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LIVRO DIREITO DE FAMÍLIA I 2017.docx

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Este material não pode ser disponibilizado (virtualmente, fisicamente, ou qualquer outra forma) para outras pessoas além dos alunos do Autor do Material:
 ANDERSON NOGUEIRA OLIVEIRA 
DIREITO CIVIL
DIREITO DE FAMÍLIA
Anderson Nogueira Oliveira
São Paulo
2017
goo.gl/B7PDbS
	
DIREITO CIVIL | Direito de Família 
	
	ANDERSON NOGUEIRA OLIVEIRA	
Doutorando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP. Mestre em Direito pela Universidade Nove de Julho (Uninove). Pós-graduado em Direito Empresarial. Graduado em Direito. Graduado em Técnica Legislativa pela Uninove. Fundador e Diretor do Instituto de Pesquisa Avançada em Direito (IPA-DIR). Ex-Diretor da ANPG, FEPODI e Presidente da Comissão de Pós-graduandos e Acadêmicos de Direito da OAB-SP de Pinheiros. Orientador do Núcleo de Prática Jurídica da Uninove. Advogado. Parecerista Acadêmico. Autor de Obras Jurídicas.
SUMÁRIO
1. FAMÍLIA: EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA
3. CONCEPÇÃO CONSTITUCIONAL DE DIREITO DE FAMÍLIA
4. CASAMENTO
4.1. CAPACIDADE
4.2. IMPEDIMENTOS
4.3. CAUSAS SUPERVENIENTES DO CASAMENTO
4.4. DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO E CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
4.5. RESPONSABILIDADE PRÉ-NEGOCIAL DO CASAMENTO
4.6. PROVA DO CASAMENTO
4.7. EFEITOS E DEVERES DO CASAMENTO
4.8. INVALIDADE DO CASAMENTO
5. REGIME DE BENS
5.1. PRINCÍPIOS BASILARES DO REGIME DE BENS
5.2. ADMINISTRAÇÃO E DISPOSIÇÃO DOS BENS DO CASAL
5.3. REGRAS DO PACTO ANTENUPCIAL
5.3. REGRAS ESPECIAIS DO REGIME DE BENS
5.3.1. Comunhão Parcial de Bens
5.3.2. Comunhão Universal de Bens
5.3.3. Separação Total de Bens (convencional)
5.3.4. Separação Legal de Bens
5.3.5. Participação Final nos Aquestos
6. DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
6.1. DISSOLUÇÃO APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 66 DE 2010
6.2. ESPÉCIES DE CAUSAS TERMINATIVAS
6.3. PROCEDIMENTO DO DIVÓRCIO 
7. UNIÃO ESTÁVEL
7.1. DIFERENÇA ENTRE UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO
7.2. EFEITOS PESSOAIS E PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL
7.3. DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
8. DO BEM DE FAMÍLIA
8.1. BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO
8.2. BEM DE FAMÍLIA LEGAL
	Direito Civil
	Direito de Família
	Capítulo I
	FAMÍLIA: EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1. FAMÍLIA: EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
A compreensão jurídica da família é regulamentada por normas positivadas, mas sofre muitas influências da doutrina, jurisprudência e pela mudança dos costumes da sociedade. Logo, influência-se por diversos institutos jurídicos, inclusive pelo fenômeno da constitucionalização do direito civil, tendo influenciado até em sua natureza jurídica, como destacado a seguir:
1.1. DIREITO EXISTENCIAL E PATRIMONIAL
As normas do Direito de Família estão relacionadas com o Direito Existencial, com base na Dignidade da Pessoa Humana, por isso possui características importantes, dentre elas destaca-se que elas possuem um caráter misto, ou seja, tando de caracter existencial como patrimonial, conforme classifica Flávio Tartuce:[0: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 02.]
a) Direito Existencial: 
São aquelas de Ordem Pública\Cogentes, pois são parte do Direito Existencial da pessoa humana. Neste caso, sua renúncia deve ser considerada como NULA. Como exemplificação, destaca-se o caso da renúncia dos alimentos (Art. 166, VI do Código Civil).
b) Direito Patrimonial
Há normas no Direito de Família de natureza privada, tais como, o próprio regime de bens do casamento que possibilita a autonomia privada das partes (Art. 1.639 a 1688 do Código Civil).
1.2. RUMOS DO DIREITO DE FAMÍLIA NO SÉCULO XXI
É cada vez mais evidente a transformação do Direito de Família. Neste caso, Eduardo de Oliveira Leite apresenta algumas características desta transformação: [1: LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 33]
a) Estatização: interferência do Estado na relação privada;
b) Retratação: substituição da família patriarcal pela família nuclear;
c) Proletarização: o domínio familiar não é realizado apenas por aquele que sustenta a família, ou seja, quem detém o dinheiro não manda sozinho na família.
d) Desencarnação: substituição do elemento religioso pelo elemento psicológico.
e) Dessacralização: família deixa de ser elemento sagrado, com forte influência católica, passando a ser guiada pela ampla liberdade individual na sua constituição.
f) Democratização: prevalece a transformação da visão hierárquica para a concepção do companheirismo. Neste caso, todos os membros da família passam a ter voz com direitos e deveres recíprocos.
	Direito Civil
	Direito de Família
	Capítulo II
	PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA
Em regra, muitos princípios podem ser considerados cláusulas abertas/ janelas abertas, ou seja, conceitos legais indeterminados, mas que a doutrina e a jurisprudência buscaram sua melhor compreensão, conforme será exposto a seguir:
2.1. HORIZONTALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Primeiramente, cumpre observar que Direitos Humanos é diferente de Direitos Fundamentais, pois o último refere-se aos Direitos Humanos Constitucionalizados, logo, possuem aplicação em âmbito nacional mais palpável. Neste caso, quanto a doutrina refere-se à Horizontalização dos Direitos Fundamentais refere-se na verdade sobre o reconhecimento da existência e aplicação dos preceitos constitucionais nas relações particulares, ou seja, possui aplicação imediata, conforme propagou Daniel Sarmento:
É indispensável no contexto de uma sociedade desigual, na qual a opressão pode provir não apenas do Estado, mas de uma multiplicidade de atores privados, presentes em esferas como o mercado, a família, a sociedade civil e a empresa.[2: SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 223]
Logo, verifica-se que a família está cada vez mais interligada com a concepção constitucional do Direito, bem como os Direitos Humanos, conforme ressalta Paulo Lobo: “Liberdade, justiça, solidariedade são os objetivos supremos que a Constituição brasileira (art. 3º, I) consagrou para a realização da sociedade feliz, após duzentos anos da tríade liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa”.[3: LÔBO, Rodrigo. Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 16.]
2.2. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O artigo 1º, III da Constituição Federal de 1988 estabelece tal princípio como um dos FUNDAMENTOS do Estado Democrático de Direito. Assim, trata-se de um “superprincípio” ou “princípio dos princípios” nas palavras de Flávio Tartuce.[4: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 06]
 Neste contexto, segundo o Ministro do STF Luiz Edson Fachin em seu livro “Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo” estamos diante da PERSONALIZAÇÃO, REPERSONALIZAÇÃO e DESPATRIMONIALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO, pois o patrimônio perde a importância, enquanto a pessoa é supervalorizada.[5: FACHIN, Luiz Edson. Estatuto jurídico do patrimônio mínimo. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 30-56.. ]
Vale ressaltar que muitos leigos sentem dificuldade em compreender tal superprincípio, por isso Ingo Wolfgang Sarlet conceitua da seguinte forma:
 
