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________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 1 Reações de Substituição Eletrofílica em Aromáticos Os compostos aromáticos possuem uma estabilidade especial. A aromaticidade é uma propriedade associada com a estabilidade extra apresentada somente por certos tipos de sistemas π. O benzeno é um exemplo de molécula aromática. Este composto é uma estrutura planar e cada um dos seus 6 carbonos é hibridizado sp2. Cada carbono usa dois orbitais sp2 para ligar-se a outros dois carbonos e, um terceiro orbital sp2 que se sobrepõem ao orbital s do hidrogênio. Cada carbono tem ainda um orbital p, todos os orbitais p estão paralelos e sobrepõem-se com os orbitais adjacentes. Com isto, ocorre a formação de uma nuvem contínua acima e abaixo do plano do anel. Os seis elétrons π, resultantes das sobreposições, não estão localizados, sendo compartilhados por todos os carbonos. Portanto, os elétrons π estão deslocalizados e o benzeno pode ser representado contendo um círculo pontilhado interno. Existe uma regra que pode ser utilizada para determinar se um sistema é ou não aromático. Esta é a chamada REGRA de HUCKEL e descreve sistemas cíclicos onde os orbitais moleculares ligantes estão completamente preenchidos e os elétrons estão uniformemente deslocalizados em uma camada fechada ou nuvem eletrônica. Esta camada fechada e preenchida de elétrons é o que leva a uma estabilidade extra em sistemas aromáticos. A regra diz que ciclos planares e completamente conjugados com (4n + 2)π elétrons (onde n = inteiro) tem uma camada fechada de elétrons, ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 2 todos em orbitais ligantes e são excepcionalmente estáveis. Estes sistemas são chamados AROMÁTICOS. Pode-se observar um exemplo de aplicação da Regra de Huckel abaixo. O benzeno é cíclico, planar, com orbitais p em cada carbono (conjugado) e tem n=inteiro (como contém 6 elétrons π, 4n + 2 = 6 e n=1, número inteiro). Portanto, o benzeno é aromático. A piridina também é aromática. A molécula de piridina tem 6 elétrons envolvidos em ligações π, assim como o benzeno. Além disto, tem dois elétrons não compartilhados no nitrogênio. Se estes elétrons fossem colocados em orbital p seriam contados como elétrons π, ficando 4n+2=8, ou seja n=3/2. Como n não é inteiro, se os elétrons ficassem no orbital p, a piridina não seria aromática. No entanto, o que ocorre é que o orbital p fica vazio e os elétrons não compartilhados ficam no orbital sp2, assim 4n+2 = 6 à n=1 e a Pirida é aromática. Além disto, como o par de elétrons não compartilhado não está envolvido na aromaticidade ele pode ser protonado em uma reação ácido-base e a piridina é uma base. Mesmo a espécie protonada é aromática (protonação não afeta o sistema π). ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 3 Outros exemplos podem ser observados abaixo. 1. Reações de Substituição Eletrofílica em Aromáticos Como já foi comprovado experimentalmente, a aromaticidade confere uma estabilidade adicional. Portanto, a perda da aromaticidade representa a formação de um produto menos estável e não ocorre. Com isto, reações de adição não ocorrem em sistemas aromáticos, pois haveria a formação de um produto não aromático. Já em reações de substituição, ocorre a perda da aromaticidade para formação de um intermediário, porém a aromaticidade é restituída para formação do produto. Portanto, sistemas aromáticos reagem somente por substituição. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 4 O tipo mais comum de substituição em anéis aromáticos é a substituição eletrofílica. Neste caso, o anel aromático age como nucleófilo atacando uma espécie eletrofílica. O anel aromático utiliza os elétrons π para o ataque nucleofílico. O mecanismo ocorre em duas etapas: 1) Etapa 1: Ataque ao eletrófilo originando um intermediário catiônico 2) Etapa 2: Perda de um próton e restauração da eletrofilicidade A etapa lenta é a formação do intermediário carregado (interupção da aromaticidade/intermediário carregado). ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 5 Claro que o intermediário catiônico é menos estável que o material de partida ou que o produto, mas este intermediário é consideravelmente estável para ser formado por causa da deslocalização eletrônica que ocorre através do anel aromático. A carga positiva formada pode ser deslocalizada para as duas posições orto e para a posição para em relação ao eletrófilo. Portanto, a carga pode ser também convenientemente desenhada como ligações pontilhadas e cargas parciais nas posições orto e na posição para. Os principais tipos de reações de Substituição Eletrofílica em Aromáticos (SEAr) são: Nitração Sulfonação Halogenação Alquilação de Friedel-Crafts Acilação de Friedel-Crafts ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 6 2. Reações de Nitração Esta reação realiza a introdução do grupo nitro (-NO2) em anéis aromáticos. É uma reação importante, pois o grupo nitro pode ser convertido em outros grupo nitrogenados. Para realizar a reação de nitração em compostos aromáticos são necessários reagentes potentes como H2SO4/HNO3. A primeira etapa é a geração de um eletrófilo forte, neste caso NO2+. Esta espécie é gerada através da interação dos dois ácidos: o H2SO4 que é ácido mais forte protona o HNO3, que desidrata (perde água). Após, o íon nitrônio, que é muito reativo, se combina com o benzeno para levar ao produto nitrado. O benzeno ataca a carga positiva do nitrogênio, levando ao mesmo tempo a quebra de uma ligação π N=O. Ocorre a formação do intermediário catiônico e, após a eliminação de um próton a aromaticidade é restituída e, o produto nitrado é formado. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 7 3. Reações de Sulfonação O benzeno reage com o ácido sulfúrico levando ao Ácido Benzenosulfônico. A primeira etapa é a protonação de uma molécula de ác. sulfúrico pela outra, levando ao elétrófilo (SO3+). Este eletrófilo é reativo o suficiente para reagir com o benzeno. O intermediário catiônico também pode ser gerado por protonação de SO3. Existe uma solução comercial de SO3 em ácido sulfúrico, chamada ácido sulfúrico fumegante (ou oleum) que pode ser utilizada. O ác. sulfônico produzido é um ácido quase tão forte quanto ácido sulfúrico (mais forte que HCl) e pode ser isolado como um sal de sódio. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 8 4. Reações de Alquilação de Friedel-Crafts Adicionar eletrófilos de carbono ao anel aromático requer eletrófilos de carbono bem reativos, ou seja, carbocátions. Carbocátions reagem até mesmo com nucleófilos fracos, e isto acontece com compostos aromáticos. Um exemplo, é a reação de um cátion t-butila, cátion terciário e relativamente estável, com o benzeno. No exemplo abaixo, o cátion foi gerado a partir do t- butanol e ácido, após a eliminação de água. A maneira mais comum de realizar esta reação é a metodologia de Fiedel-Crafts que utiliza um haleto de alquila e ácido de Lewis (AlCl3). O ácido de Lewis promove a ionização, levando ao carbocátion.O próprio íon cloro remove o próton do intermediário, levando como sub-produto ao HCl. Portanto, mesmo uma base fraca pode abstrair este próton, pois ocorre com isto a restituição da aromaticidade que é muito favorável. Qualquer agente como água, íon cloro ou outros contra-íons de ácidos fortes podem agir como base nesta etapa. Outros grupos alquila podem ser utilizados como eletrófilos para este tipo de reação. 5. Reações de Acilação de Friedel-Crafts Uma variação mais importante da reação de Friedel-Crafts é a reação de acilação de FC. Esta metodologia utiliza um cloreto de ácido e um ácido de Lewis para gerar o íon acílio no meio reacional. O íon acílio é bem reativo e age como eletrófilo da reação. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 9 ______________________________________________________________ OBS: Alquilação de FC x Acilação de FC A reação de acilação, em geral, transcorre melhor que a de alquilação, pois não requer nenhum padrão de substituição especial. O substituinte R pode ser praticamente qualquer grupo. Já na reação de alquilação é melhor que o grupo alquila possa formar um cátion relativamente estável, que tenha condições de ser formado. Além disto, a reação de acilação para claramente com a formação do único produto, enquanto a alquilação pode levar a mistura de produtos. O produto de acilação é menos reativo que o benzeno de partida, já o produto de alquilação é mais reativo que o bezeno e múltiplas substituições podem ocorrer. Isto ocorre por que o grupo carbonila retira elétrons do anel aromático tornando-o menos reativo frente a eletrófilos e um grupo alquila doa elétrons, deixando o anel aromático mais reativo como nucleófilo. No caso de reações de alquilação, o carbocátion formado pode sofrer rearranjo. Já em reações de acilação rearranjos de carbocátions não são um problema já que o íon acílio é a forma mais estável a ser formada. