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Documentario Carne e Osso

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CARNE E OSSO
1. INTRODUÇÃO
Esse relatório trata da observação das condições de trabalho dos trabalhadores dos frigoríficos de aves, bovinos e suínos sob a ótica da Segurança e Medicina do Trabalho – Saúde do Trabalhador. O trabalho se propõe a demonstrar como o trabalho realizado sem a preocupação com a segurança do trabalho e do trabalhador pode trazer inúmeras consequências físicas e psicológicas, muitas vezes irreversíveis, fazendo com que o trabalhador tenha interrompida sua força de trabalho em idade precoce. A produção deste relatório desenvolveu-se a partir da exibição do documentário “Carne e Osso” em sala de aula, e pelas orientações dadas pelo professor de Direito do Trabalho quando do referido conteúdo ministrado em sala de aula.
2. RELATO
O documentário “Carne e Osso” dirigido por Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros foi realizado de forma a trazer imagens e depoimentos de trabalhadores dos abatedouros de aves, bovinos e suínos no ano de 2011. Mostra os empregados destas empresas trabalhando num ritmo acelerado de produção sem a mínima preocupação, por parte das empresas, com as condições de trabalho e saúde, física e mental do trabalhador. 
No que tange ao frigorífico de aves tudo é calculado minimamente para que o trabalhador desempenhe sua função durante todo o tempo que lá está, não podendo se levantar, conversar ou até realizar suas necessidades fisiológicas. O ritmo do trabalho é dado por esteiras rolantes, que se inicia com a morte das aves, seu esquartejamento, a desossa das partes já cortadas até o empacotamento e envio para a venda. 
Os empregados realizam o trabalho sentados, um do lado do outro, com espaço mínimo entre eles, o que os impossibilitam de se movimentar livremente. No ritmo da esteira eles devem desossar a perna da ave (coxa e sobrecoxa). Para isso, e com a prática do dia a dia, são realizados dezoito movimentos a cada quinze segundos. Mas, de acordo com o depoimento de uma funcionária, quando há grandes vendas de carne de aves, principalmente para o exterior, o ritmo da esteira é acelerado para que se dê conta da encomenda. Além disso, para que a carne não estrague mais rapidamente, a temperatura do ambiente de trabalho é reduzida, ficando entre oito a doze graus Célsius. O ritmo é maçante. Os trabalhos são repetitivos. Não há nenhum trabalho preventivo de ergonomia, ou para manter a saúde do trabalhador. Muitos acidentes acontecem. Há casos de mutilações de dedos e de atrofia de músculo e nervos dos trabalhadores, impossibilitando-os a continuar no trabalho. Há uma grande pressão psicológica para que o trabalho seja realizado no “tempo certo”. 
Já o trabalho nos frigoríficos bovinos e suínos é ainda mais assustador. Trabalhadores jovens, com pouca escolaridade, tem que manipular grandes serras extremamente afiadas e pesadas num ambiente úmido e gelado. Além disso, há também o transporte das peças cortadas pelo trabalhador, o que demanda grande esforço físico. Sem nenhuma orientação, os empregados trabalham mais de oito horas diárias. Por conta da falta de orientação sobre a manipulação das ferramentas e do cansado, muitos acidentes acontecem. Não há também a preocupação com a ergonomia. Muitos dos trabalhadores apresentam mutilações ou graves cortes que afetam os ligamentos das mãos e dos braços, o que provoca dificuldades nos movimentos.
Nos dois casos há grandes incidências de doenças provocadas por Lesões por Esforços Repetitivos - LER e por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. 
3. ANÁLISE
O documentário “Carne e Osso” mostra a difícil vida dos trabalhadores dos frigoríficos aves,bovinos e suínos. Eles ficam expostos diariamente a instrumentos cortantes como facas e serras, utilizando-os com o mínimo possível de segurança. Vale dizer que os empregados que manipulam as aves, possuem luvas protetoras somente em uma das mãos. O fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs está regulamentado pelo artigo 166 da CLT e obriga a empresa a fornecer tais equipamentos. 
Para dar conta do trabalho os empregados são obrigados a trabalhar num ritmo acelerado, realizando tarefas repetitivas durante toda a jornada de trabalho, o que traz sérios problemas de saúde, como a Lesão por Esforços Repetitivos – LER e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. No frigorífico in casu, e de acordo relato dos especialistas no documentário, há uma carga de esforço três vezes superior ao limite estipulado para garantir a saúde do trabalho, e a probabilidade de se desenvolver tendinite é 743% superior a de qualquer outro trabalhador. O art. 168 da CLT estabelece que o empregado, quando da admissão, durante o contrato e na demissão, seja submetido a exames médicos. 
O comprometimento muscular e neurológico é tão grande que muitos desses trabalhadores perdem o movimento dos braços, como é o caso da trabalhadora Valdirene, ex-empregada do frigorífico. Além disso, o ambiente de trabalho é muito frio, ficando muitas vezes, com temperaturas abaixo do permitido. Os ambientes com temperatura muito abaixo do permitido são considerados insalubres. A NR 15 trata das Atividades e Operações em ambientes insalubres.
De acordo com o Ministério da Previdência Social, um funcionário de um frigorífico de bovinos tem três vezes mais chances de sofrer um traumatismo de cabeça ou de abdômen do que o empregado de qualquer outro tipo de trabalho. Além do que acontecem graves acidentes, provocando mutilações em membros superiores ou inferiores. A NR 16 dispõe sobre Atividades Perigosas, como também, a NR 5 trata da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA. Corroborando com isso o artigo 163 da CLT estabelece que a empresa que possuir certo número de empregados estará obrigada a constituir CIPA.
Os distúrbios psicológicos também estão entre os males causados. O índice de depressão entre os funcionários de frigoríficos de aves é três vezes maior que o da média de toda a população economicamente ativa do Brasil. A pressão psicológica é intensa. Muitos trabalhadores não conseguem retornar ao serviço. Isso poderia ser minimizado com o cumprimento da NR 7 que dispõe sobre o Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional dos trabalhadores.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se a desmedida corrida, por parte dos empresários, para a obtenção de lucro. Essa corrida passa por cima de legislações vigentes que regulam o Direito do Trabalho. Esse desrespeito legal leva os trabalhadores dessas empresas a uma condição ínfima, sendo valorizado apenas por aquilo que produzem no determinado tempo em que são considerados“úteis”. Se ele apresentar problemas de saúde, deixa de ser “útil” e então é substituído.
È necessário um comprometimento do Estado para que situações trabalhistas como estas não aconteçam. Precisa-se de uma forte e intensa fiscalização in loco, para que essas empresas sejam punidas e tratem o trabalhador como um ser humano, dando-lhes todas as condições para a realização de um trabalho saudável. E, principalmente, é necessário que as empresas se conscientizem e implantem medidas laborais como, pausa, ergonomia, saúde mental e médicos do trabalho responsáveis e conscientes. Só assim poder-se-á ter trabalhadores mais produtivos e com a saúde, em todos os sentidos.
REFERÊNCIAS
Carne, Osso. Produção Executiva Maurício Hashizume. Direção Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros. Rio de Janeiro. 65 minutos. Colorido. Reporter Brasil, 2011.

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