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AULAS 08 e 09 e 10 (PARTE) JURISDIÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA JURISDICIONAL

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JURISDIÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
Aulas 08, 09 e 10 (Parte)
JURISDIÇÃO PENAL 
CONCEITO 
A jurisdição pode ser entendida como uma função/poder/atividade do Estado que tem como finalidade resolver os conflitos que acontecem na sociedade, substituindo os interessados na decisão, para que possa enfim promover a pacificação da lide. 
É “poder”, porque decorre da potestade do Estado exercida de forma definitiva em face das partes em conflito. 
É “função”, pois cumpre a finalidade de fazer valer a ordem jurídica em face de uma lide. 
E, é também “atividade”, já que consiste em uma série de atos e manifestações externas e ordenadas que culminam com a declaração do direito e concretização do que foi consagrado no título.
O resultado da resolução do conflito pela via jurisdicional consuma-se através da sentença, que é o ato pelo qual o juiz decide a lide entre as partes processuais, através da aplicação do Direito ao caso concreto posto em exame.
A palavra jurisdição tem origem latina em jurisdictio, ou seja, juris(direito) e dictio(dizer), ou seja: função de dizer o direito. 
É forma de resolução de conflitos por meio de um terceiro estranho a lide, formando a chamada heterocomposição. 
A jurisdição, contrapõe-se aos conceitos de autotutela a auto composição, em que as partes resolviam os conflitos, seja através da força física na autotutela, seja no consenso ou cessão de direitos na auto composição.
Com a evolução do pensamento humano, atribuiu-se ao Estado a função de dirimir os conflitos que se manifestem no seio social agindo de maneira racional e imparcial, aplicando um conjunto de normas jurídicas pré-existente decidindo de forma a se chegar à justiça.
A Jurisdição atualmente é atribuição primordial do Poder Judiciário, sendo regra que os conflitos e lides existentes sejam submetidos sob seu julgo, contudo excepciona-se tal regra quando a Constituição Federal (art. 52, I) estabelece que o Senado Federal possa processar e julgar o Presidente da República quando se tratar de crimes de responsabilidade.
Segundo Nucci, tendo o Estado o monopólio da distribuição de justiça na esfera penal, evita-se, os efeitos da autotutela, que pode tender a excessos de toda ordem, gerando insegurança e revolta no seio social. 
Assim o Poder Judiciário ao exercer a jurisdição substitui as partes na resolução de conflitos.
Jurisdição é assim, atividade do juiz que aplica o direito em processo regular mediante a provocação de alguém que exerce o direito de ação.
PRINCÍPIOS NA JURISDIÇÃO
A jurisdição, como instituto jurídico, possui vários princípios que visam delimitar sua amplitude, ou até mesmo sua aplicabilidade, disciplinando-a com completude. 
	a) Princípio do juiz natural: este princípio consiste que ninguém poderá ser processado e julgado, senão por meio de quem tenha competência jurisdicional em regras previamente determinada, e que não haverá juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, LIII, XXXVII da CF).
	b) Princípio da investidura: para que a jurisdição possa ser imposta, faz necessário que alguém tenha sido previamente investido no cargo de magistrado e que ainda esteja no exercício de suas atribuições (art. 94 CF).
	c) Princípio da inércia: o magistrado depende da iniciativa das partes, não podendo iniciar, ex officio, uma ação judicial (imparcialidade do juiz).
	d) Princípio da indeclinabilidade: nenhum magistrado pode subtrair-se ao exercício da jurisdição (art. 5.º, XXXV); 
	e) Princípio da improrrogabilidade: salvo em situações excepcionais expressamente previstas, um juiz não pode invadir a competência de outro; 
	f) Princípio da indelegabilidade: este princípio é consequência do juiz natural, impedindo que venha um juiz a delegar sua jurisdição a órgão distinto; 
	g) Princípio da irrecusabilidade: não podem as partes recusar a atuação de determinado juiz, salvo nos casos de impedimento ou suspeição;
h) Princípio da unidade: a jurisdição é uma só, ou seja, exercida com a finalidade de aplicação do direito objetivo ao caso concreto;
	 i) Princípio da correlação: o juiz, ao proferir sentença, deverá observar a exata correspondência entre sua decisão e o pedido incorporado à denúncia e à queixa.
	j) Princípio nulla poena sine judicio- que significa que a pena não pode ser aplicada sem processo anterior. 