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 10 ______________________________________________________________ 6. Reações de Halogenação Apesar do bromo reagir rapidamente com alquenos, ele é um eletrófilo muito fraco para reagir em velocidade apreciável com o benzeno sem a presença de um catalisador. As condições reacionais, geralmente empregadas, são Br2 na presença de Fe em quantidades catalíticas. O catalisador ativo não é o ferro, mas FeBr3, formado pela reação entre Ferro e Bromo (catalisador FeBr3 é formado in situ). 2Fe + 3Br2 2FeBr3 Br Br FeBr3 Br Br FeBr3 Br2 Fe BrH ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 11 O FeBr3 formado in situ deixa o bromo mais eletrofílico. Pequenas quantidade de FeBr3 são necessárias, pois está espécie é regenerada no meio reacional. A cloração ocorre de maneira similar enquanto a fluoração e a iodinação do benzeno raramente são realizadas. O flúor é tão reativo que sua reação com o benzeno é difícil de controlar, já o iodo leva a uma reação muito lenta e com uma constante de equilíbrio desfavorável. Como poderá ser observado mais adiante, a bromação de substratos mais reativos que o benzeno ocorre rapidamente mesmo na ausência de catalisadores. 7. Reações em Fenóis A reação de Br2 com fenol não precisa de catalisador, pois o fenol é mais reativo que o benzeno. Isto ocorre devido a presença de OH com o par de elétrons não ligantes que contribuem para a formação de um HOMO de maior energia. Tudo o que se precisa fazer é gotejar bromo a uma solução de fenol em etanol. Inicialmente, a cor amarelada do bromo desaparece mas, quando a cor se mantém, água é adicionada e um precipitado brando é formado. O precipitado é o produto 2,4,6-tribromofenol. FeBr3Br Br FeBr3 BrH Br HBr ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 12 O produto mostra que a bromação ocorre na posição para e nas duas posições orto. Somente as posições orto e para reagem porque o grupo OH é um grupo chamado orto/para dirigente frente a eletrófilos. Podemos entender este padrão olhando para as setas no esquema abaixo. As posições orto e para são posições ricas em elétrons. Pode-se perceber então que a hidroxila “ativa” o anel aromático para reações com eletrófilos, tornando-o mais reativo quando comparado ao benzeno. É a doação de elétrons do oxigênio ao anel aromático que leva a esta diferença de reatividade. Existem outros grupos que doam elétrons e também ativam as posições o/p: -OR, -O- ,… O íon fenóxido é ainda mais reativo, para ataque a eletrófilos, que o próprio fenol. Ele reage com eletrófilos muito fracos como o dióxido de carbono. Esta reação é usada industrialmente para produzir ácido salicílico, precursor do ácido acetil salicílico, princípio ativo da aspirina. O substituinte O- é também um dirigente orto/para, mas a etapa de substituição com CO2 leva principalmente ao produto orto. Isto acontece devido a coordenação entre o íon sódio e os dois oxigênios, um do fenóxido e o outro do CO2, levando preferivelmente a substituição em orto. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 13 8. Reações com Anilina e derivados A anilina é ainda mais reativa que o fenol (e derivados) frente a eletrófilos. Como o nitrogênio é menos eletronegativo que o oxigênio, o par de elétrons tem maior energia e está mais disponível para interagir com o sistema π que o par de elétrons do oxigênio. A reação com bromo é muito rápida levando a 2,4,6- tribromoanilina. O mecanismo é similar ao da bromação do fenol. Para diminuir a reatividade devemos impedir que o par de elétrons da amina interaja tão fortemente com o sistema π do anel aromático. O que pode ser feito é transformar a amina em amida. Neste caso, embora o nitrogênio ainda possa doar elétrons para o anel, ele o faz com menor eficiência devido a conjugação com a carbonila. Desta maneira reações de substituição eletrofílica podem ser mais controladas. Depois da reação a amida pode ser hidrolisada em amina novamente. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 14 O par de elétrons do átomo de nitrogênio na amida está conjugado com o grupo carbonila, mas também está deslocalizado no anel. No entanto, a deslocalização pelo anel aromático é mais fraca em amidas que em aminas. Reações de substituição eletrofílica ocorrem ainda nas posições orto e para (principalmente para), mas ocorrem somente uma vez. Se as reações fossem meramente estatísticas, poderíamos esperar duas vezes mais produto orto do que para, pois há duas posições orto e uma para. No entanto, a posição orto tem maior impedimento estérico, uma vez que o substituinte está mais perto desta posição. Com substituintes grandes, como amidas, o efeito estérico é significante e não é surpreendente que o produto para-substituído seja majoritário. 9. Substituintes doadores de elétrons Grupos doadores de elétrons orientam orto/para porque quando o eletrófilo entra nestas posições a carga positiva formada atinge o carbono que contém o grupo doador. Com isto uma das estruturas de ressonância vai ter a carga positiva no carbono vizinho ao grupo doador, o que ajuda ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 15 estabilizar. Além disto, quando este grupo tem pares de elétrons (doador por efeito mesomérico), existe uma estrutura de ressonânciaa mais que pode ser desenhada. Isto ocorre com grupos como –OR ou –NR2, onde tanto oxigênio quanto nitrogênio tem pares de elétrons não compartilhados (R = H ou alquila). Outra razão para esta seletividade orto/para é que estas posições são mais ricas em elétrons (comentando anteriomente). A conjugação σ também aumenta a densidade eletrônica nas posições orto e para, mas mais fracamente que a conjugação com o par de elétrons do oxigênio. O tolueno usa elétrons π, que tem energia um pouco maior que o benzeno. A carga positiva no intermediário é deslocalizada por 3 carbonos, como já comentado. Esta carga é melhor estabilizada no carbono ipso ao grupo alquila (carbono ligado ao grupo alquila), pois este carbono é terciário e conta com a conjugação σ para melhor estabilização. Quando o ataque ao eletrófilo ocorre nas posições orto ou para, a carga atinge o carbono ipso, porém quando o ataque é em meta isto não ocorre. Novamente a estabilidade do ET pode ser estimada através da estabilidade do intermediário e, a estabilização é maior para ataque em orto/para do que para meta. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 16 10. Substituintes que retiram elétrons orientam em meta Grupos retiradores de elétrons diminuem a reatividade de anéis aromáticos para SEAr. Como o anel aromático age como nucleófilo a diminuição da densidade eletrônica gera uma diminuição de reatividade. O efeito eletrônico retirador pode ocorrer através de polarização da ligação σ – eletronegatividade ou Efeito Indutivo. Isto ocorre nos grupos apresentados abaixo: As ligações Ar-N+ e Ar-P+ são polarizadas devido a deficiência eletrônica do heteroátomo carregado positivamente. Já a ligação Ar-CF3 é polarizada devido a grande eletronegatividade do átomo de flúor, polarizando as ligações C-F e também a ligação Ar-CF3. A nitração do trifluormetil benzeno leva, com rendimento quase quantitativo, ao produto meta nitrado (não há quantidade significante de produtos orto/para). Com grupos retiradores a situação é oposta ao que ocorre com grupos doadores de elétrons. Se a carga positiva no intermediário alcançasse o carbono ligado ao grupo retirador, levaria a um intermediário muito instável. Isto ocorre por que teríamos uma deficiência eletrônica perto de um grupo que retira elétrons. A solução é a substituição ocorrer em posição meta, que leva a um intermediário mais estável. Além disto, reações de substituição em aromáticos contendo grupos retriradores de elétrons são mais lentas, já que a densidade eletrônica no anel benzênico é menor. