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CASO CONCRETO 8 CONTESTAÇÃO

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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE A 1ª VARA DA COMARCA DE CAMPINAS/SP
PROCESSO Nº: 1234
AUTORA: SUZANA MARQUES
RÉU: JULIANA FLORES
JULIANA FLORES, brasileira, solteira, empresária, cadastrada no registro geral de pessoas físicas sob o nº: (...), residente e domiciliada na Rua Tulipa, 333, no município de Campinas/SP, CEP: 00000-000, de endereço eletrônico: ju_flores333@gmail.com, representada judicialmente através de seu advogado devidamente qualificado em procuração mandamental específica juntada a o seguinte feito, com endereço profissional na Rua Teles Mendes, 124, bairro Barroso, Campinas/SP, CEP: 00000-000, de endereço eletrônico: telesltda124@gmail.com onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos processuais, nos autos da Ação Anulatória de Negócio Jurídico, pelo rito COMUM, movida por SUZANA MARQUES, vem com o devido respeito e acato de estilo perante Vossa Excelência apresentar sua peça de CONTESTAÇÃO.
Para expor e requerer o que se segue:
I – SÍNTESE DA DEMANDA
Ocorre que Juliana Flores recebeu mandado de citação da 1º Vara Cível da Comarca de Campinas/SP, relativo ao processo nº 1234, Ação de Anulação de Negócio Jurídico que lhe move Suzana, ora autora do processo supracitado. Consta na inicial a alegação da autora de que houve doação de um sítio no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para o orfanato Semente do Amanhã.
Ainda é alegado que a doação ocorrera em virtude de coação sofrida pela mesma, uma vez que a autora era funcionária da empresa XYZ LTDA, sendo Juliana sócia majoritária da mesma. Salienta-se que a autora declara que, por força da crença religiosa, realizou a doação de um de seus bens, de menor valor, em consequência da influência que sofrera, sendo contestado tal alegação por Juliana, que disse nunca ter coagido a mesma. É fato que ao mês posterior a doação feita, ora suspeita de fruto de coação, a autora pediu demissão, aceitando emprego em empresa concorrente. 
I – PRELIMINARES
I.I – INTEMPESTIVIDADE DA AÇÃO INICIAL
Registre-se, desde logo, Excelência, que a ação inicial do caso em tela, resta-se exaurida pela ocorrência do prazo decadencial. 
Conforme se verifica na exposição dos fatos, a Autora alega que sofrera coação para que doasse o imóvel à instituição de caridade. Em outro instante será abordada a inocorrência de tal afirmação. Porém, inicialmente, se faz necessário trazer e frisar a informação de que a mesma pedira demissão do cargo que obtinha no ano de 2012. 
Portanto, se de fato existira a coação por parte da Srª Juliana, ora ré, subsiste a verificação de que tal ação fora sanada no ato de seu desligamento, senão bem antes desse acontecimento, porventura no dia em que se deu a efetivação o negócio jurídico em questão. 
A vista do exposto, idôneo Julgador, torna-se obrigatório trazer à lume o ano que se deu a propositura da ação, a saber, em 2012, como se nota, com quase 5 anos depois do estabelecimento da avença. 
O Código Civil de 2002 traz em seu artigo 178, caput, inciso I, o prazo decadencial de 4 anos pra que se pleiteie ação anulatória de negócio jurídico. Com isso, vislumbra-se que nas duas hipóteses, tanto no que diz o caput, como se levarmos em conta o dia em que se cessou a coação, conforme dispõe o inciso I, resta-se decaído o pedido da autora, não há como se anular um negócio jurídico já atingido pelo prazo decadencial. Nesses termos: 
“Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico , contado:
I – no caso de coação do dia em que ela cessar;” 
Portanto, pelo exposto, nobre Magistrado, constata-se de modo inequívoco impossibilidade de sustentação no pedido da Autora, devendo, deste modo, ser extinto o processo com resolução de mérito por decorrência da argumentação suprareferida. Nos termos do artigo 487, II, CPC/2015:
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
I.II – OCORRÊNCIA DE COISA JULGADA
Excelência, ainda que porventura se vença a primeira questão preliminar levantada nesta peça contestatória, faz-se mister trazer à baila mais um tema explicitamente fulminante ao pedido da Autora. 
