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saude mental o louco e suas loucuras

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O louco, a loucura e a sociedade 
Paula Cavalcanti 
 
Objetivos da aula: 
 
• Perspectivas histórica da loucura no mundo e no 
Brasil; 
• Conhecer o contexto histórico da Enfermagem 
em saúde mental e psiquiátrica no séc. XXI; 
• Descrever o movimento da reforma psiquiátrica 
brasileira e da Reabilitação psicossocial; 
• Refletir sobre as formas de cuidado em saúde 
mental e o papel do enfermeiro. 
O QUE É LOUCURA ? 
• Dicionário Houssais – pode ser definida como distúrbio ou 
alteração mental caracterizada pelo afastamento do indivíduo 
de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir. 
• A loucura ou insânia pode ser: 
– Uma condição da mente humana caracterizada por 
pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. 
– Resultado de doença mental, quando não é classificada 
como a própria doença. 
– Maneira diferente de ser julgado pela sociedade. 
 
• Livro: “O que é Loucura?” 
Perspectivas histórica da loucura no mundo e no 
Brasil 
Filosofia 
• Momento 
histórico, 
• Cultura 
Jurídica 
• Insanidade 
mental, 
• Leis específicas 
Psiquiatria 
• Doença 
• Supressão dos 
sintomas 
LOUCURA 
Ser louco faz parte de toda uma discussão que abrange 
algumas ciências. 
LOUCURA 
•Filosofia – esta condição depende da sociedade em que se vive, do 
momento histórico e da cultura vigente. Loucura considerada no 
Brasil pode não ser em um outra cultura diferente. 
 
•Jurídica - insanidade mental acarreta aplicação de lei de modo 
diferenciado. Sendo a relação com a lei estabelecida pelo “louco”d 
diferente que a estabelecida pela pessoa “normal”, as sanções devem 
ser aplicadas considerando esses aspectos. Insanidade revoga 
obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com 
diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade 
mental. 
 
•Medicina – Psiquiatria: loucura é resultante de alguma doença 
mental. Nessa visão fica implícito a distinção do normal e do 
patológico, com determinadas características. Loucura é 
diagnosticada por profissionais e tratamento está baseado na 
supressão dos sintomas e na contenção do paciente que se encontra 
em surto. 
LOUCURA 
•Psicanálise: loucura não parte 
do pressuposto da divisão 
entre o normal e o patológico 
como campos distintos. Freud, 
afirma que a loucura faz parte 
de cada um de nós e está de 
certa maneira no inconsciente 
e os loucos são aqueles que 
não resistiram a uma luta que é 
constante à todos nós na 
relação com o que e 
inconsciente. Loucura, delírio, 
alucinações, são elementos 
que são bastante valorizados 
para o trabalho. 
Freud 
LOUCURA 
•Psicose: é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado 
mental no qual existe uma "perda de contacto com a realidade". 
Neurose: criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para 
indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais 
do sistema nervoso". 
 
–Piromania: consiste no desejo mórbido e incontrolável de provocar 
incêndios ou de atear fogo às coisas. 
–Tricotilomania: impulsos de arrancam os fios de cabelo para controlar a 
ansiedade e o nervosismo. 
–Cleptomania: a pessoa começar a roubar coisas sem valor. 
–Transtorno Obsessivo-Compulsivo ("TOC"): é um comportamento 
consciente e repetitivo, como contar, verificar ou evitar um pensamento 
que serve para anular uma obsessão. 
–Histeria: é uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade 
emocional. Os conflitos interiores manifestam-se em sintomas físicos, 
como por exemplo, paralisia, cegueira, surdez, etc 
–Fobia: é o temor ou aversão exagerada ante situações, objetos, animais 
ou lugares. 
 
LOUCURA 
 
•Transtorno Afetivo Bipolar (TAB): As pessoas alternam ciclos mais ou 
menos graves de depressão e humor exaltado. Podem existir ou não 
características psicóticas, dependendo da intensidade do distúrbio, tratamento 
e evolução. 
 
