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Relatorio - IFD, Diagnostico de Raiva

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DIAGNÓSTICO DA RAIVA ATRAVÉS DA IMUNOFLUORESCÊNCIA DIRETA (IFD)
Gabriel Eduardo da Fonseca Gouveia Figueira
A raiva é uma doença classificada como zoonose, ou seja, pode ser transmitida dos animais para os seres humanos. Além disso, a raiva possui dois focos em seus ciclos de transmissão, sendo o primeiro o silvestre e rural, tendo como principal transmissor o morcego. O outro foco existente é o urbano, no qual temos o cão e o gato como transmissores. O homem pode se infectar tanto com o vírus vindo do cão e gato como o vírus vindo de um morcego.
A raiva pode ser transmitida através da penetração do vírus presente na saliva do animal infectado. Essa penetração pode ser realizada através de uma arranhadura, mordedura, e após a infecção, o vírus percorre o trajeto de forma “centrípeta”, ou seja, até o Sistema Nervoso Central (SNC), e depois realiza uma rota “centrífuga”, ou seja, se direcionando às mucosas e se espalhando pelo resto do organismo (principalmente nas glândulas salivares). O período de incubação é variável entre diferentes animais, podendo ser completado em dias ou até em anos. Todos os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da raiva.
Figura 1 – Distribuição da Raiva Bovina no Brasil em 2016 (Fonte: Portal da Saúde – SUS)
Figura 2 - Distribuição da Raiva Canina no Brasil em 2016 (Fonte: Portal da Saúde – SUS)
É possível explicar as quantidades consideravelmente superiores de casos de raiva bovina, em relação à raiva canina, devido ao fato da vacinação antirrábica dos cães nas cidades, e devido ao fato de que os rebanhos de bovinos estão mais próximos de transmissores em potencial e de difícil controle, que são os morcegos hematófagos. Os morcegos alimentam-se de sangue dos bovinos e transmitem o vírus da raiva através da saliva.
Para que a raiva seja diagnosticada com eficiência, é necessária a utilização de um método com alta sensibilidade e especificidade. Um método muito eficiente é a imunofluorescência direta, que consiste na visualização de antígenos em tecidos ou suspensões celulares através do uso de corantes fluorescentes. Dentre as várias utilizações da imunofluorescência direta (IFD), além do diagnóstico da raiva, podemos citar o uso na dermatologia, para a demonstração de frações de C3 e outras globulinas que se depositam nos tecidos em determinadas doenças de pele. Nesse método, é utilizado apenas um anticorpo conjugado a um fluorocromo (corante fluorescente, sendo que os mais utilizados são a fluoresceína isocianetada e a rodamina), que se liga diretamente ao antígeno desejado no teste, dando assim o nome de Imunofluorescência Direta ao teste.
Na detecção da raiva, o conjugado é utilizado em amostras de cérebro positivo e outro cérebro negativo para o vírus rábico. Após o uso do conjugado, os anticorpos ligam-se diretamente aos corpúsculos de Negri, que são inclusões virais de caráter eosinofílico que são encontrados no citoplasma das células do cerebelo. Então é realizada a lavagem das lâminas e os anticorpos não ligados são eliminados do local. Assim é possível, através da observação no microscópio de fluorescência (tipo de microscópio capaz de energizar a amostra e captar a luz emitida pela amostra, tornando o resultado fluorescente visível aos olhos), que seja feito o laudo da presença ou não do vírus da raiva através da verificação da presença de corpúsculos de Negri.
Apesar da especificidade e sensibilidade altas do método, a decomposição do material pode afetar o resultado do teste, pois ocorrerá a perda de estruturas que podem ser essenciais no diagnóstico da raiva nesse método. Dessa forma é possível que, por exemplo, um surto de raiva bovina numa propriedade rural não seja identificado devido ao fato de que o teste laboratorial foi realizado com um material em estado de decomposição. Para evitar que o processo degenerativo dessas estruturas inicie, pode ser utilizado o Líquido de Vallee, um composto que contém glicerina em sua composição. É considerado um ótimo conservador de material, mantendo a integridade das estruturas da amostra a ser analisada no laboratório e evitando resultados incorretos.
GERMANO et. al. (1977) analisou a sensibilidade da imunofluorescência direta, coloração de Sellers e inoculação de camundongos, de forma comparativa entre os métodos. Foram utilizados 2.242 cães no teste, além de camundongos albinos suíços distribuídos em lotes de 6 a 8 indivíduos. O vírus utilizado constituiu-se de uma suspensão de 20% de cérebro de camundongos infectados com o vírus rábico.
Foi observado que a sensibilidade mais alta no experimento foi obtida pela inoculação nos camundongos saudáveis, seguida pela imunofluorescência direta. O método de Sellers apresentou a presença maior de falsos negativos em comparação com os outros métodos.
 Figura 3 – Resultados dos exames laboratoriais e sensibilidade dos diferentes métodos utilizados (Fonte: GERMANO et. al.)
FIGURA 4 – Resultados comparativos em amostras de cérebros de cães nos diferentes métodos utilizados. (Fonte: GERMANO et. al.)
Foi possível concluir que, apesar da sensibilidade maior de um teste laboratorial, deve-se utilizar a associação de diferentes métodos para a formação de um laudo laboratorial, para que se obtenha a maior precisão possível nos resultados, sendo que a associação da imunofluorescência direta com os outros métodos aumenta a concordância do resultado, tendo a associação de imunofluorescência direta e inoculação em camundongos como a associação de métodos com maior concordância.
É necessário reforçar que o estado das amostras encaminhadas ao laboratório deve ser de maior conservação possível, para que o laudo final não seja incorreto ou inconclusivo, o que poderia causar a continuidade de um surto de raiva de grande risco relacionado ao fato de existirem, por exemplo, falsos negativos que continuam espalhando o vírus para outros indivíduos. Dessa forma, podemos concluir que o estado da amostra é um dos fatores primários para a obtenção de um resultado confiável de laudos laboratoriais.
REFERÊNCIAS:
GERMANO, P.M.L.; MIGUEL, O.; CHAMELET, E.L.B.; MORITA, L.T.M.S.; ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE COLORAÇÃO DE SELLERS, IMUNOFLUORESCÊNCIA DIRETA E INOCULAÇÃO EM CAMUNDONGOS APLICADAS AO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA RAIVA CANINA. Rev. Fac. Med. Vet. Zootec. Univ. S.Paulo, v. 14, n. 1, p. 133-141. 1977
RAIVA. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/raiva>.

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