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A IMPORTÂNCIA DA PSCICOPEDAGOGIA NA ESCOLA Rafaela R. MOLIN RESUMO: O processo de aprendizagem é complexo e continuado, para a pedagogia, cabe a utilização das técnicas de didática como ferramentas para conseguir êxito nesse processo. Entretanto, a psicopedagogia traz outras vertentes em conjunto com a Psicologia buscando aprimorar o efeito na educação e também desenvolvendo soluções para diagnósticos de dificuldade de aprender. O psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e esclarecer à escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino – aprendizagem e tem uma atuação preventiva. Um psicopedagogo quando está inserido na escola é capaz de prevenir possíveis problemas de aprendizagem, ao invés de remediá-los, auxiliando a potencializar o máximo da capacidade dos alunos. Ele poderá contribuir no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não tem como causas apenas as dificuldades do aluno, mas que são consequências de problemas escolares. O profissional de Psicopedagogia é quem pode trazer para o ambiente escolar uma visão clínica e pedagógica de como se dá o processo de aprendizagem dos alunos, evitando problemas déficit de aprendizagem e desenvolvendo junto ao corpo docente técnicas para garantir que a absorção de conhecimento por parte dos alunos seja cada vez maior. Uma escola que conta com um Psicopedagogo usufrui de análises mais profundas de seus procedimentos educacionais e de como eles têm impacto em seus alunos, estreitando muito os laços entre ensinar e aprender. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem; Psicopedagogo; Escola. 2 Introdução Na área da Educação os papéis de um psicopedagogo são muitas vezes confundidos com o de um pedagogo ou com o de um psicólogo. A verdade é que esse profissional se utiliza de embasamentos e diretrizes de ambas as áreas para executar sua função, no ambiente escolar é notória sua importância uma vez que esse profissional pode oferecer diagnósticos preventivos de possíveis problemas na aprendizagem dos alunos. Uma vez que a aprendizagem vai ocorrendo na estimulação do ambiente sobre o indivíduo, onde, diante de cada situação mostra sua reação e mudanças de comportamento, recebe várias interferências de diversos fatores intelectual, psicomotor, físico, social e até emocional.Nesse contexto é possível dizer que o papel do psicopedagogo é muito importante e pode ser pensado, promovendo o desenvolvimento cognitivo, ou seja, é através da aprendizagem que o indivíduo é inserido na sociedade. Na abordagem preventiva, o psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando os obstáculos e os fatores facilitadores, sendo essa uma atitude de dinâmica investigativa para analisar a necessidade de possíveis intervenções. No ambiente escolar o psicopedagogo preocupa-se muito com a instituição, pois a maior parte do processo de aprendizado se dá dentro da escola e é grande responsável para o desenvolvimento do indivíduo, consequentemente da sociedade como um todo. O trabalho psicopedagógico tem como objetivo principal trabalhar os elementos que envolvem aprender da maneira que os vínculos estabelecidos sejam bons. A relação dialética entre o sujeito (aluno) e objeto (conteúdo) deverá ser construída positivamente, de forma que essa transição durante o processo de conhecimento seja saudável e prazerosa. Contar com um profissional capacitado para unir aprender e prazer é mais que necessário, é a própria evolução do saber. 3 Breve histórico da Psicopedagogia Os primeiros centros psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J. Boutonier e Gerge Mauco, com direção médica e pedagógica, Esses centros uniam conhecimentos da área de psicologia, psicanálise e pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola e no lar e entender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de ser inteligentes. (MERY, apud BOSSA, 2000, p.39). Esperava-se que através dessa união pscicologia-pscicanálise-pedagogia, conhecer a criança e seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma ação reeducadora. Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das preocupações da época. A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nessa época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda nesse periodo, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (Id. Ibid, 2000, p.48-49). A psicopedagoga para algumas pessoas se tornou sinônimo de outras áreas profissionais, como a Psicologia Educacional e a Psicologia Escolar, por serem campos que se inter-relacionam. Mas, apesar de ter um corpo teórico no Brasil de mais de trinta anos ainda há uma confusão sobre sua definição e seu objeto de estudo. Segundo BOSSA (2000), a Psicopedagogia é uma área interdisciplinar, que para se delimitar necessita de outras áreas, como Psicanálise, Pedagogia, Filosofia, Sociologia e outras áreas afins. Concordando que, seu objeto de estudo é a aprendizagem humana, e por consequência a dificuldade de aprendizagem. E para que possamos entender sobre o que acarreta essas dificuldades, não se pode limitar apenas a um elemento a causa das dificuldades, por isso a necessidade de envolver outras áreas. A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico. 4 Na escola a psicopedagogia veio se aliar à pedagogia com a intenção de complementar as áreas da educação, o objetivo é conhecer o aluno, seu meio e como o processo pedagógico deve ser construído de maneira a aprimorar o aprendizado e inibir possíveis problemas cognitivos. Diferença entre Pedagogia e Psicopedagogia A palavra pedagogia é grega, paidós (criança) e agogé (condução), o mestre, o professor, o guia, o preceptor era então o pedagogo, aquele que levava, aquele que conduzia a criança até o paedagogium, à escola. Portanto, a faculdade de pedagogia é a faculdade que envolve a educação infantil, especialmente a educação infantil. Forma professores para lecionar no ensino fundamental, por exemplo, para ensinar as crianças a ler e escrever. Mas, claro não se limita a educação infantil (embora a graduação seja bastante voltada a esse fim) e também possibilita a atuação em outros contextos como empresas e hospitais. Já a psicopedagogia, portanto, é a área que reúne os estudos da psicologia e da pedagogia. A psicopedagogia é na maioria das vezes uma pós –graduação, que está aberta tanto para psicólogos como para psicopedagogos ou fonoaudiólogos. Em resumo, podemos dizer que a psicopedagogia abre novas áreas para esses profissionais, a psicopedagogia clínica ou institucional e aprofunda os estudos da psicologia clínica voltadas para os problemas de aprendizagem. Importante notar que não se reduz ao trabalho dentro de um consultório, podendo englobar a atuação em outros locais em hospitais, empresas e com certeza na escola e organizações educacionais. Esse profissional não vai atuar na escola dentro da sala de aula para ensinar os alunos, esse é o papel do pedagogo. Em sua atuação é realizado um estudo paralelo, como conhecer os alunos, o meio em que a escola está, suas características regionais, elencando suas necessidades e desenvolvendoabordagens específicas para prevenir problemas de aprendizagem, bem como corrigir os que possam ocorrer, apoiando os pedagogos e toda a equipe escolar para 5 que o processo de educação dentro da escola alcance os alunos de maneira efetiva e positiva. O ambiente escolar e o processo pedagógico No âmbito escolar, o psicopedagogo pode contribuir com orientações à diretores, coordenadores, professores e auxiliares, na prevenção e no estudo de como vem sendo administrado esse conhecimento dentro da escola por esses profissionais. Na visão de Fagali (FAGALI 2002, p.100) “... trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo através da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento”. Com base nessa visão podemos dizer claramente que o profissional de psicopedagogia é um agente facilitador no processo pedagógico, Ele não deve atuar diretamente em salas de aula, esse é o papel do Pedagogo que possui embasamento e conhecimento para isso, sendo o psicopedagogo um apoio fundamental principalmente no que tange a evolução do conteúdo e a maneira de como esse será transmitido para os alunos de forma que o processo de aprendizagem seja natural e eficaz. Trabalhando com a escola o psicopedagogo faz a preparação dos profissionais da educação para que quando forem detectadas possíveis perturbações no processo de aprendizagem, ele participando das relações professor-aluno, aluno-conteúdo e também acompanhamento essas relações no contexto social e emocional do aluno de acordo com suas necessidades e também como isso impacta no desenvolvimento do indivíduo perante a sociedade. Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando a solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais, Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e a forma de intervenção com o objetivo de facilitar o processo ou desobstruir possíveis implicações. Em outras palavras, é papel do psicopedagogo fazer da escola um ambiente de aprender e desenvolver com prazer e preparar os profissionais da educação para cumprirem essa impagável missão com excelência. 6 Psicopedagogia e seus desafios na educação A escola contemporânea se vê, diante das transformações obrigadas a buscar novos posicionamentos. Tais posicionamentos referem-se a uma mudança de paradigma nas concepções de escola e ensino-aprendizagem, uma vez que o fracasso escolar se impõe de maneira acentuada na atualidade. Cada vez mais se tornam necessárias novas abordagens, novas técnicas de ensino, pois atualmente a escola atual não está conseguindo corresponder as demandas da sociedade. As exigências do mundo atual apontam para outra educação, que exige qualificação de mais qualidade e constante formação e informação dos professores, uma vez que o mundo globalizado aponta para a incessante transformação. É preciso renovar as metodologias de ensino com a mesma flexibilidade em que ocorrem as mudanças na sociedade. Em um mundo onde as informações estão tão acessíveis cada vez mais fica difícil escolher onde começar a aprender, eis o verdadeiro desafio da psicopedagogia na escola, compreender a melhor forma de aprendizagem em um mundo globalizado. A Psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com problemas decorrentes. É possível acreditar que se existissem psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas de aprendizagem seria bem menor. A importância do psicopedagogo perante às dificuldades de aprendizagem começa a configurar-se quando toma-se consciência das dificuldades dos alunos e cuida-se em apresentar os objetivos, os temas de estudos e as tarefas numa forma de comunicação clara e compreensível, juntamente com o professor e na escola como um todo. As formas adequadas de comunicação ocorrem positivamente para a interação professor-aluno e outros que fazem parte do contexto escolar. O desencontro entre sociedade e escola pode gerar ou fortalecer o processo de exclusão, sobretudo, considerando uma sociedade cujo o conhecimento é distribuído de forma desigual, esse aspecto social se apresenta como um expressivo desafio da escola nos dias atuais, na medida em que algumas pessoas são privilegiadas e outras não conseguem acessar o conhecimento. 7 Um profissional da área de estudo da educação, aliando-se às pesquisas de efeitos comportamentais e impactos sócio-emocionais é capaz de prevenir alguns tipos de dificuldades que os alunos possam apresentar durante a aprendizagem na escola, uma vez diagnosticados esses possíveis obstáculos é possível desenvolver as melhores técnicas para que a escola atinja os alunos não só com o conhecimento, mas com uma transformação de visão de mundo e explorar o máximo de sua capacidade. Além disso, o psicopedagogo está preparado para auxiliar os educadores realizando atendimentos pedagógicos individualizados, contribuindo para a compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao professor ver alternativas de ação e de como diversas técnicas podem intervir, bem como participando do diagnóstico de distúrbios de aprendizagem. Solé (SOLÉ, 2000, p.29) afirma que essa intervenção tem um maior alcance quando realizada no ambiente em que o aluno desenvolve suas atividades e por meio de pessoas com quem convivem no cotidiano, uma vez que os processos de aprendizagem se relacionam diretamente com a socialização e integração dos alunos no contexto sócio-educacional em que esses estão inseridos. A intervenção psicopedagógica deve ocorrer de forma sutil em conjunto com a equipe escolar, sem causar impacto negativo tanto para o aluno quanto para o professor. Uma escola que tem em sua equipe um psicopedagogo definitivamente tem a seu favor uma visão