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Tipos de insulina

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TIPOS DE INSULINA: NPH E REGULAR (GUIA RÁPIDO) 
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e sua principal função é colocar o açúcar que ingerimos, ou seja, a glicose, dentro das células. A glicose, uma vez dentro das células, será usada como combustível, gerando energia.
A insulina é liberada em maior quantidade quando nos alimentamos, mas também é liberada em quantidades pequenas entre as refeições. Isto serve para controlar os níveis de açúcar no sangue nos períodos de jejum e também nos períodos após comermos. Todas as pessoas com diabetes Tipo 1 e muitas com Tipo 2 precisam de insulina para controlar a glicose no sangue. Quando o paciente com diabetes precisa usar insulina, é porque seu pâncreas não tem mais capacidade de fabricar a quantidade que o corpo necessita dessa substância para controlar os níveis de açúcar (SOARES, 2016).
No Brasil existem vários tipos de insulina, que são divididas conforme o seu tempo de ação: rápida, ultrarrápida, lenta (longa) e intermediária. Ou seja, se uma insulina funciona imediatamente após ser aplicada ela será ultrarrápida, se ela demora mais tempo para fazer seu efeito é chamada de insulina longa.
As insulinas mais modernas, chamadas de análogas (ou análogos de insulina), são produzidas a partir da insulina humana e modificadas de modo a terem ação mais curta (Lispro (Humalog®), Aspart (NovoRapid®) ou Glulisina (Apidra®)) ou ação mais prolongada (Glargina (Lantus®), Detemir (Levemir®) e Degludeca (Tresiba®). As insulinas também podem ser apresentadas na forma de pré-misturas. Há vários tipos de pré-misturas: insulina NPH + insulina Regular, na proporção de 70/30, análogos de ação prolongada + análogos de ação rápida (Humalog® Mix 25 e 50, Novomix®30).
A insulina humana (NPH e Regular) utilizada no tratamento de diabetes atualmente é desenvolvida em laboratório, a partir da tecnologia de DNA recombinante, podem vir em frascos e canetas. Os frascos são de 10 ml (para uso com seringas de insulina) e o refis, são de 3 ml (usados em canetas de aplicação de insulina), assim como podem vir em canetas de aplicação descartáveis. Outra forma de administração de insulina é a bomba de insulina,
A Insulina Regular - é uma insulina rápida e tem coloração transparente. Após ser aplicada, seu início de ação acontece entre meia e uma hora, e seu efeito máximo se dá entre duas a três horas após a aplicação.
A Insulina NPH - é uma insulina intermediária e tem coloração leitosa. A sigla NPH que dizer Neutral Protamine Hagedorn, sendo Hagedorn o sobrenome de um dos seus criadores e Protamina o nome da substância que é adicionada à insulina para retardar seu tempo de ação. Após ser aplicado, seu início de ação acontece entre duas e quatro horas, seu efeito máximo se dá entre quatro a 10 horas e a sua duração é de 10 a 18 horas.
Pelo fato de funcionarem em tempos diferentes, as insulinas podem ser combinadas para imitar o pâncreas normal. Quando aplicamos a insulina lenta ou intermediária, estamos buscando controlar o açúcar entre as refeições, e quando usamos insulina rápida ou ultrarrápida, o objetivo é controlar a glicose ingerida das refeições.
No entanto, essa é uma regra geral, e cada paciente receberá uma prescrição do seu médico conforme o caso e a hora mais necessária para controlar os níveis de glicose. A melhor insulina será aquela que irá controlar a glicose da forma mais parecida com o seu pâncreas, evitando assim que os níveis de açúcar permaneçam altos. (SOARES, 2016).
Independentemente do método, é importante entender alguns conceitos, confira:
Unidades de insulina
A insulina identificada com U-100 significa que existem 100 unidades de insulina por mililitro (mL) de líquido no frasco. O paciente deve sempre respeitar o número de unidades prescrito pelo médico. O auxílio do especialista é fundamental para determinar a dosagem apropriada. Atualmente no Brasil todas as insulinas comercializadas são U-100.