	Não basta para a aplicação e execução de pena uma mera atividade administrativa ou policial.
	Não se admite transação entre o agente e o Estado.
	Mesmo que o acusado manifeste expressamente sua culpa e seu desejo de submissão à pena, não poderá o Estado, sem o processo, executar o direito de punir.
	O princípio nulla poena sine judicio- está previsto no art. 345 CP, que tipifica e sanciona o crime de “fazer justiça com as próprias mãos”. 
	Exceção: Lei .099/1995, a qual dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, regulamenta a aceitação de proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade nas infrações penais de menor potencial ofensivo. Trata-se de hipótese excepcional de aplicação de pena sem processo.
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
A Jurisdição caracteriza-se essencialmente por alguns fatores, dentre os doutrinadores os fatores mais citados são:
	Caráter Substitutivo;
	Escopo de Atuação do direito;
	Presença da lide;
	Inércia;
	Definitividade;
	Imparcialidade.
O caráter substitutivo- é o estado chamar para si o dever de manter estável o equilíbrio da sociedade e, para tanto, ocorre a substituição às partes, incumbiu-se da tarefa de administrar a justiça, isto é, de dar a cada um o que é seu, garantindo, por meio do devido processo legal, uma solução imparcial e ponderada, de caráter imperativo, aos conflitos interindividuais.
Escopo de atuação do Estado - o estado criou a jurisdição com a finalidade de que as normas de direito contidas no ordenamento jurídico efetivamente conduzam aos resultados enunciados.
Presença da Lide - a função de dizer o direito sempre se exerce com referência a uma lide que as partes relatam ao estado, pedindo uma solução.
Inércia- os órgãos jurisdicionais têm como características serem inertes, dependendo, pois da provocação das partes.
Definitividade - são suscetíveis de se tornar imutáveis (coisa julgada) não podendo ser revisto ou modificados, uma lide se considerada solucionada para sempre, sem que possa voltar a discuti-la, depois que tiver sido apreciada e julgada pelos órgãos jurisdicionais, cabendo sempre a última decisão ao judiciário.
Imparcialidade- Como o órgão jurisdicional não possui interesse próprio no conflito, o Estado-juiz aplica a norma imparcialmente sem a ação de benefícios proposto.
CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
A classificação da Jurisdição sempre é alvo de críticas e divergências na doutrina pátria, assim adota-se aqui a classificação presente na obra de Noberto Avena. Para o autor se classifica a jurisdição em seis formas:
	1) Quanto à graduação- que a jurisdição pode ser inferior, compreendendo os órgãos de primeira instância; e superior, são as demais instâncias, as quais compete primordialmente o julgamento de recursos interpostos.
	2) Quanto a matéria - classifica-se quanto a natureza da causa a ser julgada, podendo ser: penal, civil, eleitoral, trabalhista etc.
	3) Quanto à organização jurisdicional - trata-se de divisão que decorre da matéria. 
	Neste caso, a jurisdição poderá ser estadual, quando exercida pelos juízes estaduais; ou federal, se realizada por juízes federais – a quem compete, em primeira análise, julgar as causas de interesse da União.
4) Quanto ao objeto- a jurisdição poderá ser: contenciosa, se houver litígio; ou voluntária/graciosa, caso tenha caráter apenas homologatório de vontade do interessado ou de acordo das partes. 
	Discute-se a existência desta última possibilidade no direito penal, predominando o entendimento negativo.
	5) Quanto à função- divide-se a jurisdição em ordinária ou comum, integrada pelos órgãos da Justiça Comum; e especial ou extraordinária, na hipótesede, por exceção, estar investido no poder de julgar um outro órgão, como, por exemplo, o Senado, quando se trata do julgamento dos crimes de responsabilidade contra o presidente da república.
COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
A COMPETÊNCIA é a limitação do poder jurisdicional conforme dispõe o artigo 69 e seus §§ no Código de Processo Penal. 
É a competência que determinará a abrangência da atuação jurisdicional de acordo com:
	I) o lugar da infração (competência ratione loci) ou “em razão do local”;
	II) pelo domicílio ou residência do réu (art. 72, CPP); 
	III) pela natureza da infração(art. 69, III do CPP);
	IV) por prevenção ou distribuição (art.69, IV e VI, do CPP); 
	V) por conexão ou continência (art.69, V, 76, 77 e ss do CPP)
	VI) por prerrogativa de função, podendo ser em razão da pessoa ou de sua função (art.69, VII, do CPP).
	
