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Principais divergências entre Anna Freud e Melanie Klein Simon,Ryad Em 1927, em um simpósio da Sociedade Britânica de Psicanálise, Klein delimita suas posições sobre a Psicanálise Infantil, concentrando críticas sobretudo sobre o livro de Anna Freud, publicado um ano antes ( em 1926). Refere-se que os analistas infantis até aquele momento: 1- Não aprofundaram a análise ( em função dos pontos relatados a seguir). 2- Não analisavam a situação edipiana inconsciente, pois temiam que este aprofundamento liberasse impulsos que a criança não conseguiria controlar. 3- Não aprofundavam a análise, pois consideravam o superego da criança “fraco”. Estavam apoiados no superego freudiano (herdeiro do Édipo). Ou seja, o superego infantil seria ainda uma estrutura recente e não capaz de controlar os impulsos provenientes dos conflitos inconscientes. 4- Por esta suposta “fraqueza” do superego, assumiam uma postura educativa. 5- Não acreditavam ser possível obter com a criança uma “situação analítica”. 6- Só usavam a transferência positiva, evitando a negativa. Comparação entre A. Freud e M Klein : 1- A. Freud: Não há possibilidade de trabalho psicanalítico completo com criança, pois ela tem poucos recursos verbais para a associação livre. M. Klein: A criança não fala devido à ansiedade, que pode ser atenuada pelas interpretações do analista. 2- A. Freud: Não usa brinquedos por julgá-los superficiais. Prefere desenhos e associações sobre os sonhos da criança. M. Klein: A representação pelo brinquedo é menos “comprometedora”; é mais fácil abordar pelo brinquedo o que seria bloqueado pela ansiedade. 3- A. Freud: Não acredita que o motivo principal para a criança brincar seja simbólico; também não acredita que o brincar da criança seja equivalente às associações verbais dos adultos. M. Klein: A técnica lúdica permite acesso aos estratos mais profundos da mente. Para isto é necessário considerar e interpretar o brincar como o material onírico. 4- A. Freud: Na criança não há “neurose de transferência”; a criança ainda não está pronta para reeditar suas relações amorosas, pois os objetos originais( pais), ainda estão presentes como objetos na realidade. Aliás, só considera possível a análise infantil a partir da latência. (C. de Édipo freudiano). M. Klein: Considera que aos 3 anos a criança já completou a maior parte do complexo de Édipo, podendo assim reeditar com o analista suas prncipais relações amorosas. Ou seja, a “ neurose de transferência” pode ser estabelecida. 5- A. Freud: O superego infantil se forma lentamente (até a pré –puberdade); a influência pedagógica do analista pode modificá-lo. M. Klein: O superego já está formado em sua essência, mesmo na criança pequena; esse só se modifica, de fato, quando se analisa o desenvolvimento completo do complexo de Édipo e a estrutura do superego. 6- A. Freud: Quando a criança em análise tem ações destrutivas no ambiente externo considera que falhou, pois não estabeleceu medidas educativas suficientes para manter o controle sobre a libido anal liberada na análise. M. Klein: Considera que de fato houve um erro mas, e esta talvez seja a principal diferença entre as duas, este erro está no campo analítico e não no educativo. Ou seja, está no fato da criança não ter liberado nas sessões seus impulsos destrutivos, sob a forma de transferência negativa. 7- A. Freud: Ajuda a criança a liberar seus impulsos destrutivos, mas não vai além dos seus aspectos conscientes e pré-conscientes. M. Klein: Não basta apenas liberar os instintos, é preciso seguir as conexões inconscientes e chegar até o complexo de Édipo. 8- A. Freud: Essencial na análise é permitir que a criança estabeleça um controle sobre os impulsos que foram liberados durante o processo. M. Klein: Essencial é conhecer ,compreender e analisar profundamente os impulsos instintivos, assim não é necessário ensinar à criança como controlar-se. 9- A. Freud: Só analisa filhos de analistas ou de pais analisados, ou seja, pais que respeitem os princípios da Psicanálise. M. Klein: As motivações conscientes não se sobrepõe às inconscientes. E isto não tem a ver com o “saber” consciente dos pais. 10- A. Freud: O analista deve adotar uma dupla função: de analista e educador. M. Klein: É impossível ser analista e educador, um cancela o outro. Se o analista adota função de educador, ou seja, de superego autoritário, bloqueia o caminho dos instintos e, consequentemente, impede o aprofundamento da análise. 11- A. Freud: Quer analisar e corrigir a adaptação da criança; assume a direção da personalidade da criança. M. Klein: Apenas analisa, não deseja moldar nem dirigir a mente do pequeno paciente. OBS: em 1946 ao reeditar se livro (Tratamento Psicanalítico da Criança), Anna Freud se aproxima das posições kleinianas.
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