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CASO CONCRETO 5 PRÁTICA SIMULADA

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CASO CONCRETO 4
ALUNO: VICTOR MATHEUS FARIA DOS SANTOS
MATRÍCULA: 201502227721 
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE À VARA CÍVEL Nº____ DA COMARCA DE DOURADOS/MS
BERNARDO, brasileiro, residente e domiciliado na Rua Bauru, 371, Dourados/MS, inscrito no registro geral sob o nº: _________ e no CPF de nº: ______________, vem, respeitosamente, através de seu advogado constituído e qualificado em procuração acostada aos autos, PROPOR
AÇÃO INDENIZATÓRIA DE REPARAÇÃO DE PERDAS E DANOS
Pelo procedimento ESPECIAL, em face de SAMUEL, brasileiro, residente na Rua dos Diamantes, 123, Campo Grande/MS, cujo cadastro nos registros gerais de pessoas físicas é ignorado, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
I – GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Nos termos da Lei nº 1.060/50 e do artigo 98 e seguintes do CPC, requer o Autor que lhe seja deferido os benefícios da gratuidade da Justiça, tendo em vista que o mesmo não pode arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento.
II – DA REALIZAÇÃO OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Conforme artigo 319 do CPC/15, a parte autora informa não ter interesse pela realização de Audiência de Conciliação.
III – DOS FATOS
O presente caso versa sobre o estabelecimento de contrato de comodato escrito pelo Sr. Bernardo, ora Autor, em favor do Sr. Samuel, pertencente ao polo passivo desta ação, sendo o objeto do acordo o cavalo de espécie manga-larga, o qual tinha por nome “Tufão”, avaliado em R$ 10.000,00 (dez mil reais). O bem deveria ser restituído, conforme o contrato, no dia 02 de outubro de 2016. Contudo, até o mês de janeiro de 2017 não ocorrera a devolução por Samuel, ressaltando que fora constatado a desídia do mesmo para restituir o equino. A mora perdurou até a chegada de um forte temporal no local onde permanecia o animal, causando sua morte em decorrência da altura atingida pela água, bem como à sua força. Assim, finaliza-se o relato dos fatos, passa-se agora à exposição dos fundamentos do direito material.
IV – DOS FUNDAMENTOS
IV.I – DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO
É competente o presente foro para a propositura da ação em tela, uma vez que o objeto do caso tem como característica uma obrigação de comodato gratuito (art. 579 do CC), estabelecido em contrato escrito, podendo se visualizar que o referido compromisso deveria ser satisfeito no domicílio do Autor, que, no entanto não foi cumprido em momento algum pelo Réu, incorrendo assim em mora até o surgimento do caso fortuito em que ocasionou a perda do bem aludido na demanda, causando efetivos danos ao Autor.
Com isso, é nítida a expressão no CPC/2015, no artigo 53, inciso IV, alínea “a” (a competência desta jurisdição para apreciação da seguinte demanda. Nesses termos:
Art. 53.  É competente o foro:
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
IV.II – DO DIREITO
Excelência, como será demonstrada no feito, e por força da higidez das provas acostadas nos autos, o caso em tela é oriundo de um contrato escrito de comodato gratuito, sendo que o objeto do acordo firmado fora um equino de raça manga-larga, cujo nome o dono deu-lhe “Tufão”. O animal era avaliado em expressiva quantia, cerca de dez mil reais, tinha utilidade para o Autor na reprodução da linhagem, em exposições, bem como em turfes, ou seja, constata-se, de plano, a relevante importância do animal para o Sr. Bernardo.
Voltando ao teor do acordo firmado, fora estabelecido que o equino deveria ser devolvido até o dia 02 de outubro de 2016, isto é, fora caracterizada uma obrigação positiva, no entanto, até a ocorrência do evento trágico, em que o animal veio a falecer, como já mencionado, até o mês de janeiro de 2017, o animal não foi devolvido por pura e repulsiva desídia do Sr. Samuel, ora Réu. Com isso, percebe-se a inequívoca mora de mais de dois meses, fato notório e originário de culpabilidade na causa da morte do animal. Afasta-se, desde logo, qualquer argumento de ocorrência de caso fortuito, impassível de modificação se o equino estivesse sob outra guarda. O que se constata é o grave dano sofrido pelo Sr. Bernardo, que não mais contará com seu animal, quando perdera um bem de importe considerável por puro desleixo do Sr. Samuel.