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 17 Existem também grupos que retiram elétrons por conjugação ou efeito mesomérico. Este efeito é maior que o efeito indutivo e levam a reações ainda mais lentas. Um exemplo de grupo que retira por efeito mesomérico é o grupo nitro (-NO2). O grupo nitro retira elétrons do sistema π deixando o anel com menor densidade eletrônica e por isto menos reativo frente a eletrófilos. Então podemos dizer que o grupo nitro é desativante para reações de substituição eletrofílica em aromáticos. Como a densidade eletrônica é removida especialmente das posições orto/para, a posição menos eletrodeficiente é a posição meta. Portanto, o grupo nitro é meta dirigente. Como já comentado, na nitração do benzeno é muito difícil ocorrer a segunda nitração e, quando esta ocorre, o segundo nitro entra em meta ao primeiro. Outras reações do nitrobenzeno também levam a substituição em meta. Existem outros grupos que retiram elétrons por efeito mesomérico similarmente ao que ocorre com o grupo nitro: ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 18 11. Grupos que retiram e doam elétrons!!!!! Os halogênios desativam o anel aromático para reações SEAr, no entanto orientam a entrada do eletrófilo na posição orto/para. Isto ocorre porque observa-se dois efeitos distintos: doação de elétrons por conjugação e retirada de elétrons por indução. Os halogênios tem três pares de elétrons não compartilhados, um deles pode conjugar com o anel como no caso do fenol ou da anilina. No entanto, temos que observar dois aspectos desta conjugação: o tamanho do orbital onde está alocado o par de elétrons e a eletronegatividade. Quando Cl, Br ou I são os substituintes ocorre uma incompatibilidade devido ao tamanho do orbital (carbono = orbital 2p, Cloro= orbital 3p, Bromo= orbital 4p e Iodo= orbital 5p) e, por isto ocorre uma sobreposição não tão eficiente. Já o Flúor tem orbital 2p, mas este tem energia muito menor que o do carbono (Flúor muito eletronegativo). Este feito favorece as posições orto/para. Existe também outro efeito, quanto mais eletronegativo é o substituinte, mais ele retira elétrons por indução. Porém, quando se falou em fenol e anilina nada foi comentado sobre indução mesmo oxigênio e nitrogênio sendo bem eletronegativos. A doação de elétrons via conjugação é claramente mais importante para O e N, já que ambos compostos são mais reativos frente a eletrófilos que o benzeno. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 19 Como os halogênios retiram elétron por indução, estes grupos retiram mais da posição orto, depois da meta e por último da para (efeito indutivo diminui com a distância). O fato é que ambos os efeitos favorecem a posição para. Mas e sobre a reatividade, o fluorbenzeno é mais ou menos reativo que o benzeno? Isto é difícil de afirmar, algumas vezes o fluorbenzeno é mais reativo na posição para que o benzeno (exemplo: acetilação) e algumas vezes menos (exemplo: nitração). Em todos os casos, o fluorbenzeno é significantemente mais reativo que os outros halobenzenos. Os dados da velocidade de reação de nitração de halobenzenos mostram estes efeitos opostos. A porcentagem de produto orto substituído aumenta do fluorbenzeno para o iodo benzeno. Poderíamos esperar que a porcentagem diminuísse com o aumento do tamanho do átomo, devido ao impedimento estérico na posição orto, mas isto não é o que acontece. Os resultados podem ser explicados pelo grande efeito indutivo dos átomos mais eletronegativos (F, Cl) que retiram elétrons mais fortemente da posição orto. A velocidade geral de nitração é mais rápida para o fluorbenzeno (não tão rápida quanto para o benzeno) seguida pelo iodobenzeno, clorobenzeno e depois bromobenzeno. Isto é o resultado de dois efeitos opostos: ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 20 doação de elétrons por conjugação e retirada de elétrons por efeito indutivo. Em termos práticos, é geralmente possível obter altos rendimentos em produtos para substituídos para estas reações. Além disto, é geralmente possível realizar a separação em caso de mistura de produtos. 