O reduto intangível de cada indivíduo e, neste sentido, a última fronteira contra quaisquer ingerências externas. Tal não significa, contudo, a impossibilidade de que se estabeleçam restrições aos direitos garantias fundamentais, mas as restrições efetivadas não ultrapassem o limite intangível imposto pela dignidade da pessoa humana.[6: SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais. 5 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 124.]
Cumpre observar que este princípio possui aplicação prática, inclusive na jurisprudência mais vanguardista, conforme será a seguir exposto:
a) Impenhorabilidade da residência de pessoa solteiraJURISPRUDÊNCIA: Penhorar a residência de pessoa solteira fere a Dignidade da Pessoa Humana
	PROCESSUAL – EXECUÇÃO - IMPENHORABILIDADE – IMÓVEL - RESIDÊNCIA – DEVEDOR SOLTEIRO E SOLITÁRIO – LEI 8.009/90. - A interpretação teleológica do Art. 1º, da Lei 8.009/90, revela que a norma não se limita ao resguardo da família. Seu escopo definitivo é a proteção de um direito fundamental da pessoa humana: o direito à moradia. Se assim ocorre, não faz sentido proteger quem vive em grupo e abandonar o indivíduo que sofre o mais doloroso dos sentimentos: a solidão. - É impenhorável, por efeito do preceito contido no Art. 1º da Lei 8.009/90, o imóvel em que reside, sozinho, o devedor celibatário” (RESP. 182.223 - SP).
Diante da decisão do STJ mencionada anteriormente, prolatou-se também por aquele Tribunal uma súmula sobre esta questão, com base no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: 
“Súmula 364 do STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.[7: STJ, Superior Tribunal de Justiça.]
b) O abandono afetivo de familiar fere a Dignidade da Pessoa Humana
	JURISPRUDÊNCIA: Abandono Afetivo viola o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e gera direito à indenização.
	1ª DECISÃO - CONDENAÇÃO EM 200 SALÁRIOS MÍNIMOS - PORÉM REFORMADA PELO STJ.
“EMENTA - INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS - RELAÇÃO PATERNO-FILIAL - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE. A dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana. (Tribunal de Alçada de Minas Gerais, 7ª Câmara de Direito Privado, Apelação Cível 408.555-5. Decisão de 01/04/2004. Relator Unias Silva).
1ª DECISÃO DO STJ FAVORÁVEL À INDENIZAÇÃO PELO ABANDONO AFETIVO:
“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE. 1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 da CF/88. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia – de cuidado – importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico. 4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática – não podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial parcialmente provido.” (STJ, RESP 1.159.242-SP - Min. Nancy Andrighi - 24-04-2012).
2.3. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR
O Princípio da Solidariedade é um desdobramento do PRINCÍPIO DA FRATERNIDADE, pois o segundo princípio mencionado (fraternidade) refere-se a concepção horizontal entre as pessoas (todos como iguais - irmãos - ideia da Revolução Francesa e também de Jesus Cristo). Já o primeiro princípio (solidariedade) age de forma vertical, ou seja, aceita-se que exista diferença entre seus membros , mas aquele com maior poder deve auxiliar quem precisa, por isso desdobramento da concepção fraterna do direito.[8: OLIVEIRA. Anderson Nogueira. Realização do “Welfare Mix” pelas empresas transnacionais: funcionalização e desafios do direito. Dissertação de Mestrado em Direito pela Universidade Nove de Julho. São Paulo: UNINOVE, 2014, p. 50-87.]
Neste sentido, cumpre observar que o princípio da solidariedade possui o intuito de auxílio e reciprocidade uns com os outros. Como exemplificação da sua efetivação ressalta-se o artigo 1.694 do Código Civil que trata não apenas na solidariedade formal, mas também da solidariedade material, ou seja, possui instrumentos para sua realização na prática, conforme veremos a seguir:
Código Civil - Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.[9: BRASIL, Código Civil de 2002.]
2.3.1. DESPESAS PASSÍVEIS DE COBRANÇA NA AÇÃO DE ALIMENTOS
a) NATURAIS: ora subsistência – comida, moradia, vestuário e cura.
Código Civil - Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694. 
Art. 1694 (CC). [...] 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. 
Art. 1.704 (CC). Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. 
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. 
b) CIVIS OU CÔNGRUOS: além dos naturais, as despesas de cunho moral, tais como educação, lazer, entre outras.
Código Civil - Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. 
	JURISPRUDÊNCIA: O que pode cobrar nos alimentos 
	“Assim, deve ser reconhecido o caráter alimentar de todas as verbas incluídas nas categorias moradia (condomínio, luz, água e impostos relativos ao imóvel habitado pelas agravantes), alimentação, educação (colégio, material escolar), saúde (médicos, dentistas, plano de saúde, farmácia), lazer (clube social, TV a cabo, Internet, telefone), vestuário (roupas), higiene, e transporte, desde que devidamente comprovado o pagamento nos autos pelo agravante  (TJSC. AI 2006.020867-3. Rel.: Luiz Carlos Freysleben. Dj 29/11/07).
2.3.2. FORMAS DE ALIMENTOSb
a) Não Definitivo: fixados por tutela de urgência 
I - Provisionais: tutela de urgência – não há prova pré-constituída de credor/ indícios. 
Código de Processo Civil - Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Código Civil - Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça.
CC - Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual.II - Provisórios: inaudita altera parte – decorrente da lei 5478/68 e parágrafo segundo do artigo 300 do CPC– há prova pré-constituída decorrente de parentesco, como no caso do casamento ou união estável. 
Código de Processo Civil – Art. 300, § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
Código Civil - Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
b) Definitivo: fixados por sentença transitada em julgada 
Código Civil - Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
2.3.3. PRESCRIÇÃO DOS ALIMENTOS
a) EXPROPRIAÇÃO
Código Civil - Art. 206 Prescreve: 
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem 
Observação: IMPEDIMENTO DE PRAZO PRESCRICIONAL
Código Civil - Art. 197. Não corre a prescrição:
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
2.4. PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS 
Em conformidade com o artigo 1596 do Código Civil e artigo 227 da CF, §6º da CF-88: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.[10: BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.]
Observação: inexiste a figura de filho legítimo e ilegítimo previsto no Código Civil de 1916, embora já houvesse sido revogada tal previsão pela Lei 8.560-92. Logo, houve a efetivação do princípio constitucional da isonomia ou também denominado como igualdade em sentido amplo.[11: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 15.]
Portanto, até os filhos biológicos, adotivos ou havidos por inseminação artificial heteróloga (com material genético de terceiro) possui os mesmos direitos.
2.5. PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS CÔNJUGES E COMPANHEIROS
Assim como existe a igualdade entre os filhos, também persiste a concepção constitucional de igualdade entre os cônjuges e companheiros, conforme previsto no artigo 226, § 5 e artigos 1511 e 1723 do Código Civil: 
Código Civil - Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
2. 5.1. CONSEQUÊNCIAS PROCESSUAIS NO NOVO CPC
Após amplo debate sobre o princípio da igualdade na família no processo judicial, muitos defensores começaram a questionar o antigo Código de Processo Civil (CPC), pois previa que a ação judicial deveria ser proposta no domicílio da mulher. Desta forma, o novo CPC prevê a efetivação desta igualdade no processo que tiverem mulheres como parte, conforme dispõe o novo Codex:
.
Código de Processo Civil - Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
2.6. PRINCÍPIO DA IGUALDADE NA CHEFIA FAMILIAR
Trata-se de mais um desdobramento do princípio da igualdade que ocasionou a mudança da visão hierárquica para a FAMÍLIA DEMOCRÁTICA ou também denominada DIARQUIA. Neste sentido:
Código Civil - Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:(...)
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
Como visto, houve a substituição do “pater poder” para o PODER FAMILIAR, conforme previsto no artigo 226, § 6º da CF-88 e no artigo 1566, incisos III, IV e V do Código Civil.
2.7. PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO \ LIBERDADE
Em regra, não cabe ao Estado qualquer intervenção na família, conforme previsto no artigo 1.513 do Código Civil: “É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família”.