Felizmente, o nosso Código Civil traz, de modo esclarecedor, a responsabilidade do devedor que se encontra em demora em sua obrigação. Nos termos dos artigos 394, 395, 397 e 399 do aludido regramento, aquele que estiver em atraso com a obrigação em que se estabeleceu, responde pelos prejuízos a que sua mora der causa, acrescidos de juros, correção monetária e honorários advocatícios. Dito isso, sem sombra de dúvidas, vê-se inequívoca culpa do Réu no fato ocorrido. Se estivesse cumprida em tempo a devolução do animal, o evento fatal não se efetivaria. Tanto é que a chuva torrencial que se deu no lugar em que estava o cavalo, não ocorrera onde o Autor residia, afastando, assim, qualquer isenção de culpabilidade, o que o dano sobreviveria ainda que se fosse efetuada a devolução em tempo hábil.
Nesse sentido:
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
Nesses termos, segue também o entendimento dos ilustres tribunais, versando sobre ações assemelhadas. Nesse sentido:
TJ-PR - PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO Recursos Recurso Inominado RI 000418436201481601150 PR 0004184-36.2014.8.16.0115/0 (Acórdão) (TJ-PR)
Data de publicação: 20/11/2015
Ementa: CÍVEL. RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO, RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS, INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS C/C LUCROS CESSANTES E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. CITAÇÃO UM DIA ANTES DA AUDIÊNCIA. REVELIA NÃO CARACTERIZADA. CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRÊNCIA. MATÉRIA DE FATO. ANULAÇÃO DO JULGADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. , esta Turma Recursal resolve, por unanimidade de votos, CONHECER E DAR PROVIMENTO ao recurso, para o fim de anular a sentença e determinar o retorno dos autos ao juízo de origem a fim de ser oportunizado ao recorrente a produção de prova testemunhal pretendid (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0004184-36.2014.8.16.0115/0 - Matelândia - Rel.: Aldemar Sternadt - - J. 06.11.2015)
TJ-DF - Apelacao Civel APC 20110110108272 DF 0003162-48.2011.8.07.0001 (TJ-DF)
Data de publicação: 26/08/2014
Ementa: Arrendamento mercantil. Reintegração de posse. Purga da mora. Conversão em perdas e danos. Sucumbência. Gratuidade de justiça. 1 - Concedida a gratuidade de justiça, a revogação depende da comprovação de que o beneficiário passou a nova situação econômica, e, assim, pode satisfazer as despesas do processo. 2 - Purgada a mora e não sendo possível a restituição do bem, a obrigação converte-se em perdas e danos ( CPC , art. 461 , § 1º ). 3 – As perdas e danos se limitam ao período adimplido pelo devedor e se restringem ao valor pago a título de VRG. Não abrange o valor pago a título de locação do veículo, pelo arrendante, no contrato de leasing. 4 – Em ação de reintegração de posse convertida em perdas e danos, a autora, sucumbente, se sujeita ao pagamento de custas e honorários. 5 - Apelação da autora provida em parte. Apelação da ré não provida.
V – DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, uma vez constatado a efetiva nulidade do negócio jurídico celebrado, o Autor, desde logo, requer:
O deferimento da gratuidade deJustiça, tendo em vista a hipossuficiência do autor no sentido jurídico do termo;
Deixar expresso a possibilidade para audiência de conciliação e mediação;
A reparação do dano sofrido acrescido de indenização por perdas e danos, juros e correção monetária em decorrência, da mora do devedor, e honorários advocatícios, a qual se dará em 20% sobre o valor da causa, nos termos do que dispõe os artigos 394, 395, 397 e 399, todos do Código Civil. 
VI – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, conforme os termos do artigo 369 e seguintes do CPC, em especial a testemunhal e depoimento pessoal do réu. 
VII – DO VALOR DA CAUSA
Dar-se-á o valor da causa em dez R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
Nestes termos, pede deferimento.
Dourados/MS, 28 de agosto de 2017.
Victor Faria
OAB/XX.XXX-X

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