Buscar

AULA 7

Prévia do material em texto

RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL: 
 
= São recursos denominados de excepcionais1 e de 
fundamentação vinculada já que somente podem ser 
manejados nas hipóteses do art. 102, III e art. 105 , III da 
CRFB. 
 
 
→ CABIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO: ( art. 
102, III da CRFB)2 
Art. 102 (...) 
III. julgar, mediante recurso extraordinário, as causas 
decididas em única ou última instância, quando a 
decisão recorrida: 
 
a. caberá REX quando a decisão judicial contrariar a 
CRFB; 
b. decisão que declarar a inconstitucionalidade de 
tratado ou lei federal ; 
c. julgar válida lei ou ato de governo local contestado em 
face da CRFB;. 
 
1 Vide enunciados 279 e 272 da Súmula do STF e o enunciado 7 e 5 da Súmula do STJ. 
2 Vide enunciado 292 da Súmula do STF. 
d. decisão que considera válida lei local contestada 
frente a Lei federal ( EC 45/2004) 
 
 
→ CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL: ( art. 105, III da 
CRFB)3 
Art. 105 da CF (...) 
III. julgar, em recurso especial, as causas decididas, em 
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais 
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes 
vigência; 
b) julgar válido ato de governo local contestado em 
face de lei federal; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
c) der a lei federal interpretação divergente da que 
lhe haja atribuído outro tribunal. 
 
 
3 Vide enunciado 203 da Súmula do STJ. 
 
 
 
 
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE COMUNS: ( requisitos 
específicos) 
 
Em ambos os recursos a interposição e o juízo de 
admissibilidade serão feitos no Tribunal a quo. ( art. 1030 
do CPC) 
 
1) EXAURIMENTO OU ESGOTAMENTO DAS VIAS 
RECURSAIS: 
 
A CRFB ( arts 102, III e 105 III) sustenta “ última ou única 
instância.” A parte não pode escolher interpor, a sua 
vontade, o recurso diretamente ao STF ou STJ em vez de 
primeiramente apelar ao Tribunal inferior. É exigido que 
seja usados todos os recursos, inclusive agravo interno 
para que, somente após, possa interpor RESP e/ou REX. 
EXEMPLO: AÇÃO – SENTENÇA – APELAÇÃO – DECISÃO 
MONOCRÁTICA – AGRAVO INTERNO 
 
OBS: Na hipótese da ausência de recurso mas a remessa 
dos autos por remessa necessária, esta preenche o 
requisito de exaurimento das vias recursais para fins de 
interposição do RESP ou REX. 
 
2) PREQUESTIONAMENTO: 
 
= A finalidade é que não sejam apresentadas em sede de 
REX e RESP questões que não tenham sido apresentadas, 
e debatidas, anteriormente. Os art. 102, III e 105, III da 
CRFB dizem “ causas decididas”. 
 
A questão do prequestionamento, sob a égide do CPC de 
1973 suscitava posicionamentos diferentes no STF e STJ. 
A Corte Constitucional tinha uma posição muito mais 
“flexível” em relação ao uso dos embargos de declaração 
como recurso possível para prequestionar possíveis 
violações a CRFB em acórdãos, por exemplo ao adotar o 
prequestionamento “ficto”.4 
 
O art. 1025 do CPC estabelece a possibilidade dos 
embargos de declaração serem interpostos com a 
finalidade de prequestionamento, o que anteriormente 
NÃO era normatizado. O mesmo dispositivo ADMITE O 
 
4 Exemplo de prequestionamento ficto: No acórdão, proferido pelo TJ ou TRF não há observância a 
dispositivo constitucional ou fixado em norma infraconstitucional ( Lei federal), o que caracterizaria uma 
OMISSÃO quanto as referidas normativas. Esta omissão suscitava a interposição de embargos de 
declaração, com a finalidade de “forçar” o Tribunal a manifestar- se sobre norma constitucional e/ou lei 
federal. Muitos Tribunais, em situações como essa, sustentavam; a) a finalidade do recurso é 
protelatória; b) a questão não é relevante. Diante destas decisões, que não julgavam o mérito dos 
embargos de declaração, o STF entendia que a mera interposição JÁ TERIA SIDO SUFICIENTE PARA O 
REQUISITO DO PREQUESTIONAMENTO. Já o STJ entendia, embora entendesse cabível o uso do 
embargos de declaração para a finalidade do prequestionamento – verbete 98 do STJ - entendia 
NECESSÁRIO o julgamento do mérito o que tornava o caminho mais longo e difícil. Verbete 211 da 
Súmula do STJ. 
PREQUESTIONAMENTO FICTO, conforme entendimento 
defendido pelo STF. 
“ Consideram-se incluídos no acórdão os 
elementos que o embargante suscitou, para 
fins de prequestionamento, ainda que os 
embargos de declaração sejam inadmitidos ou 
rejeitados, caso o tribunal superior considere 
existentes erro, omissão, contradição ou 
obscuridade.” 
 