•Esquizofrenia: alterações do pensamento, alucinações (sobretudo auditivas), 
delírios e embotamento emocional com perda de contacto com a realidade, 
podendo causar um disfuncionamento social crónico. 
 
–Paranóide: dominado por um delírio paranóide relativamente bem 
organizado. 
 
–Desorganizado: em que os sintomas afectivos e as alterações do 
pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes, não 
são organizadas. Existe um contacto muito pobre com a realidade. 
–Catatônico: alterações da atividade, que podem ir desde um estado de 
cansaço e acinético até à excitação. 
 
–Indiferenciado: social marcado e uma diminuição no desempenho laboral e 
intelectual. 
 
–Residual: nesta forma existe um predomínio de sintomas negativos, os 
doentes apresentam um isolamento social marcado por um embotamento 
afectivo e uma pobreza ao nível do conteúdo do pensamento. 
 
Hieronymus Bosch 
A extração da Pedra da Loucura 
SIGNIFICADOS AO LONGO DOS 
TEMPOS 
• As significações da loucura mudaram ao longo da 
história. Na visão de Homero, os homens não 
passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, 
por isso, seu destino conduzido pelos "moiras", o que 
criava uma aparência de estarem possuídos, ao qual os 
gregos chamaram "mania". 
 
• Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de 
loucuras: a profética, em que os deuses se 
comunicariam com os homens possuindo o corpo de 
um deles, o oráculo. A ritual, em que o louco se via 
conduzido ao êxtase através de danças e rituais, ao fim 
dos quais seria possuido por uma força exterior. A 
loucura amorosa, produzida por Afrodite, e a loucura 
poética, produzida pelas musas. 
 
SIGNIFICADOS AO LONGO DOS 
TEMPOS 
• Philippe Pinel, alterou significativamente a noção de 
loucura ao anexá-la à razão. Ao separar o louco do 
criminoso, afastou o aspecto de julgamento moral que 
constituía até então o principal parâmetro da definição da 
loucura, escreve o médico e psiquiatra Márcio Peter de 
Souza Leite, membro da Escola Brasileira de Psicanálise, em 
"A psicose como paradigma", para a revista Viver Mente e 
Cérebro, nº 4, páginas 30 a 35. 
 
• Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da 
razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples 
contradição no interior da razão, que continua presente". A 
loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, 
tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a 
loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. 
Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e 
necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria 
humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a 
razão humana só se realizaria através dela. 
 
SIGNIFICADOS AO LONGO DOS 
TEMPOS 
• Após a década de 1960 loucura passou a ser sinônimo de "rebeldia", de 
"transgressão", de "porralouquice“. Havia até um certo prazer em se auto-
denominar ou se exibir como louco, diferente, extravagante, rebeldes, etc. 
 
• “Loucos-artistas", a associação entre a loucura e a “arte", a contemplação 
estética burguesa, de vanguardas européias criando o estranho para chocar e 
para escandalizar, ou mesmo para se expressar existencialmente. – 
MOVIMENTO MODERNISTA 
 
• Ideologias intelectuais e humanistas – ver no louco um ser de valor cultural. 
Loucos trancados no hospício ou lugares similares – aulas de pintura. 
 
• O normal tornou real por muito tempo a marginalização e o trancafiamento 
excludente de pessoas que transgrediam uma ordem psíquica, que viviam em 
uma outra realidade. A loucura deveria ser isolada do mundo real. 
 
História da Loucura 
1º Capítulo: Stultifera Navis 
19 000 leprosários na Europa. 
Final da I.M: lepra desaparece do mundo ocidental. 
“E por mais que estejais separado da Igreja e da companhia dos Sãos, não 
estarás separado da graça de Deus”. 
Desaparecida
a lepra, as estruturas de exclusão permanecem. 
Pobres, vagabundos, presidiários e “cabeças alienadas”. 
1ª Substituição: Doenças Venéreas. Tratamento. 
Verdadeira herança da lepra: a loucura. 
Renascença: Figura mais simbólica – Nau dos Loucos (Narrenschiff) 
Nuremberg: 1ª metade séc. XV – 62 loucos; 31 embarcados. 
Apenas os estrangeiros. 
Nau dos loucos: naus de peregrinação; jogados na prisão. 
Signo: partida do louco que se inscreve nos exílios rituais. 
Loucura como discurso – imaginação do homem ocidental. 
 