Para autores mais clássicos a competência é a medida da jurisdição, que é distribuída entre os vários magistrados, que compõem o todo que é o Poder Judiciário brasileiro. 
	Logo, a competência destina-se a fornecer os elementos necessários à descoberta de qual órgão integrante do Poder Judiciário é que estará apto (de acordo com as regras existentes) à resolução da lide.
NATUREZA JURÍDICA – COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
As regras de competência são pressupostos Processuais de Validade, cuja inobservância é causa de nulidade.
Para Ada Pellegrini, seguida de alguns julgados no STF, quando a regra de competência estiver fixada na Constituição, em razão da ligação com o Princípio do Juiz Natural, ela passa a ter natureza de pressuposto processual de existência.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA- MATERIAL
O poder jurisdicional no setor da competência material é delimitado da seguinte forma:
		1 - em razão da natureza da relação de direito; 
		2 – em razão da qualidade da pessoa do réu; 
		 3- em razão do território. 
REGRAS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA- MATERIAL
No que tange à natureza da relação de direito (ratione materiae), o juiz somente poderá apreciar determinadas causas. 
Essa competência é delimitada pelas leis, exceto quando esta for fixada por preceito constitucional (como nos casos dos crimes dolosos contra a vida – que são atribuídos ao Júri Popular – art. 5. º XXXVIII, da CF). 
O Código de Processo Penal fixa a competência pela “natureza da infração” (art. 69, III).
Quanto à pessoa do réu, de acordo com o art. 69, VII, do CPP, a competência é fixada de acordo com a função exercida pelo autor da infração (ratione personae).
Quanto ao território sobre o qual é exercida a autoridade do magistrado, a competência é também determinada pelas leis de organização judiciária em razão do lugar da infração ou da residência ou domicílio do réu (ratione loci), como no artigo 69, I e II CPP.
REGRAS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA- FUNCIONAL
Na competência funcional, referente aos atos processuais, o poder de julgar é distribuído de acordo com as fases do processo, ou o objeto do juízo, ou o grau de jurisdição.
A priori, o juiz é competente para todos os atos do processo. 
Todavia, essa competência poderá ser limitada e redistribuída entre dois ou mais juízes, de acordo com a fase do processo. 
	Ex.: Processo relativo aos crimes contra a vida - existe o juiz que é competente para a instrução e o juiz competente para o julgamento (júri).
A competência é fixada segundo os graus de jurisdição – que podem ser de primeira e de segunda instância. Nessa hipótese, a competência pode ser originária (como no foro por prerrogativa de função) ou em razão de recurso (pelo princípio de duplo grau de jurisdição). 
COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
Competência Absoluta - é aquela cuja regra foi fixada considerando o interesse público, e não o interesse das partes. A sua violação pode ser alegada a qualquer momento, ou reconhecida de ofício, pois aqui não ocorre prorrogação de competência. 
Competência Relativa - é aquela cuja regra foi fixada considerando o interesse das partes. A sua violação deve ser alegada no momento oportuno, sob pena de prorrogação de competência. 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA X COMPETÊNCIA RELATIVA
 Ada Pellegrini e STF - a única competência relativa no processo penal é a territorial. 
Pollastri- além da territorial, também é relativa a competência em razão da matéria prevista em norma infraconstitucional (o doutrinador não exemplifica, mas podemos citar a matéria violência doméstica). 
Paulo Rangel, Aury Lopes Jr. (maioria dos doutrinadores garantistas)- o Princípio do juiz natural garante o processo e julgamento perante o juiz competente, sem diferenciar entre competência absoluta e competência relativa, logo, não cabe ao intérprete fazê-lo. 
	Desta forma, a violação de qualquer regra de competência é causa de nulidade absoluta por afronta ao Princípio do Juiz Natural. 
PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA
De acordo com o art. 108 do CPP, as partes possuem um momento preclusivo para alegar a incompetência relativa do juiz. 
Porém, o art. 109 permite que o juiz reconheça, de ofício e a qualquer momento, a sua incompetência absoluta ou relativa (diferente do que ocorre no processo civil). 
Desta forma, era muito comum no final da instrução criminal que o juiz reconhecesse a sua incompetência relativa e, após aplicar o art. 109 do CPP, remetia o feito ao juízo competente. 
Ao receber o processo, o juízo competente aplicava o art. 567 do CPP, ou seja, ele renovava os atos decisórios, aproveitava os instrutórios e em seguida julgava. 
Apesar dos dois dispositivos estarem em vigor, Pacelli entende que eles devem ser interpretados nos moldes do Princípio da Identidade Física do Juiz, ou seja, a reforma acabou trazendo um limite temporal para o juiz reconhecer de ofício a sua incompetência territorial (relativa), qual seja a abertura da audiência de instrução e julgamento. 
A COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO (competência ratione loci)
A competência pelo lugar da infração está prevista no artigo 69, I do Código de Processo Penal – que adotou a teoria do resultado, ou seja, determina-se a competência pelo lugar onde se consumou o delito.
	Ao contrário da teoria da ubiquidade- art. 6.º do CP – eleita pelo Código Penal: “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”. 
Segundo, Tourinho o legislador entendeu que o juiz competente para processar e julgar uma causa criminal é o do lugar onde a infração se consumou (locus delicti comissi).
	Este é o foro comum, para as infrações penais em geral. 
	É a regra em matéria de competência penal. 
	É o lugar onde se consumou a infração que firma a competência para o processo e julgamento da causa. 
Como em toda regra há exceções, nos Juizados Especiais Criminais, a competência ratione loci, consoante o artigo 63 da Lei n.º 9.099, é determinada pelo “lugar em que foi praticada a infração penal”.
COMO DEFINIR A COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO (competência ratione loci)
HOMICÍDIO DOLOSO
Regra: Local onde se consumou a morte
Exceção: Local da ação – quando a morte ocorre em outro local, onde a vítima buscou melhor atendimento médico.
Jurisprudência – defende que no local da ação, é possível realizar a instrução de processo, de melhor maneira e também buscar a verdade e atender a finalidade do processo. 
HOMICÍDIO DOLOSO
Regra: A Competência, em regra, é do Tribunal de Júri da Justiça Estadual.
Exceção: A Competência, será:
	 Tribunal de Júri da Justiça Federal – art. 109, IV e IX CF/88
			- Contra o servidor público federal no exercício das funções.
			- Abordo de navio ou aeronave
HOMICÍDIO DOLOSO E MILITAR
	 Justiça Militar
			- Quando o homicídio é praticado por um militar contra outro militar.
	Justiça Comum – art. 125 § 4º CF/88 e art. 9º § único da Lei 9.299/96
			- Quando o Autor é Militar e a Vítima é Civil
	
