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I§ponro FiiItJ, F.CULB,E §§ â{§*ICI§Â -:],]-;.i Unrff§*SlüÂsE DÕ p§âT§ SEBENTA BIOLOGIA CELULARE MOLECULARI BERNARDO MANUEL DE SOUSAPINTO FACULDADE DE MEDICINA DA IINIVERSIDADE DO PORTO Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Índice Metodologiadoestudodaé1u1a......... .....................3 Microscopia. ..............3 Isolamentoe cúturaçelular ....................7 DNAeDNA-bindingproteins...... ....................11 ReplicaçãodoDNA...... .....................15 Reparação e recombinação do DNA.. .............19 Transoição do DNA...... ...............24 Transcrição: Síntese do mRNA.... ...........24 Transcrição: SíntesedorRNAetRNA....... ....................29 Núcleo celulr........ .........32 Genoma humano e doenças associadas ao DNA...... ...............37 Técnicas de biologia molecular. ..........41 Sínteseedegradaçãodeproteínas. ................45 Controlo da opressão génica e especialização celular........ ..................51 Membranasbiológicas......... ............55 Transporte transmembranar .........58 Tradução elécEica de estímulos: Membrana neuronal ..........63 Modelosexperimentaisdecontrolodaexpressão gética........ .....................67 Citosqueleto. .............72 Actina........ ............72 Microüúbulos e filamentos intermediários................ ................78 AtlasdeMctoscopia........ .................82 Tipos de célúas...... .......82 Núclço......... .............91 Estão incluídos nesta sebenta, resumos das aulas de Biologia Celular e Molecular I da Façuldade de Medicina da Universidade do Porto, bem como um atlas com as imagens de microscopia observadas. Desdejá agradeço a quem me ajudou na elaboração da sebenta, através da correcção de eventuais erros inicialmente presentes, ou através de ideias e sugestões. Bom trabalho e votos de sucesso nos exames, Bernardo M. Sousa Pinto Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Microscopia O microscópio permite, não só, ampliar aquilo que vemos, mas também, ver mais pontos como pontos distintos, pois permite uma resolução maior que uma simples lupa. Existem dois grandes tipos de microscópio: O microscópio de luz, onde é possível ver até às celulas, e o microscópio electrónico, que teoricamente daria para ver até aos átomos. Limite de resolução O limite de resolução de um microscópio é a distância mínima entre dois pontos de um objecto, em que estes são passíveis de ser observados como pontos distintos, exprimindo-se em subunidades do metro. o limite de resolução do microscópio óptico é calculado pela fórmula fn : li!1 11 , sendo 1, o valor do n x send comprimento de onda da luz uülizada e o produto expresso no denominador muitas vezes indicado pelo fornecedor. O limite de resolução mínimo do microscópio óptico, por causa da radiação é de 200 nm, ou seja, não se conseguem observar estruturas que distam menos de 200 nm, que é a distância mais ou menos que existe entre os organelos. O microscópio electrónico tem um limite de resolução teórico de 0,1 nm, mas na prática, o limite de resolução é raramente menor que 1 nm. Preparações para microscopia Para elaborar preparações definitivas para microscópio óptico, em primeiro lugar, devemos parar os processos metabólicos das células, matando-as e conservando a sua estrutura - fixação. De seguida, corta-se o tecido endurecido (frequentemente em parafina) em fatias finas (entre 5 e 6 prm de espessura), pois só assim podem ser atravessadas por um feixe de luz. Finalmente, coloca-se este no suporte de vidro. Como as células são incolores, nomeadamente as animais, absorvem/reflectem muito poucas radiações visíveis, devendo-se por isso fazer colorações, utilizando-se corantes citológicos, básicos (ou acidófilos), para corar estruturas ácidas, como o núcleo (devido à grande quantidade de ácidos nucleicos), ou corontes citológicos ácídos (ou basófilos), para corar estruturas básicas (geralmente têm maior afinidade com o citoplasma). Como as colorações podem induzir alterações morfológicas nas células, há por vezes a necessidade de observar células vivas e não coradas. Para isto, utilizam-se frequentemente, mlcroscópios dê contraste de fase. Já em microscopia electrónica, os cortes têm de ser ultra-finos (80 a 100 nm), sendo estes colocados numa grelha metálica e fixados numa cera muito dura. Coloração de Gram As células procarióticas não têm núcleo, nem organelos membranares individualizados. As bactérias são indivíduos procariontes, que se classificam de acordo com o modo como coram, quando submetidas à técnica de Gram. Sendo assim, as bactérias Gram-positivas coram a roxo e as bactérias Gram-negativas coram a encarnado/magenta. Estas diferenças em termos de coloração prendem-se com a presença ou ausência de peptidoglicano nas paredes bacterianas. As Gram-posiüvas possuem uma grande quantidade de peptidoglicano que funciona como uma "esponja muito grossa e permeável", enquanto as Gram-negaüvas possuem uma quanüdade muito reduzida de pepüdoglicano. Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Microscopia de contraste de fase A microscopia de contraste de fase permite acompanhar culturas de células vivas, pois neste método não é necessária a coloração histológica das células. As imagens são nos dadas, pois, por um contraste, que Íaz parecer que estas apresentam relevo. lsto acontece porque as radiações que atravessam organelos mais "densos" e "espessos", como o núcleo sofrem retardamento, enquanto as que atravessam regiôes de menor resistência, ficam em fase. Dessa forma, essas diferenças de fase de radiação, nos diferentes locais da célula, vão ser convertidas pelos microscópios de contraste de fase, num contraste, onde estruturas mais "densas" são menos brilhante e as menos "densas" são mais. Este método é útil para observar células individuais, ou finas camadas de células, mas não tecidos espessos. O contraste de interferência diferencial (ou contraste de interferência diferencial de Nomarski) é uma variante da microscopia de contraste de fase, poig converte diferenças de fase também num contraste, mas os objectos, nas imagens, parecem ter uma sombra, algo que resulta de uma diferença no índice de refracção deste, relativamente ao meio. lsto é particularmente útil para a observação de objectos espessos e pequenos detalhes. Microscopia de fluorescência Através de microscopia de fluorescência, é possível detectar os fluorocromos, moléculas fluorescentes. Um composto diz-se fluorescente, caso absorva luz a um dado comprimento de onda de excitação e, por consequência, emita luz, num maior comprimento de onda específico. São por isso detectadas duas radiações - uma associada à excitação dos electrões e outra à emissão de energia por parte destes. Por isso, neste tipo de microscopia uüliza-se um filtro que deixa passar apenas as radiaçôes que excitam os fluorocromos. Graças a outro filtro, vemos também somente as radiações luminosas emitidas pelos fluorocromos. O resto aparece a negro. Dado existirem muito poucas moléculas naturalmente fluorescentes, somos forçados a recorrer a técnicas de imunocitoquímica - utilizamos, pois, anticorpos com fluorocromos, pois os anticorpos são muito específicos para determinados antigénios. Podemos classificar as técnicas de imunocitoquímica em directas, se recorrerem somente a um anticorpo marcado para cada molécula, o que acontece muito raramente; ou indirectas, se recorrerem a um anticorpo primário, ao qual se ligam vários anticorpos secundários marcados (sendo que os dois anticorpos têm de ser produzidos em animais diferentes -só assim os anticorpos secundários reconhecem o anticorpo primáriocomo um antigénio!). Podem igualmente ser usadas enzimas com marcação fluorescente. Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I i'tse{ibi§s§{t {*fiei**{r.e ***&* ,r*{á§#fu*{t e{ài§* -*-&** microscopia de fluorescência, que permite observar a interacção directa entre próximas (nomeadamente reacções de transferência de energia), do seguinte Radl*câc r rarrla I§ii{riàtí t:lll;*1çç; m#k*íffi#§§ rat)llit §d1todydi{§âtsd §lqs§*n§{<iqsfi.q §h*Jffi d' §. * !t Dado o contraste nas imagens de fluorescência ser tão grande, é possível ver estruturas menores que 200 nm, a menos que distem menos que 200 nm! As imagens de microscopia de fluorescência podem apresentar um fundo (noise), algo que é superado com recurso a radiação laser muito intensa, em microscópios mais sofisticados. A microscopia confocal e de deconvolução permitem observações de estruturas tri-dimensionais sem aberrações de imagem. A microscopia de Apo-Tome permite um aumento de nitidez nas imagens obüdas por microscopia de fluorescência. GFP - Green Fluorescent Protein Esta proteína permite-nos ver, com recurso a técnicas de fluorescência, células vivas, ou proteínas (por vezes criam-se proteínas híbridas, com um segmento de GFP, que não altera o funcionamento natural destas e permite observar o seu "caminho natural"). FRET - Fôrster resonance energy transfer Esta é uma técnica de duas moléculas muito modo: Radiaçâo yioleta imuito energética) 4\ Radiação I\ azul / >+Cromóforo A # Cromoforo ts # FRAP - Fluorescence recovery after photobleaching Esta técnica é útil para observação de cinética molecular, pois faz-se um branqueamento de todas as moléculas fluorescentes numa área restrita e depois vai-se acompanhando as migrações moleculares, ou seja, a sua "recuperação". Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I permite a purificação de sedimentos, quer constituídos por diferentes organelos, quer constituídos somente por núcleos. Um controlo adicional da pureza é feito, recorrendo ao microscópio electrónico. Este processo pode ser utilizado para a obtenção de macromoléculas específicas isoladas. Neste caso, a ultracentrifugação é realizada à conta de forças muito superiores e tempo muito longa, estando sempre associada a umgradiente muito concentrado em soluto. As macromoléculas, "deslocam-se" ao longo do gradiente até encontrarem uma zona, cuja densidade seja igual às suas, estabilizando aí. Todavia, esta não é a técnica de excelência para a separação de moléculas como o DNA e o RNA. Separação de proteínas: SDS.PAGE Para separar proteínas, recorremos à electroforese, um processo que permite separar moléculas com carga eléctrica, quando se encontram em solução, através da aplicação de corrente eléctrica, estando a migração das moléculas dependente da sua carga, forma e massa. No DNA, a migração está apenas dependente da massa (associada ao número de pares de bases), visto as moléculas de DNA terem carga negativa (devido à presença do anião fosfato) e forma similar, mas nas proteínas tal não acontece. Neste grupo de moléculas verifica-se variedade na carga e forma, o que leva a que tenhamos de realizar alguns processos, de modo a eliminar essas "variáveis" e a podermos separar as proteínas somente pela sua massa. Para eliminarmos a "variável carga", aplicamos SDS (dodecilsulfato de sódio), que confere carga negativa a todas as proteínas (estas ficam todas com a mesma carga). lsto leva também, a que haja repulsões entre as proteínas, algo que ajuda à sua desnaturação e linearização. Posteriormente, aplica- se DTT - diüotreitol - e p-mercaptoetanol - agentes que quebram as pontes dissulfureto, contribuindo para a perda de tridimensionalidade das proteínas. Aplica-se uma carga eléctrica às proteínas, então em gel de poliacriloenil, que migram do cátodo (-), até ao ânodo (+), sendo que quanto maiores, menor a sua mobilidade. Para visualizarmos as bandas t: .q>,"1 t*\í -q+*F* ) . Ii'q\. " -"-r U **-' {;iÍrlrrNt{§, ;Ixlj.l.l §;t #e, I W{l*?* &8$ i 1""---*sstL:Í:§*1r**,,"--,-,.------, Lsi{:lql*lrlt:l Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I obtidas, estas são coradas com nitrato de prata e azul de Coomassie e comparar os valores obtidos com valores-padrão. Focagem lsoelectrónica Esta é uma forma de electroforese, na qual as proteínas são separadas de acordo com o seu ponto isoelectrónico - o valor do pH do meio, para o qual a proteína fica globalmente neutra. Sabe-se que ao ser aplicada electroforese em proteínas neutras, estas não migram, por isso numa tina onde existe um gradiente de pH, fornecemos corrente a proteínas carregadas, sendo que estas migram até ao local onde é atingido o seu ponto isoelectrónico. ( {,§6 t0(,r ? úÀ r§ rn§ at I*r* pll, th* pr:ot*ln ir p*sitir*ly rhxrg*d 't§ at higlt pl{, the protain ir **çatlve§y ch*rged Electroforese bidimensional As proteínas são separadas com base nos seus pontos isoelectrónicos, por focagem isoelectrónica e depois, por SDS-PAGE, pela sua massa molecular. Western-blotti ng O método de Western-blotting consiste na transferência das proteínas separadas por electroforese bidimensional para uma membrana. Aplica-se coloração de Ponceau's e depois aplicam-se os anticorpos marcados com enzimas ou fluorescência para identificar as proteínas de interesse (Ímunoblottíng). § Elecrr*phor*ris srrd tr*rsfsr SDS-p*lyaerylamid* gel l'r4*rrr ll ra n e Arrribody detoction § elrrcnrog*nic g ii l i ....,.. .. I rll il ,t lnrubàtÊ $lth Àh rv!,âul I I r' lr,iuhate witlt anry'rlP-\!ã§n exc*55' lrilÁ?Ll 1r,' .11, vrasli ex;ás> j --+.-j Eeari rviür sullslÍãle for Ab.-lÍnk+ri enzyrre Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Separação e hibridação de ácidos nucleicos: No DNA, a migração por electroforese é feita em gel de acrilamida e agarose e está apenas dependente da massa (associada ao número de pares de bases), visto as moléculas de DNA terem carga negativa (devido à presença do anião fosfato) e forma similar. Dadas as dimensões da molécula de DNA, por vezes é necessário cindi-la, com recurso a enzimas de restrição. A visualização das bandas de DNA é possível graças ao SYBR green (antigamente recorria-se ao brometo de etídio, contudo, este é cancerígena). É possível a hibridação de ácidos nucleicos, podendo-se obter cadeias de DNA/DNA, RNA/RNA e DNA/RNA. Para isso, aumenta-se inicialmente a temperatura das moléculas "originais", o que leva à quebra das pontes de hidrogénio e desnaturação destas. De seguida, obtêm-se moléculas híbridas, graças à diminuição de temperatura. Southern-blotti ng O método de Southern-blotting é análogo ao de Western-blotting. Esta técnica é capaz de detectar um fragmento de restrição específico, com uma enzima de restrição. Quando uma mistura de DNA complexa é submetida a electroforese é notável a presença de vários fragmentos diferentes com aproximadamente a mesma massa, não sendo detectável, cada um, como uma banda particular. Dessa forma, o southern-blotting recorre à hibirdação para identificar um fragmento de DNA particular - os fragmentos de restrição são transferidos para uma membrana, que é deixada a incubar em condições de hibridação com uma sonda específica de DNA marcada radioactiva. Após se dar a hibridação dos dois fragmentos, identificamos a sua localização, por autoradiografia. Nothern-blotti ng O método de Northern-blotting permite determinar a localização da expressão de um gene particular, sendo análoga para RNA que é separadopor electroforese e induzido em hibirdação com uma sonda de DNA marcada radioactivamente. Este método necessita da extracção de mRNA de uma célula ou conjunto de células, dessa forma, para manter a informação posicional da célula, em estudos mais precisos, é necessário realizar hibridização in situ. L0 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I DNA e DNA bindine proteins Molécula de DNA A molécula de DNA apresenta como unidades básicas os nucleotídeos, compostos por uma base azotada, uma desoxirribose e um grupo fosfato. Ao conjunto da base azotada, mais a dexosirribose dá- se o noÍne de nucleosídeo. Quanto às bases, existem as pirimídicas, que são a timina e a citosina e que apenas apresentam um anel azotado, e as púricas, que apresentam dois anéis azotados, sendo por isso aadeninaeaguanina. O grupo fosfato estabelece duas ligações éster com a desoxirribose, dizemos por isso que se estabelecem ligações fosfodiéster na molécula de DNA. Uma das ligações é estabelecida no 5e carbono da desoxirribose, enquanto a outra é no 3e carbono de uma desoxirribose diferente. Dessa forma, a sequência de nucleotídeos é sempre lida de 5' para 3'. A cadeia de DNA é formada por dois polímeros lineares com tendência a formar uma dupla hélice, estabelecendo-se pontes de hidrogénio entre as bases azotadas, de ambas as cadeias, que se dispõe antiparalelamente. Relativamente ao emparelhamento de bases, podemos afirmar que estas formam sempre pares de Watson e Crick, ou seja a adenina emparelha sempre com a timina, através de duas pontes de hidrogenio e a guanina com a citosina, por 3 pontes de hidrogénio. De referir que na molécula de DNA distinguimos dois "sulcos", um maior e outro menor, sendo que em cada volta, encontramos um sr.rlco de cada. Já as pontes de hidrogénio estabelecem um "efeito velcro", pois são muito frágeis individualmente, mas, no seu conjunto, constituem uma junção muito forte. Relativamente aos üpos de DNA, quanto ao seu arranjo em dupla hélice, podemos considerar o BDNA, o ZDNA e o ADNA. O BDNA corresPonde à maior parte do DNA existente nas células. Regista-se nele uma rotação para a direita e existem 10,1 bases por volta completa (que tem 3,6 nm). Já o ADNA apenas existe em laboratório e em condiçôes de desidratação extrema, sendo por isso, semelhante à estrutura do BDNA, mas mais compacto. Por último, o ZDNA apresenta uma rotação para a esquerda e, embora por vezes se encontre nas células, não se sabe qual a sua função. (b)A DNA Desnaturação da molécula de DNA A molécula de DNA é muito estável, todavia, a separação das duas cadeias é possível, através do aumento de temperatura (dado a elevação térmica aumentar a cinética dos electrões). A esta separação dá-se o nome de desnaturação do DNA, sendo este processo reversível. Valores extremos do pH ta,mbém |evam à quebra das pontes de hidrogénio, isto porque as cadeias passam a repelir-se, quer pelo facto das bases ficarem protonadas (em meio ácido), ou com carga negativa (em meio básico). Também a diminuição da concentração de iões é um factor que contribui para a desnaturação da molécula de DNA. {a) B DNA {ci Z ãNA LL Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I 75 §l rOtl .= 0.