Contudo, existem exceções, previstas em Leis e na Constituição Federal de 1988: 
Constituição Federal - Art. 226, §7 “Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas”.
Art. 226, §8º da CF-88 - “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
Lei da Palmada \ Lei Menino Bernardo (Lei 13.010-2014) (alteração do ECA)
“Art. 18-A - A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.”
Art. 18-B - Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
V - advertência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.”
2.8. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Este princípio tem como base a Princípio da Não Intervenção Familiar, mas como já demonstrado anteriormente, o Estado deve intervir para garantir o melhor interesse do menor de idade. 
Constituição Federal - Art. 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
 Vale ressaltar que a leidefine a classificação entre: criança, adolescente e jovem (todos mencionados na Constituição, mas não especificou na Carta Magna):
a) Criança (entre 0 a 12 anos incompletos) - regulamentado pelo ECA (Lei 8.069-1990)
b) Adolescente (entre 12 a 18 anos incompletos) - regulamentado pelo ECA (Lei 8.069-1990)
c) Jovem (entre 15 a 29 anos de idade) - regulamentado pelo Estatuto da Juventude (Lei 12.825-2013).
2.8.1. GUARDA COMPARTILHADA COMO DESDOBRAMENTO DESTE PRINCÍPIO
A Lei 11.698-2008 alterou substancialmente os artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil ao trazer como regra a figura da guarda compartilhada em relação à guarda unilateral ou a guarda alternada (guarda da mochila).[12: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 22]
2.9. PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
Trata-se de um princípio IMPLÍCITO na Constituição Federal de 1988, mas é inegável sua existência como princípio jurídico no Direito de Família. Neste sentido, João Baptista Villela defende a DESBIOLOGIZAÇÃO DA PATERNIDADE com base na afetividade como fundamento familiar.[13: VILLELA, João Baptista. Desbiologização da paternidade. Revista da Faculdade de Direito da UFMG, Nº 21, maio de 1979.]
Enunciado 103 do CJF - o Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade socioafetiva, fundada na posse do estado de filho.
Enunciado 256 do CJF - A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil
Enunciado 341 do CJF - Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva pode ser elemento gerador de obrigação alimentar.
Como visto nos enunciados acima, o afeto pode configurar inclusive a paternidade, bem como a possibilidade dos alimentos como consequência da paternidade socioafetiva.
2.9.1. DEVER IMPOSTO AOS PAIS, FILHOS E DEMAIS PARENTES
Segundo Paulo Lôbo, o princípio da afetividade configura-se como um dever imposto aos pais, aos filhos e aos demais parentes entre si, e se entrelaça inevitavelmente com a dignidade humana, com os princípios da solidariedade e da convivência familiar.[14: LÔBO, Paulo. Direito Civil - Família. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 71-72]
2.9.2. DIFERENÇA ENTRE AFETO E AMOR
Urge ressaltar que o termo “afeto” não está sendo empregado no sentido de “amor”, uma vez tratar-se de um sentimento subjetivo inerente ao próprio ser humano, cuja manifestação por muitas vezes independe da vontade deste, mas sim, no sentido de assistência psicológica, de fraternidade e solidariedade.
Segundo Maria Berenice Dias, é dever dos pais manter os filhos em sua companhia e conduzir a sua criação e educação. A ilustre autora adverte que a convivência dos filhos com os pais não é direito, é dever, decorrente do poder familiar e da denominada paternidade responsável, prevista no Artigo 226 de nossa Carta Magna.[15: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias – Princípios do Direito de Família. 9ª edição. São Paulo Revista dos Tribunais, 2014, p. 469-470.]
2.9.3. RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ABANDONO AFETIVO
A incidência da responsabilidade civil por abandono afetivo na relação paterno filial vem sendo amplamente discutida, na doutrina e nos tribunais, não havendo ainda um posicionamento uniforme na jurisprudência, em que pese a doutrina se inclina para a incidência deste em alguns casos. De modo a ilustrar a situação no Judiciário, Paulo Lôbo cita três casos que marcaram a discussão sobre o tema. Senão vejamos:
Três casos levados ao Judiciário marcaram a discussão sobre o tema. Primeiro caso (MG): Até́ 6 anos, o autor — que ingressou com a ação após a maioridade — manteve contato regular com seu pai. Após o divórcio dos pais e o nascimento da irmã, fruto de novo relacionamento conjugal do pai, este se afastou definitivamente do filho, ainda que lhe pagando 20% de seus rendimentos líquidos, passando a tratar com ‘rejeição e frieza’. (...) Segundo caso (RS): juiz condenou em 2003 um pai a pagar igualmente 200 salários mínimos à filha porque ‘a educação abrange não somente a escolaridade, mas também a convivência familiar, o afeto, amor, carinho, ir ao parque, jogar futebol, brincar, passear, visitar, estabelecer paradigmas, criar condições para que a criança se auto afirme’. A sentença transitou em julgado, por ter havido revelia. Terceiro caso (SP): o juiz condenou em 2004 um pai a pagar indenização no valor de R$ 50.000,00 por danos morais e tratamento psicológico da filha. O pai a abandonou com poucos meses de vida, quando se separou da mãe para constituir nova família. A jovem abandonada sentiu-se rejeitada e humilhada em razão do tratamento frio dispensado a ela pelo pai (...) submetendo-se, por isso, a tratamento psicológico.[16: LÔBO, Paulo. Direito Civil - Família. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p 311]
Como visto anteriormente, já existem casos concedendo a responsabilidade civil dos pais pelo abandono afetivo. 
2.9.4. RESPONSABILIDADE DOS DEMAIS PARENTES PELO ABANDONO AFETIVO À CRIANÇA OU IDOSO 
Como desdobramento da compreensão do abandono afetivo dos genitores aos filhos, alguns doutrinadores defendem (diretamente ou indiretamente) a extensão da responsabilidade do abandono afetivo aos demais familiares, desde que comprovado a necessidade do afeto para o crescimento da criança. Neste sentido, Paulo Lôbo sustenta que é inobstante do dever dos pais de prestar afeto, com as transformações do núcleo família fomentada pela Constituição Federal de 1988, não há que se restringir o dever de prestar afeto tão somente a eles, até porque, por muitas vezes tais genitores nem sempre se encontram presentes no âmbito familiar diário. Assim, segundo, o dever de prestar afeto e, como consequência, o dever a convivência familiar é um dever imposto aos pais, aos filhos e aos parentes entre si.[17: LÔBO, Paulo. Direito Civil - Família. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 71-72]
Com base nesse raciocínio é perfeitamente aceitável que possa ocorrer o abandono afetivo dos filhos em relação aos pais; avós em relação aos netos; e até mesmo de tios em relação a seus sobrinhos, desde que seja primordial para o pleno desenvolvimento da parte prejudicada. Portanto, sem uma limitação quanto ao grau de parentesco, desde que comprovado o prejuízo pela falta de afeto para o pleno desenvolvimento da pessoa.
Nesta toada, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka afirma que a funcionalização das entidades familiares devem atender à realização da personalidade de seus membros, com especial destaque para a pessoa dos filhos e dos idosos. Por óbvio, tais hipóteses dependerem dos antecedentes fáticos de modo a configurar a inexistência de afeto entre as partes envolvidas e, ainda, a configuração de efetivo dano, devendo ser comprovado, por conseguinte, o ato (omissivo) culposo, o dano e o nexo de causalidade.[18: HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Pressuposto, elementos e limites do dever de indenizar por abandono afetivo. In A ética da Convivência Familiar: sua efetividade no quotidiano dos Tribunais. Cit.(coord. Tânia da Silva Pereira e Rodrigo da Cunha Pereira), Rio de Janeiro: Forense/IBDFAM, 2005, p.9][19: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias – Princípios do Direito de Família. 9ª edição. São Paulo Revista dos Tribunais, 2014, p. 492-493.]
2.9.5. SOBRENOME DO PADRASTO OU MADRASTA - PELA AFETIVIDADE
Como demonstração de que o princípio da afetividade possui suma relevância, a Lei nº 11.924-09 estabeleceu a possibilidade de padrastros e madrastas colocarem seu sobrenome nos enteados (as): 
Lei nº 11.924-09 (alteração da Lei de Registros Pùblicos) - Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público,será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (...)
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.
 