12. Resumo dos grupos orientadores 13. Quando há dois ou mais substituintes Substituintes podem dirigir para uma posição em comum: Ou podem competir por substituição em diferentes posições. Neste caso, o doador mais forte prevalece (ou o retirador mais fraco). ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 21 Mesmo grupos ativantes não tão fortes são preferenciais com relação a desativantes ou grupos alquila (ativantes fracos). Em todos os casos, para comparar é melhor considerar primeiro efeito eletrônico e depois o estérico.Apesar de o grupo aldeído retirar elétrons das posições 2 e 6, C6 ainda recebe o grupo nitro em uma nitração. Os grupos ativantes metóxi dominam eletronicamente e a escolha ocorre entre as posições C2, C5, e C6. Agora considerando a efeito estérico temos que o grupo metóxi bloqueia as posições orto a si e ao grupo carbonila, porque substituição nos carbonos C2 e C5 levariam a três substituintes adjacentes e por isto a substituição ocorre no C6. 14. Anéis fundidos Quando aparecem anéis aromáticos fundidos, a posições não são equivalentes mesmo sem substituintes. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 22 O ataque na posição α é favorecido, pois leva a mais estruturas de ressonância (maior estabilização no ET). Em contrapartida, o produto derivado do ataque em β é mais estável e será formado em reações reversíveis. O Naftaleno é mais reativo que o benzeno por conter maior deslocalização no íon intermediário. O Fenantreno, o antraceno e outros anéis fundidos também são mais reativos pelas mesma razão. Em sistemas fundidos contendo substituinte em um dos anéis aromáticos: - com doador de elétrons é mais reativo; - quando há presença de grupos retiradores é menos reativo. Apesar da presença do substituinte afetar todo o sistema o efeito maior é no anel diretamente ligado ao grupo em questão. No exemplo abaixo, o anel aromático A tem um grupo doador de elétrons (metila) ligado a ele. Este sistema está ativado para SEAr e, o anel A é o mais reativo. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 23 15. Sistemas aromáticos heterocíclicos Existe uma grande variedade de heterociclos aromáticos, que vão de extremamente reativos a praticamente inertes frente reações de substituição eletrofílica. Além disto, compostos heterocíclicos tem posições não equivalentes devido a presença do heteroátomo no ciclo aromático, mesmo sem substituintes. A piridina, por exemplo, é bem menos reativa que o benzeno no que diz respeito a substituição eletrofílica, sua reatividade é similar a do nitrobenzeno, que possui um grupo fortemente desativante em sua estrutura. A piridina não pode ser acilada ou alquilada por condições de Friedel-Crafts, mas pode ser sulfonada em altas temperaturas. A substituição eletrofílica quando ocorre, leva a introdução do eletrófilo no C3 da piridina (posição mais reativa). Uma das razões para a baixa reatividade da piridina é a presença do átomo de nitrogênio, que é mais eletronegativo que o CH do benzeno, fazendo com que os elétrons π estejam mais presos, aumentando a energia de ativação para ataque em eletrófilos. Em condições ácidas (ácido sulfurico), ocorre que o nitrogênio da piridina é protonado levando ao íon piridínio, que é ainda mais desativado que a própria piridina. Ácidos de Lewis como AlCl3 e FeBr3 também se ligam ao nitrogênio desativando fortemente o anel para reações de Friedel-Crafts e halogenações. ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 24 Outros exemplos são o Furano, o Tiofeno e o Pirrol. Como o benzeno, eles tem 6 elétrons π mas, estes são deslocalizados em somente 5 átomos e não estão tão presos quanto os do benzeno. Mesmo quando o átomo presente é o oxigênio, que é eletronegativo, as substituições acontecem rapidamente. Estes sistemas tem reatividade similar ao fenol e a anilina. Nestes casos existem duas posições diferentes: C2/C4 (vizinha ao heteroátomo) e C3/C5 (mais distante do heteroátomo). O ataque em C2/C4 é favorável, pois gera um intermediário com mais estruturas de ressonância. 16. Bibliografia Material baseado ou retirado de: N SO3, H2SO4 HgSO4, 230 0C N SO3H N N HPiridina Piridina Protonada (íon piridínio) ________________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani 25
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