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MÓDULO 9 TEMAS EMERGENTES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA

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MÓDULO 9 - TEMAS EMERGENTES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA 
 
OBJETIVOS: 
Nesse módulo são trabalhados os desafios da Psicologia na contemporaneidade, tais 
como: ênfase numa formação generalista ou especialista; Psicologia Clínica 
Tradicional ou outras configurações frente às novas demandas psicossociais; uma 
prática psicológica adaptativa ou um fazer psicológico comprometido com a sociedade 
em transformação. 
INTRODUÇÃO 
 A expansão dos cursos de psicologia no Brasil ocorreu nos anos 70 e 80 do século 
passado, até então, o país contava apenas com seus quatro primeiros cursos de 
Medicina e Direito. Atualmente, no Brasil, existem autorizados 488 cursos de 
psicologia (MEC, 2005). Destes, quase metade (54%) concentra-se na região sudeste, 
sendo o estado de São Paulo é responsável por 31,15%. Atualmente dos 232 mil 
psicólogos no Brasil, 88% são mulheres. (LHULLIER, 2013). Percebe-se a expansão da 
Psicologia como ciência e profissão no âmbito nacional. 
Yamamoto e Gouveia (2003) afirmam que no Brasil, o crescimento da Psicologia é 
significativa, comemora seus mais de 50 anos de regulamentação com aumento 
exponencial dos seus cursos de formação e desenvolveu conhecimentos e técnicas 
em diferentes áreas de atuação. 
Diante essa ampliação e complexificação do universo profissional da Psicologia na 
realidade brasileira nas últimas décadas, surgiu a obrigação ética e cientifica de estar 
atenta as condições de formação do psicólogo, as reflexões sobre as demandas 
psicossociais de uma sociedade em transformação e os modos práticos de atuação 
profissional diante os novos desafios impostos pelas mudanças no mundo do trabalho. 
Conforme Bastos & Achcar (2006) elucidam: 
A principal característica deste final do século XX é, certamente, o intenso e acelerado 
processo de transformação vivido pelas sociedades, independente do seu regime político e 
apesar dos profundos desníveis quanto ao grau de desenvolvimento sócio econômico. São 
mudanças econômicas, políticas, tecnológicas e socioculturais que estão configurando, 
entre outros, novos cenários para o mundo do trabalho que impõem, em diversos planos, a 
necessidade de alterações nas definições, atitudes e competências dos trabalhadores e, em 
especial, dos profissionais. (BASTOS e ACHCAR, 2006, p. 245) 
Com relação ao universo ocupacional, uma das suas marcas diz respeito a 
emergência de uma sociedade de serviços, com o peso do setor terciário na economia 
mundial e globalizada. Bastos e Achcar ( 2006) indicam que as profissões voltadas 
para a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde prometem serem as 
mais procuradas. A Psicologia está presente tanto em um setor como em outro, pode 
estar voltada a promoção de saúde integral do individuo como pode estar inserida nas 
escolas em atuações diretivas. 
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2012), 
“o Brasil possui o maior número de psicólogos ativos do mundo. São 216 mil 
profissionais em atividade, de acordo com o Cadastro Nacional de Psicólogos do 
Sistema Conselhos de Psicologia. Para se ter uma noção, a American Psychological 
Association (APA), tida como a maior associação mun- dial de psicólogos, contém 
137 mil membros. Em termos quantitativos, o País sai na frente, inclusive, da 
Federação Européia de Associações de Psicólogos, que agrega 35 nações e tem 
cerca de 90 mil associados.” ( CFP, 2012, p 5) 
 Ainda segundo o CFP (2012), a Psicologia tem evoluído para uma identidade mais 
social, preocupada com uma visão interdisciplinar com outras ciências, essencialmente 
disparada pelas transformações no campo da saúde na década de 80, quando houve 
uma reconstrução da visão do sujeito humano, com a perspectiva promocional da 
saúde, ao invés de uma atuação apenas remediativa. 
Diante desse cenário em mudança, a Psicologia tem sido chamada a desenvolver 
qualificações específicas como a capacidade analítica para interpretar informações em 
diferentes contextos de atuação, a competência social na comunicação, como a 
flexibilização intelectiva e dialógica para agir em novos campos de trabalho. 
Essas novas demandas tem modificado o modo da Psicologia Brasileira se rever e 
propor outros modelos de atuação, por exemplo, com mudanças significativas nos 
seus currículos, através de novas diretrizes como o MEC tem realizado junto a 
categoria profissional. Mas essas modificações vão mais além, invadem os lugares em 
que a Psicologia se encontra, mobiliza os seus trabalhadores, desafia-os e oferecem 
novas perguntas e reflexões diante os novos tempos. 
A partir disso, Bastos e Achcar (2006) indicam os principais movimentos emergentes 
no exercício profissional do psicólogo no século XXI, calcados em três direções, 
segundo eles: (1) ampliação das situações em que o psicólogo atua, diversificando os 
problemas com que se lida, assim como ocorrem mudanças com sua clientela e 
recursos técnicos; (2) a intervenção psicológica torna-se mais complexo, superando o 
viés remediativo e individualizante e (3) um forte questionamento das teorias 
existentes na psicologia, buscando novos olhares frente aos novos contextos de 
atuação. Os autores descrevem esses três eixos nas seguintes problemáticas: 
1) Mudanças na concepção sobre o fenômeno psicológico: tradicionalmente a Psicologia Brasileira 