Insulina basal e bolus
O pâncreas secreta a insulina de duas maneiras: basal e bolus. Como basal entende-se uma secreção constante de insulina que permanece em níveis baixos no sangue o tempo todo e é produzida em forma de ‘gotas contínuas’, mantendo a liberação de glicose para as células do organismo; enquanto o termo bolus, se refere a quantidades maiores de insulina que são liberadas na circulação sanguínea em momentos de maior necessidade, como por exemplo, às refeições, ou quando há aumento de açúcar no sangue.
As insulinas de ação rápida encontradas nas farmácias são utilizadas para proporcionar ação semelhante a esses bolus de insulina, que ocorrem na fisiologia, necessários principalmente às refeições. Já as injeções de insulina de ação intermediária (NPH) e lenta (análogos) atuam de forma semelhante ao fornecimento basal e são aplicadas em 1 ou 2 aplicações diárias (Glargina, Levemir e NPH), ou até 3 vezes ao dia (NPH), a fim de proporcionar o componente “basal” da insulinização. É por isso que algumas vezes, para um bom tratamento com insulina, seguro e eficaz, minimizando o risco de hipoglicemias, usa-se várias aplicações diárias de insulina, no esquema assim conhecido como basal-bolus.
Pessoas com diabetes Tipo 1 na maioria das vezes precisam de um programa terapêutico que libere tanto a insulina basal quanto a bolus, no seu tratamento, que portanto em geral é feito de maneira intensiva, ou seja, envolvendo 3 ou mais aplicações diárias de insulina. Já o tratamento voltado ao diabetes Tipo 2 é variável. Alguns pacientes só precisam da basal, já que o pâncreas ainda fornece a insulina necessária para as refeições. Nestes casos, uma aplicação diária, antes de dormir, costuma ser suficiente. Outros precisam de insulina basal e bolus, com objetivo de controlar a glicemia em diferentes momentos do dia. (SBD, 2017).
Algumas pessoas com diabetes Tipo 2 não precisam de injeções de insulina. São os muitos casos em que medicamentos orais aliados à alimentação saudável e à prática regular de exercício físico conseguem prover bom controle glicêmico.
O programa de insulinoterapia personalizado pode incluir mais de um tipo de insulina, usados em diferentes momentos do dia, na mesma hora, ou até na mesma aplicação. O mercado disponibiliza algumas opções pré-misturadas de insulina, que possibilitam ao paciente aplicar dois tipos de insulina em uma única aplicação. Em outros casos, a pessoa com diabetes vai fazer a própria combinação, ajustando as doses das insulinas de ação ultrarrápida de acordo com a alimentação (quantidade de carboidratos) ou com a glicemia medida.
Estabilidade e Características dos tipos de insulinas
As insulinas apresentam boa estabilidade e têm sua ação biológica preservada, desde que devidamente conservadas. Existem diferenças entre a conservação e a validade de insulina em uso e a que está lacrada, para que a potência e a estabilidade sejam mantidas, como pode ser observado na tabela 1. Os fabricantes não recomendam guardar a caneta recarregável em geladeira, pois podem ocorrer danos no mecanismo interno e interferir no registro da dose correta. A insulina nunca deve ser exposta a temperaturas inferiores a 2º C para não ter o risco de congelamento e perda de seu efeito. Seu armazenamento na geladeira deve evitar local como a porta e a proximidade com as paredes da geladeira e o congelador.
Tabela 1- Conservação da Insulina
	INSULINA
	TEMPERATURA
	VALIDADE
	Insulina lacrada Frasco, refil e caneta descartável.
	Sob refrigeração, entre 2°C a 8°C.
	2 a 3 anos, de acordo com o fabricante, a partir da data de fabricação.
	Insulina em uso frasco e caneta descartável.
	Sob refrigeração, entre 2°C a 8°C ou Até 30 °C, em temperatura ambiente.
