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DESMUNDO
O filme retrata a sociedade da época, por volta de Brasil de 1570 – Época da colonização e desbravamento. Neste momento histórico os negros eram “coisas” , os índios eram “sub-humanos” selvagens a serem “domesticados”; e as mulheres, eram apenas objetos com a finalidade de servir ao seu marido, em todos os sentidos. Não haviam leis. Quem determinava suas próprias regras eram os que tinham posses, os que montavam vilarejos. A própria Igreja Católica pouco podia interferir nas decisões de cada vila ou de cada senhor. Mas tentou “apartar” os homens de certos pecados como o de atos incestuosos, relações com outros homens e índias. A Igreja mandou que trouxessem órfãs portuguesas para que casassem com os bandeirantes. Tais mulheres não escolhiam se desejavam se casar; tão pouco com quem se casariam. No começo do filme uma das personagens diz como era o casamento da época “o casar é leve. É viver conforme o querer dos homens” O filme vem contar a história de uma dessas moças. A jovem Oribela de Covilhã (Simone Spoladore) é obrigada a casar com Francisco de Albuquerque (Osmar Prado), um homem rude, típico da sociedade patriarcal portuguesa e exemplo da sociedade que o Brasil estava se tornando.
A partir do casamento a angústia, o isolamento, o medo do desconhecido, os hábitos rudes do marido e da sogra começam a consumi-la a ponto de produzir na jovem um desejo de fuga para sua terra natal. Em sua primeira tentativa ela é localizada pelo marido e depois levada para casa, ele a acorrenta e agride para “ensina-la” , ela então finge conformar-se mas ao ser liberta foge novamente, desta vez ela procura por Ximeno (Caco Ciocler), um cristão-novo misto de pescador e mascate,por quem ela nutre certa admiração. Ele a dá abrigo e acabam se envolvendo, eles planejam fugir juntos. Mas Francisco, que já havia notado a afeição da esposa por Ximeno vigiou a casa do mascate e os surpreendeu durante a fuga. Eles então duelam e Francisco acaba matando Ximeno.
O final do filme mostra Oribela dando a luz e depois andando de carruagem, agora conformada com sua “condição de esposa”. Não é um final feliz. Mas dentro de uma sociedade sem qualquer direito fundamental resguardado, principalmente se tratando de uma mulher, este foi um final melhor do que ela provavelmente levaria se fosse uma história real .
Varnhagen é o primeiro historiador brasileiro que podemos chamar de "colega". Não que não houvesse pesquisa antes de seu trabalho (Rocha Pita, o padre Cazal e Southey são alguns de seus antecessores), mas é com ele que começa a pesquisa sobre o Brasil, realizada sobretudo em arquivos europeus (Portugal, Espanha, Holanda etc.), financiada pelo Estado. Sua obra marca não apenas o início da história "científica" entre nós, como também estabelece temas que nortearão a pesquisa futura e princípios históricos de nossa suposta nacionalidade.
Os trabalhos e os resultados de Varnhagen só são possíveis graças à criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), órgão financiado pelo império para institucionalizar todo conhecimento histórico de forma a legitimar o controle português. A Varnhagen, que já havia defendido os Bourbons e Bragança em armas num episódio sucessório em Lisboa, coube a tarefa de pintar um retrato do Brasil encomendado pela Coroa.
O passado é como uma sombra constante que ronda cada nova época. Cada presente seleciona um passado que deseja e lhe interessa conhecer. A "apropriação" do passado segundo os interesses das classes detentoras do poder é algo muitíssimo importante, pois é sobre ele que se erguem presente e futuro. Assim sendo, deturpações, omissões, manipulações e falsificações não faltam para que se alcance o objetivo de forjar a "verdade" dos dominadores como sendo verdade geral.

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