2.10. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA
Segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, compreende como a principal característica contemporânea da função social da família:
A principal função social da família é sua característica de meio para realização dos nossos anseios e pretensões. Não é mais um fim em si mesmo, conforme já afirmamos, mas, sim, o meio social para a busca de nossa felicidade na relação com o outro. [20: GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 98.]
2.10.1. DESDOBRAMENTOS DESTE PRINCÍPIO NA ESCOLHA DA GUARDA 
Segundo Miguel Reale, o princípio da função social tem impacto na escolha da guarda da criança: 
Em virtude dessa função social da família – que a Constituição considera “base da sociedade” – cabe ao juiz o poder-dever de verificar se os filhos devem permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, atribuindo a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e relação de afinidade, de acordo com o disposto na lei específica, ou seja, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990).[21: REALE, Miguel. Função Social da Família no Código Civil . Disponível em: <http://www.miguelreale.com.br/artigos/funsoc.htm>. Acesso em 12 de fevereiro de 2017.]
 
2.11. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA NO DIREITO DE FAMÍLIA
Trata-se de desdobramento da concepção contratual de agir com boa-fé. Assim, segundo Flávio Tartuce, compreende como “PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO DIVERSO” ou também denominado “VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM”, ou seja exige-se coerência comportamental no Direito de Família.[22: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p 31.]
Vale ressaltar que a proibição de comportamento diverso do que realmente deveria agir pode configurar RENÚNCIA TÁCITA DO DIREITO, também conhecido como SUPRESSIO ou SUPRESSÃO DO DIREITO. 
2.11.1. PRESSUPOSTOS PARA EXISTÊNCIA DO SUPRESSIO
Segundo Anderson Schreiber existem quatro pressupostos para configuração da existência do supressio. Quais são:
a) Um fato próprio - conduta inicial;
b) Legítima confiança de outrem na conservação do sentido objetivo da conduta;
c) Comportamento contraditório com este sentido objetivo;
d) Dano ou potencial de dano decorrente da contradição;
Portanto, caso exista uma conduta contraditória que pareça renúncia de direito pode configurar a supressio no Direito de Família, caso o instituto possibilite.
2.11.2. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA É DE ORDEM PÚBLICA
O princípio da boa-fé tem como característica a eticidade, probidade e confiança. Assim, segundo o enunciado 363 do CJF devem ser considerados como de ordem pública:
Enunciado 363 do CJF: Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação. 
 
2.11.3. DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA 
a) PAI BIOLÓGICO NÃO DEVE SOLICITAR ANULAÇÃO DE REGISTRO DE FILHO QUANDO JÁ SABIA DO NASCIMENTO DE SEU FILHO , MAS DEIXOU OUTRO REGISTRAR A CRIANÇA
Como exemplificação da aplicação deste princípio, o STJ decidiu que o pai biológico que já sabia de sua condição de genitor e deixou que outro registrasse a criança e, apenas depois o pai biológico busca a anulação do registro de sua filha para retirar o nome do pai socioafetivo, fere com o Princípio da Boa-fé Objetiva:
 
PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO CIVIL. ANULAÇAO PEDIDA POR PAI BIOLÓGICO. LEGITIMIDADE ATIVA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. PREPONDERÂNCIA.
1. A paternidade biológica não tem o condão de vincular, inexoravelmente, a filiação, apesar de deter peso específico ponderável, ante o liame genético para definir questões relativa à filiação.
2. Pressupõe, no entanto, para a sua prevalência, da concorrência de elementos imateriais que efetivamente demonstram a ação volitiva do genitor em tomar posse da condição de pai ou mãe.
3. A filiação socioafetiva, por seu turno, ainda que despida de ascendência genética, constitui uma relação de fato que deve ser reconhecida e amparada juridicamente. Isso porque a parentalidade que nasce de uma decisão espontânea, frise-se, arrimada em boa-fé, deve ter guarida no Direito de Família.
4. Nas relações familiares, o princípio da boa-fé objetiva deve ser observado e visto sob suas funções integrativas e limitadoras, traduzidas pela figura do venire contra factum proprium (proibição de comportamento contraditório), que exige coerência comportamental daqueles que buscam a tutela jurisdicional para a solução de conflitos no âmbito do Direito de Família.
5. Na hipótese, a evidente má-fé da genitora e a incúria do recorrido, que conscientemente deixou de agir para tornar pública sua condição de pai biológico e, quiçá, buscar a construção da necessária paternidade socioafetiva, toma-lhes o direito de se insurgirem contra os fatos consolidados. 
6. A omissão do recorrido, que contribuiu decisivamente para a perpetuação do engodo urdido pela mãe, atrai o entendimento de que a ninguém é dado alegrar a própria torpeza em seu proveito ( nemo auditur propriam turpitudinem allegans ) e faz fenecer a sua legitimidade para pleitear o direito de buscar a alteração no registro de nascimento de sua filha biológica. 7. Recurso especial provido. (STJ - RESP Nº 1.087.163-RJ. Relatora Ministra Nancy Andrighi, 2011).
b) SUPRESSIO DOS ALIMENTOS AO EX-CÔNJUGE, TENDO EM VISTA A SOLICITAÇÃO DOS ALIMENTOS DEPOIS DE ANOS APÓS A SEPARAÇÃO DE FATO
“Ação de alimentos. Pleito ajuizado por esposa separada de fato, Improcedência da ação. Cabimento. Inércia da autora por aproximadamente seis anos, no exercício de pretender alimentos, acarretou verdadeira SUPRESSIO. Autora, ademais, que admite haver sido auxiliada, neste período, por sua filha. Ausência de demonstração do binômio necessidade\possibilidade. Recursos Improvido (TJSP, Apelação 0004121-24.2008.8.26.0024 de 2012). 
c) SUPRESSIO DA PRISÃO DO ALIMENTANTE NO PROCESSO DE EXECUÇÃO APÓS ANOS DE ATRASO NO PAGAMENTO E INÉRCIA NA PARTE PARA PEDIR A PRISÃO 
“Agravo de instrumento. Execução de alimentos. Prisão. Rito. Art. 733. Ausência de relação obrigacional pelo comportamento continuado no tempo. Criação de direito subjetivo que contraria frontalmente a regra da boa-fé objetiva. Supressio. Em atenção à boa-fé objetiva, o credor de alimentos que não recebeu nada do devedor por mais de 12 anos permitiu com sua conduta a criação de uma legítima expectativa no devedor e na efetividade social de que não haveria mais pagamento e cobrança. A inércia do credor em exercer seu direito subjetivo de crédito por tão longo tempo, e a consequente expectativa que esse comportamento gera no devedor, em interpretação conforme a boa-fé objetiva, leva ao desaparecimento do direito, com base no instituto da supressio. Precedentes doutrinários e jurisprudenciais. No caso, o filho deixou de exercer seu direito a alimentos, por mais de 12 anos, admitindo sua representante legal que a paternidade e auxílio econômico ao filho eram exercidos pelo seu novo esposo. Caso em que se mostra ilegal o Decreto prisional com base naquele vetusto título alimentar. Deram provimento. Unânime” (TJRS, Agravo de Instrumento 156211- 74.2011.8.21.7000, Canoas, Oitava Câmara Cível, Rel. Des. Rui Portanova, j. 18.08.2011, DJERS 24.08.2011).
Como visto nos presentes julgados, a boa-fé objetiva tem umaaplicação crucial no exercício dos direitos na área do Direito de Família para que não configure supressio processual.
	Direito Civil
	Direito de Família
	Capítulo III
	CONCEPÇÕES DE FAMÍLIAS
3. CONCEPÇÕES DE FAMÍLIAS 
Em regra possui duas concepções: constitucional e doutrinária, conforme será apresentado a seguir:
3.1. CONCEPÇÃO CONSTITUCIONAL DE FAMÍLIA 
Tendo em vista o texto constitucional de 1988, em especial o artigo 226, pode-se dizer que a família é decorrente dos seguintes institutos:
3.1.1. CASAMENTO CIVIL
Ato solene, sendo gratuita a sua celebração e tendo efeito civil o casamento religioso, nos termos do artigo 226, §1 e 2º.
Constituição Federal - Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. (...)
3.1.2. UNIÃO ESTÁVEL 
Forma flexibilizada pela Constituição Federal para efetivar a família, sem por caráter a informalidade na sua constituição familiar, sendo que a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento.
Constituição Federal- Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (...)
3.1.3. ENTIDADE MONOPARENTAL
Família formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Embora prevista na constituição, inexiste qualquer outra regulamentação no Código Civil ou lei especial.
Constituição Federal. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...)
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. (...)
Vale ressaltar que os tribunais entendem que não se trata de um rol taxativo, mas sim um ROL EXEMPLIFICATIVO. Logo, admite outras formas de família.
3.2. FORMAS DOUTRINÁRIAS DE ENTIDADES FAMILIARES
Segundo Maria Berenice Dias, as entidades familiares podem ser:[23: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 41.]
3.2.1. FAMÍLIA MATRIMONIAL: decorrente do casamento.
3.2.2. FAMÍLIA INFORMAL: decorrente da união estável.
3.3.3. FAMÍLIA MONOPARENTAL: constituída pelo vínculo existente entre um dos genitores e seus filhos.
3.3.4. FAMÍLIA HOMOAFETIVA: decorrente da união entre pessoas do mesmo sexo, já reconhecida pelo STJ e STF (informativo 486 do STJ e informativo 625 do STF).
3.3.5. FAMÍLIA ANAPARENTAL: decorrente da convivência entre parentes ou pessoas, ainda que não parentes (desde que estejam em uma estruturação com identidade e propósito.
Exemplo: irmãs que moram juntas, mas não possuem a presença do pai ou mãe.
3.3.6. FAMÍLIA EUDEMONISTA: família com base no vínculo afetivo que busca a felicidade individual, vivendo em um processo de emancipação dos seus membros. 
Observação: como exemplo da supervalorização do Princípio da Afetividade, várias decisões em diferentes regiões do país admitem a POLIAFETIVIDADE \ POLIAMOR \ FAMÍLIA MOSAICO \ FAMÍLIA PLURIPARENTAL. [24: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p 36-38.]
	Direito Civil
	Direito de Família
	Capítulo IV
	CASAMENTO
4. CASAMENTO
a) Conceito de Casamento:
Segundo Flávio Tartuce é “a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado em vínculo de afeto.”[25: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p 43.]
	JURISPRUDÊNCIA: Impossibilidade do cartório não aceitar casamento homoafetivo
	“REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS. Recurso interposto contra sentença que indeferiu a habilitação para o casamento entre pessoas do mesmo sexo - orientação emanada em caráter definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 4277), seguida pelo Superior Tribunal de Justiça (REsp. 1, 183.378) - Impossibilidade de a via administrativa alterar tendência sacramentada na via jurisdicional - Recurso provido” (TJ-SP - Apelação Cível - 0010043-42.2012.8.26.0562).
Ainda em 2012 o desembargador e corregedor do TJ-SP (José Renato Nalini), baixou o provimento estabelecendo a obrigatoriedade dos cartórios de realizarem casamento de pessoas do mesmo sexo, bem como a possibilidade de união estável e sua conversão em casamento. Ressalta-se que o desembargador supracitado, anos seguintes, foi eleito presidente do TJ-SP. Já em 2013 o Conselho Nacional de Justiça obrigou os cartórios do Brasil em realizarem casamentos, bem como converter união estável em casamento, quando solicitado pelas partes.
Provimento da Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo 41-2012 - Art. 88. “Aplicar-se-á ao casamento ou a conversão de união estável em casamento de pessoas do mesmo sexo as normas.”
Resolução 175 de 2013 - CNJ - Art. 1º. É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. 
Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis.
b) Princípios basilares do casamento
I - PRINCÍPIO DA MONOGAMIA
Trata-se da concepção familiar monogâmica, sendo que a hipótese de segundo casamento gerará a nulidade do casamento e consequente punição criminal, conforme previsto no Código Penal.
Código Civil - Art. 1.521. Não podem casar: (...)
VI - as pessoas casadas.
Código Civil - Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: (...)
II - por infringência de impedimento.
Código Penal - Bigamia - Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
II - PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE UNIÃO
É um desdobramento do princípio da autonomia privada, bem como os direitos de primeira geração \ dimensão dos Direitos Humanos.
Código Civil - Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família
III - PRINCÍPIO DA COMUNHÃO DE VIDA \ COMUNHÃO INDIVISA 
Regido pela concepção de igualdade, reciprocidade e fidelidade entre os cônjuges:
Código Civil - Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
Neste caso, “os nubentes comungam os mesmos ideais, renunciando os intuitos egoístas ou personalistas, em função de um bem maior que é a família”.[26: LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil aplicado. São Paulo: RT, 2015, p, 25]
 
c) Acessibilidade ao casamento às classes mais pobres
Código Civil - Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
Todo cartório celebra casamento gratuito no DIA DEFINIDO PELO CARTÓRIO, mas NÃO EXISTE NORMA NACIONAL QUE ESTABELEÇA A RENDA MÍNIMA para conseguir a isenção do pagamento do casamento, porém a lei exige a declaração de pobreza, que deverá ser assinada pelos noivos. Apesar de tudo, a declaração de pobreza não possui caráter absoluto, ou seja, pode não ser o único documento exigido para provar a situação jurídica de pobreza. De qualquer maneira, o principal passo é de entrar em contato com o cartório que os noivos pretendem se casar para sanar todas as dívidas referente a esse tipo de casamento.
d) Momento do aperfeiçoamento do casamentoVale ressaltar que antes do casamento possui o processo de habilitação (art. 1.525 - 1532 do Código Civil) que será analisado posteriormente.
Código Civil - Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
4.1. CAPACIDADE PARA CASAR
a) Diferença entre incapacidade e impedimento
I - INCAPACIDADE: retrata a não possibilidade de se casar com qualquer pessoa; 
II - IMPEDIMENTO: refere-se apenas a limitação do matrimônio em situações específicas;
b) Apenas os menores de 16 anos são incapazes
Após o Estatuto de Pessoas Deficientes de 2015, deficientes mentais e enfermos não são absolutamente incapazes, por isso não são incapazes para casarem. Apenas os menores de 16 anos não possuem a IDADE NÚBIL.
Código Civil - Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Código Civil - Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
Enunciado 512 do CJF: O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado. 
b) Possibilidade de revogação da autorização pelos pais e tutores do casamento dos absolutamente incapazes 
Enquanto não houver a celebração do casamento, os pais e tutores podem revogar a autorização ao absolutamente incapaz, mas esta recusa deve ser justa, pois o JUIZ PODE SUPRIR A RECUSA DOS PAIS OU TUTORES, conforme descrito no artigo 1.518 do Código Civil..
 