ampla do processo de aprendizado, onde além de solucionar de maneira preventiva os possíveis problemas de aprendizagem, ainda são um importante ponto de apoio e preparo para a equipe escolar, dessa forma a pressão e os desgastes de educar são reduzidos significativamente, trazendo ao ambiente profissional uma estabilidade muito saudável. Ao chegar numa instituição escolar, muitos acreditam que o psicopedagogo vai solucionar todos os problemas existentes (dificuldade de aprendizagem, evasão, desestímulo docente, entre outros). Porém, o psicopedagogo não traz respostas prontas. O que acontecerá é um trabalho em equipe de todos (gestores, equipe técnica, professores, alunos, pessoal de apoio e família). O psicopedagogo está na escola para ver “o todo” da instituição. Barbosa possui uma opinião muito clara a esse respeito quando argumenta que: 8 “Transformar a aprendizagem em prazer não significa realizar uma atividade prazerosa, e sim descobrir o prazer no ato de: construir ou desconstruir o conhecimento; transformar ou ampliar o que já se sabe; relacionar conhecimentos entre si e com vida; ser co-autor ou autor do conhecimento; permitir experimentar diante de hipóteses; partir de um contexto para a descontextualização e vice-versa; operar sobre o conhecimento já existente; buscar o saber a partir do não saber; compartilhar suas descobertas; integrar ação, emoção e congnição; usar a reflexão sobre o conhecimento e realidade; conhecer a história para criar novas possibilidades”. Quando o psicopedagogo entra numa escola, muitas coisas devem serlevadas em conta, pois lá pode-se encontrar uma escola desorganizada. São fatores predominantes para impactar no diagnóstico como diretor pouco envolvido com o trabalho, professores pouco motivados (dão aulas de acordo com o salário que recebem). Então, qual a cultura há por trás dessa situação? Situações assim não são visíveis. Ou seja, as bases conceituais da escola estão inseridas em uma zona de invisibilidade, onde nada disso está explícito. A cultura da escola é um fator que o psicopedagogo tem de investigar e buscar compreender, pois através dela é possível mensurar os seus impactos no processo educacional. O psicopedagogo tem que tomar conhecimento do documento que dá o perfil que identifica a escola – o Projeto Político Pedagógico (PPP), que é basicamente a obrigação de toda a escola. Quando o diretor da escola não sabe montar o PPP, poderá contratar um serviço de assessoria para orientá-lo na elaboração, através de dados e informações (Filosofia, meio em que está inserida, tipo de clientela que atende, aspectos pedagógicos), fornecidos de acordo com a realidade do lugar. Sua estrutura física: prédio, dimensão e organização dos espaços, recursos materiais; estrutura administrativa (direção). Equipe técnica, corpo discente e docente, pessoal auxiliar, tomadas de decisões, participação na comunidade, relação com as autoridades centrais e locais. (secretarias de educação); estrutura social: relação entre alunos, professores e funcionários, responsabilidade e participação dos pais, democracia interna, cultura organizacional da escola, clima social. A cultura é fruto de uma rede de movimentos, ou seja, as interações entre os subsistemas de um sistema. É esse funcionamento que vai possibilitar o processo 9 de institucionalização. Caso a rede não funcione ou não seja realmente uma rede ( apenas se faz meras aplicações entre os subsistemas), ela se torna truncada deixando de gerar mudanças substanciais. O psicopedagogo é chamado justamente para ver o que está acontecendo com aquela escola, porque a rede de movimento não está funcionando, por essa razão as mudanças não estão ocorrendo. A presença de um psicopedagogo em uma escola gera diversos efeitos. Alguns docentes o percebem como um colaborador que o auxiliará em suas tarefas do dia a dia, outros já o enxergam como uma figura perseguidora que está ali para julgar. Entretanto o psicopedagogo que tiveram a formação pedagógica sólida terá a vantagem de compreender melhor o processo de aprendizagem, porém deverá ter o cuidado para não assumir o papel de assessor no campo didático pedagógico, invadindo um terreno que não lhe cabe. Cabe ao profissional de psicopedagogia não estimular essa fantasia