HOMICÍDIO CULPOSO – NÃO ESTÁ PACIFICADO
		A conduta culposa se passa em um locale o resultado ocorre em outro local.
		1º) No local onde se consumou a morte – ou seja, o local do resultado – Art. 70, caput (STF – HC 69.088)
		2º) No local onde foi realizada a ação - mesmos fundamentos da exceção do homicídio doloso (STJ – RHC 793)	
	
CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
	Crime – ocorre em um local
	Resultado Agravador – ocorre em outro local
	Regra: A competência do local onde ocorreu o evento agravador. 
Ex.: Roubo ocorrido em Nova Iguaçu, com restrição da vítima. Seguem para o Rio de Janeiro, onde efetua disparos e mata a vítima. Delito de latrocínio (agravador do roubo), no RJ, pois trata-se de crime complexo.
Art. 69, I e 70, caput (RHC 22.295-MS)
Ex.: Lesão corporal seguida de morte; tortura qualificada pela lesão grave ou morte.
ROUBO, EXTORSÃO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADOS PELA MORTE
Regra: A competência para o processo e julgamento é do juiz singular.
Súmula 603 STF
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Neste delito, o agente já tem a posse lícita do bem e, em determinado momento, resolve que irá dele se apropriar. Não sendo possível definir em que momento ele tomou esta decisão.
Jurisprudência – como a apropriação indébita é posterior a posse, considera-se que se consumou no local onde o sujeito já tinha a posse. (STF CC 1.646)
CRIME DE EMISSÃO DE CHEQUE
Apesar da conduta ser “emitir cheque sem fundos”, os Tribunais Superiores firmaram entendimento que o foro competente será o do local em que está situado o banco sacado.
	Ex.: Cheque emitido no Rio de Janeiro.
	 Banco sacado – Agência de São Paulo
 Competência – São Paulo
Súmula 521 STF - o foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 244 STJ - compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
CRIME DE ESTELIONATO COMUM COMETIDO MEDIANTE FALSIFCAÇÃO DE CHEQUE
Consumação – no momento da obtenção da vantagem ilícita.
Competência – foro do local em que foi obtida a vantagem ilícita.
Súmula 48 STJ - Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
CRIME DE ESTELIONATO MEDIANTE REMESSA BANCÁRIA DE VALORES DE UMA CIDADE PARA OUTRA
Consumação – no momento da obtenção da vantagem ilícita.
Competência – foro do local em que foi obtida a vantagem ilícita.
FURTO VIA ELETRÔNICA
Consumação – no momento da subtração, retirada da vítima
Competência – foro do local do banco da vítima
EMISSÃO DE DUPLICATA SIMULADA
Consumação – emissão da duplicata e colocação em circulação.
Competência – foro do local em que foi emitido.
FALSO TESTEMUNHO PRESTADO EM CARTA PRECATÓRIA
Consumação – no local onde foram prestadas as declarações falsas.
Competência – foro do local das declarações falsas (juízo deprecado).
CRIME DE USO DE PASSAPORTE FALSO
Consumação – no local onde foi apresentado para o embarque ou desembarque no território nacional.
Competência – Justiça Federal do local onde se consumou o delito.
Súmula 200 STJ - O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA EM SUA MODALIDADE OMISSIVA
Competência – O foro competente é o do local onde a determinação deveria ter sido cumprida e não foi cumprida.
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
De acordo com a Súmula Vinculante nº 24 do STF – o crime material contra a ordem tributária, somente se tipifica após o lançamento definitivo do tributo. Esse lançamento definitivo, só pode ocorrer após a decisão administrativa final dos recursos interpostos pelo contribuinte.
Competência – do local do fato gerador e não do local onde foi julgado o recurso.
CRIME DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Natureza dos crimes – instantâneo de efeitos permanentes (consumação no momento em que entra no território nacional) ou permanente (consumação se prolonga no tempo) ?
Súmula 151 STJ - A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. 
CRIMES FALIMENTARES
Art. 183 da Lei 11.101/2005 – compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial.
Art. 3º da Lei 11.101/2005 – é competente para decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
Logo, se a empresa tem sede na cidade X e nesta localidade é decretada a falência, a competência para apurar crimes falimentares será do juízo criminal da cidade X, independente de onde ocorreu o delito (por exemplo: desvio de bens na cidade Y).
Competência – Justiça Estadual
INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
	Juizados Especiais Criminais, a competência ratione loci, consoante o artigo 63 da Lei n.º 9.099, é determinada pelo “lugar em que foi praticada a infração penal”.
GENOCÍDIO
Genocídio não é crime doloso contra a vida, mas sim crime contra a humanidade de competência da justiça federal. 
"A" com a intenção de eliminar um grupo mata 20 pessoas. Que crime (s) ele cometeu e qual o órgão competente para julgamento? 
Nucci - Cada morte corresponde a um genocídio, logo, ele responde por 20 genocídios em concurso, cuja competência é da justiça federal. 
Argumento de defesa - O genocídio é um crime que exige pluralidade de vítimas, sem contar que a Lei 2889 é especial quando comparada ao Código Penal. Logo, o agente responde por apenas um genocídio, absorvido os homicídios, sendo a competência da justiça federal. 
 STF (Inf. 434 ) - Genocídio é crime contra a humanidade, enquanto o homicídio é crime doloso contra a vida, ou seja, os bens jurídicos tutelados são distintos. Ademais, um crime não é o meio necessário para a prática do outro, razão pela qual o agente responde por um genocídio em concurso formal com 20 homicídios.
Apesar do genocídio não ser crime doloso contra a vida, a competência constitucional do júri exercerá um juízo de atração, de forma que todos os crimes sejam julgados pelo júri federal. 
CRIMES TENTADOS
Art. 70 – parte final – CPP - A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
CRIMES PERMANENTES
Art. 71 CPP - Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
CRIMES À DISTÂNCIA
São aqueles cometidos, parte no território nacional e parte no estrangeiro.
	1) Crime iniciado no Brasil e consumação no exterior 
	Art. 70 § 1º CPP -  Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
	2) Último ato de execução no exterior para produzir resultado em território brasileiro
	Art. 70 § 2º CPP -   Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
CRIMES PRATICADOS FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL
	Se o crime for cometido integralmente no exterior, normalmente não será julgado no Brasil.
	O art. 7º do CP estabelece algumas hipóteses de extraterritorialidade da lei penal brasileira.
	Neste caso, aplica-se o art. 88 CPP – onde o réu será julgado na capital do Estado onde por último tenha residido no território nacional e se nunca residiu no país, será julgado na capital da República.
CRIMES COMETIDOS A BORDO DE EMBARCAÇÃOOU AERONAVE QUE SE APROXIMA OU AFASTA DO TERRITÓRIO NACIONAL
	Crime cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, rios ou lagos fronteiriços, a bordo de embarcações nacionais em alto mar - serão julgados pela Justiça o primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação após o crime; e quando se afastar do país, pela Justiça do último porto em que tocou.
Art. 89 CPP 
CRIME PRATICADO EM LOCAL INCERTO NA DIVISA DE DUAS OU MAIS COMARCAS
	Quando não se sabe o local exato da consumação, mas se tem certeza de que o ilícito ocorreu no trajeto de uma para a outra cidade.
Art. 70 § 3º CPP - Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
A COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
O inciso II, do artigo 69 apregoa que a competência poderá ser determinada pelo “domicílio ou residência do réu”. 
	Caso não ocorra outra hipótese de fixação da competência, duas são as circunstâncias em que esta se determinará pelo fórum domicilii.
	A primeira situação está prevista pelo artigo 72, caput: “Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu”. 
	