Ocorre que no ano de 2015, restou-se em trânsito em julgado ação anulatória idêntica proposta pela Srª Suzana em face da Srª Juliana, que tramitou na 2ª Vara Cível da /comarca de Campinas/SP. A referida ação foi julgada improcedente, e revestida pelo manto da coisa julgada, tendo em vista a impossibilidade de se propor recurso. 
Sendo assim, douto Magistrado, requer-se, desde logo, o reconhecimento da preclusão do pedido da Autora, por ser mandamento expresso do Código de Processo Civil a vedação a rediscussão de matéria já preclusão pela ocorrência do trânsito em julgado. Conforme dispõe o artigo 507 do mesmo regramento. Assim: 
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão. 
Assim, também está pacificada a jurisprudência correspondente ao tema citado neste item. Nesses sentido:
TJ-DF - 20141310028474 0002765-33.2014.8.07.0017 (TJ-DF)
Data de publicação: 19/10/2016
Ementa: DIREITO INTERTEMPORAL. RECURSO. REQUISITOS MARCO. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 13.105/15. REGÊNCIA PELO NOVO CPC . PROCESSO CIVIL. BUSCA E APREENSÃO. CONVERSÃO. MONITÓRIA. PRECLUSÃO. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. ABANDONO DA CAUSA. EXTINÇÃO. ARTIGO 485 , III DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL . 1. A análise do recurso deve considerar, em substância, a lei processual vigente ao tempo em que foi publicada a decisão recorrida. 2. A Lei 13.105 /15 - Novo Código de Processo Civil - se aplica às decisões publicadas posteriormente à data de sua entrada em vigor, ocorrida em 18 de março de 2016. 3. A citação consiste em ato de comunicação essencial e indispensável para a validade do processo, de acordo com o artigo 239 do CPC . Em face de sua importância para o trâmite processual, o art. 240, § 2º do mesmo diploma legal prevê que deve ser efetivada em dez dias contados a partir do despacho que a ordena. 4. Quando esgotadas todas as diligências à disposição do juízo e ultrapassado prazo razoável para que o autor promova a citação da parte ré, deve o autor promover a citação por edital, não sendo crível a concessão de sucessivos pedidos de suspensão do feito. 5. As questões resolvidas incidentalmente no curso do processo não podem ser renovadas em sede de apelação- Inteligência do artigo 507 do NCPC . Dessa forma, uma vez operada a preclusão, não é cabível discutir em apelação a possibilidade de conversão da busca e apreensão em ação monitória. 6. Recurso conhecido e desprovido.
 
II – DO MÉRITO
II.I – INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO
A parte autora alega que sofrera grave coação para efetivar a oferta do seu imóvel à instituição de caridade, no entanto, como se verifica no caso em tela, a parte não juntou provas inequívocas da ocorrência de tal vício de consentimento. Limitou-se a dizer que temia ser demitida caso fosse negado o pedido, assim diz, da Srª Juliana.
Ocorre, Excelência, que não houve pedido algum, o que ocorrera foram nada mais que incentivos da Srª Juliana que, ressalte-se, não foram exclusivos a parte Autora desta ação. Trata-se de motivações corriqueiras feitas a toda a equipe da organização. Nada mais que estímulos a ações altruísticas, que, de bom grado, e, conforme queriam, os funcionários faziam.
Não se pode aceitar que simples sugestões se tornem, repentinamente, em ocorrências de graves vícios de consentimento, por serem tão somente proferidas pela parte gestora da organização, sob pena de se estar empedrando a pessoa da chefia, que se verá receosa de até mesmo conversar com os seus subordinados. Nota-se que o teor do que afirma a Autora é tão carente de fundamentos que o mesmo pedido, com os mesmos fatos já forma julgados improcedentes em ação já atingida pelo manto da coisa julgada, e ainda, os demais funcionários, mesmo de religiões diferentes erecebendo as mesmas sugestões, não se reconheceram vítimas de coação, tanto é que jamais efetuaram qualquer doação a instituição de caridade a qual a Srª Juliana participa.
