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Aula 10 Modalidades de Pagamento das Obrigações I


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 CENTRO UNIVERSIÁRIO ESTÁCIO DE BRASÍLIA Campus Estácio - Asa Sul - Brasília
DIREITO CIVIL II - CCJ0013
Semana Aula: 10
Modalidades de Pagamento das Obrigações I
Tema
Modalidades de Pagamento das Obrigações I    
Palavras-chave
Pagamento – obrigações – consignação – sub-rogação – remissão - dação
Objetivos
Identificar e distinguir as diversas formas de pagamento e extinção das obrigações.
Conceituar pagamento em consignação, identificar seus pressupostos e compreender seus efeitos jurídicos.
Conceituar pagamento com sub-rogação, identificar seus pressupostos e compreender seus efeitos jurídicos.
Conceituar dação em pagamento, identificar seus pressupostos e compreender seus efeitos jurídicos.
Conceituar remissão, identificar seus pressupostos e compreender seus efeitos jurídicos.
Estrutura de Conteúdo
Pagamento em Consignação
Conceito
Pressupostos
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
Efeitos jurídicos
Pagamento com Sub-Rogação
Conceito
Pressupostos
Modalidades: sub-rogação legal e sub-rogação convencional
Efeitos jurídicos
Dação em Pagamento
Conceito
Pressupostos
Efeitos jurídicos
Remissão
Conceito
Pressupostos
Espécies
Efeitos jurídicos
Procedimentos de Ensino
 
O presente conteúdo deve ser trabalhado ao longo das duas aulas da décima semana, podendo o professor dosar o conteúdo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma.
 
PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO (arts. 334 a 345, CC)
Ensina Paulo Nader (2010, p. 295) que a expressão consignare (cum e signare) foi primeiramente utilizada para designar o ato de depositar. Mas Papiniano usou o vocábulo obsignatio, do verbo obsignare, pôr seu selo em, no sentido de depositar uma importância em dinheiro. O vocábulo consignação encerra a lembrança da antiga prática de se colocar a res debita em um saco amarrado e lacrado com sinete.
 
O Direito Romano clássico não reconhecia essa modalidade de pagamento e, a essa época, frustrada a tentativa de pagamento, poderia o devedor realizar o depósito in publico, também conhecido como uma forma de oferta real que não liberava o devedor, fazendo apenas cessar os efeitos da mora. Foi com Justiniano que o depósito passou a ser utilizado como forma de pagamento e consequente liberação do devedor.
 
Atualmente, no Direito brasileiro, o pagamento em consignação é tido como meio indireto de cumprimento da obrigação, sendo um instituto uno que se forma a partir de regras de Direito material e de Direito processual conforme se depreende dos arts. 334 a 345, CC. Nesse sentido, afirma Washington de Barros Monteiro (p. 269) que a consignação é simultaneamente instituto de direito civil e de processo. A substância e os seus efeitos são de direito privado, mas a forma constitui matéria de direito adjetivo[1].
 
Paulo Nader (2010, p. 296) define o pagamento em consignação como ato jurídico pelo qual o devedor, diante da impossibilidade de pagar ao credor, libera-se da obrigação, depositando a res debita, que pode consistir em dinheiro, coisas móveis e imóveis. Via de regra o obstáculo que se antepõe ao devedor é a recusa do credor. Esta pode ser justa ou não. Apenas a segunda confere a procedência ao pleito judicial.
 
Quando se fala em consignação é comum se mencionar que o devedor não tem apenas o dever de realizar o pagamento, mas também o direito. Sobre essa assertiva, esclarece Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 211-212) que na verdade, entretanto, se o devedor tivesse o direito de pagar não se compreenderia o direito de remissão que a lei concede ao credor, e haveria que se reconhecer, além disso, ao devedor, o direito de se indenizar os danos sofridos com o não-cumprimento, no momento em que ele queria e podia cumprir. Tal direito de indenização a lei não lhe reconhece. Se, porém, o credor não quiser remitir a dívida, não pode contestar-se ao devedor o legítimo interesse de se desonerar mediante a consignação, desde que o credor não queira ou não possa prestar a cooperação necessária ao cumprimento. [...]. 
E é precisamente para acudir a situações desta natureza, satisfazendo o legítimo interesse do credor em se liberar do vínculo obrigacional, apesar da falta de cooperação do credor, que a lei permite o pagamento em consignação, como lhe chama o Código Civil, ou a consignação em pagamento, como diz o Código de Processo Civil (arts. 890 e ss.).
 