do professor de que ele está ali para supervisionar o trabalho no lugar da direção pedagógica, evitando conflitos e competições. Um dos grandes desafios enfrentados pelas organizações atualmente é a diversidade da força de trabalho, ou seja, como lidar com as diferenças entre as pessoas. Intervenção da Psicopedagogia na escola O objeto de estudo do psicopedagogo é sempre o aprendente e sua aprendizagem. É com base na visão sistêmica de um administrador que ele encara a organização escolar como um todo, entretanto, atenta-se diretamente em como o processo de aprender está ou não impactando o indivíduo, suas dificuldades, seu cotidiano, sua realidade fora da escola e tudo mais que possa explicar e reduzir a distância entre o conhecimento passado e o que ele de fato absorve. O psicopedagogo encara sua vivência na escola de maneira crítica e investigativa, seu objetivo é sempre fazer com que o processo seja apropriado, que a aprendizagem seja leve e prazerosa tanto para o educando como para os educadores. Ainda dentro desse contexto, o psicopedagogo atua como uma ponte entre os alunos e o conhecimento, é suporte aos educadores com informações diferenciadas 10 sobre o processo em si e também com metodologias adequadas para equacionar os possíveis distúrbios do aprendizado dos alunos. O processo de introduzir a psicopedagogia na escola é complexo e depende de todos, é necessário que a escola esteja aberta a incorporar em sua cultura, abordagens diferentes das já existentes, talvez até convergentes com as existentes, essa transição é delicada e só vai funcionar se todos estiverem engajados no processo como um todo. A escola ganha e muito com a psicopedagogia, pois é cada vez mais fácil ter empecilhos para a educação, seja ela comportamental, emocional, sociológica ou até mesmo a falta de dinamismo ou de identificação do educando com a maneira como o conhecimento está sendo passado. Nesse cenário, é fundamental um estudo investigativo tanto da vivência do aluno quanto aos detalhes do processo. Diagnóstico das dificuldades de aprendizagem As dificuldades de aprendizagem segundo Rogers (1988), podem siginificar uma alteração no aprendizado específico da leitura e escrita, ou alterações genéricas do processo de aprendizagem, onde outros aspectos além da leitura e escrita podem estar comprometidos (orgânico, motor, intelectual, social e emocional). Conforme consta em Polity (1998, p. 73), o termo Dificuldade de Aprendizagem é definido pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (EUA) da seguinte forma: “Dificuldade de aprendizagem é uma desordem que afeta as habilidades pessoais do sujeito em interpretar o que é visto, ouvido ou relacionar essas informações vindas de diferentes partes do cérebro. Essas limitações podem aparecer de diferentes formas: Dificuldades específicas no falar, no escrever, coordenação motora, autocontrole ou atenção. Essas dificuldades abrangem os trabalhos escolares e podem impedir o aprendizado da leitura, da escrita ou da matemática. Essas manifestações podem ocorrer durante toda a vida do sujeito, afetando várias facetas: trabalhos escolares, rotina diária, vida familiar, amizades e diversões. Em algumas pessoas as manifestações dessas desordens são aparentes. Em outras, aparece apenas um aspecto isolado do problema, causando impacto em outras áreas da vida.” 11 A família deve ter participação efetiva na escola, pois é com a integração desses dois polos de convivência que será possível avaliar e diagnosticar as possíveis causas as dificuldades de aprendizagem e com essa descoberta desenvolver abordagens eficientes para intervir de maneira que o processo de aprendizagem atinja seu objetivo com o educando. Acredita-se que um programa de intervenção familiar seria fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem. O relacionamento familiar, a disponibilidade e interesse dos pais na orientação educacional de seus filhos, são aspectos indispensáveis de ajuda ao educando. Em um trabalho de orientação à pais, de acordo com Polity (1998), é possível despertar a sensibilidade dos mesmos para a importância destes aspectos, dando-lhe a oportunidade de falar sobre seus sentimentos, expectativas e esclarecendo-lhes quanto às necessidades da criança e estratégia