Código Civil - Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
Código Civil - Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
c) Casamento de absolutamente incapaz como perdão da pena - TACITAMENTE E PARCIALMENTE REVOGADO
Antes da mudança no Código Penal que trouxe a espécie “ESTUPRO DE VULNERÁVEL” era permitido o casamento de pessoas que tivessem menos de 16 anos para evitar cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Contudo, após a Lei nº 12.015 de 2009 passou a ser inconcebível aceitar aos menores de 14 ANOS, pois “presume-se estupro” mesmo que seja concedido a relação sexual. Logo, não pode casar-se, pois a relação sexual é proibida. Já na hipótese das pessoas entre 14 à menos de 16 anos de idade o juiz deve analisar individualmente o caso para saber se aceita o casamento como preceitua o artigo 1520 do Código Civil. Portanto, o mencionado artigo foi parcialmente e tacitamente revogado pelo Código Penal 
 
Código Civil - Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Código Penal - Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) - Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 	
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 	 
§ 4o Se da conduta resulta morte: 	
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
4.2. IMPEDIMENTOS AO CASAMENTO
Trata-se de um ROL TAXATIVO, sendo que suas hipóteses estão restritas ao artigo a seguir:
b) Graus de parentesco e seus impedimentos
	TABELA DE GRAUS DE PARENTESCO
	LINHA COLATERAL FEMININA
	LINHA RETA
	LINHA COLATERAL MASCULINA
	 
	 
	 
	TRISAVÓ (Ô)
 
(4º grau)
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	BISAVÓ (Ô)
 
(3º grau) 
	 
	 
	 
	TIA-AVÓ
 
(4º grau)
	 
	 
	AVÓ (Ô)
 
(2º grau)
	 
	 
	TIO-AVÔ
 
(4º grau) 
	FILHA DA TIA-AVÓ
 
(5º grau)
	TIA
 
(3º grau) 
	 
	PAI – MÃE
 
(1º grau)
 
	 
	TIO
 
(3º grau) 
	FILHO DO TIO-AVÔ
 
(5º grau 
	NETA DA TIA-AVÓ
 
(6º grau)
	PRIMA
 
(4º grau) 
	IRMÃ
(cunhada)
 
(2º grau) 
	EU
(parentes em linha reta do cônjuge - infinito)
	IRMÃO
(cunhado)
 
(2º grau) 
	PRIMO
 
(4º grau) 
	NETO DO TIO-AVÔ
 
(6º grau
	BISNETA DA TIA-AVÓ
 
(7º grau)
	FILHA DA PRIMA
 
(5º grau) 
	SOBRINHA
 
(3º grau) 
	FILHO (A)
 
(1º grau)
 
	SOBRINHO
 
 
(3º grau
	FILHO DO PRIMO
 
(5º grau)
 
	BISNETO DO TIO-AVÔ
 
(7º grau)
 
	TRISNETA DA TIA-AVÓ
 
(8º grau)
 
	NETA DA PRIMA
 
(6º grau)
 
	NETA DA IRMÃ
 
(4º grau)
 
	NETO (A)
 
(2º grau)
 
	NETO DO IRMÃO
 
(4º grau)
 
	NETO DO PRIMO
 
(6º grau)
 
	TRINETO DO TIO-AVÔ
 
(8º grau)
 
	TETRANETA
 
(9º grau)
	BISNETA DA PRIMA 
(7º grau)
	BISNETA DA IRMÃ
 
(5º grau)
	BISNETO (A)
 
(3º grau) 
	BISNETO DO
IRMÃO
(5º grau) 
	BISNETO DO PRIMO
 
(7º grau) 
	TETRANETO
 
(9º grau) 
	 
	TRISNETA DA PRIMA
 
(8º grau) 
	TRINETA DA IRMÃ
 
(6º grau) 
	TRINETO (A)
 
(4º grau)
	TRINETO DO IRMÃO
(6º grau)
	TRINETO DO PRIMO
 
(8º grau) 
	
	SIGNIFICADO DAS CORES DA TABELA
	
	AMARELO: parentes em linha reta (infinito) do cônjuge são impedidos.
	
	VERDE: parente linha reta impedidos
	
	AZUL: parente linha colateral impedidos
	
	BRANCO: parente linha colateral não impedidos
a) Impedimentos decorrente de parentesco consanguíneo
I - ASCENDENTES COM DESCENDENTES ATÉ O INFINITO
Objetiva IMPEDIR INCESTO, bem como evitar problemas congênitos à prole: EUGENIA (Art, 1521, I do Código Civil). 
II - COLATERAIS ATÉ TERCEIRO GRAU 
Em regra, os parentes colaterais até terceiro grau não podem se casar, conforme determina o artigo 1.521, IV do Código Civil.
Observação: - Salvo nos casos de tios (as) e sobrinhos (as): pois podem casar se comprovar com laudos médicos a falta de impedimento à saúde da prole. Neste caso, estamos diante do CASAMENTO AVUNCULAR.
Enunciado 98 do CJF: O inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-lei n. 3.200/41, no que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau. 
Decreto nº 3.200-41: Art. 1º: O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro grau, é permitido nos termos do presente decreto-lei.
Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na realização do matrimônio. 
§ 1º Se os dois médicos divergirem quanto a conveniência do matrimônio, poderão os nubentes, conjuntamente, requerer ao juiz que nomeie terceiro, como desempatador.
§ 2º Sempre que, a critério do juiz, não for possível a nomeação de dois médicos idôneos, poderá ele incumbir do exame um só médico, cujo parecer será conclusivo.
§ 3º O exame médico será feito extrajudicialmente, sem qualquer formalidade, mediante simples apresentação do requerimento despachado pelo juiz.
IV - PARENTESCOS POR AFINIDADE EM LINHA RETA
Trata-se de impedimentos morais que durammesmo após o término do casamento (Art. 1.521, II do Código Civil. 
Exemplo: casar com sogra ou sogro.
Código Civil - Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. (...)
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
V - PARENTESCO CIVIL FORMADO PELA ADOÇÃO 
São aplicáveis as mesmas regras dos filhos consanguíneos (Art. 1.521, III e V do Código Civil). Logo, o filho adotado pode casar com a irmã do adotante, pois é apenas tia dele. 
VI - VÍNCULO MATRIMONIAL \ PESSOAS CASADAS
A pessoa casada não pode casar novamente enquanto estiver seu vínculo conjugal (Art. 1.521, VI do Código Civil), sob o risco de cometer BIGAMIA.
VII - DECORRÊNCIA DE CRIME \ PROIBIDO CÔNJUGE SOBREVIVENTE CASAR COM CONDENADO PELO CRIME (OU TENTATIVA) DE HOMICÍDIO CONTRA SEU CONSORTE
Trata-se de HOMICÍDIO (OU TENTATIVA) DE CRIME DOLOSO contra o ex-cônjuge ou companheiro desde que tenha a SENTENÇA TRANSITADO EM JULGADO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA, não se aplicando ao crime culposo, pois neste último caso, não tinha a intenção de cometer o homicídio.
Ressalta-se que esta hipótese está prevista no artigo 1521, VII do Código Civil.
b) Consequência ao impedimento do casamento
Código Civil - Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I (revogado)
II - por infringência de impedimento.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público
c) Prazo para declaração de impedimento
Código Civil - Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Observação: a expressão “juiz” do parágrafo único do Art. 1522 do Código Civil é em sentido amplo, pode ser Juiz de Direito ou de Paz que deve declarar o impedimento.
4.3. DAS CAUSAS SUSPENSIVAS AO CASAMENTO
a) Diferença entre impedimento e causas suspensiva
	ESPÉCIES
	FORMA DE DECLARAR
	MOMENTO DA OPOSIÇÃO
	LEGITIMIDADE PARA REALIZAR A OPOSIÇÃO
	IMPEDIMENTO
	OPOSIÇÃO AO CASAMENTO
(através de declaração escrita, assinada e com provas - Art. 1529 do Código Civil)
	No processo de habilitação até o momento da celebração.
	Juiz, Oficial de Registro, Ministério Público e qualquer interessado.
	CAUSA SUPERVENIENTE
	