§ I g u §lngl*-*trarded §&x§ §oshl§' strand*d §,t*A 80 8§ 9S Temperatur* {"C} As quebras de ligações nas moléculas de DNA são passíveis de ser monitorizadas, através da espectrofotometria. De facto, as cadeias simples absorvem uma quantidade muito maior de radiação UV de comprimento de onda 260 nm. A temperatura para a qual se dá um aumento muito brusco da absorção de radiação de 260 nm é designada por melting-point (também designado por "temperature of melting", ou T,). O melüng-point é mais elevado quando há mais pares de bases guanina-citosina, do que quando há mais pares de bases adenina-timina. lsto, 0.5 L 75 porque entre a guanina e a citosina estabelecem-se mais pontes de hidrogenio, que entre a adenina e a ümina. Disposição do DNA na célula O DNA não se dispõe aleatoriamente no núcleo das células em interfase - ocupa os chamados territórios cromossómicos, locais restritos ocupados de forma ordenada pelo DNA, entre os quais existe o espaço intercromossomal. O DNA encontra-se então no núcleo associado a proteínas, o que constitui a cromaüna. A cromaüna pode se encontrar sob uma forma muito condensada (heterocromaüna), ou pouco condensada (eucromatina), estando essa última forma, geralmente associada à transcrição activa. Quando se encontra em solução hipotónica, o DNA apresenta-se na forma de fibras de cromaüna de 10 nm de diâmetro, assemelhando-se a um colar de contas, sendo que cada conta é um nucleossoma - a unidade básica de compactação de DNA nas células, constituído por 747 pares de bases ligados a um octâmero (constituído por um conjunto de oito histonas, de quatro üpos diferentes). As histonas apresentam resíduos de aminoácidos carregadas positivamente, sendo que após a tradução destas é possível, que estas sofram alterações (código das histonas), que determinarão a sua função e compactação. Uma histona importante e a Hl, por permitir a formação de fibras de cromatina de 30 nm de diâmetro, estas fibras iniciam a sua formação pela orlentação de duas colunas de DNA para esquerda e enroladas sobre si próprias, originando depois, no seu conjunto, uma dupla hélice com orientação para a esquerda. De entre as histonas e igualmente de destacar a acção da HP1, ao permitir uma maior condensação do DNA, levando à génese de mais heterocromatina. Essa maior condensação está pois associada a trimetilações, enquanto as acetilações estão sobretudo associadas a um impedimento da condensação da cromaüna. 12 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Replicação de DNA A replicação de DNA é o processo pelo qual se formam 2 moléculas de DNA exactamente, iguais à quais lhe deu origem e entre si. É um processo semi-conservatvo feito por complementaridade de bases, algo que foi comprovado numa experiência que utilizou isótopos de azoto num gradiente de Césio. DNA Polimerase A DNA Polimerase é a principal enzima a catalisar o processo de replicação DNA. Existem vários tipos de DNA polimerase - nos procariotas, podemos referir as DNA Polimerases l, ll e lll (a DNA Polimerase lll é a principal, adicionando nucleotídeos e tendo capacidade de proof-reoding, as restantes, sobretudo a ll intervêm somente no processo de reparação do DNA), enquanto nos eucariotas, são de salientar a DNA polimerase c (também designada por DNA primase), a DNA polimerase p (que actua nos processos de reparação de DNA) e as DNA polimerases ô/e (com capacidade de adlção de nucleotídeos e de proof- reading. A DNA polimerase ô actua ao nível da cadeia leoding, enquanto a € actua ao nível da cadeia loggingl. A DNA Polimerase 6/e é a enzima mais importante nas células eucarióticas, criando ligações difosfoester, de 5' para 3', quando as bases já estão emparelhadas, entre a molécula de DNA e um desoxirribonucleosídeo trifosfato (levando à libertação de dois fosfatos). Esta enzima é similar a uma mão fechada, com "dedos", "polegar" e "palma", Esta enzima é incapaz de adicionar os desoxirribonucleotídeos a uma cadeia simples. Tem que existir, por isso, na cadeia de DNA, um pouco de ligação dupla. lsto é algo que não acontece com a enzima DNA primase. Cadeia condutora (leading) e cadeia rápida (lagging) Em microscopia electrónica é possível observar a replicação de DNA. As moléculas de DNA circular vão sendo abertas, havendo crescimento bidireccional das cadeias, com formação das forquilhas de replicação. A forquilha de replicação é a estruturacom forma de diapasão que se forma, aquando da replicação do DNA. Nela distinguimos duas cadeias, a cadeia condutora, ou leading, e a cadeia lenta ou lagging. A cadeia condutora é aquela onde o DNA é sintetizado de modo contínuo. A sua orientação 5' para 3' é de acordo com a direcção de síntese de DNA pela DNA polimerase. Por outro lado, na cadeia lenta o DNA é sintetizado de modo descontínuo, alternando os fragmentos de Okazaki com primers de RNA. I. r,,i1 r ; ) ''.. ,,,,, lí ... :: . i I I t..'. , l:" ' - d::i-) II : i.t :']'tÍ::it "a ,:'tr Í , ... r,",r',,, , I II ll-i 1! 'r, I ? , : .l'.' L5 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Os fragmentos de Okazaki são as sequências de DNA, que se vão formando nas cadeias lentas e têm cerca de 100-200 nucleotídeos nos eucariotas e 1000 a 2000 nos procariotas. Os primers de RNA são pequenas regiões de ribonucleotídeos, com 3 a 10 nucleotídeos, acrescentados pela DNA primase (DNA polimerase a), de forma a ser possível a síntese de DNA na cadeia lenta. Na cadeia leoding também é necessário um primer, para que se possa iniciar a replicação, dado que a DNA polimerase não pode acrescentar nucleotídeos de novo. ,*§1*§ {,9 $kÀ).;rti iÍq{§sflt ts ti-S{isril }t{*q4j . ":x- A remoção dos primers é feita por acção da RNase H. Dado a presença de ribonucleotídeos nas cadeias de DNA ser facilmente detectada nas células como algo anómalo e aberrante, estes são fácil e rapidamente removidos. Os espaços livres são então preenchidos por desoxirribonucleotídeos colocados pela DNA polimerase. A enzima DNA ligase, por seu turno, à conta de ATP, estabelece a última ligação fosfodiéster. Proteínas acessórias da DNA polimerase A DNA helicase é essencial ao processo de replicação do DNA, pois permite a abertura da dupla hélice e, por outro lado, o desenrolamento das cadeias simples, aquando da formação de uma nova cadeia dupla. Esta proteína tem forma de anel, que progride, abrindo a cadeia de DNA. Contudo, é necessário, que as cadeias simples, uma vez desenroladas, se mantenham simples. Esta é a função da RPA - Replicotion Protein Á, que simultaneamente mantém as cadeias simples acessíveis à deposição de novos nucleótidos. Já a PCNA - Proliferaüng Cell Nuclear Anügen - é uma proteína com três subunidades que permite que a DNA polimerase esteja mais tempo ligada à molécula de DNA e não se separe desta. lsto porque a DNA polimerase, por si só, tem pouca afinidade com a molécula de DNA. Nos procariotas, a sua homóloga é a sliding-clom p protein. O RFC - Replicatíon Factor C - é um complexo que "trabalha em conjunto" com a DNA polimerase e que se está constantemente a formar e a dissociar na cadeia lenta, visto dissociar-se do complexo que forma com a DNA polimerase e com a PCNA e da própria molécula de DNA, quando se inicia a síntese de um primer. Nos procariontes, destaque ainda para a clamp-loading protein, que faz a hidrólise de ATP, permitindo assim que ocorra a adição de desoxirribonucleotídeos. l*;aling *ra«J 16 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I São igualmente necessários mecanismos que evitem a ocorrência de sobre-enrolamento no DNA, função assegurada pelas topoisomerases, que dão pequenos cortes na molécula de DNA, com esse intuito, e depois restabelecem essas mesmas ligações fosfodiéster, por elas quebradas. Existem duas classes de topoisomerases a topoisomerase I quebra a cadeia simples de DNA e está muito próxima da forquilha de abertura e a topoisomerase ll quebra a cadeia dupla, assumindo um papel fundamental para que ocorra a separação dos cromossomas e a "mudança de lugar da cadeia de DNA". Ao conjunto formado entre a DNA helicase a DNA primase dá-se o nome de primossoma. llk§,*§"# Funci*nar*ent* :j=*": da t*PaÍsonrerase 1à§W5 Ltlti:{ê*&HHSêX ".,&iMM!&.LmX.| ffi--Hm* I &#í ti§M*,nt'ww1 fr*- ffitru*Blr§*ra s §* * $ '#"ekffi& I -gm" ãe**,*klé&l&\ m6"N@.54effi'lffirà-ffi .,.@!d,M4@sI üii:k * âtJ IfuhÉftrsÊt{ffi lffiffi HHHXX§sür§§& ffi §"lry' r-" .:".L§\&, :r*'*'rffi 'à.r& \ry* r,w*sa .§' @e@r4 ": de*.Ese*! I **4*u . | *s&i§Àss8, ,& sehf,r,hgr" §y#;Íj,*- w,*k'!f,§ tà *§*f',**",***lY ffi Fdpd.,ds*ekL:[,i;ff*""' & í e8r*4&ffiM4 *&e!M.ffiet#s *Ids,§r@s#*rrM *ãeidüft@rlrryBry*ffih*fl@M'enr&*s,?!eir*l{'l& § -&e-.