O pagamento em consignação deve ser considerado meio excepcional de cumprimento da obrigação e pode ser realizado nas hipóteses enumeradas no art. 335, CC[2]: 
dificuldade ou resistência (expressa ou tácita) injusta do credor (inc. I); 
omissão do credor em dívida querable (inc. II);
 incapacidade do credor para receber, não possuindo representante legal (inc. III); 
credor desconhecido (ex.: títulos ao portador) ou ausente[3]; 
residência do credor em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil quando se tratar de dívida portável; dúvida sobre a identidade do credor[4] (inc. IV); 
litígio sobre o crédito da obrigação (trata-se de litígio sobre a res debita) (inc. V).
Dívida quérable: dívida que o credor quer receber, então ele vai ao domicílio do devedor. É a regra.
Dívida portable: dívida em que o devedor procura o credor para adimpli-la; 
 Saliente-se, no entanto, que não cabe consignação em face de credor incapaz ou antes do vencimento da dívida.
 
O pagamento em consignação constitui caracterização da mora accipiendi [5] e pode ocorrer em duas modalidades:
 
Depósito bancário o art. 334, CC, autoriza que o devedor ou terceiro realizem o depósito em estabelecimento bancário oficial.
 
Bancos oficiais são os bancos múltiplos com carteira comercial e os bancos comerciais federais e estaduais e a Caixa Econômica Federal, conforme Resolução n. 2.814/01, BACEN.
Nas localidades onde não houver estabelecimento oficial o depósito pode ser realizado em instituições bancárias privadas.
O depósito deve ser realizado na localidade designada como lugar do pagamento (art. 337, CC).
Por meio de carta com aviso de recebimento a instituição bancária cientificará o credor, concedendo-lhe dez dias para a declaração de recusa. Não se manifestando, presume-se que aceitou. Recusando o depósito o consignante deverá propor a respectiva ação no prazo de trinta dias, instruindo-a com o comprovante do depósito e com a recusa do credor. Caso a ação não seja proposta, o depósito fica sem efeito e o consignante poderá levantá-lo.
 
Depósito judicial o art. 334, CC, também autoriza o depósito judicial que se fará por meio da ação de consignação que deve ser ajuizada no lugar do pagamento.
A ação de consignação em pagamento tem natureza declaratória.
Se não houve depósito bancário prévio, o consignante deverá depositar o objeto do pagamento no prazo de cinco dias contados do deferimento.
Sendo o objeto da obrigação composto por prestações periódicas, devem ser elas depositadas a medida que forem se vencendo.
A mora do devedor por si não impede a consignação se isso ainda não provocou consequências irreversíveis e o pagamento ainda é útil ao credor.
A doutrina tem entendido possível a consignação de dívidas ilíquidas uma vez que o quantum pode ser discutido nas fases postulatória e probatória.
Tratando-se de coisa incerta, sendo do credor a escolha, antes de proceder o depósito o devedor deve dar oportunidade para o credor realizar a concentração (art. 342, CC).
A certidão passada pela Secretaria do juízo em caso de procedência da ação constitui documento de quitação da dívida.
O devedor poderá fazer o levantamento do depósito realizado se a ação for julgada improcedente ou se o credor não declarar que a aceita ou não contestar o pedido (art. 338, CC), caracterizando desistência da ação.
Após a aceitação ou contestação do pedido o devedor só poderá fazer o levantamento com anuência expressa do credor (art. 340, CC), o que configuraria novação.
Os credores do credor sópoderão realizar o levantamento do depósito se tiverem expressa autorização deste.
 
