é apenas parte do processo. Além de identificar, é preciso saber estruturar uma oportunidade de negócio e isso CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 35 demanda a consideração de elementos internos e externos do negócio proposto. É que esses elementos requerem competências humanas bem definidas, compostas de capacidade, habilidades e atitudes bem específicas. Esse formato de aproveitamento da oportunidade, uma vez pronto, deve então passar por um período de discussão, aprimoramento, avaliação, enfim, deve passar por diferentes perfis até chegar ao formato final. Isso se dá a contar de uma ampla discussão dele junto a todos os envolvidos de modo que cada um opine e critique o modelo até que ele chegue ao perfil mais evoluído e acabado possível. Com a modelagem concluída, a oportunidade estará mapeada e pronta para ser trabalhada em termos de sua efetivação. A constatação no presente tema é que a ação empreendedora necessita transitar entre o querer, o ser criativo e ainda, entre a criatividade e a inovação. Ou seja, para que se possa fazer uma caminhada com resultados acima da média, trazendo diferenciações expressivas e efetivamente conectadas com o mercado e público-alvo, o empreendedor precisa passar por diferentes momentos, exercitando um perfil adequado a cada passo e culminando com a construção de um modelo de negócio que seja realmente capaz de aproveitar de modo pleno uma oportunidade identificada. Leitura obrigatória Leia, no capítulo 3 do livro: A Caminhada Empreendedora (páginas 62 a 68), a parte em que o autor aborda a questão da transformação de necessidades em oportunidades. Acesse a Biblioteca Virtual. Para se aprofundar ainda mais, leia o artigo que está disponível a seguir: http://www.portalunisaude.com.br/downloads/rae/empreendedorismo.pdf No vídeo a seguir, João Bonomo, do Ibmec, e Enio Borges, da Endeavor, conversam sobre empreendedorismo e atitudes inovadoras, e explicam como negócios e oportunidades surgem durante o período de crise. Além disso, eles explicam quais características são fundamentais para se lançar no mercado como empreendedor. Não perca! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 36 https://www.youtube.com/watch?v=GFsTRthlPNI No próximo vídeo, o SEBRAE Papo de Negócio fala das dúvidas mais básicas sobre ideias e oportunidades com Prof. Marcelo Nakagawa: https://www.youtube.com/watch?v=UPX43X1AX6o Para concluir os estudos deste tema, acompanhe as considerações dos professores Elton e Henrique no vídeo que está disponível no material on- line. Na prática Inovar para sair da crise mediante criatividade Uma indústria de móveis vem passando por uma crise mais intensa que a de seus concorrentes. Seus custos têm subido, a receita caído, as reclamações e devoluções são constantes e sua participação no mercado vem se reduzindo. A direção muito preocupada com esse contexto informou, mediante um cartaz nos quadros de aviso, que gostaria e também recompensaria ideias criativas que fossem úteis à organização. Mas o fato é que surgiram dos colaboradores apenas algumas poucas ideias pouco criativas e aplicáveis. A direção percebeu que soluções realmente úteis demandariam maior criatividade e isso não parecia estar muito disponível em seu ambiente interno. O gerente de RH foi então chamado para que desenvolvesse um projeto que levantasse o potencial criativo dos colaboradores e fosse capaz de fazer surgir um rol de ideias que fizesse evoluir e melhorar o contexto da organização. Avaliando a questão, o Gerente de RH discutiu a demandacom sua equipe e os incumbiu de determinar que características criativas deveriam ser reforçadas e, ainda, que meios poderiam ser usados para esse reforço. Considerando ser esse o contexto da demanda e as características desse ramo de negócio, pense nas seguintes perguntas: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 37 a. Quais seriam as cinco características que você proporia como sendo importantes para serem reforçadas? b. Quais seriam os cinco meios mais adequados para desenvolvimento desses reforços? Importante que tudo seja apresentado com justificativas que demonstrem ser realmente boas escolhas e que as características e meios apontados são coerentes entre si. Acesse o material on-line e assista ao vídeo para saber como o professor Elton resolveria o caso! Síntese Na aula de hoje, estudamos os desafios que sucedem a decisão do empreendedor de buscar a realização de seu sonho. A contar de seu efetivo querer, ele passa para a definição do alvo de sua ação empreendedora e, nesse momento, ele precisa lançar mão de seu potencial criativo, o que muitas vezes se torna um problema já que ele não está acostumado a ser criativo ou mesmo nem se considera detentor de criatividade. Foi trabalhada a importância da criatividade, seus conceitos, características, desafios e caminhos para que seja algo presente e constante na vida do empreendedor, inclusive colaborando de diferentes maneiras na sua caminhada empreendedora. Daí surgem as relações entre o empreendedor, sua criatividade e as organizações, as formas como esses três elementos de integram, se interdependem e precisam de um agir sistêmico e convergente. Porém, criatividade por si só não é suficiente para que se defina o destino da ação empreendedora. Ela precisa colaborar com o processo de identificação de oportunidades de negócios que sejam realmente interessantes, necessários e diferenciados, e também que possam se tornar boas opções no mercado. Essa atividade de identificação de oportunidades demanda certas competências do empreendedor e, quando detectadas, demandam outras competências para que ele seja capaz de transformá-la em um bom modelo de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 38 negócios. Portanto, o caminho da criatividade à inovação é composto de muitos desafios, competências, percepções, análises e conexões. Tal realidade vem provar que o empreendedor precisa ser efetivamente alguém com bom nível de conhecimento, detentor de boas competências e, ao mesmo tempo, determinado, pois encontrar uma boa ideia de negócio com alto poder de inovação é um desafio a ser vencido nessa etapa da ação empreendedora. Até a próxima aula! Acesse o material on-line e assista ao vídeo com as considerações finais dos professores Elton e Rodrigo. Aproveite e reveja os principais conteúdos abordados nesta aula. Referências ABRIL - Guia do Estudante: Qual é o seu nível de criatividade? - http://guiadoestudante.abril.com.br/testes-vocacional/qual-e-o-seu-nivel-de- criatividade-519911.shtml BARRETO, Roberto Menna. Criatividade no trabalho e na vida. São Paulo: Summus, 1997. Cartilha do SEBRAE: Cartilha do Empreendedor - http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds. nsf/F896176A3D895B71832575510075D2DB/$File/NT0003DCB6.pdf CORTELLA, Mario - Qual é a tua obra? - Inquietações Propositivas Sobre Ética , Liderança e Gestão. São Paulo: Vozes, 2007. G1 – Globo. Empreendedores usam criatividade em novos negócios para driblar a crise - http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/jornal-da- eptv/videos/t/edicoes/v/empreendedores-usam-criatividade-em-novos- negocios-para-driblar-a-crise/4360304/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 39 GOOGLE – História de empresa - https://www.google.com.br/about/company/history/ GREGOIRE, Carolyn - 18 coisas que as pessoas criativas fazem diferente - http://www.brasilpost.com.br/2014/03/12/caracteristicas-pessoas- criativas_n_4948909.html HARGROVE, R. Colaboração Criativa. 10.ed. São Paulo: Cultrix, 2006 ME EDUQUE. Alunos super dotados. 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