#'gWIr*§*\, 's"|-*ffi\.r§Í# \*I Funcion&l§r§o da top*lso*#ffiiÉe ll Verificação da replicação pela DNA polimerase Apenas um em cada 10e nucleotídeos é incorporado incorrectamente durante a replicação de DNA. Embora, ao ser realizada a polimerização de nucleotídeos, um em cada LOs nucleotídeos seja incorporado erroneamente, o mecanismo de exonucleotyüc proofreading, operado pela enzima DNA polimerase, permite que apenas subsista um erro em cada 102 nucleotídeos e o processo de Strqnd directed mismatched repoir,leva a que também apenas subsista um erro em cada 102 nucleotídeos. A acção combinada destes três mecanismos leva então a que apenas "passe" um erro em cada 10e nucleotídeos sintetizados. O processo de proof-reoding da DNA polimerase é possível graças à actividade de exonuclease desta enzima. Este processo é possível de 3' para 5', sendo que a DNA polimerase reconhece os nucleotídeos mal-emparelhados, pois esses não formam uma cadeia dupla correcta. A enzima em questão remove o nucleotídeo errado e adiciona o correcto. Se a polimerização de nucleotídeos ocorresse, eventualmente, de 3' para 5'nalguma das cadeias, ao se operar o processo de proof-reading, quando fosse detectado um nucleotídeo errado e, posteriormente, removido, a cadeia ficaria incompleta e não poderia crescer mais. Origern e velocidade da replicação Em E. coli, as origens de replicação são regiões do DNA ricas em pares A-T, que têm ligações mais fracas (porapenas duas pontes de hidrogénio). Nas células eucarióticas, a velocidade de replicação é L0 vezes mais lenta que nas procarióticas, devido à presença de nucleossomas. Por isso, o genoma das células eucarióticas têm obrigatoriamente várias ' origens de replicação, muito diferentes entre si às quais se ligam ORC - Origin Recogniüon Complex - 17 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I proteínas com 6 subunidades cuja função é a de reconhecer as regiões de origem de replicação, ciciinas e DNA-helicases. A um conjunto formado por entre 20 a 80 origens de replicação, dá-se o nome de unidade de replicação. É importante referir que o DNA não replica todo simultaneamente nas células eucarióticas, replicando primeiro a cromatina menos condensada (eucromatina), contudo, todo o genoma é replicado. Formação dos nucleossomas Os tetrâmeros de histonas H3 e H4 nunca se separam durante a replicação, contrariamente às H2A e H2B. A síntese dessas histonas é então feita imediatamente após a replicação de DNA. Como as moléculas recém-formadas de DNA possuem então já histonas, as que se formam de novo, podem ser depois modificadas de acordo com as que já estão ligadas ao DNA. Replicação dos telómeros A enzima telomerase assegura a replicação do DNA no telómero - extremidade cromossómica, que apresenta no ser humano a sequência repetitiva GGGATT, pois este não é sintetizado na cadeia lenta, pois, como é uma extremidade, seria aí impossível para a DNA polimerase slntetizar nucleotídeos. Contudo, a maioria das células somáticas não exprimem a enzima telomerase, contrariamente às células tumorais e embrionárias. Dessa forma, vão ficando com as extremidades cromossómicas cada vez mais curtas, até ao ponto dos cromossomas se fundirem. Essa perda cromossómica leva à morte celular, estando assim explicado, o motivo pelo qual ascélulas somáticas normais apenas têm capacidade de efectuar 40 replicações. rd!!'!ri,r-rSr§i " , ;; L*§din§ rtÍrnd * Lã99ing strãnd =,-"-'-**ffi * ry-r-r---.t-:-: 5,lrlrlrlirlrilliirllil{lrlrl ,irrliillliI !, I I? i: Leiding rt.aú + -*=-|§lr$Ít§*êd{ §,Í?ltíl?íríTJ-illJilrrJ'íTrlT?Tl"iJlT,,,,,,,, r, L.........-.. .-_- 1 i... ^- -, ,..,., ...,i' ,,ji-,.. ,, -t 18 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I DNA: Reparacão e Recombinacão Danos no DNA Cada célula humana sofre em média, por dia 104 a 106 eventos, físicos ou químicos, conducentes a danos do DNA e, dessa forma, é essencial para a célula possuir mecanismos de reparação do DNA. A célula não pode evitar que se dêem estes danos, visto que muitos são originados por produtos das reacções metabólicas celulares, sendo a sua ocorrência normal. De entre os danos que se registam no DNA, salientamos as reacções de hidrólise, de entre as quais, despurinações - reacções de hidrólise, em que as bases púricas deixam de o ser - e as desaminações - remoção de um grupo amina nas bases citosina, adenina e guanina. Também os danos oxidaüvos, onde há perda de ligações oxidativas contribuem para lesões no DNA, bem como as alquilações, de onde se salientam as metilações, onde grupos metilo se ligam a átomos de azoto. Contudo, não são apenas agentes endógenos que contribuem para as lesões do DNA. A exposição a certos agentes exógenos, como as radiações UV, que levam à formação de dímeros de timina ou citosina, ou alguns produtos químicos, que levam por exemplo a metilações e etílações, propicia à ocorrência de danos na molécula de DNA. Cada cadeia de DNA apresenta uma cópia (um bockup), devido ao facto de se encontrar ligada a uma cadeia cor.n bases complementares. lsto faz com que a molécula de DNA seja a molécula ideal para armazenamento de informação genética. A presença de apenas quatro nucleotídeos diferentes facilita igualmente, a reparação de erros. Reparação directa do DNA Existem mecanismos de reparação directa do DNA, nomeadamente a reversão directa (direct reverse) de um dímero de tiÍnina, formado aquando da exposição a radiação UV e que é possível em bactérias e algumas células eucarióticas, sendo levada a cabo por uma enzima. Algumas enzimas das células humanas têm também a capacidade de cortar um grupo metilo indeyidamente ligado a um nucleotídeo. Reparação por remoção e substituição de bases ou de nucleotídeos O processo de bqse-excision-repair (reparação por excisão de uma base) é útil para quando ocorrem desaminações, um tipo de mutação muito frequente. Dessa forma, quando devido a este tipo de mutações, se geram nucleotídeos errados, a enzima DNA- gNicosilase quebra as ligações entre a base nucleotídica e a desoxirribose, deixando o local apuriníco, ou apirimídico - temos então um AP-site. Os AP-sites também se podem formar por perda espontânea de uma base. De seguida, a AP endonuclease corta a ligação fosfodiéster entre dois nucleotídeos, no AP-site e a desoxirribosefosfodiesterase, uma exonuclease, remove o que restava daquele nucleotídeo &ep*r*çâ* p*r exci*&o de ülrts b*§e 0l"r À t m34;P;6g Lr t}l:m{ la &ffiirrdêx* írífl lw lwswEffiffiilmrcf ,ffiffi wre §§g§tr§&aÊ&i&§§ruffilE§txffi 1ffiffiffi&IWlw?ffiffi 19 *1*.§ Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I TIRF - Total internal reflection fluorescence microscope Permite excitar os electrões que estão mais à superfície na lâmina, permitindo ver só moléculas individuais específicas. Microscopia electrónica de transmissão Este típo de microscopia electrónica utíliza um feixe de electrôes, emitidos por um filamento de tungsténio, após ter sido criada uma grande diferença de potencial, o que mata células eventualmente vivas. Como as células são muito permeáveis à passagem de electrões e os metais pesados não, cria-se uma fixação à base de elementos densos, como o ósmio, ou o acetato de uranilo...levando à génese de um contraste. Em microscopia electrónica aplicam-se também técnicas de imunocitoquímica, nomeadamente imunocitoquímica ultra-estrutural, onde, recorrendo a anücorpos marcados com metais pesados (p.e. esferas de ouro), conseguimos detectar determinadas estruturas. M icroscopia crioelectrónica Consiste na congelação muito rápida de material biológico em azoto líquido, algo essencialmente útil para a identificação de vírus. Pode preceder o processo de sombreamento metálico, algo que é extremamente útil para revelar o interior de biomembranas. Sombreamento metálico Consiste na colocação de um metal pesado no material biológico, obtendo-se uma réplica da superfície que se consegue ver a microscópio electrónico - à espécie de um molde. Microscopia electrónica de varrimento Quando observamos estruturas em microscopia electrónica de varrimento, fazemos incidir electrões em ângulos diferentes, relativamente aos do microscópio electrónico de transmissão. Obtemos assim uma iniagem da superfície do material biológico (que não é atravessado pelos electrões), embora o limite de resolução neste tipo de microscópio seja menor. § Frlir {e} r r{(} t $§r Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I De referir, que este processo avança ciclicamente, até aparecer um "elemento de fronteira", que impede o resto da proliferação da heterocromatina. O processo da produção de heterocromatina pode ser então descrito pelo esquema da direita. De entre a heterocromatina, é igualmente importante referir que existe heterocromatina que está permanentemente condensada e que se denomina heterocromatina construtiva, não sendo praticamente transcrita. Estrutura do cromossoma O cromossoma apresenta DNA associado a proteína, designando-se cada molécula de DNA presente no cromossoma por cromatídea. As cromatídeas estão unidas por um centrómero. A extremidade do cromossoma é o telómero. Existem proteínas QU€, não sendo histonas, desempenham importantes funções na manutenção da estrutura do cromossoma - /oops de DNA associados a um scoffold cromossómico de proteínas não histónicas, formam umas "argolas" designadas por SMC - Structural mointenonce of chromosome. A condensina é entendida como largos complexos proteicos com uma função fundamental na estrutura de um cromossoma. O cariótipo é entendido como o diagrama organizado dos cromossomas metafásicos de uma espécie e tem em conta, o número de cromossomas de uma determinada espécie, a sua forma e tamanho. DNAbinding proteins AS DNA binding proteins são as proteínas que se ligam ao DNA (mais particularmente à sua periferia), estas têm acesso às bases no interior da molécula de DNA, sem ser necessário desnaturá-la. lsso é possível, especialmente, graças ao "snlco grande" da molécula de DNA, que permite a exposição das bases nucleotídicas. As ligações estabelecidas entre o DNA e as proteínas são muito específicas, formando à espécie de um efeito velcro. Frequentemente, ligam-se ao DNA proteínas com estrutura secundária em s,-hélice, mas as folhas pragueadas p também conseguem reconhecer a dupla hélice de DNA, bem como ansas de aminoácidos (como as da proteína p53, supressora tumoral). A helix-turn-helix é um domínio comum de ligação ao DNA, sendo compostas por duas hélices e um grupo turn, em ângulo fixo, sendo que uma hélice, a hélice de reconhecimento liga se à mojor groove do DNA. O basic helix-loop-helix (bHLH) é uma variante, onde duas hélices estão conectadas por um loop. Um caso particular de helix-turn-helix é o homeodomain e é observado nos repressores bacterianos. O zincfinger é o motivo mais abundante de ligação nos animais. Tem umátomo de zinco a unir vários resíduos de aminoácidos (entre 23 e28), apresenta várias formas possível, mas geralmente, tem uma hélice de reconhecimento. lsindtÍrgsfHPtlrhmmodorndnto§ Jmt otirow*ectratto* ilataroclx*r*wtín 13 ./:.