São efeitos jurídicos do pagamento em consignação:
O depósito por si não constitui pagamento, nem tem efeito de liberar o devedor e extinguir a obrigação.
O depósito não provoca a transferência de domínio. Esta apenas ocorrerá quando o credor fizer o seu levantamento ou houver trânsito em julgado da procedência da ação de consignação.
Com o depósito cessam as garantias pessoais e reais (art. 337, CC) que só subsistirão no caso de improcedência da ação de consignação.
Para que a consignação tenha força de pagamento é preciso que seja realizada observando as pessoas, o objeto[6], o modo e o tempo ajustados para o pagamento da obrigação (art. 336, CC).
 
PAGAMENTO EM SUB-ROGAÇÃO (arts. 346 a 351, CC)	
O instituto da sub-rogação (subrogatio) não é de origem romana, mas contribuíram para sua formação a beneficium cedendarum actionum e a sucessio in locum. (benefício de cessão de ações e sucessão no lugar).
 A fusão destes institutos ocorreu apenas no Direito Canônico que nominou o resultado de sub-rogação (legal). Foi o Código Napoleônico a primeira legislação a fazer referência ao instituto, tendo o seu ingresso na legislação brasileira ocorrido de forma progressiva.
 
Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2008, p. 322-323) que temos o fenômeno da sub-rogação quando na relação jurídica se verifica a substituição de uma pessoa por outra, ou de um objeto por outro. Portanto, o verbo sub-rogar sempre exalta a ideia de substituir, modificar. [...]. A função primordial da sub-rogação é de índole substitutiva, pelo fato de conceder a um terceiro a possibilidade de substituir o credor, podendo ser ressarcido pelo devedor em momento ulterior. Secundariamente, há uma função de garantia, eis que o credor terá a segurança de recebimento do pagamento.
 
A sub-rogação aproxima-se[7] da cessão de crédito, mas não se confundem. 
Na sub-rogação a transmissão da titularidade se opera sempre onerosamente, enquanto na cessão pode ocorrer também de forma gratuita. 
A sub-rogação se funda no pagamento; a cessão em declaração de vontade. 
O cessionário de crédito não possui ação pessoal contra o devedor, mas apenas aquelas que lhe foram transmitidas pelo cedente. O sub-rogado possui sempre ação pessoal para recorrer contra o devedor. A cessão pressupõe a prática de um ato negocial; a sub-rogação se opera como efeito do pagamento. Na sub-rogação, portanto, há uma combinação de regras de cessão de crédito e de pagamento.
 
A sub-rogação é uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação. No caso da sub-rogação o pagamento apenas promove uma alteração na obrigação, sendo, portanto, forma de pagamento indireto.
 
Espécies de sub-rogação:
Sub-rogação pessoal ou subjetiva: consiste na substituição do credor por terceiro que efetua o pagamento ou empresta o necessário ao adimplemento, assumindo os direitos de titular da relação obrigacional (Paulo Nader, p. 371). É essencial para sua caracterização a continuidade da obrigação.
Sub-rogação real ou objetiva: ocorre pela substituição de uma coisa por outra na relação obrigacional. O art. 1.911, CC, prevê duas subespécies de sub-rogação real.
Sub-rogação judiciária: ocorre quando algum credor, na tutela indireta de seus interesses, substitui o devedor, que se revela negligente no exercício de seus direitos e ações.
Sub-rogação legal: ocorre automaticamente quando verificadas as hipóteses do art. 346, CC (taxativo). Assim, são hipóteses de sub-rogação legal: a) credor que paga a dívida de devedor comum; adquirente de imóvel hipotecado; pagamento por terceiro a fim de conservar direito sobre o imóvel; terceiro interessado em dívida pela qual era ou podia ser obrigado. Também são hipóteses legais de sub-rogação: art. 1.407, CC; art. 12, Lei de Locações; art. 130, CTN. À sub-rogação legal subordina seus efeitos aos preceitos da cessão de crédito, salvo disposições incompatíveis (art. 348, CC).
Sub-rogação convencional: decorre de acordo expresso de vontade entre terceiro não interessado e credor ou entre terceiro e devedor (art. 347, CC), mas a avença só produzirá efeitos perante terceiros com o registro do contrato no Cartório de Títulos e Documentos (art. 129, Lei de Registros Públicos)[8].
 