 
EXEMPLO: 
 
AÇÃO – SENTENÇA – APELAÇÃO – ACÓRDÃO sem 
manifestar-se sobre a questão constitucional suscitada 
no recurso – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
 
OBS: essas questões todas poderiam ter sido evitadas se a 
matéria constitucional ou a legislação federal fosse 
apresentada pelas partes já na inicial e/ou contestação. 
ATENÇÃO!!! 
 
REQUISITOS ESPECÍFICOS DE ADMISSIBILIDADE DO REX E 
RESP: 
 
1) REPERCUSSÃO GERAL: 
 
NOÇÃO GERAL - é um requisito específico do REX, tendo 
sido criado através da EC 45/2004 (art. 102, parágrafo 
terceiro da CRFB), estando regulamentado no art. 1035 
do CPC.5 
 
O art. 1035, parágrafo primeiro define repercussão geral 
“como existência de questão relevante do ponto de vista 
econômico, político, social ou jurídico eu ultrapassem os 
interesses subjetivos do processo.” 
 
TEMOS QUE TER ATENÇÃO ao parágrafo terceiro do art. 
1035 do CPC que enumera situações e que há presunção 
absoluta de repercussão geral: AQUI PRESUNÇÃO 
ABSOLUTA DE REPERCUSSÃO GERAL 
 
Haverá repercussão geral sempre que o 
recurso impugnar acórdão que: 
I - contrarie súmula ou jurisprudência 
dominante do Supremo Tribunal Federal; 
II - (Revogado); 
 
5 Caso a questão trate de direitos fundamentais, porém o STF entendeu não ser de repercussão geral 
NÃO podemos perder de vista a possibilidade da CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, o 
que pode ser visto como uma contradição: o STF não conhece a matéria mas uma Corte Internacional 
analisa e julga a questão. ( para nossa reflexão...) 
III - tenha reconhecido a 
inconstitucionalidade de tratado ou de lei 
federal, nos termos do art. 97 da 
Constituição Federal. 
 
→ Admite-se a participação de terceiros para a discussão 
da repercussão geral – amicus curie - art. 1035, 
parágrafo quarto. 
 
→ A apreciação deste requisito específico é DE 
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO STF ( art. 1035 do CPC), 
devendo o recorrente demonstrar a repercussão geral na 
preliminar nas razões recursais ( art. 1035, parágrafo 
segundo). Entretanto, o Tribunal o a quo poderá negar 
recebimento do recurso se a matéria tratada em um caso 
concreto já foi DECLARADA COMO MATÉRIA QUE NÃO 
HÁ REPERCUSSÃO GERAL PELO STF ( art. 1035, parágrafo 
oitavo). 
 
→ o art. 102, parágrafo terceiro da CRFB estabelece a 
competência do Plenário por 2/3 de seus membros – 8 
ministros. Possibilidades de resultado: 
 
HÁ REPERCUSSÃO GERAL – processo vai para uma das 
turmas ; 
 
NÃO HÁ REPERCUSSÃO GERAL – RECURSO NÃO 
CONHECIDO ( decisão irrecorrível – ART. 1035, paragrafo 
oitavo do CPC 
 
→ Os processos com repercussão geral deverão ter 
prioridade de julgamento, salvo processos com réu preso 
e HC – art. 1035, parágrafo nono). 
 
→ O reconhecimento da repercussãogeral gera a 
suspensão de todos os processos em território nacional 
que discutam a mesma questão – art. 1035, parágrafo 
quinto do CPC. 
 
→ Em relação aos recursos sobrestados em sede do 
Tribunal a quo o recorrido / interessado, por eu 
advogado poderá peticionar requerendo ao Presidente 
ou Vice Presidente a inadmissão do recurso caso seja 
intempestivo ( art. 1035, parágrafo quinto). Em relação a 
esse requerimento tem o recorrente prazo de 5 dias para 
se manifestar ( art. 10 do CPC). 
 
2) VIOLAÇÃO FRONTAL E DIRETA DO TEXTO 
CONSTITUCIONAL: 
 
= a hipótese aqui é de violação INDIRETA ( = violação 
reflexa), ou seja, no caso houve violação DIRETA de lei 
federal. 
 
Nesta hipótese NÃO será caso de INADMISSÃO mas de 
envio ao STJ para julgamento da questão envolvendo a 
legislação federal ( art. 1033 do CPC) – aqui temos a 
fungibilidade. 
 