fomentou uma visão centrada no plano individual, a-histórico e a parte do contexto social, com as 
mudanças no mundo do trabalho, como a inserção do psicólogo em instituições e em comunidades, essa 
concepção foi revista e atualmente, existem teorias que reconsideram o contexto social. Dessa forma, o 
fenômeno psicológico tem sido compreendido na interdependência com o aspecto sócio cultural. 
2) A adoção da perspectiva multidisciplinar versus a unidisciplinar na prática profissional: “ decorre da 
mudança na concepção do fenômeno psicológico a busca de referenciais e conhecimentos de outras 
disciplinas ou campos do saber para embasar a análise e intervenção frente a problemas concretos. “ 
(BASTOS E ACHCAR, 2006, p 252) 
3) Uma intervenção profissional do psicólogo junto a equipes multiprofissionais: superando a ação do 
psicólogo individualmente, isolado em seu consultório, por exemplo. As revisões teóricas do fenômeno 
psicológico obrigaram o psicólogo a dialogar com outros profissionais e seus saberes. 
4) Uma intervenção profissional centrada em contextos, em grupos e de ação preventiva: contraponto 
a uma ação tradicional da Psicologia com foco no individuo, no intra psíquico, com caráter curativo e 
remediativo. Isso pode ser visto na inserção do psicólogo nas instituições, que demandam um diálogo 
aberto e flexível em equipes multiprofissionais. 
5) A atuação profissional no nível estratégico, com maior poder de decisão: em funções de assessoria, 
gerência e consultoria, em contraponto a uma ação profissional tecnicista. Esse movimento emergente 
tem estreita relação com a amplitude do setor terciária de serviços e a inovação de fazeres ocupacionais 
diante das mudanças no mundo do trabalho. 
6) A ampliação e inovação no uso de recursos e instrumentos técnicos na psicologia: “ coerentemente 
com o rompimento de um padrão restrito de atuação psicológica- centrada no individuo e voltada para a 
superação de problemas de ajustamento ao contexto escolar- observa-se o envolvimento do psicólogo em 
um conjunto de atividades de lazer, recreativas, de teatro, como instrumentos de intervenção em 
problemas escolares”. (BASTOS E ACHCAR, 2006, p 252) 
7) Nova Clientela, mais diversificada: a entrada da Psicologia em novos campos, como as instituições 
de saúde, recompõem sua clientela, agora mais diversa e colocando o profissional em contato com 
segmentos sociais, antes excluídos pelo modelo tradicional clínico, que atendia a setores elitistas. Essa 
ampliação da clientela forçouuma revisão teórica epistêmica até as estratégias usadas para promover 
saúde a populações antes não atendidas. 
8) Um compromisso social e profissional da Psicologia: fortalece-se o engajamento político, ligado ao 
mote da transformação social, oriundo das mudanças teóricas, a mudança de clientela, entre outros 
motivos. Essa postura política da Psicologia visa superar o viés assistencialista presente na história da 
profissão no Brasil, engajando o profissional em novos movimentos sociais, como a organização diante as 
políticas públicas e os movimentos pelos direitos humanos. 
Obviamente que essas mudanças emergentes alcançam a formação do psicólogo no 
Brasil e suas implicações práticas. Bastos e Acchar (2006) ilustram bem as novas 
propostas: 
 “Esse conjunto de habilidades revela a necessidade de que, no curso de formação 
acadêmica do psicólogo, sejam rompidos os limites que o aprisionaram a uma formação 
fragmentada e tecnicista ou que o preparam para reproduzir formas extremamente limitadas 
de enfrentar um reduzido leque de problemas. Ele, também, aponta o desafio de que a 
mudança na formação não se pode reduzir ao plano dos conteúdos ou conhecimentos, 
mesmo que a sua ampliação dê conta dos novos contextos, clientelas e problemas com os 
quais o psicólogo passou a se deparar. “ (BASTOS e ACCHAR, 2006, p 269) 
Ainda em relação aos dilemas profissionais e de formação, autores como Bastos e 
Acchar (2006) denunciam existem falsos dilemas que precisam ser superados na 
contemporaneidade, tais como: deve-se privilegiar uma formação teórica ou 
profissionalizante; ou então, uma formação generalista ou focada em especialidades. 
Não caberia uma discussão profunda sobre esses dilemas, pois eles são reducionistas 
e apenas iluminam as polaridades, sem se ater ao processo de formação como algo 
dialógico, mutável e aberto as novas sociedades, como diriam, não existem um curso 
apenas generalista ou especialista, na Psicologia, esses polos se mesclam e concluem 
uma formação cuidadosa e ampla. 
Uma das preocupações do CFP (2012) diz respeito ao cunho mercantilista que alguns 
cursos e especializações de Psicologia assumem para responder ao mercado, muitas 
vezes desligando-se das demandas psicossociais mais veementes. Estudiosos da 
profissão, como Mitsuko Antunes reafirmam a necessidade da Psicologia estar atenta 
a uma atuação comprometida e ligada com as reais necessidades da população. 
O Conselho Federal de Psicologia (2012) afirma que apesar dessas questões 
delicadas, o panorama da Psicologia Brasileira é otimista pela amplitude de atuação e 
o comprometimento político, pois: 
“com todas essas mudanças, a Psicologia pode continuar crescendo em sintonia com os 
anseios e necessidades da sociedade brasileira. O profissional de hoje está muito mais 
comprometido na construção das políticas públicas. O universo da área conta com mais de 
50 mil profissionais atuando no Sistema Único de Saúde (SUS), na Assistência Social, na 
Justiça, na Segurança Pública e Forças Armadas.” ( CFP, 2012, p.6) 
 