-::'.\ ffiE&ffiWHr§"',8r "'!ã k Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Reporaçõo das dirneras de ?inine pcr excisão de nurleetideos {n*clec"tide excisicn repsi!" - NEâ) antigo. lsto permite finaimenie que a Dil-lA polimerase e a DNA ligase possam repor o nucleotídeo correcto. Todavia, muitas mutações não podem ser corrigidas simplesmente pela remoção de uma base e um nucleotídeo mutado altera, inclusive, a configuração local da molécula de DNA. Quando temos dímeros de timina e de citosina, o processo utilizado é a nucleoüde excision repdir, onde as helicases removem uma grande quantidade de nucleotídeos adjacentes ao dímero. Posteriormente, reconstrói-se a região em falta, com recurso à DNA polimerase e à DNA ligase. Nas células dos mamíferos, estes danos do DNA são reconhecidos pelas proteínas XPA - xPG (sendo que algumas destas proteínas têm também função de helicase e até endonuclease), e mutações nestas levam à doença Xeroderma pigmentosum, onde se registam frequentes tumores cutâneos. O processo de reparação do DNA associada à transcrição em células eucarióticas (tronscription-coupled repairl é importante na medida em que as mutações do DNA são reparadas mais rapidamente se ocorrerem numa região transcricionalmente activa, pois as RNA polimerase que estão a fazer a transcrição param se encontrarem um dano que lhes impeça de realizar a sua função. Essa paragem é prontamente detectada pelas proteínas CSA e CSB que activam as proteínas XPA-XPG, que realizam um processo que será depois similar ao anterior. Associado à deficiência na capacidade das células repararem DNA que está sendo transcrito, temos o síndrome de Cockayne, cujos pacientes apresentam desordens mulü-sistém icas. Reparação ÁÂísmotch Reparação associada à replicação Após ocorrer replicação de DNA, a enzima DNA polimerase tem capacidade de proof-reoding e detecta emparelhamentos errados, substituindo-os por correctos. Porém, por vezes escapam mismdtches. Estes mismotches são detectados e corrigidos pelo processo de mismotch repoir, que ocorre após a replicação do DNA. A detecção de regiões onde ocorrem mal- emparelhamentos e feita à conta de proteínas, nomeadamente, nos procariotas, as proteínas Mut (Mut S, Mut L e Mut H), que reconhecem nucleótidos metilados. A Mut l- a Mut S, uma helicase e uma exonuclease contribuem para a excisão do fragmento onde se encontra o nucleótido mal-emparelhado. Finalmente, a DNA polimerase e a DNA ligase colocam um fragmento correcto, em substituição. Humona * lspletê *lfãed Navly rrntherirrd da!§hlâ slÍsrd ü4LHl €§dsBs{}ê§*, F À§1 t' i' llrlrll llili IJi*ir§,5r ffirx,::§t" fa 3' ,, ii:ll l:ttl áir &rôralt@e" r*l &nil i1 20 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I §t{§{t{*§§§§s§§§ citrT Recornbi*aç§* hom*logâ na ÍylÊiüsê dos cromossomas. Ocorre então remoção da região em torno das extremidades do fragmento, por acção de uma exonuclease e forma-se posteriormente um heteroduplex, após uma strand invasion, operada pelo cromossoma homólogo. O heteroduplex formado permite que a cadeia com a região fragmentada, por complementaridade de bases, relaüvamente ao cromossoma homólogo, possa "preencher" a região em fa lta. As proteínas RecA (nos procariontes) e Rad51 (nos mamíferos) são essenciais para a formação do heteroduplex, pois catalisam a ligação de uma cadeia simples de DNA a uma dupla. A proteína Rad52 favorece a ligação da Rad51 à cadeia simples de DNA. As regiôes de heteroduplex podem migrar da cadeia dupla, espalhando-se por bronch migraüon. lsto pode ocorrer sem acção de enzimas (e então ocorre bidireccionalmente) ou, unidireccionalmente, com acção de enzimas (com função de helicase). Neste processo não ocorre perda de nucleotídeos. {b} Gene conversion 5'. F' 5', U (c) Crossover §,v §, 3', 5' 3', 3' 5' 5', 5', 5', (a) s',, 3', 3', D' ,'it E' e' F' I 5'ffi3', DE pequena porção para outro (sem que haja perda de informação genética para o cromossoma dador). A recombinação pode ser prevenida, caso não haja homologia entre as sequências de nucleotídeos, através de um mecanismo de mismatch repair. *r*r*§s!&§a§*rô§la§ §rm§m§§&ü**§ aà@rsffi**r&&gs§#rt A recombinação molecular genética homóloga que ocorre na meiose é muito similar à reparação por recombinação. A Spo11 e a Mre11 vão começar por provocar falhas na molécula de DNA de um cromossoma, estimulando-a à invasão do cromossoma vizinho, promovendo-se assim a recombinação genética homóloga, através das junções de Holliday (uma junção móvel entre quatro cadeias de DNA). lsto permite o processo designado por crossing- over, que ocorre em cerca de t0% das moléculas de DNA, bem como o processo de conversão genética. Enquanto no processo de crossing-over ocorre uma troca de segmentos entre cromossomas, no processo de conversão genética um cromossoma transfere uma l§§eryM, 3' 22 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Recombinação não-homóloga do DNA A recombinação não-homótoga de DNA não implica homologia de sequências específicas de DNA. Participam neste processo, recombinases que funcionam de modo similar às topo-isomerases. As recombinases reconhecem dadas sequências de DNA, cortam-nas e recombinam-nas com sequências não-homólogas. Este processo de"site specific recombination" é muito importante para a formação dos anticorpos e daí, 25000 genes originarem cerca de 1011 anücorpos diferentes. Este processo de RV(Dil Recombindtion é possível graças à presença das proteínas RAG 1 e RAG 2, expressas especificamente nos linfócitos. Rearranjodo genedacadeialeue daímunoglobultna(contérnttmaregiãoV,amaJ euma C): 600 camb.díferentes Rearranjo d.o gene da cadeiapesada da imtmoglobulina (contémwnaregiáo V,uma l,uma D e ttma C): 7200 comb. ilif e?'entes Numero d.e genes cadif ícantes para antícorpos:25000 Número de múicoroos passíveís d.e seremproduzídos: 60o x 7200 x 25000 = 1011 Esta diversidade tal de anticorpos é essencial ao funcionamento do sistema imunitário dos vertebrados, na medida em que permite que uma imensa quantidade de antigénios seja reconhecida. Amplificaçâo genética Em algumas células como as tumorais ou de ovócito, alguns genes são replicados muitas vezes (muito amplificados) antes de se dar a replicação completa do genoma total, num processo designado por amplificação genética. lsto permite aumentar a influência que esse gene apresenta no fenótipo. 23 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Transcricão: Síntese do RNA mensaseiro A ribose é o monossacarídeo presente na molécula de RNA. Esta estrutura tem um grupo -HO, em vez de um grupo -H, no carbono 2, como acontece com a desoxirribose. lsto torna o RNA muito mais reactivo e leva a que este se encontre, quase sempre, sob a forma de cadeia simples (estrutura primária do RNA). Apesar disso, o RNA pode assumir estruturas tri-dimensionais, que determinam diferentes funções. De entre as estruturas secundárias formadas encontramos o hairpin e o stem loop e de entre as terciárias, destaque para o pseudo-nó. A formação de estruturas tri-dimensionais do RNA é muito importante, na medida em que permite a activação de reacções químicas, por parte do RNA. As ribozimas são então RNA com actividadeenzimática. xoÕ*,.§- oHl,m-Iw nÍ ln ór{ áH rcffi usrdin rlbsmrlçk *d{I*flÀ} o ü ;6ícoox§ro-*-to^ 'lTffi u*din§l{A ,toô{- -o- ollffii *ffiú §H t{ u*d ls dq.!ís{b*n§.i*i( *çtd{§l§} §{§*{to-{-*" l[,1 '" -ntt'o I l,{ ',Wür{d ls §l{â (a) Secondarystru*uy3 ffiL§ *ffi ffi,r,"-*,*, Lnri;ei" *HLy*i* §tg,4osp {b} T.êrtlâry strüctur§ &Ífl\ 3' u'9§ 3'§ § I - tl'lHt$*toop§ I§E I 6Cr § E*stêm ü i$g&*(§§ E-it - E $À&lH&ãHlts&ES E s lrÂ.StemÉs ãtstrp S( {e ' êÉti rE a , u_§ ai Iátwx;rr, §( ÍLrr** s'scs§Ê M*ese*er§ffi*§.hMM§ryel RNA polimerases e RNAs transcritos A transcrição de DNA é entendida pela polimerização de RNA utilizando uma cadeia molde de DNA, adicionando-se ribonucleotídeos por complementaridade de bases. O crescimento da cadeia de RNA ocorre sempre de 5' para 3', sendo a reacção catalisada pelas RNA polimerases, sem necessidade da adição prévia de primers. Existem três classes de RNA polimerases que codificam diferentes RNAs: Estas enzimas disünguem-se também pela diferente sensibilidade a uma toxina, a a-amaniüna, sendo que a RNA polimerase ll é mais sensível que a RNA polimerase lll a RNA polimerase I é lhe insensível. Todas.as RNA polimerases são constituídas por várias subunidades, algumas delas homólogas com as da DNA polimerase, sendo a estrutura dessas subunidades muito conservada durante a evolução. De entre nR&§§ * 5.§§" 1§§ e ?§§ Base da estrutura dc ribçsctrríãã M*difir.ar,ãs ru ir:nisa das rã.l,ɧeEn;rRl\t&s i peq sê nss E!