 
 
3) COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA: ( aqui para o 
RESP) 
 
-O art. 105, III, c da CRFB estabelece que caberá RESP 
quando a decisão recorrida der a lei federal interpretação 
divergente da que lhe haja atribuído outro Tribunal. 
Neste caso, o recorrente deverá comprovar a divergência 
na forma do art. 1029, parágrafo primeiro do CPC. 
 
ATENÇÃO: NECESSÁRIO QUE A DIVERGÊNCIA SEJA 
ENTRE TIRBUNAIS DISTINTOS. SENDO A DIVERGÊNCIA 
ENTRE ÓRGÃOS DE UM MESMO TRIBUNAL TEREMOS O 
USO DO IRDR ( art. 976, I e II do CPC) OU O INCIDENTE 
DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA ( art. 947 do CPC). 
 
 
LOGO, PODEMOS ORGANIZAR A MATÉRIA DA SEGUINTE 
FORMA: 
 
 
REQUISITOS ESPECÍFICOS 
DE ADMISSIBILIDADE – 
RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 
REQUISITOS ESPECÍFICOS 
DE ADMISSIBILIDADE – 
RECURSO ESPECIAL 
ESGOTAMENTO DAS VIAS 
RECURSAIS 
ESGOTAMENTO DAS VIAS 
RECURSAIS 
PREQUESTIONAMENTO PREQUESTIONAMENTO 
ALÍNEAS DO ART. 102 DA 
CF 
ALÍNEAS DO ART. 105 DA 
CF 
REPERCUSSÃO GERAL OBS: DIVERGÊNCIA ENTRE 
TRIBUNAIS – CÓPIAS DAS 
DECISÕES – art. 1029, 
parágrafo primeiro – ( art. 
105 - alínea C da CRFB) 
OBS: VIOLAÇÃO DIRETA DA 
CF – (art. 102 , III, alínea A 
da CRFB) 
 
 
 
 
 
 
→ PROCEDIMENTO: 
 
- Interposição do REX e/ou Resp NO TRIBUNAL DE 
ORIGEM ( art. 1029 do CPC); 
 
- Intimação da parte contrária para apresentar as 
contrarrazões – (art. 1030 do CPC); 
 
- Após a juntada das contrarrazões – juízo de 
admissibilidade será feita pelo Presidente ou Vice 
Presidente ( conforme RI) – arts. 1030, I e II do CPC), que 
poderá: 
 
 I - negar seguimento: 
(...) 
 II - encaminhar o processo ao órgão julgador para 
realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido 
divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal 
ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o 
caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos 
repetitivos; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) 
 
III - sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de 
caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo 
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, 
conforme se trate de matéria constitucional ou 
infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 
2016) 
 
IV - selecionar o recurso como representativo de 
controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos 
termos do § 6º do art. 1.036; (Incluído pela Lei nº 
13.256, de 2016) 
 
V - realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, 
remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao 
Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela 
Lei nº 13.256, de 2016) 
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao 
regime de repercussão geral ou de julgamento 
de recursos repetitivos; (Incluído pela Lei nº 
13.256, de 2016) 
b) o recurso tenha sido selecionado como 
representativo da controvérsia; ou (Incluído 
pela Lei nº 13.256, de 2016) 
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de 
retratação. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 
2016) 
§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida 
com fundamento no inciso V caberá agravo ao 
tribunal superior, nos termos do art. 1.042. 
(Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) 
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos 
incisos I e III caberá agravo interno, nos termos 
do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 
2016) 
 
→ O art. 1031 estabelece que na hipótese de 
interposição de Resp e REX primeiro os autos do processo 
devem ser encaminhados ao STJ. 
 
 
→ ATENÇÃO hipótese de fungibilidade descrita no art. 
1032 do CPC. 
 
 
→ Esses recursos possuem, em regra, EFEITO 
DEVOLUTIVO. Entretanto, o art. 1029, parágrafo quinto, 
I, II e III trata da hipótese do recorrente postular o efeito 
suspensivo. Teremos aqui uma distinção legal sobre quem 
irá deliberar sobre o efeito, da seguinte forma: 
 
 
 I - ao tribunal superior respectivo, no período 
compreendido entre a publicação da decisão de admissão 
do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado 
para seu exame prevento para julgá-lo; (Redação dada 
pela Lei nº 13.256, de 2016) 
II - ao relator, se já distribuído o recurso; 
III - ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal 
recorrido, no período compreendido entre a interposição 
do recurso e a publicação da decisão de admissão do 
recurso, assim como no caso de o recurso ter sido 
sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela 
Lei nº 13.256, de 2016) 
 
 
- O relator poderá proferir decisão nos termos do artigo 
932 do CPC. Desta decisão caberá agravo interno ( art. 
1021 do CPC); 
 
 
- Não sendo caso de decisão monocrática – sessão de 
julgamento cabendo sustentação oral – art. 937, III e IV 
do CPC

Continue navegando