História da Loucura 
1º Capítulo: Stultifera Navis 
• Classicismo: 
• 1º. Loucura passa a ser considerada e entendida somente em 
relação à razão 
• 2º. loucura só passa a ter sentido no próprio campo da razão, 
tornando-se uma de suas formas 
• Metade séc. XVII – Ligação entre loucura e internamento. 
– Internamento: estrutura mais visível e escândalo no séc. XIX. 
– Foucault: atenção na racionalidade do internamento 
• Estrutura semijurídica 
História da Loucura 
1º Capítulo: Stultifera Navis 
• “Se a prática do internamento é reduzida cada vez mais ao âmbito das 
faltas morais, dos conflitos familiares, da libertinagem, ela permanece 
ativa exclusivamente para os loucos. Nesse momento, a loucura assume 
a posse do internamento, ao mesmo tempo em que ele se desvencilha 
das suas outras formas de utilização. É nesse quadro que, ao final do 
século XVIII, aproximam-se duas figuras que tinham permanecido por 
muito tempo estranhas uma a outra: o pensamento médico e a prática 
do internamento. Essa aproximação não aconteceu devido a uma 
tomada de consciência de que os internos eram doentes, mas por um 
trabalho violento que se realizou através de um defrontamento entre o 
velho espaço de exclusão, homogêneo e uniforme e esse espaço social 
da assistência que o século XVIII fragmentou. Com a vitória desse último, 
a loucura ganha um estatuto público e o espaço do confinamento é 
criado para garantir a segurança da sociedade contra os seus perigos.” 
 
Psiquiatria 
Praticamente todas as culturas primitivas 
serviam da hipótese demonológica para 
explicar a origem das doenças. Casos de 
enfermidades mentais são encontrados na 
Bíblia em literários da Grécia e Roma, nos 
vestígios das culturas egípcias, 
babilônicas, incas, astecas e outras. 
 
 
Régis - considerava a evolução da psiquiatria 
em quatro épocas: 
 
 01 - Época Primitiva 
 
 Vem desde os tempos remotos até Hipócrates (460 
a.C.); os alienados eram influenciados e possuídos 
pelos deuses do Bem e do Mal, eram tratados por 
sacerdotes em santuários com finalidade de aplacar 
a ira divina. 
 
 Filósofos gregos começam a exercer influência a 
partir de 600 a.C. e através do seu racionalismo, 
auxiliam no avanço da medicina e negam que 
demônios e deuses influenciam no 
surgimento/desenvolvimento das doenças. 
 
 02 – Época Antiga – Compreende 3 Períodos 
 
 a) Período Hipocrático 
 Hipócrates opõe-se a concepção religiosa, nasce então 
a medicina mental; descreve as frenites; o delírio 
violento; a melancolia; a loucura da gravidez e a 
loucura do álcool. 
 
 b) Período Alexandrino 
 
 c) Período Greco-Romano 
 Vai até Galeno (150 d.C.), aqui há um grande impulso 
da psiquiatria. Celso cria o termo insônia; Areteu da 
Capadócia pela primeira vez estabeleceu a passagem 
da mania para a melancolia; Célio Aureliano luta por um 
tratamento humano estabelecendo regras terapêuticas 
físicas e morais. 
 
03 – Época de Transição 
 
a) Idade Média 
 Época do colapso e do obscurantismo, volta 
a reinar a superstição, dominam as idéias 
mágicas; 
 
b) Renascimento 
 Pelo fim do século XVI a psiquiatria retoma 
novamente o campo científico para não 
abandoná-lo mais. 
 Wellis  fala da loucura da dupla forma. 
 Cullem  descreve exercícios e trabalho 
como recursos terapêuticos. 
 
 04- época Moderna 
 
Começa em 1973 e vai 1801, Philipe Pinel 
humaniza o tratamento dos doentes mentais, 
retirando-os das prisões e masmorras; Esquirol 
inicia a instituição de numerosos asilos para 
doentes mentais. 
 