\§As n ur le*lare:] §adi$icem pr*teínas snflf'lAs e scf,ldAs Ipequencs RtúÂ-r] Funçôe:, p*r ex.ernpi*" a* nível d* Reeulaçã* da expreasãr §€nica {bl*eq*ei* d* traduçãç de determinad*ls mifll{Ás lrnicr* HNÀsl *lnterffiediári*s* enâre * mâffià e cs snSMAs e sERt*As ipequrnos Rl{,qs} ües. §*rexempl " a* níEel d* B*çe da r=truÍur* d* rib*ss*m* 24 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I as subunidades encontramos duas maiores do tipo p (as quais nos eucariotas, denominamos por RPB1 e RPB2), duas do tipo c e uma do üpo o. As RNA polimerases adicionam erradamente 1 em cada 10000 nucleotídeos. Contudo, estas enzimas possuem capacidade de proof-reoding (náo tão elevada como a da DNA polimerase). A RNA polimerase ll apresenta, numa das suas subunidades grandes, uma cadeia carboxílica terminal (C Terminql Domain), que é constituída por cadeias repetidas de sete aminoácidos, variando o número de repetições entre 26 e 52 (são 52 nos vertebrados). Esta cadeia sofre hiperfosforilação durante a etapa de iniciação da transcrição, sendo essencial no processo de transcrição, nomeadámente, em regiões onde existe muita acüvidade nesse sentido. Transcrição do DNA em mRNA O processo de transcrição de DNA inicia-se ao nível do nucleotídeo +1. Todos os nucleótidos que se encontram antes desse nucleótido, dizem que se encontram "a montante", ou upstream, sendo contados negativamente. Dos nucleótidos que se encontram depois, diz-se que estão a "jusante", ou downstreom, contando-se positivamente. Este processo envolve genericamente três etapas - iniciação (que concerne a abertura da cadeia de DNA, ficando desemparelhados 14 nucleotídeos), a fase de alongamento e a terminação. As sequências de consenso são sequências com cerca de 10 nucleotídeos, que são muito conservadas e que se encontram próximas dos locais de início de transcrição. A estas sequências, da qual é exemplo a TATA box, ligam-se factores proteicos, essenclais para que a RNA polimerase possa actuar. Alguns genes, contudo, não necessitam de sequências de consenso dos promotores para serem transcritos, apresentando estes, normalmente, baixa actividade transcriptiva. Existem ainda regiões do DNA que funcionam como acüvadoras e de aumento da actividade transcriptiva - são os Promotor-proximol elements, que se encontram 100 a 200 bp upstream do local +1 e os enhoncers, a mais de 200 bp do Iocal +1 lquer upstream, quer downstreom). O complexo mediador é o responsável por "fazer a ponte" entre a RNA polimerase Il e as regiões activadoras. Sequências de ccnsenso ,35-30 +tô ÊnÉ TÃrÀ tr*nÍsistisã ilârt psltrlrI llr§ §R§ YÃT* §*§ §pÉ §l{§í{§tâc§({ TÂT.* ÀrÍ & À/T *t(rͧ§Ít*{iTüT À16tiÀ1T{6ͧ YFII§ T&p Tfiͧ tF{í§ A TBP liga-se à TATA box, seguindo-se o TFIID (o maior transcripüon /octor destes aqui presentes) e o TFIIB (TF significa transcripüon foctor). Liga-se então a RNA polimerase ll e, simultaneamente, o TFllF. Por último, liga-se o TFIIE e o TFllH, ficando assim formado o complexo de iniciação. O TFIIH tem função de helicase, permitindo a abertura da cadeia de DNA e de síntese, ligando grupos fosforilados à cadeia carboxílica terminal (a ordem de ligação dos factores de transcrição é dada pela mnemónica, "Deus Bom, Fé Em altura", representando-se a altura por h como na física). 25 Con'lplexo cie iniciaçâo .l.e\!q-e;isr!:irl;"",!.,@i]!i,rrG{.!rL', . I §i!:ir!,.,r r!lr)!!,r;, Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Assim que se dá a fosforllação da CTD e adição do primeiro ribonucleotídeo, desmonta-se o complexo de iniciação e inicia-se a fase de alongamento. Nas células eucarióticas, a velocidade de adição de ribonucleotídeos é muito reduzida, nomeadamente devido ao super-enrolamento verificado no DNA, a jusante da RNA polimerase e que é gerado pela própria enzima (que paradoxalmente facilita o desenrolamento do DNA à volta das histonas nos nucleossomas). Contudo, o recurso a topo-isomerases para desenrolar a cadeia é por vezes necessário. No pré-mRNA formado existem sequências de ribonucleotídeos que assinalam o início e o fim da transcrição. O início é marcado pelo elemento upstreqm, enquanto o fim e marcado pelo elemento downstreom. Processamento Após a transcrição forma-se um pré-mRNA, ou seja um mRNA que ainda não sofreu processamento e que ainda não está pronto para ser traduzido. O processamento conduz assim à formação de um mRNA maduro e envolve a ocorrência de copping, clivagem, splicing e poli-adenilação. O capping ocorre na extremidade 5', que se liga a uma guanosina, quando o mRNA começa a sair da RNA polimerase (através de uma ligação 5'-5'). Essa guanosina é então metilada, originando-se 7-meülguanosina. O cop permite a protecção da extremidade 5'da degradação enzimática e que aquela molécula seja reconhecida como mRNA. Por outro lado, o cap é um factor que contribui no transporte do mRNA para o citoplasma. De referir que o copping ocorre concomitantemente à metilação da ribose do primeiro nucleotídeo. Ao mRNA recém-formado ligam-se também proteínas (levando à formação de ribonucleoproteínas - RNP), com o objectivo de prevenir a formação de estruturas tri-dimensionais e de reconhecimento de sequências de nucleotídeos. Existem lgualmente RNA-binding proteins, cujo objectivo é o de manter a estabilidade do RNA. Na clivagem (cleovagel ocorre um corte na molécula de pré-mRNA, no sentido da região do elemento downstream (ou seja na extremidade 3'), algo que é catalisado por endonucleases e que requer a existência de factores de estimulação deste processo, nomeadamenteoCstFeo CPSF. :".. t- I? f':.i I rir,ir :).i,..W.'--*---."i."*,i.-."iJ,","''-"[-*::;",: I lrir : -. $ It II ,r ''Í ,. ..,. t ]I.,,?,r,*r' rr*:u:,"r L;'}§t1!rf i',]lr 26 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I O processo de splicing, por sua vez, consiste na remoção dos intrões do pré-mRNA. Quando este é muito longo e contém muitos intrões, o splicing é feito ainda aquando da transcrição. Contudo, quando o pré-mRNA é pequeno, ocorre mais ou menos simultaneamente splicing e poli-adenilação.A poli- adenilação é um processo que consiste na adição de uma cauda poli-A (sem que seja necessária a adição de outras estruturas prévias), constituída por uma elevada quantidade de adeninas, à extremidade 3', por acção da enzima PAP (polyadenylate polymerase). A cauda poli-A impede a degradação do mRNA, podendo-se ligar proteínas a esta estrutura - as poli-A binding proteins. Para que ocorra splicing é necessária a intervenção de pequenos RNA, que reconhecem regiões de intrões e promovem a sua eliminação da cadeia de mRNA, O mecanismo de splicing envolve então o reconhecimento de três sequências de consenso do intrão - o local de splicing em 5', o local de splicing em 3' e o brsnch point (sítlo de ramificação, onde a extremidade 5' se vai ligar) Dessa forma, compreende-se que o emparelhamento entre o pré-mRNA e os pequenos RNA (nomeadamente os pequenos RNA U1 e U2) seja essencial para que ocorra este processo. O primeiro pequeno RNA a ligar- se é o U1, na extremidade 5' de um intrão. Seguem-se as proteínasfactores de splicing BBP e U2AF e posteriormente liga-se, no branch point, o pequeno RNA U2. Ligam-se depois os pequenos RNAs U4, U5 e U5, sendo formado um complexo ribo-proteico, ao qual se dá o nome de spliceossoma, que tem aproximadamente a massa de um ribossoma. Após sucessivas ligaçôes RNA-RNA, que envolvem gastos de ATP, o intrão é eliminado da cadeia de RNA, sob a forma de lariot intron (intrão em forma de laço) e, já sob a forma linear, degradado no ínterior do núcleo, por acção de enzimas. De forma a não serem removidos os exões, durante o processo de splicing,ligam-se proteínas aos exões - as proteínas SR. Os intrões, de maiores dimensões, formam complexos hnRNP (heterogeneous nucleor riboproteinsl e são posteriormente degradados. Estas ligaçôes são fundamentais, de forma a permitir que o spliceossoma distinga intrões de exões. Se um exão for removido indevidamente, podem ser originadas patologias, da qual é exemplo a atrofia muscular espinhal. Tipcs de spliçin§ §*â * {§,,4F Fry§ sÇrfdo {.J? jqw E,'* ffi=* ",..kwffik.§'r** E|*x"rsn n**= *.ç*W" =<*L{ÉY*: 'l:qsqfwry" rJ***'"*t** í"*s§*-F-§a*..-q#d' +ffi-}Êà*,§l'*"-*'* -F-*.\ rrnw,*(ffih4 *ua*:.r IÉrím \*S* , \*,slm f ,*-***{*9 llskK t,}*nt§.§§ -J r *e.++q$; ffi €s,-r*ffi 1§L§*§r t 11,Lf{ b.i*t*rrrJfirri§ #ds§f*§ *ren 1 errq*? ry t I I h;lonnelmanle á raois t*ridio hôsúad I rtn(tffi -{rn*s*t{Fr I @i âxtlI 27 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I lsolamento e cultura celular lsolamento de células Microdissecçáo por laser Este processo permite recortar regiões da célula, muito selectivamente, submetendo-as a radiação laser, após estas terem sido cobertas por um polímero. Citometria de fluxo A citometria de fluxo permite a separação de células, através de diferença de cargas. Algumas células são marcadas por fluorescência, sendo que as marcadas, recebem uma determinada carga e as que não têm recebem outra. É feita posteriormente uma triagem com base nas cargas das células. Cultura de células in vivo: A cultura de células in vivo é muito importante em termos científicos, sendo aceite em termos éticos e poupando recursos financeiros. Estas células são cultivadas em meio de cultura Iíquido, asséptico, suplementado com aminoácidos, vitaminas e soro animal, estando todos os factores controlados. Para alem disso, estas células mantêm as características das originais. Contudo, existe a possibilidade da contaminação destas culturas com microrganismos. As células que retiramos podem se dividir num número limitado de vezes (normalmente podem efectuar até 40 divisões), morrendo posteriormente. Contudo, algumas células normais de roedores e células tumorais têm capacidade de se dividir indefinidamente - linhas de células imortais - um exemplo de células imortais, são as células da linha HeLa, a primeira linha celular, que foi isolada a partir de um cancro do colo do útero. Células imortais cultivadas in