	A segunda está prevista pelo artigo 73, caput: “Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração”.
A COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA NATUREZA DA INFRAÇÃO
Após atribuir competência pelo lugar da infração ou, casualmente, pelo domicílio ou residência do réu, é necessário fixá-la em razão da matéria - se é da Justiça Especial (Eleitoral ou Militar) ou da Justiça Comum (Estadual ou Federal). 
Resolvida essa questão, referente à competência do juízo, deve-se buscar, no caso de haver vários juízes e, não tendo todos a competência plena (para todas as infrações), aquele que seja competente em razão da natureza da infração. 
A competência em razão da natureza da infração não constitui, portanto, critério de fixação do Juízo, mas de fixação do Juiz. 
COMO DEFINIR A COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO (competência ratione materiae)
JUSTIÇA MILITAR
	Julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124 CF/88 e Decreto-Lei nº 1.001/69 CPM).
	Os crimes militares se subdividem em duas categorias:
	1) Crimes próprios – descritos no CPM e não encontram paralelo na legislação comum (ex.: deserção, insubordinação).
	2) Crimes impróprios – descritos no CPM e encontram paralelo na legislação comum (ex.: estupro, roubo, ...)
	OBS.: O art. 64, II CP – estabelece que a condenação por crime militar próprio não gera reincidência perante a Justiça Comum em caso de prática futura de infração penal comum.
CRIMES PRATICADOS POR MILITARES QUE NÃO SE INSEREM NA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR
	- Crimes contra a vida de civis, cometidos por policiais militares estaduais em serviço - Justiça Comum, Tribunal do Júri – art. 125 § 4º CF/88.
	Atenção: Crime cometido por militar em serviço, contra a vida de outo militar é de Competência da Justiça Militar.
	
- Se o Militar não estiver em serviço será JUSTIÇA COMUM.
	- Se o Militar estiver em serviço, mas o crime não está previsto no CPM- será julgado pela JUSTIÇA COMUM. Ex.: Crime de abuso de autoridade - Súmula 172 STJ
	-Policial Militar processado e julgado por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal–JUSTIÇA COMUM(art. 351 CP não tem similar no CPM)
		Súmula 75 STJ - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.
	
