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Contaminação dos solos por LNAPL: discussão sobre diagnóstico e remediação Eduardo Azambuja Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Dione B. Cancelier Azambuja Engenharia e Geotecnia Ltda Arthur S. Nanni CPGGEO/UFRGS, Azambuja Engenharia e Geotecnia Ltda Resumo. As contaminações por hidrocarbonetos derivados de petróleo em solo têm sido alvo de inúmeras pesquisas e constitui em um desafio para os profissionais que atuam na geotecnia, em função da complexidade dos fenômenos geoquímicos e bioquímicos que são catalisados a partir de sua inserção no subsolo. Os vazamentos em postos de abastecimento de combustíveis constituem as fontes mais expressivas, não pelo volume individual da contaminação, mas pelo caráter sistêmico que representam e pela repercussão que geram sobre a qualidade dos aqüíferos. Entender a dinâmica dessas contaminações (seguidamente referidas como LNAPL - light non-aqueous phase liquids) é fundamental para orientar as atividades de prospecção e diagnóstico dos impactos gerados pelos vazamentos de combustíveis, bem como para desenvolver uma técnica de remediação econômica e ambientalmente viável. Este trabalho apresenta uma revisão conceitual do comportamento dos contaminantes no subsolo e dos métodos de diagnóstico, especialmente os métodos geofísicos por resistividade elétrica, discutindo-se as vantagens e limitações desta técnica à luz da experiência em alguns casos históricos. As propostas de técnicas de remediação carecem ainda de maturidade, em virtude da escassez de informações sobre a eficiência dos sistemas já implantados. No sentido de colaborar com a discussão sobre a pertinência de algumas dessas técnicas, em especial aquelas que procuram estimular a atenuação dos contaminantes pela ação biológica, faz-se um relato de três sistemas de remediação já implantados e dos resultados obtidos até o presente. Palavras-chave. Contaminação, Geofísica, Solos, Água Subterrânea, Remediação. 1. Introdução Um dos problemas de difícil solução nas atividades voltadas para a proteção ambiental consiste na avaliação da extensão, dinâmica e concentração das contaminações provocadas por vazamentos em tanques de combustíveis derivados do petróleo. Essa complexidade deve-se ao fato desses contaminantes representarem uma ampla composição de produtos com características diferentes, sendo que a maioria caracteriza-se pela baixa solubilidade e pouca persistência no solo. A forma como interagem com o fluxo freático, com os argilo-minerais e com a matéria orgânica presentes no solo é complexa do ponto de vista físico e químico. Mais ainda, sendo produtos orgânicos de fácil conversão, as ações biológicas que se deflagram no terreno a partir da sua presença são significativas e alteram o comportamento dos contaminantes ao longo do tempo. Por fim, processos secundários de natureza geoquímica são catalisados a partir da bioconversão dos hidrocarbonetos, estabelecendo uma sinergia entre os fenômenos (Sauck, 2000). Assim, ao profissional que se apresenta para investigar uma contaminação por hidrocarbonetos com essas características, impõe-se um desafio que transcende a especialidade do geotécnico ou do geólogo. O problema, tratado na sua escala devida, é tipicamente multidisciplinar e exige o domínio dos processos químicos e biológicos que estão inerentemente associados. Também é importante ressaltar que a avaliação da dinâmica dos contaminantes no solo, apesar de poder ser traduzida pelos modelos analíticos ou numéricos de transferência de massa, exige a introdução dos componentes de atenuação por bioconversão (Blanc et al, 2000), portanto uma fronteira um pouco distante do universo geotécnico. Não obstante a dificuldade da modelagem ser representativa dos substratos tão heterogêneos que o subsolo significa, há ainda que considerar que tratam-se de sistemas “vivos”. Estabelecer parâmetros de atenuação pela ação de microorganismos não é uma tarefa das mais fáceis. Este cenário de dificuldades aqui construído