São pressupostos da sub-rogação:
Existência do vínculo obrigacional.
?Res debita? representada por obrigação de dar ou de fazer fungível.
Pagamento por iniciativa de terceiro.
Substituição do credor primitivo pelo terceiro.
A lei não exige forma especial. No entanto, tratando-se de sub-rogação convencional a doutrina manifesta-se pela necessidade de se impor forma solene.
 
São efeitos da sub-rogação:
A sub-rogação constitui efeito do pagamento seu principal efeito consiste na substituição do credor primitivo pelo terceiro que efetuou o pagamento.
Se o pagamento for parcial, a sub-rogação também será parcial. Neste caso, o credor originário deverá ter preferência sobre o sub-rogado (art. 351, CC).
A sub-rogação pessoal também tem como efeito a continuidade da relação obrigacional. Altera-se apenas o credor originário. 
A sub-rogação pessoal tem efeito liberatório porque exonera o devedor em face do credor originário; e translativo quando permite a transmissão de atos com seus acessórios (art. 349, CC).
Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até a soma que tiver desembolsado (art. 350, CC).
Sendo a sub-rogação convencional, deverão lhe ser aplicadas as regras da cessão de crédito.
O devedor poderá opor ao sub-rogado as defesas que possuía em face do credor originário.
A sub-rogação legitima o sub-rogado a promover a execução ou a continuá-la.
 
 
DAÇÃO EM PAGAMENTO (arts. 356 a 359, CC)
Dação, do latim, datio/ dationis significa entrega. A dação em pagamento como meio indireto de pagamento já era prevista no Direito Romano (datio in solutium) (dando solução). 
Conceitua Paula Nader (2010, p. 351) é negócio jurídico bilateral [e liberatório] pelo qual o debitor cumpre a obrigação com prestação diversa da devida originalmente. O adimplemento se faz com objeto diferente do estabelecido no ato negocial, mas com a concordância do creditor. Trata-se, desta forma, de exceção à regra geral de pagamento prevista no art. 313, CC, configurando-se negócio jurídico bilateral e oneroso de alienação.
 
São pressupostos da dação em pagamento:
Existência de vínculo obrigacional.
Cumprimento da obrigação. Não basta acordo visando a troca da coisa devida, é necessário que haja animus solvendi.
O ato tem caráter translatício, conforme a natureza dos bens dados em substituição (art. 307, CC) e, portanto, exige capacidade para entrega e capacidade para aceitação.
Diversidade da prestação oferecida. Pressupõe a disponibilidade da coisa.
Consentimento do credor (exige capacidade para anuir).
Não há possibilidade de realizar ação judicial para obrigar o credor a receber coisa diversa.
O consentimento pode ser expresso ou tácito. 
A dação pode ser realizada em obrigações em que há solidariedade passiva, sem a necessidade do consentimento de todos os devedores. No entanto, havendo solidariedade ativa, entende-se ser necessário o consentimento de todos os credores.
 
Veda-se a dação em pagamento:
No caso de venda de ascendente a descendente sem a concordância dos demais descendentes (art. 496, CC).
Quando não se fizer reserva de bens ou renda necessária à subsistência (art. 548, CC).
Em vendas decorrentes de autorização judicial, salvo anuência expressa.
 
Efeitos da dação em pagamento:
Admite-se qualquer tipo de substituição da res debita (art. 356, CC).
Se a dação constituir em pagamento com bem móvel ou imóvel, a fixação de seu preço deverá obedecer as regras da compra e venda (art. 357, CC).
Se a dação se dá por substituição da coisa por título de crédito, aplicar-se-ão as regras das cessões de crédito[9] (art. 358, CC).
Aplicam-se à daçãoas regras da evicção (art. 359, CC).
A dação em pagamento também impõe ao devedor a responsabilidade pelos vícios redibitórios (art. 441, CC).
 