- Delito de acidente de transito envolvendo viatura militar – JUSTIÇA COMUM
SÚMULA 06 STJ - compete a justiça comum estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de transito envolvendo viatura de polícia militar, salvo se autor e vitima forem policiais militares em situação de atividade.
	OBS.: 
	1 - Justiça Militar não julga crimes conexos (Súmula 90 STJ); 
 2 - Separação de processos, se um militar e um civil praticarem crime em concurso, se estiver no CPM e CP.
	3 - Não se aplica a Lei 9.099/95 aos crimes militares.
 
COMPOSIÇÃO JUSTIÇA MILITAR
JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL – Policiais Militares, Corpo de Bombeiros e Policia Rodoviária Estadual
	1ª Instância – Auditorias Militares (Juízes de Direito e Conselho de Justiça).
	Juiz – compete julgar singularmente, os crimes militares cometidos contra civis (art. 125 § 5º CF/88), exceto dolosos contra a vida.
	Conselhos de Justiça – compete julgar, os demais crimes militares (04 militares e 01 juiz civil – auditor militar)
		Conselho de Justiça Permanente – julga Praças
		Conselho de Justiça Especiais – julga Oficiais
	2ª Instância – Tribunais de Justiça Militar ou Tribunal de Justiça Estadual
Súmula 78 STJ- compete a justiça militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.
JUSTIÇA MILITAR FEDERAL – Membros das Forças Armadas
	1ª Instância – Auditorias Militares (Juízes de Direito e Conselho de Justiça).
	2ª Instância – SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR
OBS.: A Justiça Militar Federal, julga os crimes dolosos contra a vida de civis cometidos por integrantes das forças armadas e julga crimes praticados por civis contra instituições militares federais.
JUSTIÇA ELEITORAL
	Julga os crimes eleitorais e seus conexos – art. 121 c/c art. 109, I CF/88 – que exclui da competência da justiça federal.
		Crimes eleitorais estão previstos:
		- Lei 4.737/65 Código Eleitoral 
		- LC 64/90 
		 - Lei 9.504/97.
COMPOSIÇÃO JUSTIÇA ELEITORAL
	1ª Instância – Juízes Eleitorais (função exercida pelos Juízes Estaduais designados para tal atividade pelo TRE)
	2ª Instância – Tribunais Regionais Eleitorais
	Superior– Tribunal Superior Eleitoral
OBS.:
1 – Aplica-se a Lei 9.099/95;
2– Apuração dos crimes eleitorais é de atribuição da Polícia Federal;	
3– Se ocorrerem ofensas contra juiz, promotor ou qualquer outro servidor do cartório eleitoral ou convocado para servir nas eleições a competência será a Justiça Federal;
4 – Se o Promotor de Justiça requerer o arquivamento de IP que apura crime eleitoral e o juiz discordar e aplicar a regra do art. 28 CPP, a decisão será do PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL e não do PGJ (Procurador Geral da Justiça). 
	
JUSTIÇA FEDERAL
	A Justiça Federal e a Estadual são órgãos da chamada Justiça Comum. 
	A CF/88 expressamente prevê a competência da Justiça Federal em seu art.109, IV, V, V-A, VI, VII, IX e X.
	
A competência originária da Justiça Federal, em matéria processual penal é julgar os crimes em que estejam envolvidos bens ou interesses da União. 
Vale lembrar que estão excluídas desta categoria as contravenções, em razão de própria previsão legal contida no art. 109, IV do CPP e da Súmula n. 38 do STJ, cabendo, portanto, as contravenções à competência da Justiça Estadual Comum.
Análise do Artigo	
Crimes políticos (inciso IV, primeira parte):
	A primeira grande questão é que a Carta da República não tratou de definir, atribuir conceito a crimes políticos. 
	O STF decidiu que para configurar crime político, é necessário, além da motivação e dos objetivos políticos do agente, que tenha havido lesão real ou potencial aos bens jurídicos indicados no art. 1º da Lei 7.170/83 – Lei da Segurança Nacional .
	Uma observação importante a se fazer é que juízes federais julgam os crimes políticos em primeira instância, porém os recursos são de competência do STF. 
	Ou seja, o recurso (extraordinário) vai diretamente para o STF, conforme estabelece o art. 102, II, b da Carta Magna.
Infrações Penais Praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competênciada Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (inciso IV, segunda parte):
OBS.: 
1 - "Justiça militar": 
O art. 30 da Lei 7170/63 fixa a competência da justiça militar para julgar os crimes contra a Segurança Nacional, porém, este dispositivo não foi recepcionado pela Constituição, pois todos os delitos são da competência da justiça federal. 
 2 - "Bem": 
Bem é o patrimônio da União, suas autarquias e empresas, ou seja, é necessário que o crime provoque uma lesão nesse bem. 
Se o agente falsificar guias de recolhimento de contribuição previdenciária, mas não conseguir obter o benefício, a competência será da justiça estadual, pois não houve dano ao INSS, conforme Súmula 107 STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal. 
3 –“Serviços": 
Não basta a existência de um órgão federal prestando um serviço para que isso, por si só, fixe a competência da justiça federal, sendo necessário que o crime comprometa um serviço prestado pela União - Ex: apresentação de documento falso para a obtenção de passaporte; agressão contra o professor, em exercício junto a instituição federal.
Súmula 147 STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. 
4- "Interesse": 
Para Pacelli, a análise do interesse é feita de forma casuística, porém, devemos ter como parâmetro a competência legislativa da União fixada no art. 22 da CF, ou seja, se apenas a União legisla sobre esses temas, se algum crime eventualmente envolvê-los, a competência será da justiça federal. 
Índios – Súmula 140 STJ (Comum) / Art. 109, XI CF
Crimes Ambientais
Flora – Federal só se a unidade de conservação pertencer a união.
Fauna – Federal só se cometidos em área pertencente à União (rios interestaduais).
Desvio de Verbas Federais Perpetrado por Prefeitos
Súmula 208 STJ – competirá à justiça comum federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de conta perante o órgão federal.
Súmula 209 STJ – competirá a justiça comum estadual processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Crimes cometidos perante a Justiça do Trabalho
Súmula 165 STJ – compete a Justiça Federal processar julgar o crime de falso testemunho cometido na Justiça Trabalhista.
Educação
Súmula 104 STJ - Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
5 - "Contravenção Penal": 
Qual o órgão competente para julgamento na hipótese de conexão entre um crime da competência da justiça federal e uma contravenção penal? 
	1. Precedentes antigos do STJ - Devemos aplicar analogicamente a Súmula 122 do STJ, de forma que todos os delitos sejam julgados pela justiça federal. Isso porque o que a Constituição não desejava era o julgamento isolado de uma contravenção pela justiça federal. 
	2. TRF e Julgados recentes no STJ - A Constituição excluiu a competência da justiça federal para julgar contravenções. Logo, deve haver a separação dos processos, ou seja, justiça federal julga o crime e a estadual a contravenção. 
	