não tem por objetivo desestimular quem vêm trabalhando neste segmento, outrossim destacar que o caminho do conhecimento a ser trilhado nesta área é muito longo, é ainda um amplo campo de pesquisas. Também deseja-se confessar a insipiência das informações que são aqui discutidas e de como estamos ainda tangenciando o problema, como se estivéssemos comendo um mingau pelas beiradas. E então, começando pelas “beiradas”, entendemos ser prudente conceituar as fases de contaminação e os mecanismos de transferência de contaminantes através do solo, para posteriormente discutir as formas de diagnóstico. Os resultados dos diagnósticos são sempre comparativos, ou seja, quando avaliamos contaminações, comparamos os resultados obtidos com marcos que caracterizam uma normalidade ambiental (background), uma anomalia aceitável ou um estado crítico. Esses marcos ou “níveis” constituem uma discussão fervorosa no meio técnico, pois costumam ser determinados a partir de análises de risco, os quais consistem em modelos analíticos para avaliar a repercussão de um contaminante na cadeia ambiental de um determinado sistema e, em especial, à saúde humana. Ao fazer um breve comentário sobre os modelos de análise de risco, discutimos a sua pertinência e limitações, pelo menos sob a ótica dos nossos problemas regionais. Conduzido o diagnóstico e confrontados os seus resultados com os balizadores de uma análise de risco, há a tomada de decisões sobre a necessidade ou não de intervenção. Entenda-se que intervenção implica em “remediação” (redução dos contaminantes a níveis mais aceitáveis) e não em “recuperação” (eliminação dos contaminantes presentes no sistema). Os processos de remediação são inúmeros, mas essas técnicas ainda não possuem maturidade, em virtude da escassez de informações sobre os seus desempenhos. Inicialmente, as tentativas de recuperação consistiam na mera remoção do solo supostamente contaminado, confinando o material em aterros de resíduos sólidos ou dispondo em landfarmings. Posteriormente, com a preocupação em preservar os aqüíferos, os sistemas de remediação passaram a empregar o bombeamento com tratamento externo (pump and treat). Ambas as sistemáticas fracassaram tanto pela insuficiência técnica como pelo desempenho econômico. Apesar do rápido surgimento de propostas mais sofisticadas de remediação, há uma tendência em conduzir técnicas de remediação que estimulem a atenuação dos contaminantes por bioconversão. A respeito das técnicas de remediação, relacionamos três sistemas que estão ora em operação para discutir as estratégias adotadas e os resultados obtidos. 2. Fases de Contaminação Os hidrocarbonetos que constituem os combustíveis como óleo diesel e gasolina são compostos de baixa densidade e a maioria dos seus componentes consistem de uma fase não solúvel em água, ou pelo menos possuem uma dificuldade de solubilizar seus componentes no aqüífero quando em seu estado original. Normalmente, um vazamento de combustível em um tanque de abastecimento promove diferentes fases de contaminação, conforme relatam Mercer e Coheb (1990). Diante das evidências obtidas em vários trabalhos realizados no sul do Brasil e apoiados em relativo consenso no meio técnico (Kierchheim et al, 1998), propomos a designação de cinco fases de contaminação que tipicamente se manifestam em vazamentos de tanques de combustível. Embora com as idiossincrasias dos autores deste trabalho, essa classificação de fases guarda semelhanças com a classificação proposta no excelente trabalho de Sauck (2000) a respeito do comportamento eletroquímico dos solos contaminados por hidrocarbonetos. Enfim, as fases podem ser assim descritas: a) Fase livre Constitui em um véu sobre o topo do freático livre e que pode ser mais ou menos espesso, dependendo da quantidade de produto derramado e da dinâmica do sistemafreático. A fase livre não é composta exclusivamente por hidrocarbonetos. Estudos experimentais referidos por Sauck (2000) demonstram que apenas 50% dos vazios do solo são ocupados por