REMISSÃO (arts. 385 a 388, CC)
Já era instituto conhecido no Direito Romano que previa duas espécies de remissão: acceptilatio e pactum de non petendo. (um recibo do acordo e aliança de não pedir) Conceitua Paulo Nader (2010, p. 417) dá-se a remissão[10] da dívida quando o titular do crédito, sem prejuízo de terceiro, espontaneamente libera o devedor da obrigação, sem pagamento, e este a aceita. Na linguagem comum, é ato de renúncia; sob o aspecto jurídico, o ato de remitir não se confunde com o de renunciar, pois enquanto aquele é negócio jurídico bilateral, este é unilateral. A remissão, portanto, é declaração receptícia de vontade.
Diferencia-se dos demais modos indiretos de pagamento porque o dever de prestar a cargo do devedor, extingue-se, sem que o direito de crédito chegue a funcionar e sem que haja, por conseguinte, uma qualquer satisfação, nem sequer potencial ou indireta, do interesse do credor. 
Na remissão o direito de crédito extingue-se, sem chegar a ser exercido, porque o credor assim o quer, abdicando voluntariamente dele? (Inácio de Carvalho Neto, 2010, p. 343).
 
São pressupostos da remissão (art. 386, CC):
Intenção de perdoar.
Capacidade para o ato (deve ser aferida no momento que se efetivou) e livre disposição dos bens (legitimação).
Aceitação do devedor (pode ser expressa ou tácita).
Não prejuízo de terceiro.
Forma livre (arts. 386 e 387, CC).
A remissão pode estar sujeita a termo ou a condição.
Pode abranger dívidas futuras, uma vez que irrelevante o vencimento da dívida.
Pode ter origem em ato inter vivos ou causa mortis.
 
Espécies de remissão:
Total: alcança a integralidade da prestação.
Parcial: alcança parte da prestação (percentagem, juros, ...).
Expressa: decorre de declaração de vontade expressa do credor e aceitação do devedor.
Tácita: ocorre quando a dívida é representada por instrumento particular e o credor o entrega voluntariamente ao devedor, criando uma presunção de pagamento (art. 324, CC) e provando a desoneração do devedor (art. 386, CC).
 