V- os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
	Qual o órgão competente para julgamento quando houver tráfico internacional de drogas? 
	Apesar da Constituição fixar a competência da justiça federal na importação e exportação de drogas, a Súmula 522 do STF fixou a competência da justiça federal apenas para a exportação. 
	
	Apesar da incompatibilidade da Súmula com a Constituição, ela só deixou de ser aplicada quando o art. 70 da Lei .11.343, fixou a competência da justiça federal nos dois casos. 
	Súmula 522 STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. 
Art. 70 da Lei 11.343. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal. 
	Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva. 
Para o STF, o tipo do art. 33 da Lei de Drogas é o chamado tipo penal misto alternativo, de forma que é muito comum que em um único contexto o agente realize vários verbos, respondendo por um único crime. 
Desta forma, superada a importação e realizado outro verbo, cessa a competência da justiça federal, passando a ser competência da justiça estadual, independente da descoberta da origem estrangeira da droga. 
Para a fixação da competência da justiça federal é necessário que a substância também seja considerada droga no país de origem, caso contrário, a competência será da justiça estadual. 
V- A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
	A Emenda Constitucional nº 45 criou o incidente de deslocamento de competência da justiça para a federal sempre que houver grave violação de direitos humanos. 
	O objetivo do incidente foi garantir o cumprimento de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
	Porém, a dificuldade está em definir o que vem a ser essa grave violação de direitos humanos. 
	Para Pacelli, a análise deve ser feita de forma casuística. 
	O 1º incidente suscitado no STJ foi negado (caso da missionária Dorothy Stang) com a alegação de que não havia inércia da justiça estadual que autorizasse o deslocamento. 
	Dessa forma, o 2º incidente suscitado e julgado procedente no STJ considerou a inércia da justiça estadual na apuração de crimes cometidos por grupos de extermínios em dois estados do Nordeste. 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
	Para o STF, crime contra a organização do trabalho de competência da justiça federal é aquele que considera uma categoria de trabalhadores envolvidos ou as suas entidades representativas.
	Para Joaquim Barbosa, a expressão organização do trabalho não deve considerar apenas sindicatos, mas sim o homem nas suas esferas que lhe são mais caras, ou seja a sua liberdade e a sua dignidade. 
	Desta forma, o crime previsto no art. 149 do CP - redução a condição análoga à de escravo, muito comum em fazendas no interior do Brasil, é da competência da justiça federal. 
	
Crimes Contra o Sistema Financeiro e a ordem econômica nos casos determinados por Lei.
	- Quando a lei expressamente declarara que serão julgados pela Justiça Federal.
	Ex.: Art. 26 da Lei 7492/86
	Jurisprudência entende que quando o agente busque causar prejuízo somente ao Particular e não ao sistema financeiro, como por exemplo no caso de estelionato, a competência será da Justiça Estadual. 
	- Os crimes de lavagem de dinheiro – quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira– são de competência da Justiça Federal.
	Os crimes previstos nas Leis 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo) e 8.176/91(adulteração de combustível por distribuidoras e revendas) são julgados pelaJustiça Estadual (por não haver previsão).
	VII - Habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição
	Quando o constrangimento for causado por Policial Federal, cabe ao Juiz Federal conhecer do habeas corpus.
	Da mesma forma, se a autoridade apontada como coatora for juiz federal, caberá ao Tribunal Regional Federal julgar o habeas corpus impetrado.
	
