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CASO CONCRETO 4

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CASO CONCRETO 4
ALUNO: VICTOR MATHEUS FARIA DOS SANTOS
MATRÍCULA: 201502227721
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE À VARA CÍVEL Nº___ DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO/RJ
JOAQUIM MARANHÃO, ANTÔNIO MARANHÃO E MARTA MARANHÃO, irmãos, brasileiros, estados civis ignorados, residentes e domiciliados em Nova Friburgo-RJ, inscritos no registro geral sob os correspondentes números:______________________ e no cadastro nacional de pessoas físicas números:____________________________, vêm, mui respeitosamente, através de seu advogado devidamente qualificado em procuração acostada aos autos, com registro na OAB sob o nº: XXX- XX-CE, PROPOR,
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO
Em litisconsórcio facultativo unitário, pelo rito COMUM, em face de EMANUEL MARANHÃO e FLORINDA MARANHÃO, pais dos autores, brasileiros, casados, residentes e domiciliados em Nova Friburgo-RJ, identificados sob os respectivos números de registro geral de pessoas físicas ignorados, pelos motivos que passa a EXPOR:
I – DA REALIZAÇÃO OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
As partes, ora autores, não tem interesse pela realização de Audiência de Conciliação, conforme os termos do artigo 319, inciso VII do CPC/15.
II - DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Requer os Autores, nos termos da lei nº 1.060 de 1950, e do artigo 98 e seguintes do CPC, que lhes sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita, tendo em vista em que os mesmos não podem arcar com as custas processuais e com os honorários advocatícios sem o prejuízo do sustento próprio e de suas famílias.
III – DOS FATOS
Ocorre que os réus Manuel Maranhão e Florinda Maranhão, pais dos Autores, com o objetivo de ajudar o neto, Ricardo Maranhão, filho de Marta, que não possuía casa própria, venderam-lhe um de seus imóveis, no caso em tela, um sitio situado na Rua Bromélia, nº 138, Centro, Petrópolis/RJ, por preço certo e ajustado em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), venda consagrada através de Escritura de Compra e Venda lavrada no dia 20/09/2015, no Cartório do 4º Ofício da de Nova Friburgo e devidamente transcrita no Registro de Imóveis competente. O negócio jurídico fora celebrado sem a expressa anuência dos demais filhos acerca do referido contrato de compra e venda. É o que se tem de mais imperioso a relatar. Passa-se agora à análise do mérito da questão.
IV – DOS FUNDAMENTOS
IV.I – DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO
É competente o presente foro para a propositura desta ação anulatória, haja vista o cerne do caso em tela tratar-se de discussão acerca da efetiva validade de negócio jurídico de compra e venda, e com isso, resta-se nítido tratar-se de direito pessoal, podendo, pois, a presente demanda ser postulada no domicílio dos réus, conforme dicção do artigo 46, caput, do CPC/15. Nesses termos: 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. (CPC)
IV.II – DO DIREITO
Excelência, o negócio jurídico do caso, ora sob análise, não deixa dúvidas sobre a sua passividade de anulação, por inequívoco convencimento de que ocorrera a venda do imóvel sem o consentimento expresso dos demais descendentes. Tendo em vista que o ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema sucessório conhecido como “sistema da divisão necessária” , reconhecendo parcial autonomia ao autor da herança na medida em que ele poderá dispor apenas da metade dos seus bens caso existam os chamados herdeiros necessário ou reservatório. É sabido que a venda de ascendente para descendente é um negócio jurídico que depende de anuência de todos os demais descendentes e do cônjuge do alienante, havendo, pois a possibilidade de anulação nos termos do artigo 496 do CC, in verbis: 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. (CC)
Como bem salienta Maria Helena Diniz:
“A limitação contida no art. 496 não se cinge apenas aos descendentes do alienante, mas compreende também o cônjuge, uma vez que, pelo vínculo da afinidade criado pelo casamento, estão ligados aos parentes de seu consorte. Em que pese a afinidade se distinga do parentesco em sentido estrito, também gera restrições de caráter patrimonial”.
Os legitimados para arguir a anulabilidade são os demais descendentes, a ação de anulação, como leciona Lôbo (2009) “é relativo ao contrato de compra e venda,que é ato entre vivos e produz efeitos imediatamente após a sua conclusão”. Não obstante o STF ter editado a súmula 494 que prediz:
“É de vinte anos o prazo prescricional para deflagração da ação anulatória de venda de imóvel realizada entre ascendente e descendente, sem consentimento dos demais herdeiros, contados da data do ato, forte na Súmula n. 494 do STF”. 
Resta então entendido que neste caso, a anulabilidade da venda independe de prova de simulação ou fraude. Assim resta a jurisprudência pacificada nas cortes e no Superior Tribunal de Justiça. Veja-se:
TJ-RS – APELAÇÃO CÍVEL AC 70066876343 (TJ-RS) 
Data de publicação: 07/12/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE VENDA DE ASCENDENTEPARA DESCENDENTE POR INTERPOSTA PESSOA. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao demandante, como descendente, provar a compra e venda ou a doação do ascendente para o descendente, mediante interposta pessoa e sem o consentimento dos demais descendentes. A compra e venda dos ascendentes para terceiras pessoas, sem vínculo familiar ou que denuncie a fraude à lei e o prejuízo aos herdeiros, seguida, muitos anos depois, da compra e venda com um dos descendentes, não é suficiente à caracterização da alienação entre pais e filho para lesar os demais. Inexiste vedação legal de que algum dos filhos adquira imóvel antes da propriedade dos pais, assim como está demonstrado o pagamento do preço da aquisição, e o pagamento é a prova da boa-fé e da licitude negocial. As circunstâncias reconstituídas demonstram um grave conflito familiar que se caracteriza na pessoa do demandante. (Apelação Cível Nº 70066876343, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Cini Marchionatti, Julgado em 02/12/2015).