	No processo de habilitação até 15 dias após o“proclamas”
	Parentes de linha reta e colateral - consanguíneos ou afins (até segundo grau)
b) Hipóteses que ocorrerá às causas supervenientes ao casamento
I - VIÚVO OU A VIÚVA QUE TIVER FILHO DO CÔNJUGE FALECIDO, ENQUANTO NÃO FIZER INVENTÁRIO DOS BENS DO CASAL E DER PARTILHA AOS HERDEIROS;
Aplica-se SOMENTE SE FOR FILHO DO “DE CUJUS” E DA VIÚVA (Art. 1523, I do Código Civil), pois se não for filho da viúva não há que se falar em imposição de regime de bens à viúva.
Observação: caso exista a causa superveniente aplicar-se-á DUAS SANÇÕES: A) obrigatoriedade do regime de separação total de bens; B) hipoteca legal em favor dos filhos prejudicados até a partilha do inventário (Art. 1489. II do Código Civil).
EXCEÇÃO: se a viúva fazer prova da ausência de prejuízo para os herdeiros envolvidos, pode casar-se normalmente no regime de bens que o viúvo\viúva quiser (Art. 1523, p. único do Código Civil). 
Exemplo: elaboração de “inventário negativo”, inclusive extrajudicial (Lei. 11.441-07).
II - VIÚVA, OU A MULHER CUJO CASAMENTO SE DESFEZ POR SER NULO OU TER SIDO ANULADO, ATÉ DEZ MESES DEPOIS DO COMEÇO DA VIUVEZ, OU DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL;
Busca-se evitar a confusão dos bens do herdeiro, também conhecida como “TURBATIO \ CONFUSIO SANGUINIS”, pois se a mulher estiver grávida e casar com outro “não saberá” quem é o pai (Art. 1523, II do Código Civil). 
Assim, apesar desta norma está em vigência no Brasil, verifica-se que após a evolução da medicina, tal causa superveniente ficou ultrapassada, pois hoje em dia não precisa esperar tanto tempo para saber se uma mulher está grávida ou não do antigo marido.
EXCEÇÃO: caso prove a ausência de gravidez do antigo marido, pois não haverá confusão nos bens (Art. 1.553, parágrafo único do Código Civil). 
Exemplo: mulher prove que não está grávida do antigo casamento.
III - DIVORCIADO, ENQUANTO NÃO HOUVER SIDO HOMOLOGADA OU DECIDIDA A PARTILHA DOS BENS DO CASAL;
Neste caso, busca-se também evitar a confusão patrimonial, ou seja, aguarda-se a partilha dos bens para que aconteça o novo casamento (Art. 1523, III do Código Civil). 
EXCEÇÃO: caso prove a ausência de prejuízo pode casar normalmente (Art. 1523, parágrafo único do Código Civil).
Exemplo: divórcio consensual extrajudicial sem bens para serem partilhados.
IV - TUTOR OU O CURADOR E OS SEUS DESCENDENTES, ASCENDENTES, IRMÃOS, CUNHADOS OU SOBRINHOS, COM A PESSOA TUTELADA OU CURATELADA, ENQUANTO NÃO CESSAR A TUTELA OU CURATELA, E NÃO ESTIVEREM SALDADAS AS RESPECTIVAS CONTAS.
Trata-se de motivo moral e patrimonial, pois o tutor, curador ou beneficiário dele, tenha interesse em casar-se apenas com interesse nos bens da pessoa incapaz (Art. 1.523, IV do Código Civil).
EXCEÇÃO: caso prove que não haverá prejuízo aos bens da pessoa incapaz (Art. 1523, parágrafo único do Código Civil)
c) Consequência às causas supervenientes do casamento
Não enseja nulidade do casamento, mas outras sanções, tais como:
I - SEPARAÇÃO TOTAL DOS BENS (Art. 1.641, I do Código Civil)
Nesta segunda sanção, caso tenha sido celebrado o casamento com outro regime além da separação total, o casamento será VÁLIDO, mas INEFICAZ, pois será aplicado apenas o regime de separação total de bens. 
Código Civil - Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
Observação: caso durante o casamento não mais exista a causa superveniente, pode o casal alterar o regime de bens (Enunciado 262 do CJF).
Enunciado 262 do CJF - A obrigatoriedade da separação de bens nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art. 1.641 do Código Civil não impede a alteração do regime, desde que superada a causa que o impôs.
II - SUSPENSÃO DO CASAMENTO (Art. 1524, primeira parte, do Código Civil)
Vale ressaltar que a SUSPENSÃO DURA ATÉ A DECISÃO DA AVERIGUAÇÃO da hipótese da causa superveniente para o regime de bens. Logo, caso na averiguação constatar que existe a causa superveniente ao regime de bens, deve ser obrigatoriamente escolhido o Regime de Separação Total, mas caso inexiste a causa superveniente o regime de bens será a escolha dos nubentes. 
d) Quando e quem pode alegar as causas supervenientes
I - PARENTES EM LINHA RETA (CONSANGUÍNEOS OU AFINS)
Exemplo: filho, filha, pai, mãe, avó, avô, sogro, sogra, etc.
II - COLATERAIS ATÉ SEGUNDO GRAU (CONSANGUÍNEOS OU AFINS)
Exemplo: irmão, irmã, cunhado, cunhada.
Código Civil - Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.
4.4. HABILITAÇÃO E CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
4.4.1. PROCESSO DE HABILITAÇÃO
a) Documentos necessários (Art. 1.525 do Código Civil)
I - REQUERIMENTO DA HABILITAÇÃO PELOS NUBENTES OU PROCURADORES;
II - CERTIDÃO DE NASCIMENTO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE;
III - AUTORIZAÇÃO POR ESCRITO DAS PESSOAS CUJA DEPENDÊNCIA LEGAL ESTIVEREM;
IV - DECLARAÇÃO DE DUAS TESTEMUNHAS MAIORES, PARENTES OU NÃO, QUE ATESTEM CONHECER E INEXISTIR IMPEDIMENTO AO CASAMENTO;
V - DECLARAÇÃO DO ESTADO CIVIL E DOMICÍLIO E RESIDÊNCIA DOS CONTRATANTES E SEUS PAIS (CASO TENHA CONHECIMENTO);
VI - CERTIDÃO DE ÓBITO DO FALECIDO \ SENTENÇA DECLARATÓRIA DE NULIDADE OU ANULAÇÃO DO ANTIGO CASAMENTO\ SENTENÇA DO DIVÓRCIO (TAIS PROCESSOS COM SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADA).
b) Processo de habilitação (Art. 1526 do Código Civil) 
I - REALIZADO PELO OFICIAL DO REGISTRO CIVIL;
II - MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO;
Observação: Não é obrigatório a manifestação do ministério Público (salvo havendo necessidade)
Portaria nº37.525/02 - ATO nº 289/2002-Procurador Geral de Justiça /Corregedor Geral do MP (agosto de 2002) - Artigo 1º. Atuando como órgão fiscal da lei (custos legis), o Promotor de Justiça poderá deixar de realizar a verificação preventiva e de manifestar-se nas habilitações de casamento e nos pedidos de conversão da união estável em casamento.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às hipóteses de oposição de impedimento por qualquer interessado (Lei 6.015/73, artigo 67, §5o), de justificação de fato necessário à habilitação (artigo 68 da mesma lei) e de pedido de dispensa de proclamas (artigo 69 da mesma lei).
III - HOMOLOGADO PELO JUIZ;
Observação: Estado de São Paulo não é obrigatório a manifestação do juiz 
Provimento 28-2003 - Corregedoria Geral de Justiça de São Paulo - I. Cuida-se de consulta formulada pela MM. Juíza de Direito em exercício na 2ª Vara de Registros Públicos da Comarca da Capital, tendente a que reste esclarecida a necessidade de remessa, dado o disposto no artigo 1526 do novo Código Civil brasileiro, aos juízes de procedimentos de habilitação de casamento, sugerindo seja reconhecida como cabível a atuação do "juiz de paz". A digna Magistrada enfatiza, também, as evidentes dificuldades materiais de recebimento de todos os procedimentos instaurados na Comarca da Capital, considerado um volume superior a nove mil habilitações mensais. 
II. A consulta deduzida merece, s.m.j., ser conhecida, dada a relevância da matéria em apreço e dada a seriedade natural e necessária ao procedimento habilitatório. 
O artigo 1526 do novo Código Civil brasileiro, cuja vigência iniciou-se no dia 11 de janeiro do corrente, ostenta o seguinte texto: "A habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil e, após a audiência do Ministério Público, será homologada pelo juiz." 
A habilitação constitui o procedimento preparatório do casamento, por meio do qual é feita uma verificação da presença de impedimentos e confirmada a legitimidade negocial de ambos os nubentes para a contratação. Tal procedimento, de origem canônica e adotado pelo legislação pátria quando da instituição do casamento civil, logo após a proclamação da República, apresenta natureza formal, assim como o casamento, tendo, agora, o novo texto legal alterado seu trâmite, antes previsto nos artigos 67 a 69 da Lei Federal 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), em particular o disposto no § 3º do referido artigo 67, adicionando-se uma nova formalidade, correspondente à homologação do juiz. (...).
Em tais hipóteses delimitadas, ao Corregedor Permanente, deve ser facultado, considerada a situação concreta de sua comarca, mediante ato administrativo ordinatório, ou seja, mediante a edição de portaria, ordenar não sejam todas as habilitações remetidas para homologação, mas apenas as acima referidas, dispensando, nos casos excedentes, a homologação. 
III. É este o parecer que submeto ao elevado critério de Vossa Excelência. 
Em caso de aprovação, alvitro seja conferido, ao presente, efeito normativo, efetuando-se sua publicação. (São Paulo, 17 de janeiro de 2003. (a) MARCELO FORTES BARBOSA FILHO, Juiz Auxiliar da Corregedoria ).
Observação: Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) 
IV - OFICIAL PUBLICARÁ O EDITAL DE PROCLAMAS DO CASAMENTO;
V - O PROCLAMAS FICARÁ 15 DIAS FIXADO NO CARTÓRIO DE REGISTRO CIVIL DE AMBOS OS NUBENTES;
Enunciado 513 do CJF: O juiz não pode dispensar, mesmo fundamentadamente, a publicação do edital de proclamas do casamento, mas sim o decurso do prazo. 
VI - PUBLICARÁ NA IMPRENSA LOCAL (SE HOUVER) 
Observação: havendo urgência, poderá dispensar a publicação na imprensa local
Código Civil - Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Exemplos de urgência: Ao ser transferido de local de trabalho, por ordem do seu superior; convocação para a guerra; tomar posse em cargo público, em localidade distinta, necessidade esta inadiável, e que em virtude da função que irá desempenhar; viagem inadiável devidamente comprovada; parto iminente; processo criminal um dos nubentes, etc. 
4.4.2. DO PROCESSO DE OPOSIÇÃO AO CASAMENTO
a) Oposição deve ser escrita, assinada, instruídas de provas ou com a indicação do lugar onde podem ser obtidas;
Código Civil - Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
b) O oficial dará ciência aos nubentes ou seus representantes, sobre a oposição ao casamento
Código Civil - Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
c) Os nubentes terão três dias ou mais para indicar as provas que pretendem produzir
Lei nº 6.015-73 - Art. 67, § 5º (Lei de Registros Pùblicos) - Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo.
Código Civil - Art. 1.530. Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
d) Após o juiz receber os autos, serão produzidas provas e realizará o julgamento
Lei nº 6.015-73 - Art. 67, § 5º (Lei de Registros Pùblicos) - Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo.
e) Caso não tenha fato obstativo, o oficial irá extrair o certificado de habilitação
Código Civil - Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
f) Terá 90 dias após a emissão da habilitação para os nubentes se casarem
Código Civil - Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
4.4.3. CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
a) Do juiz de paz como autoridade competente
Apesar da previsão Constitucional, a JUSTIÇA DE PAZ NÃO FOI REGULAMENTADA DE FORMA UNIFORME NO BRASIL, causando verdadeiros imbróglios jurídicos nesta classe. 
Código Civil - Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Constituição Federal - Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: (...) 
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrarcasamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
Observação: como estão diferentemente regulamentados os juízes de paz nos Estados do Brasil (conforme esclarece Maria Helena Diniz).
“No Estado de São Paulo, a autoridade competente para celebrar o ato nupcial é o Juiz de Casamentos (Dec.-Lei nº 13.375-47; Res. SJDC 26-1997), até que se elabore lei para criar a Justiça de Paz (Constituição do Estado de São Paulo, 1989, art. 89 e Disposições Transitórias, art. 16). Tal juiz, cuja função não é remunerada, é nomeado pelo secretário de Justiça. Cada município tem dois suplentes para o juiz de casamento, que o substituirão em caso de impedimento; No Estado do Rio de Janeiro, era o Juiz de Registro Civil (Dec.-Lei 8.524-1945, art. 67, I) e hoje é o juiz de paz (Constituição Estadual, art. 168, e Res. 6-1997 do CSM); no Estado do Paraná, o Juiz de Direito (Lei Estadual 4.667-62, art. 83, VIII, “c”). Na maioria das unidades federativas o juiz de paz é a autoridade competente, determinada pelas respectivas leis de organização judiciária”. [27: DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro - Direito de Família. vol. 5, 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 98, nota 198]
b) Do local da celebração e suas testemunhas
Código Civil - Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
c) O juiz de paz precisa realizar a declarar casados 
Código Civil - Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Observação: alguns doutrinadores defendem a operabilidade do Direito conforme os usos e costumes desta declaração do juiz de paz.
 