que facilitam seu desenvolvimento. Algumas ferramentas psicopedagógicas O uso das ferramentas psicopedagógicas são técnicas de intervenção com o menor conflito e o mínimo de invasão ao ambiente, podendo ser utilizadas para a estruturação e estudo dos conflitos. Jogos e dinâmicas são as mais pesquisadas para esse tipo de interação, porém se o psicopedagogo não encontrar em suas pesquisas dinâmicas que atendam as necessidades da situação poderá criar suas próprias dinâmicas, para facilitar essas aplicações há diversos materiais que orientam sobre a aplicação dessas ferramentas. Tendo por base o Manual de Exercícios Estruturadosde Pfeifer e Jones (vol 1 e 2), Gramigna apresenta O Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) que deve servir de base para a aplicação de jogos de empresa e das técnicas vivenciais e podem ser dividido em cinco etapas e resumido na seguinte forma “Pfeifer, Jones apud Gramigna. Vivência: É o fazer algo, construir (experiência individual ou em grupo). A atividade deve estar de acordo com o objetivo do programa de intervenção e ser atrativa, lúdica e interessante; Relato: É o momento de expressar sentimentos e emoções. Os relatos poderão ser individuais ou coletivos, utilizando-se de diversas estratégias: Relatos verbais, utilização de mural com registros 12 individuais, discussão livre (intermediada pelo facilitador), utilização de figuras, símbolos ou cores para expressar sentimentos, etc; Processamento: É a hora da análise de desempenho, feita pelo grupo. Aqui os participantes avaliam questões de liderança, organização, planejamento, comunicação e administração de conflitos. Podem-se utilizar analogias, questionários individuais, levantamento de dificuldades e facilidades com roteiros pré – estabelecidos, etc; Generalização: É o momento da comparação entre o jogo e a realidade da organização. Aqui se podem introduzir temas, informações técnicas, referenciais teóricos, etc; sempre levando em consideração critérios como clareza, objetividade, atratividade e delimitação de tempo. Aplicação: Etapa para planejamentos. Gramigna lembra que não adianta passar por todas as etapas anteriores e não encerrar o ciclo de aprendizado com a reflexão e comprometimento com a mudança. Nesse momento, o participante tem a oportunidade de estabelecer seu papel como corresponsável na busca de melhorias. Nesse sentido o facilitador orienta na elaboração dos planos individuais de desenvolvimento das metas, no “contrato psicológico”, etc. As intervenções psicopedagógicas devem ser realizadas após pesquisa investigativa do ambiente, das situações de conflito e também de seus desdobramentos. Ainda sobre as ferramentas vivenciais, Failde comenta: As dinâmicas de grupo podem estimular comportamentos e atitudes (como liderança, relacionamento interpessoal, iniciativa, etc) que dificilmente viriam a tona em atividades individuais. As dinâmicas de grupo possibilitam por meio de atividades lúdicas, exercícios corporais, jogos e simulações de casos, uma maior facilidade em relação à tomada de atitude, ampliando a visão de uma situação e estimulando a mudança. Somente após um estudo detalhado do ambiente, de seus indivíduos e de como se relacionam entre si durante os processos, poderá ser elaborada uma abordagem de intervenção para que essa ocorra de maneira branda e sem se tornar invasiva, de maneira que o material colhido na atividade seja aproveitado para a melhoria do processo e ainda leve os participantes para uma reflexão das questões propostas. 13 Conclusões Desde seu surgimento, a Psicopedagogia traz várias reflexões importantes de toda a dinâmica educacional, tanto com relação ao ambiente escolar, quanto às nuances e dificuldades de aprendizagem, sejam essas por parte dos alunos que não compreendem os conteúdos, ou pela cultura da escola que não flexibiliza a didática proporcionando aos educadores a falta de liberdade para disseminar o conhecimento de maneira mais viva, mesmo que para isso, o conteúdo programático sofra alterações coerentes. Ainda que após 40 anos de seu surgimento do Brasil, há muitas indagações sobre o real papel de um psicopedagogo, esse artigo trouxe essa reflexão sob o âmbito escolar. A escola é o cenário onde grande parte do aprendizado acontece, isso