	VIII – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar
	O texto deixa claro a competência da Justiça Federal, independente da espécie da infração penal cometida.
	X– os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro
	Estes crimes estão descritos no art. 125 da Lei 6.815/80
	COMPOSIÇÃO JUSTIÇA FEDERAL
	1ª Instância –Juízes Federais em atuação nas Varas Federais e nos Juizados Especiais Criminais Federais, ou ainda pelo Tribunal do Júri Federal
	2ª Instância – Tribunais Regionais Federais ou Turmas Recursais, onde já instaladas.
	
	
	COMPOSIÇÃO JUSTIÇA ESTADUAL
	
	1ª Instância –Juízes Estaduais em atuação nas Varas Estaduais e nos Juizados Especiais Criminais, ou da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher, ou ainda pelo Tribunal do Júri.
	2ª Instância – Tribunais de Justiça ou Turmas Recursais.
	
NATUREZA DA INFRAÇÃO COMO FATOR DE DIVISÃO DE COMPETÊNCIA DENTRO DA MESMA JUSTIÇA
	a) Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
	b) Juizados Especiais Criminais
	c) Tribunal de Júri
	d) Varas Criminais Comuns
	e) Juizados do Torcedor
	
	
	
COMO DEFINIR A COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA (competência ratione personae)
Também chamado de foro em razão da pessoa, foro especial ou foro privilegiado.
Não se trata de um verdadeiro privilégio. Trata-se, em verdade, de evitar pressões e constrangimentos sobre os juízes comuns.
Por esta razão, em face da relevância do cargo ou da função exercida por determinadas pessoas, não se aplicam as regras comuns de competência.
	
	
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
	I - processar e julgar, originariamente:
	b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
	
	c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; 
Art.105 . Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
	I - processar e julgar, originariamente:
	a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
	- processar e julgar, originariamente:
	a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
TRIBUNAIS DE JUSTIÇA – NOS CRIMES COMUNS
Art. 29, CF - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
TRIBUNAIS DE JUSTIÇA
Art. 96, CF - Compete privativamente:
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. 
COMPETÊNCIA DEFINIDA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	STF – art. 102, I, “b” e “c”
	STJ – art. 105, I, “a”
	TRF – art. 108, “a”
	TJ – art. 29, X; art. 96, III
AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA PELAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS
	Nada obsta que as Constituições dos Estados aumentam as hipóteses do foro por prerrogativa de função de competência dos respectivos Tribunais de Justiça.
OBS.: Crimes dolosos contra a vida – aqueles que tem prerrogativa prevista na CF, serão julgados pelo TJ.
Se a prerrogativa for prevista na CE, serão julgados pelo Tribunal de Júri.
SÚMULA 721 STF - A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.
As regras do foro privilegiado se justificam enquanto o agente estiver no exercício das funções. 
Por isso, aposentados e políticos que não gozam mais de cargo eletivo não possuem a prerrogativa de função. 
As regras do foro privilegiado afastam todos os critérios de competência territorial, ou seja, o agente sempre será julgado pelo tribunal a que se encontra vinculado, independente do local que o crime foi praticado. 
a) Prefeito: 
Crimes dolosos contra a vida = TJ (competência do Júri é afastada, já que o foro privilegiado está fixado na CF) 
Crime da Justiça Comum = TJ 
Crime eleitoral = TRE (Súmula 702 STF) 
Crime federal = TRF (Súmula 702 STF)
Súmula 702 STF : A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. 
Quem julga o prefeito acusado de desviar verbas oriundas da União? 
	Depende. Se a verba foi incorporada ao patrimônio municipal, a competência será do TJ. 
	Se ele tem que prestar contas dessa verba a um órgão federal, a competência será do TRF, conforme Súmulas 208 e 209 do STJ. 
Súmula 208 STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. 
Súmula 209 STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. 
A Constituição Estadual pode dar foro privilegiado para vereador? 
	Quando a Constituição organizou os Municípios, ela só conferiu foro privilegiado aos prefeitos, em clara opção constitucional de negar esse foro aos vereadores. 
	Ademais, a criação nas Constituições Estaduais exige simetria, o que pressupõe uma paridade de vantagens e vencimentos, o que não existe em relação aos vereadores. 
b) Juízes e Promotores: 
	Crime doloso contra a vida = TJ 
	Juiz / Promotores de Justiça - Crime estadual = TJ 
	Juiz / Promotores de Justiça - Crime eleitoral = TRE 
	Juiz / Promotores de Justiça - Crime federal = TJ (art. 96, III CF) 
c) Desembargadores - STJ (art. 105, I CF)
d) Procuradores de Justiça (2º grau): 
O art. 96, III da CF prevê o foro por prerrogativa de função dos membros do MP, incluindo os Promotores e Procuradores de Justiça. 
	Crime doloso contra a vida = TJ 
	 Crime estadual = TJ 
	Crime eleitoral = TRE 
	Crime federal = TJ 
e) Membros MPF
	Procurador da República (1º grau)
		TRF 
		Crime eleitoral = TRE 
	Procurador Regional (2º grau) - STJ

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