Código Civil - Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
“Neste contexto social, forçoso entender que são possíveis variações na forma de expressão, desde que não prejudique a sua essência. Assim, por exemplo, no caso de casamento homoafetivo, as expressões marido e mulher podem ser substituídas por ‘cônjuges’ ou por outra que os consortes preferirem”.[28: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 66]
d) Haverá suspensão do casamento por ato dos nubentes
Ressalta-se que haverá suspensão mesmo que tais hipóteses serão aplicadas mesmo que sejam com tom jocoso “animus jocandi”:
Código Civil - Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
e) Será lavrado o casamento no Livro de Registro Civil (requisito de eficácia do casamento)
Código Civil - Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial.
4.4.4. CASAMENTOS CELEBRADOS DE FORMAS ESPECIAIS
4.4.4.1. CASAMENTO NOS CASOS DE MOLÉSTIA GRAVE
Código Civil - Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
	JURISPRUDÊNCIA: pode a urgência dispensar o processo de habilitação.
	APELAÇÃO CIVIL. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE REGISTRO DE CASAMENTO. MOLÉSTIA GRAVE DE UM DOS NUBENTES. ART. 1539, CCB. A urgência do ato dispensa os atos preparatórios da habilitação e proclamas. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70013292107, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Raupp Ruschel, Julgado em 11/01/2006)
4.4.4.2. CASAMENTO NUNCUPATIVO \ EM VOZ VIVA \ “IN EXTREMIS VITAE MOMENTIS \ ARTICULO MORTIS
a) Sobre a celebração
Código Civil - Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
b) Procedimento para as testemunhas
Código Civil - Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
c) Do processo de validação do casamento pelo juiz
Segundo Flávio Tartuce, cabe ao Ministério Público intervir para manifestar sobre o casamento nuncupativo para evitar fraudes.[29: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. Vol. 5. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 68]
Código Civil - Art. 1.541. - § 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias.
d) Possibilidade de recurso sobre as decisão que validou ou não o casamento
Código Civil - Art. 1.541. - § 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
e) Efeito “Ex Tunc” da decisão que validou o casamento 
Caso sejam cumpridos todos os requisitos desta espécie de casamento, terá a sentença efeito “ex tunc”,

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