contribui ativamente para o comportamento e desenvolvimento do indivíduo na sociedade, sendo o lugar que muito carece das competências desse profissional. A escola além de ser foco de aprendizado, é também uma instituição organizacional, abrange diversas questões complexas, possui cultura própria, o que para sua missão, acaba acarretando impactos significativos para o processo de aprendizagem. O psicopedagogo na escola é de fundamental importância, desde a criação do conteúdo programático, didática, abordagens diferenciadas, bem como a redução de conflitos sociológicos e emocionais que possam contribuir para distúrbios do aprendizado. Além de atuar com os educandos, transformando o processo de aprendizagem interessante e lúdico, o psicopedagogo busca através de diversas técnicas, estudos e abordagens fazer da escola um ambiente agradável tanto para quem vai aprender quanto para quem vai ensinar. É importante ressaltar que o psicopedagogo dentro da escola não só atua como mediador de conflitos e facilitador de aprendizagem, mas como suporte a toda equipe escolar, pois todos os elementos contribuem e impactam o processo e seus resultados. A psicopedagogia na escola deve ser vista como solução para problemas impensados, prevenção de problemas futuros e correção de distorções educacionais. É fato de que contar com um profissional da psicopedagogia traz inúmeros benefícios seja para a instituição escolar, seja para o aprendizado ou para 14 a comunidade. Mas para que sua atuação possa ser melhor interpretada é fundamental que se conheça o papel do psicopedagogo e suas flexibilidades. O fato de a psicopedagogia atuar interdisciplinarmente com áreas correlacionadas como psicologia e pedagogia faz com que essa área de estudo da educação seja confundida com tais áreas. É compreensível a resistência atual de instituições a aderirem em suas equipes um profissional dessa área, pois muitas vezes não se parece muito definida qual será a sua relevância para a instituição e de como poderá participar no processo educacional. O mais interessante sobre esse artigo é que a importância da psicopedagogia está muito clara e que sua atuação para dirimir as dificuldades de aprendizagem são muito eficazes, entretanto, essa valiosa informação ainda não está tão difundida quanto poderia. Com a globalização mundial cada vez mais aumentam os ruídos de aprendizado, se antes pela falta de compreensão da contextualização dos conhecimentos para uma aprendizagem significativa, agora também sofremos com o excesso de informações através da internet. Com um dinamismo tão imediato de ensino, não cabe mais à escola permanecer engessada com suas didáticas ultrapassadas, nem educadores acomodados em se ater somente no programa de ensino da escola. O mundo de hoje é vivo e dinâmico, a educação deve acompanhar esse ritmo se não quiser passar despercebida na vida dos indivíduos. Tal qual o mundo se transforma rapidamente, as maneiras de ensinar e compreender as dificuldades de aprender devem seguir no mesmo ritmo. Quando as escolas compreendem a relevância da psicopedagogia em seu processo, uma série de fatores são evitados e compreendidos, o número de alunos em dificuldade são reduzidos drasticamente, além do fato de que esse poderá ser um diferencial muito importante para a harmonia do ambiente escolar. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSEDAS, Eulália, et al.Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico, Porto Alegre: Artmed, 1996. BEYER, Marlei Adriana. Psicopedagogia: Ação e Parceria. Revista da ABP p. disponível em HTTP://www.abpp.com.br/artigos - acessado em 10/05/2016 BOSSA, Nadia A.Psicopedagogia no Brasil. Contribuições a partir da prática. 2ª Ed., Porto Alegre: ArtMed, 2000. FAGALI, HQ. Múltiplas faces do aprender: novos paradigmas da pós-maternidade. 2ª Ed. São Paulo: Unidas, 2001. FAILDE I. Manual do facilitador para dinâmicas de grupo. 3ª Ed. Campinas:Papirus; 2010. GRAMIGNA, MRM. Jogos de empresas e técnicas vivenciais. São Paulo; Makron Books, 1977. ROGERS, Carl Ransom, et. Al., Psicoterapia das relações humanas, Interlivros, 1977. SOLE, Isabel. Orientação educacional e intervenção psicopedagógica. Porto Alegre: ArtMed, 20001.
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