BIBLIOGRAFIAS BASICAS: 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicólogo Brasileiro: construção de 
novos espaços. SP: Ed Alínea. 2010. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. 50 anos de profissão ( Edição Especial). 
Jornal do Federal. Ano XXIII, No 104,Jan/Ago 2012. 
BASTOS&ACHCAR. Dinâmica profissional e formação do psicólogo: uma perspectiva 
de integração. IN CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicólogo Brasileiro: 
práticas emergentes e desafios para a formação.. SP: Ed Casa do Psicólogo, 2006. 
MAIORINO, F. A intertextualidade ética para além do Código de Ética do 
Psicólogo. Texto mimeo, 2005. 
ROMARO, R. A. Ética na psicologia. São Paulo: Ed. Vozes, 2006. 
 H. YAMAMOTO & V. V. GOUVEIA (Orgs.), Construindo a Psicologia brasileira: 
desafios da ciência e prática psicológica . São Paulo: Ed Casa do Psicólogo, 2003. 
 
BIBLIOGRAFIAS COMPLEMENTARES 
DANTAS, Jurema B. Formar psicólogos: por quê? Para quê? Fractal: Revista de 
Psicologia, v. 22 – n. 3, p. 621-636, Set./Dez. 2010 
LHULLIER, LOUISE A. (org)?Quem é a Psicóloga brasileira? Mulher, Psicologia e 
Trabalho / Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2013. 
 
Uma Reflexão Inquietante: Com um cenário profissional universitário cada vez mais 
competitivo e especializado, como uma profissão generalista, como a psicologia deve 
se preocupar com sua formação? Você acha que a psicologia deve se especializar 
crescentemente?

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