	4 a 6 semanas após a data de abertura e início do uso, de acordo com o fabricante.
	Insulina em uso Caneta recarregável.
	Até 30° C, em temperatura ambiente.
	4 a 6 semanas após a data de abertura e início do uso, de acordo com o fabricante.
Fonte: SBD, 2014-2015.
A insulina ou a caneta descartável em uso deverá ser retirada da geladeira entre 15 a 30 minutos antesda aplicação, para prevenir dor e risco de irritação no local de aplicação. O transporte da insulina, a fim de manter sua integridade, deve ser cauteloso desde sua saída da indústria até a chegada ao domicílio, seguindo as devidas recomendações do fabricante e respeitando a temperatura adequada. O transporte doméstico poderá ser em embalagem comum, respeitando-se os cuidados com o tempo, o calor e a luz solar direta. Se utilizada embalagem térmica ou isopor, com gelo ou similar, deve se tomar precauções para que a insulina não entre em contato direto. Sempre transportá-la como bagagem de mão (SBD, 2014-2015).
A tabela 2 descreve as características dos tipos de insulina existentes. O início da ação é a velocidade com que a insulina começa a trabalhar após a injeção; o pico é a hora em que a insulina atinge o ponto máximo no que diz respeito à redução de glicemia e a duração é o tempo em que a insulina age no organismo. A referência para os dados abaixo é a insulina humana U-100. 
Tabela 2 – Características dos tipos de insulina existentes
Fonte: SMITH, 2007.
Como aplicar?
Quando você está fazendo um tratamento com insulina, você precisa checar seus níveis de glicose regularmente. Essa medida é fundamental para avaliar o tratamento e verificar se as metas estão sendo alcançadas. O ‘ajuste fino’ dessas metas e das doses de insulina e medicamentos leva algum tempo e é afetado pelo estilo de vida e, eventualmente, por outras doenças. Uma boa notícia é que os equipamentos mais novos, com agulhas menores, estão tornando a aplicação de insulina cada vez mais fácil.
A via utilizada para a aplicação diária de insulina é a subcutânea geralmente em aplicações de ângulo de 45° a 90°C, considerando se criança ou adulto, e tamanho da agulha usada. A extensa rede de capilares possibilita a absorção gradativa da insulina e garante o perfil farmacocinético descrito pelo fabricante. A via IM é uma opção usada, às vezes, em pronto-socorro, e a via IV, em unidade de terapia intensiva (UTI), onde o paciente permanece devidamente monitorado. A insulina de ação rápida é a única opção para ser utilizada na aplicação intramuscular (IM) e intravenosa (IV).
Para homogeneizar corretamente as suspensões de insulinas (insulina humana de ação intermediária e bifásica), recomenda-se movimentar o frasco de dez a vinte vezes; a caneta vinte vezes e a seringa com insulina previamente preparada, também vinte vezes. Recomenda-se realizar movimentos suaves (interpalmar, circular ou pêndulo), pois a agitação provoca o aparecimento de bolhas de ar. As bolhas, se não removidas, dificultam o preparo e causam erro na dose da insulina. (SBD, 2014-2015).
Se você usa a caneta, não se esqueça de checar o fluxo de insulina antes de aplicar a dose. Ajuste o aparelho para duas unidades e, com a ponta da caneta virada para cima, na vertical, aperte o botão de aplicação, repetindo até que apareça a insulina. (SBD, 2016).
Depois de checar o fluxo, marque a dose a ser aplicada. Insira a agulha na pele em um ângulo de 90° (perpendicular). Aperte o botão até que você veja o número 0. Conte dez segundos antes de remover a agulha da pele, para garantir que a dose foi totalmente aplicada. Com agulhas maiores, superiores a 8 mm, você pode precisar levantar a pele delicadamente antes da injeção, a chamada “prega”.