vivo são utilizadas na criação de células híbridas. As células híbridas resultam da cultura de duas células com conteúdo genético não muito diferente. Para se criarem células híbridas, recorre-se ao polietilenoglicol, formando-se depois um heterocdryon, porque as membranas das células tornam-se muito permeáveis. Formam-se depois, por mitose, células com informação genética de ambos os tipos de células. As células híbridas são utilizadas, por exemplo, para a produção de anticorpos monoclonais, por parte de hibridomas, células resultantes da fusão de linfócitos B com células tumorais, o que lhes confere imortalidade. As células híbridas têm ainda aplicações na investigação e no diagnóstico de patologias. lsolamento de organelos: Os organelos são isolados, de forma a permitir um melhor conhecimento da sua constituição, algo essencial, por exemplo, para a produção de fármacos. Para proceder à obtenção de organelos isolados, em primeiro lugar, a membrana citoplasmática das células é rompida, através de um método mecânico - o homogeneizador. De seguida, procede-se a uma centrifugação, onde se aplica uma grande força centrífuga, maior que a da gravidade, de modo a obter um sedimento, constituído pelas estruturas mais densas e um sobrenadante, constituído pelas restantes. O núcleo será o primeiro organelo a constituir o sedimento, dada a sua elevada densidade. Contudo, é necessária a separação dos sobrenadantes, algo que se faz recorrendo-se a uma centrifugação diferencial, a forças cada vez maiores. Como as fracções obtidas nunca são 100% puras, utilizamos um gradiente, onde a base tem maior concentração de soluto (p.e. de sacarose) que o topo. Obtém-se aí uma coluna com bandas, o que Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I O leucin-zipper consiste em duas q-héllices de DNA, unidas por interacções hidrofóbicas, ao nível das leucinas. Está associada à expressão de genes. Os heterodímeros são resultado da junção entre o leucin-zipper e as hélice-ansa-hélice básicas, tendo diferente especificidade de ligação ao DNA. Contudo, o número de combinações em cada célula é limitado, dependendo sempre da sequência de aminoácidos de cada cadeia. l.{elix-turn-helÍx Zinc*Finger Leucin-zipper {a} Bcsic helix-loap-helix (bHLF{} T4 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Nos eucariotas,o mismotch repair é operado pelas proteínas MSH. O reconhecimento do mismotch é levado a cabo pela MSH2 e MSH6, a excisão pela DNA helicase, pela DNA exonuclease, pela MLH1 endonuclease e pela PMS2. Finalmente, a regeneração da cadeia fragmentada é levada a cabo pela DNA polímerase e pela DNA ligase. Apesar disso, não se sabe muito bem como é que as MSH detectam quais os nucleótidos que foram colocados erradamente. Mutações nas proteínas MSH leva a uma tendência para os indivíduos desenvolverem cancro do colo do útero e colo-rectal. Reparação error-prone Reporxç§* pcr ãw:dssbi? §&e4 S#?t*§*Quando nenhum dos mecanismos enumerados anteriormente funciona e quando, aquando de uma nova replicação, a DNA polimerase encontra uma situação aberrante (por exernplo, um dímero de timina), esta enzima pára a sua actividade, pois não sabe o que fazer. Passa então a actuar uma nova DNApolimerase-aDNA polimerase error-prone - que não tem capacidade de proof-reodrng e inicia a polimerização de nucleotídeos "à toa", inserindo muitos por estimativa (e obviamente, muitos errados). Contudo, isto evita que a célula morra, algo que aconteceria, caso não ocorresse replicação, de todo. A Recombinação homóloga do DNA cadeia nova que se forma, serve então como molde para a remoção do erroque estava na cadeia original. Este processo designa-se por reparação por tronslesion DNA synthesis, ou reparação error-prone. Reparação por end-joining O processo de reparação por end-joining ocorre, quando se verificam quebras na dupla cadeia de DNA. Ocorre então o reconhecimento dessas extremidades por parte das proteínas Ku e por acção destas e de outras proteínas, ocorre remoção de nucleotídeos próximos das extremidades e, depois, junção destas. lsto, claro, leva a perda de informação genética. Recombinação homóloga do DNA Já o processo de recombinação homóloga do DNA ocorre entre regiões homólogas de cromossomas muito similares, aquando de um fragmento num ldí}ʧl*i rusti**!i$r* 3d**.1**ct §ç th'tn*ne drsxr l"*r,r,§À i íêp§íi:§li\,* {}S& $y!'Íât **1e **s{}§{ i{s*}1 ry lp*t.i§liãsd Lr§ r\ t1,$t'!i§ad;tt{' f""w *l w 'l I *".r *ío,*n .rr I *rrutt, ,r"tr}i,.*,*uls §*lrsrt6xi{§e *{ ds-*Íok ab+ 5' 5';.pr ".JED l} +' *r'w6q.LcÉqq *****ffi +Tr___,_ S,. b r':l- 3' 4' f ***0,0,* 5 I L*t'rm nt*rr I flJ L4iEí ? 2L Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Nas células eucarióticas há outros mecanismos de splicing, que são, contudo mais raros, nomeadamente o splicing dotipo U12, que ocorre com ligação do pequeno RNA U11 à extremidade 5'do intrão e do pequeno RNA U12 ao branch point. Já o trans-splicing consiste num mecanismo, em que dois exões separados se ligam, ocorrendo concomitantemente remoção do fragmento de intrão que entre eles se interpunha. Este processo ocorre com a intervenção de pequenos RNA e é característico do Trypanosoma e dos nemátodos. Em alguns protozoários existe sell-splicing, onde o próprio RNA catalisa as reacções de splicing, sem que haja intervenção de proteínas. No self-splicing, um cofactor de guanosina liga-se ao local de splicing em 5' do intrão, que tem actividade enzimática (Grupo l); ou o próprio intrão apresenta uma adenosina que "ataca" o local de splicing em 5', catalisando a sua clivagem (Grupo ll) e, consequentemente, a sua própria remoção. O splicing alternaüvo ocorre em fragmentos que contenham muitos exões, podendo ser removidos alguns, sem perda de função celular e, como tal, podem ocorrer inúmeras combinações entre exões, o que contribui para um aumento da variabilidade genética. Analogamente ao splicing alternativo, existe também cleavage alternaüva. §*lf-eplic*ng 6rupc §f liisr { re 6rupo I Í l,é!,#i4* t*frr:*s | -.r. : ..- ..-\. § íBÀ IÊ:t?=:::i:i]. aarr* I fa@ l I..-.",,,,, *;,,,.LI '"',' '" '? Y * liu ;*;çri r;,ir;ir:::, -- -i--: §pli*ing alternativo *i$§ FÍàrcklx*t §&'ra**ttbur*f{* HsFârs§y** §brçlr*clik?nr*l-{* íhre *-*ó ,#r§!§ü.Êke{F§Í*ffi *&&H},d*dila,r*Ê&V It'".! *rÂr:* ..i {r:n} ** * §§braa**tin gen* 28 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Transcricão do DNA: Síntese do tRNA e do rRNA Numa célula em crescimento rápido, cerca de 80% do RNA é rRNA, sendo que quanto maior for a actividade metabólica da célula, maior a percentagem de rRNA. O IRNA, por sua vez, conta cerca de 15% da quantidade de RNA existente na célula e apenas 5% do RNA celular é mRNA. Síntese do rRNA A RNA polimerase I participa ao nível da síntese de rRNA, actuando unicamente ao nível dos nucléolos, onde este processo ocorre. Um nucléolo é constituído por um componente fibrilar denso, um centro fibirlar e um componente granular. O componente fibrilar denso, que apresenta um aspecto mais escuro, quando visualizado em microscopia electrónica, é o local onde ocorre síntese activa de rRNA. Este migra para o componente granular, o local do nucléolo, onde é visível a presença de grânulos de cerca de 15 nm de diâmetero e onde ocorre a maturação do rRNA, através da sua clivagem. O centro fibrilar apresenta um aspecto mais claro, onde está presente o DNA codificante de rRNA, que não está transcricionalmente activo naquele momento. Finalmente, completada a maturação, o rRNA migra para o citoplasma. No final da telofase, aparecem vários pequenos nucléolos, que depois se unem, aquando da replicação do DNA e se separam outra vez, aquando da mitose. Como já foi referido, quanto maior forem as dimensões e o número de nucléolos, maior a actividade metabólica da célula. Os genes que codificam os nucléolos, no final da telofase, são os NOR (organizadores nucleolares), que não se encontram no nucléolo (nesta estrutura apenas encontramos genes que codificam para rRNA), mas nos pares de cromossomas t3,14,15,2t e 22. A transcrição activa de rRNA pode ser observada através das imagens de árvore de Natal. A bactéria E. coli apresenta 7 cópias para o gene que codifica rRNA, enquanto o ser humano tem entre 200 e 250 cópias, não sendo todas transcritas activamente, em simultâneo. Este número muito elevado de cópias, permite a produção de muitas cópias de rRNA por intervalo de tempo. Estas cópias dispõe-se numa sequência em tondem drrqy, constituída por sequências de unidades de transcrição intervaladas com DNA spocers, que não são transcritos. Nas unidades de transcrição, existem ainda partes que são transcritas, mas não são 29 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I codificantes. No DNA que codifica o pré-rRNA, existe um upstreqm element (UCE), a entre l-55 e 60 nucleotídeos a montante do local de início da transcrição e um core element que se encontra no local entre -40 e +5. Para a RNA polimerase I se ligar aos promotores é necessário que se liguem primeiro factores de transcrição, nomeadamente, o UBF (upstreom trdnscription fdctorl, o Selecüvity Factor í (SL-1, composto pelos TAF) e o core factor (CF). O UBF tem como função o reconhecimenlo do upstream element (sendo por isso um upstreom binding foctorl, ao qual se liga também o SL-1. O core foctor reconhece o core element. Uma das subunidades do SL-1 é a TATA binding protein, apesar de no DNA em questão não existir nenhum promotor