TJ-RS - Apelação Cível AC 70065130940 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 07/12/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULATÓRIA DE NEGÓCIOS JURÍDICOS - SIMULAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE. DECADÊNCIA. PRAZO E TERMO INICIAL. A pretensão anulatória dos negócios realizados, ainda que analisada sob o mote da simulação ou fraude, tem como objetivo demonstrar prejuízo à legítima da demandante, filha herdeira do primeiro réu, reconhecida como tal em ação investigatória de paternidade. Sendo assim, o prazo decadencial aplicável à espécie é de 10 anos, de acordo com a Súmula 494 do STF e com o art. 205 do Código Civil de 2012 (vigente à época da realização do negócio jurídico que concluiu a alegada simulação), e tem como termo inicial, no caso concreto, a data em que transitou em julgado a decisão que reconheceu a filiação da autora em relação ao primeiro réu. Sentença desconstituída e retorno dos autos à origem para análise do mérito das questões de fato e de direito relativa à matéria de fundo. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70065130940, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 02/12/2015).
STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 953461 SC 2007/0114207-8 (STJ)
Data de publicação: 17/06/2011
Ementa: DIREITO CIVIL. VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE SEM ANUÊNCIA DOSDEMAIS. ANULABILIDADE. REQUISITOS DA ANULAÇÃO PRESENTES. 1.- Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário,a alienação feita por ascendente à descendente é, desde o regime originário do Código Civil de 1916 (art. 1132), ato jurídico anulável. Tal orientação veio a se consolidar de modo expresso no novo Código Civil (CC/2002, art. 496). 2.- Além da iniciativa da parte interessada, para a invalidação desse ato de alienação é necessário: a) fato da venda; b) relação de ascendência e descendência entre vendedor e comprador; c) faltade consentimento de outros descendentes ( CC/1916 , art. 1132 ), d) a configuração de simulação, consistente em doação disfarçada (REsp476557/PR, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, 3ª T., DJ 22.3.2004) ou,alternativamente, e) a demonstração de prejuízo (E REsp 661858/PR, 2ª Seção, Rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, Dje 19.12.2008; REsp 752149/AL,Rel. Min. RAUL ARAÚJO, 4ª T., 2.10.2010).3.- No caso concreto estão presentes todos os requisitos para a anulação do ato. 4 .- Desnecessidade do acionamento de todos os herdeiros ou citação destes para o processo, ante a não anuência irretorquível de dois deles para com a alienação realizada por avô a neto.5.- Alegação de nulidade afastada, pretensamente decorrente de julgamento antecipado da lide, quando haveria alegação de nãosimulação de venda, mas, sim, de efetiva ocorrência de pagamento de valores a título de transferência de sociedade e de pagamentos decorrentes de obrigações morais e econômicas, à ausência de comprovação e, mesmo, de alegação crível da existência desses débitos, salientando-se a não especificidade de fatos antagônicos aos da inicial na contestação ( CPC , art. 302 ), de modo que válido o julgamento antecipado da lide.6.- Decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina subsistente, Recurso Especial improvido.
IV.III – DO CANCELAMENTO DO REGISTRO DA ESCRITURA PÚBLICA DO IMÓVEL
Conforme se demonstrou no tópico anterior, uma vez julgado pelo ínclito Magistrado a nulidade do contrato de compra e venda firmado no caso ora sob análise, deve-se ater-se, em ato contínuo, a cerca da carência de cancelamento do registro da escritura pública que se deu na data de 20 de setembro de 2015, em consonância ao dispõe o artigo 250, inciso I, da Lei de Registros públicos (lei nº 6015/73), devendo regressar a propriedade do bem imóvel em questão aos antigos donos.
V - DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto, uma vez constatado a efetiva anulabilidade do negócio jurídico celebrado, requer, desde logo, os Autores:
I - A declaração de anulação do contrato de compra e venda do imóvel aqui discutido, nos termos do artigo 496 do CC; 
II - O cancelamento do registro da escritura pública, tendo em vista a patente ilegalidade do ato originário, devendo, pois, ocorrer a expedição e ofício à autoridade competente para que haja a efetiva regressão do direito de propriedade aos antigos donos do imóvel; 
III - Protestar em provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, estando já em poder de certidões de nascimento, cópia da escritura pública do imóvel;
V - Deixar expresso a NÃO POSSIBILIDADE para audiência de mediação e conciliação; 
VI - Honorários advocatícios em 20% sobre o valor da causa. 
VII - O deferimento do pedido de justiça gratuita, visto que os mesmos são pobres no sentido jurídico do termo. 
VI – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, conforme os termos do artigo 369 e seguintes do CPC, em especial a testemunhal e depoimento pessoal do réu. 
VII – DO VALOR DA CAUSA
Dar-se-á o valor da causa em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). 
Nestes termos, pede deferimento.
Nova FriburgoRJ/, 22 de agosto de 2017.
Victor Faria
OAB/RJ XX.XXX-X

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