Efeitos da remissão:
Os efeitos da remissão se operam a partir do momento em que o devedor aceita a liberalidade.
Estando a dívida garantida por bem penhorado, a entrega deste bem ao seu dono representa apenas remissão quanto à garantia e não quanto à dívida (art. 387, CC).
Se o credor libera da obrigação um dos co-devedores os demais continuam coobrigados, descontada a quota remitida (arts. 277 e 388, CC).
A remissão é um ato de disposição meramente abdicativo.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos abordados nesta semana dando ênfase especial aos exemplos trabalhados, preparando o aluno para o próximo tópico: imputação do pagamento; novação; confusão e compensação.
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[1] Por isso, afirma Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 205-206) que a lei civil considera o aspecto substantivo da operação, destacando o efeito extintivo que o depósito exerce sobre a obrigação; e, por isso, lhe chama pagamento em consignação (ou, no Código de 1916, pagamento por consignação). A lei processual regula, pelo contrário, o dado formal da operação e, por essa razão, designa-a antes como consignação em pagamento. É a mesma realidade complexa examinada sob dois prismas diferentes, mas complementares e interligados.
[2] Há dúvida na doutrina se se trata de artigo com enumeração exaustiva ou não. V.g., Paulo Nader entende ser taxativo; Inácio de Carvalho Neto entende ser exemplificativo.
[3] A expressão deve ser entendida em seu sentido amplo, ou seja, não abrange apenas o declarado ausente, mas também o ausente porque não se pode impor ao devedor que fique esperando pela declaração de ausência. O depósito será justificado se não houver curador nomeado ou se não houver deixado representante legal.
[4] Não aparecendo nenhum credor o depósito será convertido em arrecadação de bens de ausentes.
[5] Embora o pagamento em consignação constitua caracterização da mora accipiendi pode também ser reconhecida quando o devedor é cobrado judicialmente e argúi exceptio non adimpleti contractus.
[6] A prestação oferecida deve ser integral, ou seja, na entrega da coisa na quantidade avençada. Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 214) que ?tratando-se de dívida pecuniária, por exemplo, não bastará o depósito da soma principal, devendo acrescer a ela os juros de mora devidos até a data do depósito (art. 337). Tratando-se de entrega da coisa, com frutos ou produtos a que o credor tenha direito, como no caso de entrega de ações, com dividendos já vencidos e pagos com bonificações já concedidas, não chegará para justificar a procedência da ação o depósito dos títulos. Assim se explica, aliás, que um dos fundamentos da contestação expressamente referidos no art. 896 do Código de Processo Civil (inc. IV) consista em não ser integral o depósito. Assim, por exemplo, não procede a consignação se o devedor, descontado da prestação importâncias que acha indevidas, deposita apenas a diferença?.
[7] Alguns autores chegam a chamar a sub-rogação de cessão ficta, tal é sua semelhança com a cessão de crédito.
[8] Embora alguns autores sustentem em contrário, nenhuma espécie de sub-rogação tem caráter especulativo. O terceiro sub-rogado tem sua autonomia limitada pelas regras do enriquecimento sem causa (art. 884, CC).
[9] Advertem Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2008, p. 338) que o Código Civil regula a dação pro soluto, chamando-a de dação em pagamento. [...]. A dação em função do cumprimento não é regulamentada pelo Código Civil. Mas, a autonomia privada pode concebê-la. Neste caso, a dação pro solvendoresguardará o cessionário que recebeu o direito, pois a extinção do débito primitivo é condicionada ao êxito na cobrança do crédito transferido ao credor. Eventual insolvência autoriza o credor a exigir a obrigação originária, em face do devedor-cedente.
[10] O professor deve destacar que não se deve confundir remissão e remição, esta tem natureza processual, prevista no Código de Processo Civil e tem significado de liberação; diferente do termo remissão que tem sentido de perdão.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
Quadro e pincel; datashow    
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto 
Roberto adquire um imóvel no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) pagável em dez parcelas iguais e mensais de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Roberto efetua o pagamento regular de nove parcelas. Em decorrência de fatores alheios à sua vontade, torna-se inadimplente em relação à última parcela. No intuito de honrar o compromisso e liquidar o seu débito, ele oferece ao credor um veículo avaliado em R$ 50.000,00. Após avaliar o bem, o credor aceita o veículo e dá quitação da parcela vencida.
Qual a forma utilizada pelas partes para liquidação da última parcela? Fundamente sua resposta.
Questões Objetivas 
1. Em favor de quem empresta ao devedor o equivalente à dívida, solvida esta, perante o credor, fica estabelecida (OAB PI II 2001):
a) Novação;
b) Dação;
c) Sub-rogação;
d) Compensação.
2. Marque a alternativa incorreta:
a) O pagamento com sub-rogação pressupõe pagamento, satisfação do credor originário.
b) Devem ser interpretadas de forma restrita as hipóteses de sub-rogação legal, pois são taxativas.
c) No caso de sub-rogação legal, podem as partes convencionar diminuição de privilégios dados ao credor originário.
d) São efeitos da sub-rogação: liberatório e translativo.
Avaliação
Caso Concreto
            
Roberto adquire um imóvel no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) pagável em dez parcelas iguais e mensais de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Roberto efetua o pagamento regular de nove parcelas. Emdecorrência de fatores alheios à sua vontade, torna-se inadimplente em relação à última parcela. No intuito de honrar o compromisso e liquidar o seu débito, ele oferece ao credor um veículo avaliado em R$ 50.000,00. Após avaliar o bem, o credor aceita o veículo e dá quitação da parcela vencida.
Qual a forma utilizada pelas partes para liquidação da última parcela? Fundamente sua resposta.
Sugestão de gabarito:  Dação em pagamento. Como tinham compactuado o pagamento do imóvel em dinheiro, mas o pagamento da última parcela ocorreu com prestação diversa de dinheiro (Veículo), temos a ocorrência da dação em pagamento: 
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Questões Objetivas 
1. Em favor de quem empresta ao devedor o equivalente à dívida, solvida esta, perante o credor, fica estabelecida (OAB PI II 2001):
a) Novação;
b) Dação;
c) Sub-rogação;
d) Compensação.
2. Marque a alternativa incorreta:
a) O pagamento com sub-rogação pressupõe pagamento, satisfação do credor originário.
b) Devem ser interpretadas de forma restrita as hipóteses de sub-rogação legal, pois são taxativas.
c) No caso de sub-rogação legal, podem as partes convencionar diminuição de privilégios dados ao credor originário.
d) São efeitos da sub-rogação: liberatório e translativo.
Sugestão de gabarito: 
1. LETRA C
2. LETRA C
Considerações Adicionais
Prof. René dellagnezze