Uma das possíveis complicações durante o tratamento com insulina está no aparecimento de lipodistrofia. A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda dividir o local de aplicação em quadrantes (Ver tabela 3), usando um quadrante, por semana. As aplicações, dentro de qualquer quadrante, devem ser espaçadas em pelo menos 1 cm, sempre movendo em sentido horário. Devem-se esgotar as possibilidades em um quadrante e só então mudar para outro. Entretanto, para múltiplas aplicações diárias, essa recomendação não é facilmente aplicada, considerando os cuidados quanto ao planejamento do rodízio. (SBD, 2014-2016).
Tabela 3 – Local de Aplicações de Insulina
	Local
	Prós
	Contras
	Abdome (evite uma área de 5 cm em torno do umbigo)
	Fácil acesso, a insulina é absorvida de forma rápida e consistente.
	Nenhum
	Nádegas e Coxas
	Absorção mais lenta do que o abdome e braços
	Absorção mais lenta e mais afetada por exercícios
	Parte externa do braço
	Depois do abdome, o braço é a região que oferece absorção mais rápida.
	Acesso mais difícil para auto aplicação
 
Fonte: SBD, 2016.
As canetas podem ser reutilizáveis, em que se compra o refil de 3 mL de insulina para se carregar na caneta. Neste caso é importante observar que as canetas são específicas para cada fabricante de refil. Há também canetas descartáveis, que vem já carregadas com insulina e ao terminar seu uso são dispensadas e se pega uma nova caneta, dispensa portanto a troca de refis, tornando o uso ainda mais simples.
As canetas são fáceis de carregar e de usar e garantem a dose correta prescrita, já que diminuem a chance de erros de dose, o que é muito comum no dia a dia na terapia com insulina. A não ser em caso de insulinas pre-misturadas, a pessoa deve ter uma caneta separada para cada tipo de insulina prescrita. Se tiver que tomar dois tipos na mesma hora, aplica-se a respectiva dose de cada caneta, separadamente. 
As seringas têm, atualmente, agulhas muito menores, até de 6 mm. Elas permitem aplicação com mínima dor. Se você precisa tomar dois tipos de insulina no mesmo horário e elas estão disponíveis em frascos, por exemplo NPH e insulina Regular, pode-se misturar os dois tipos e aplicar apenas uma aplicação na mesma seringa. Ao se fazer isso deve-se estar atento à dose de cada componente de insulina, aspirando primeiro a insulina Regular e depois a insulina NPH, nesta ordem.
Bombas de insulina é um modo seguro e eficiente de fornecer insulina para o corpo. Elas são usadas com mais frequência por pessoas que precisam de múltiplas injeções ao longo do dia. O equipamento inclui um pequeno cateter, que é inserido sob a pele. A ‘bomba’ propriamente dita é usada externamente. 
REFERÊNCIAS:
SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Aplicação de insulina: dispositivos e técnica de aplicação. Diretrizes 2014-2015. Disponível em URL: >http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-tipo-1/002-Diretrizes-SBD-Aplicacao-Insulina-pg219.pdf<
SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes. 2017. Insulina. Disponível em: >http://www.diabetes.org.br/publico/diabetes/insulina<
SOARES, A. H. Tipos de insulina variam conforme tempo de ação e possuem indicações diferentes: Guia da insulina descomplicada explica as diferenças e como escolher. Minha Vida, 2016. Disponível em URL: >http://www.minhavida.com.br/saude/materias/16753-tipos-de-insulina-variam-conforme-tempo-de-acao-e-possuem-indicacoes-diferentes<
SCHMID, H. Novas opções na terapia insulínica. Jornal de Pediatria. Vol. 83, Nº 5 (Supl), 2007. Disponível em: >http://www.scielo.br/pdf/jped/v83n5s0/v83n5Sa05.pdf<
Darline Balieiro dos Santos. Jéssica Taynara Oliveira Araújo. Acadêmicas de Farmácia. T – 2016. UNIFAP. Dr. Edilson Leal da Cunha. UBS UNIFAP.

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