A época moderna viria consolidar-se com 
Kraeplin; Freud; Bleuler. 
 
 “A sociedade e medicina se convenceram que o 
doente merecia ser tratado como ser humano”. 
 
Progresso Industrial – psiquiatria reconhecida 
como ramo da medicina que busca as causas 
para os distúrbios mentais, bem como as formas 
adequadas e humanitárias de tratamento. 
 
SÉCULO XX 
 Comunidade Terapêutica 
 
 Psicoterapia Institucional 
 
 Psiquiatria de Setor 
 
 Psiquiatria Preventiva 
 
 Antipsiquiatria 
 
NO BRASIL 
 A partir de 1829 – criação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro. 
 
 1841 – D.Pedro II assina o Decreto nº 82 para a construção do hospital para 
alienados no Rio de Janeiro – Hospício Pedro II. 
 1941 – Serviço Nacional das Doenças Mentais. 
 1967 – Instituto Nacional da Previdência Social. 
 1974 – Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social. 
 Década de 80 – Movimento da Reforma Psiquiátrica. 
 1987 – 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental. 
 1989 – Projeto de Lei Paulo Delgado e Movimento Nacional da Luta 
Antimanicomial. 
 1992 – Ministério da Saúde estabelece normas para atendimento em saúde 
mental. 
 1995 – Projeto Lucídio Portela. 
 1999 – Substitutivo Sebastião Rocha 
 2001 – Lei 10.216 
 
Personalidades da Psiquiatria 
Pinel - liberta os doentes das prisões e masmorras 
 Freud - teoria psicanalítica 
Pavlov - teoria do condicionamento. 
Yung - inconsciente coletivo 
Klani - Introduz sonoterapia 
Bleuler - conceito de esquizofrenia 
Berger - EEG 
Sackel - Choque insulínico 
Cerletti - ECT 
Delay - Clorpromazina 
ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA 
 Florence Nightingale (1850/60), observou que o cuidado dos 
clientes deve envolver aspectos tanto fisiológicos quanto 
psicológicos e sociais. 
 Na década de 1880/90, Linda Richards promoveu um melhor 
cuidado aos clientes psiquiátricos e dirigiu a primeira escola de 
enfermagem psiquiátrica e saúde mental. 
 Harriet Baily escreveu em 1920 o primeiro tratado de 
enfermagem psiquiátrica. 
 Em 1937 a National League for Nursing (NLN) dos EUA 
recomendou a inclusão da enfermagem psiquiátrica e saúde 
mental no currículo das escolas de enfermagem. 
 Hildegard Peplau em 1958 lançou o primeiro arcabouço teórico 
importante para a prática da enfermagem psiquiátrica, 
enfatizando também a natureza interpessoal da enfermagem e 
o uso de princípios psicodinâmicos na Prática de enfermagem. 
 Em 1973, a ANA publicou os primeiros padrões de prática de 
enfermagem psiquiátrica e de saúde mental. 
Conhecer o contexto histórico da Enfermagem em 
saúde mental e psiquiátrica no séc. XXI 
O MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL 
•18 de maio: Dia Nacional da Luta Antimanicomial - Movimento que questiona a 
ineficácia e o devastamento psíquico das sucessivas internações psiquiátricas de 
pessoas com transtorno mental em instituições tradicionais. Atualmente a política de 
atenção à saúde mental avançou para a efetivação de estratégias que possibilite ao 
usuário do Sistema Único de Saúde uma terapêutica não segregadora. 
 
•A consolidação dos CAPS(Centro de Atenção Psicosocial), a possibilidade de 
pessoas conviverem em Residências Terapêuticas, a inserção da saúde mental na 
atenção básica e a convivência em sociedade, traz uma nova perspectiva de resgate 
da cidadania e de aparecimento do sujeito, que foi por muito tempo tolhido 
e anulado. 
 
•A louca realidade passou a ser questionada. O reconhecimento da palavra do sujeito 
delirante, que busca sua estabilização e a superação dos muros quase inalcançáveis
dos hospícios, são avanços que marcam um novo olhar, uma nova prática, um 
princípio de realidade que se transforma.

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