com sequência homóloga à TATA box. Após ocorrer o processo de transcrição (que fica completo aquando da clivagem da extremidade 3' do DNA), forma-se um transcripto primário com 45S (unidades de sedimentação), que vai sofrer um processamento, que inclui clivagem (e retirada a extremidade 5' e as regiões não funcionais) e modificações químicas nas bases (por exemplo, metllações nas riboses). Este transcrito originará, então, por clivagem, uma cadeia de 28S, uma de 5.8S (unindo-se estas duas, que se formam a partir de uma de 32 S, para originar o que será a subunidade grande do ribossoma, juntamente com uma cadeia de 55) e uma cadeia de 20S (que depois passará a 18S, originando a subunidade pequena do ribossoma). O pequeno RNA U3 é o responsável pela remoção da extremidade 5', sendo que as restantes regiões não-codificantes de RNA são clivadas e imediatamente degradadas por enzimas. Os snoRNAs (pequenos RNAs nucleolares), que são pequenos RNAs que são transcritos pela RNA polimerase ll, pela RNA polimerase lll e até por intrões, participam no processo de processamento de RNA, nomeadamente, por complementaridade de bases, permitem a exposição das bases que devem ser metiladas ou sofrer outras alterações. Os snoRPs box C+D posicionam uma enzima que metilará bases do pré-rRNA (tendo, por isso, actividade de metil-transferase), enquanto os snoRNPs box H + ACA posicionam uma enzima que converte a uridina em pseudo- uridina. O RNA ribossomal 55 integra a subunidade grande do ribossoma e é sintetizado pela RNA polimerase lll. O complexo de iniciação envolve a presença dos factores de transcrição TFlllÀ TFlllB e TFlllC (TF significa transcription Íoctor), sendo o promotor associado a este processo a boxc. O ribossoma não é apenas constituído por rRNA, apresentando também proteínas. O processamento do rRNA ocorre simultaneamente à associação com proteínas, sendo I' _:â áM .,*§ u"ffi '&. ... 30 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Blologia Celular e Molecular I §*mplex* de inicioção Ca trcns:riçô* pel* Rfd,4pofiner*ssl§f que a subunidade pequena é "produzida" mals depressa que a grande, pois começa-se a ligar a proteínas ainda na fase de transcrição. Já a subunidade grande sofre a clivagem final no citoplasma, após ter migrado, algo importante, na medida em que, isto impede que a síntese de proteínas ocorra no núcleo. De referir que a subunidade grande sofre também controlo de qualidade (depois de actuarem hellcases, com o objectivo de fazer a clivagem de eventuais snoRNAs que se Iigaram ao rRNA). O transporte desta subunidade é também muito lento, visto que esta é do tamanho do poro nuclear, tendo que se desligar primeiro a maior parte das estruturas que lhe estavam ligadas. A RNA polimerase lll tem como função a síntese do tRNA, que ocorre ao nível do nucleoplasma. Para se formar o complexo de iniciação para a RNA polimerase lll, Iigam-se primeiro o TFlllC (que se liga aos promotores box A e box B) e o TFlllB. Após a transcrição, o IRNA sintetizado sofre clivagens (nomeadamente na extremidade 5' e na extremidade 3'). Depois, é adicionada à extremidade 3', uma sequência CCÀ essencial para a ligação dos aminoácidos, aquando do processo de tradução. Segue-se a modificação de cerca de tQ% dos nucleótidos do IRNA, podendo este ainda sofrer splicing. O splicing no tRNA ocorre exclusivamente por acção de enzimas proteicas, nomeadamente endonucleases, fosfotransferases e ligases. Os IRNA produzidos são exportados para o citoplasma, através do complexo de poro nuclear por acção de uma exportina. Aquando da síntese de snRNAs na presença da RNA-polimerase lll, o promotor apresenta a TATA box, estando ligados ao promotor o TFlllB e o SNAP, aquando da presença do complexo de iniciação. TFilit3 31 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Núcleo celular O núcleo é um organelo extremamente dinâmlco e que apresenta grandes dimensões, comparaüvamente aos restantes organelos celulares (cerca de 6 pm, nas células dos mamíferos). A presença deste organelo é um elemento-chave para fazer a distinção entre células eucarióticas e proca rióticas. Observação e estudo do núcleo celular O núcleo cora por acção de corantes básicos, devido à presença substancial de ácidos nucleicos. Contudo, estes corantes não permitem distinguir o DNA e o RNA. Dessa forma, o método de Feulgen emprega-se com o fim de evidenciar histologicamente somente o núcleo - ocorre remoção do RNA existente nos núcleos, por acção do ácido clorídrico, dando-se a quebra entre as ligações ocorrldas entre as bases púricas e os grupos desoxirribose. lsto permite que haja reacção com o reagente de Schiff e que o DNA apareça visível, de cor vermelha. Utilizando esta técnica, os nucléolos aparecem incolores, pois são, sobretudo, compostos por RNA. A Mércdcde Êêrrsen lAp, observação do núcleo por imunofluorescência é igualmente possível, sendo utilizado o DAPI, um corante fluorescente, que se liga ao DNA, sendo emitida, por consequência, uma cor azul. O método da contrastação regressiva do EDTA permite igualmente o estudo do núcleo celular - entre a aplicação de acetato de uranilo e citrato de chumbo, utiliza-se EDTA, um ácido que permite a obtenção de um "negativo" do que seriam as imagens de normal contraste, isto é, as partes claras correspondem a locais de maior presença de DNA e as partes mais escuras a locais como fibirlas e grânulos. Os núcleos celulares podem igualmente ser isolados e purificados por ultracentrifugação, sendo os primeiros organelos a sedimentar, devido à sua massa. Territórios cromossómicos e corpos nucleares As moléculas de DNA, em interfase, não ocupa áreas aleatórias do núcleo, designando-se essas áreas restritas ocupadas por cada cromossoma por território cromossómico. Após cada ciclo celular, os cromossomas continuam a ocupar aproximadamente os mesmos territórios cromossómicos. Entre esses territórios, existem domínios intercromossómicos, onde ocorrem reacções muito importantes. No núcleo encontramos vários domínios, denominados corpos nucleares (também designados por domínios nucleares), que não são rodeados por membranas, mas que mesmo assim, apresentam concentrações elevadas de proteínas específicas e RNAs, o que leva à formação de estruturas quase esféricas. Os corpos nucleares mais 32 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Sebenta de Biologia Celular e Molecular I Hr*ãr strB proeminentes são os nucléolos. Contudo, existem l-Í*r*íô€,hMa{§ muitos outros que têm vindo a ser detectados devido a §sr$hi *m* técnicas imunofluorescência ou à contrastação progressiva por FirL írâdy E DTA' Os focos ou fábricas de replicação são os locais onde Nsreffsp*ekies se origina a replicação cromossómica, sendo que P§{ir$dêol*. Mptn§srlt §A§'t6§n§d6ârb§dr estes só se observam durante a fase 5 do ciclo celular. Já os domínios de transcrição podem ser observados recorrendo a técnicas de imunofluorescência, quer no núcleo, quer nos nucléolos. Os locais onde ocorre a síntese e amadurecimento dos rRNA são os nucléolos, locais onde é possível disünguir um componente fibrilar denso, um centro fibrilar e um componente granular. Os nucléolos são formados em torno de loci específicos - os NORs (regiões organizadoras de nucléolos). As fibrilas pericromatínicas estão sempre entre os domínios intercromossómicos, na periferia da cromatina condensada. As fibrilas são enriquecidas em RNA e provavelmente são locais de splicing do pré-mRNA e de poliadenilação. Os grânulos pericromáticos são regiões cuja função ainda não é bem conhecida. Provavelmente, participam na acumulação de transcritos primários de RNA pré-mensageiro, que não sofreram amadurecimento (por exemplo, splicing\, não tendo sido ainda degradados. Em microscopia electrónica, estes grânulos são regiões escuras, rodeadas por uma auréola clara. Os gânglios intercromatínicos são também designados por speckles, sendo pequenas estruturas de difícil visualização, devido ao facto de não se encontrarem em regiões de ocorrência de splicing. Pensa- se que estas estruturas estão relacionadas com o armazenamento de snRPs e proteínas envolvidas no splicing de pré-mRNa, que são lançadas no nucleoplasma, quando é necessário. Os corpos espiralados, também designados por corpos de Cajal são locais onde os pequenos RNAs são produzidos, sofrem maturação e são reciclados. Acredita-se que o processamento das histonas do mRNA também ocorre ao nível dos corpos de Cajal. Cada célula eucariótica tem entre 3 e 10 corpos de Cajal e estes são identificados graças à presença de coilina, o seu principal componente. Esta proteína, que pernite a ligação do corpo de Cajal ao nucléolo, hibridiza com a GFP, permitindo a detecção dos corpos de Cajal. Os corpos nucleares PML (Promyelocyüc Leukemia)apresentam essa designação (associada à leucemia), pois neles está presente uma mutação em indivíduos que padecem de leucemia. Existem entre 10 e 30 corpos nucleares PML por núcleo, embora não haja certeza relativamente à sua função. Provavelmente, estes corpos funcionam como locais para modificação de complexos proteicos envolvidos na reparação de DNA e na indução de apoptose. Os corpos nucleares simples e os corpos nucleares complexos têm ainda função desconhecida, embora se saiba que surgem aquando de um estímulo hormonal. GPTdtreii §r"tA ,illys§rssç ll xmssdt tiaÉ tãata{ de 33 Bernardo Manuel de Sousa Pinto Faculdade
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