A bem da verdade, nobre Julgador, o caso exposto trata-se de inequívoca liberalidade da Srª Suzana para a instituição de caridade, sendo, pois, impassível de desfazimento, visto que não houvera qualquer das hipóteses previstas no artigo 555 do pátrio Código Civil. Além disso, caso ainda se sustente a argumentação de que existira coação por parte da Ré, não há como se prevalecer tal afirmação, tendo em vista já toda descrição dos fatos ocorridos, e que não se passa de simples temor reverencial da Srª Suzana para com a Srª Juliana, de que não houvera efetivo temor de dano iminente à pessoa da Autora. Dito isto, não há que se falar em vício de consentimento, devendo, assim, ser declarado improcedente o pedido de anulação do negócio jurídico. Nesses termos:
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. (CC)
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. (CC)
Art. 153. Não se considera a coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. (CC)
Assim também resta entendido na jurisprudência pátria, conforme segue algumas ementas. Nesse sentido:
TJ - SP - Apelação APL 00032338920128260323 SP 0003233-89.2012.8.26.0323 (TJ-SP)
Data de publicação: 07/10/2015
Ementa: APELAÇÃO – Nulidade e Revogação de Doação – Improcedência. 01- Anulação – Doação inoficiosa não configurada – Cláusula de reserva de usufruto em favor da doadora, que conta com rendimentos mensais suficientes à sua manutenção. 02- Revogação por ingratidão ( CC , art. 555 )– Ainda que admitido como exemplicativo o rol das hipóteses previstas pelo art. 557 do CC , forçoso reconhecer a decadência do direito da autora – Decurso do prazo de um (01) ano previsto pelo art. 559 do CC . 03- DECISÃO PRESERVADA. RECURSO IMPROVIDO.
TJ-MG - Apelação Cível AC 10021110006489001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 06/08/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA DE DOAÇÃO - DEFEITOS NO NEGÓCIO JURÍDICO: NÃO VERIFICADO - INGRATIDÃO: AFASTADA - SENTENÇA MANTIDA. 1. A escritura pública de doação foi outorgada a título gratuito e, portanto, passível de revogação, em caráter extraordinário, se ocorrente alguns dos motivos comuns a todos os contratos - erro, dolo e coação, ou se ocorrente qualquer das situações que o art. 555 do CC , estabelece. 2. Ao analisar a prova testemunhal e documental produzida nos autos, não restou demonstrado qualquer das hipóteses constantes nos defeitos do negócio jurídico. 3. Para que as atitudes imputadas à apelante - ainda que reprováveis - se caracterizassem a hipótese da revogação da doação por ingratidão - art. 563 , do CC - necessário que houve prova robusta nesse sentido, o que não localizei nos autos. 4. Sentença mantida.
III – PEDIDOS
Por todo o exposto, a ré, com o devido acatamento e respeito, desde logo, requer:
I – Acolhimento das preliminares peremptórias aludidas nesta peça, devendo ser declarado a extinção do presente feito com resolução do mérito, nos termos do artigo 485, II, em razão da intempestividade da ação inicial, e, ademais, pela ocorrência de rediscussão da matéria já decidida em sentença transitada em julgado;
II – Seja acolhida a decadência, extinguindo-se o processo com resolução de mérito;
II – O reconhecimento da improcedência do pedido no mérito da questão do caso em tela, visto a inexistência de qualquer coação e vício de consentimento na parte Autora, e por explicitamente tratar-se de liberalidade da mesma, senão simples temor reverencial;
III – Condenação da Autora ao pagamento dos honorários advocatícios incidentes em 20% sobre o valor da causa e as custas processuais. 
IV – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369e seguintes do CPC/15, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor.
Nestes termos, pede deferimento.
Campinas/SP, 06 de setembro de 2017.
Victor Faria
OAB/RJ XX.XXX-XX

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