hidrocarbonetos, sendo que a outra metade é ocupada por água e ar. Esse percentual de hidrocarbonetos presente nos vazios dos solos não é constante, admitindo-se que ele seja menor nas bordas superior e inferior dessa camada. Por essa razão, não existe um limite estrito entre a fase livre e as demais fases, mas uma banda de transição que pode ser mais ou menos espessa, de acordo com a viscosidade do hidrocarboneto, magnitude e freqüência das oscilações freáticas, quantidade de oxigênio disponível, porosidade do solo e ainda o tempo transcorrido desde o vazamento, entre outros fatores intervenientes. Do ponto de vista geoelétrico, a fase livre não possui a mesma resistividade do produto original. Via de regra ela apresenta-se mais condutiva que o produto original, não só devido à ocorrência da bioconversão do hidrocarboneto, mas principalmente pela interposição de água e ar na fase. Entretanto, o seu contraste com o background, em especial em solos argilosos, costuma ser significativamente mais resistivo. b) Fase adsorvida Também denominada de fase residual, constitui no halo de dispersão entre a fonte e o nível freático e caracteriza-se por uma fina película de hidrocarbonetos envolvendo grumos de solo ou descontinuidades existentes no saprólito ou rocha, sendo mais importante para os produtos mais viscosos como o diesel. Devido às variações freáticas inerentes, a fase adsorvida ocupa uma banda sobre o topo da fase livre. Essa banda pode ser mais ou menos significativa, dependendo da viscosidade do produto, da porosidade do solo e das oscilações do freático livre. Do ponto de vista geoelétrico, a fase adsorvida tende a aumentar a resistividade elétrica dos solos naturais. Porém, essa tendência é mais clara em solos argilosos e para contaminações recentes, porque a bioconversão dos hidrocarbonetos em ambiente óxico é rápida e pode implicar na formação de ácidos orgânicos e na lixívia de sais, diminuindo o contraste elétrico. Convém destacar que, em solos naturalmente resistivos (como areias puras, por exemplo) os processos de bioconversão podem resultar em um contraste paradoxalmente condutivo. Outro aspecto relevante diz respeito à histerese que o arraste de hidrocarboneto possui entre os ciclos de saturação e drenagem. Os hidrocarbonetos mais viscosos possuem maior mobilidade no solo durante a drenagem do que durante a saturação, o que resulta em um abandono de hidrocarbonetos no solo durante as oscilações do freático. Em decorrência, existe uma fase adsorvida abaixo do lençol freático, ou mesmo abaixo da fase livre. c) Fase dissolvida Constitui em contaminações por dissolução de aditivos polares e por uma fração emulsionada de hidrocarbonetos que possui maior mobilidade e dissipa-se abaixo no nível freático livre, sendo mais importante para fluidos menos viscosos como a gasolina. A quantidade de hidrocarbonetos dissolvidos depende das condições de degradação (ou bioconversão) do produto, estando muito mais relacionada à participação da fase adsorvida e muito menos ligada à espessura da fase livre propriamente dita. Aliás, fases livres menos espessas devem favorecer a dissolução de componentes, porque o ambiente ideal para a ocorrência do fenômeno deve ser oxigenado e com pH mais baixo. Do ponto de vista geoelétrico, a fase dissolvida em si não altera significativamente a resistividade do solo. Entretanto, o mesmo ambiente que favorece a dissolução de hidrocarbonetos, favorece também a lixívia de sais, o que associa-se a uma maior condutividade elétrica na área onde existe maior incidência de pluma de contaminação abaixo do nível freático. Convém destacar que, como o ambiente anóxico inibe a dissolução de hidrocarbonetos, a fase dissolvida ocupa apenas a parte superior dos aqüíferos e raramente ultrapassa 5 metros de espessura abaixo do freático. d) Fase vaporizada Constitui uma fase gasosa dos componentes voláteis dos combustíveis e que ocupa vazios do solo ou rocha, sendo mais importante para os hidrocarbonetos de menor ponto de vaporização, como aqueles que compõem a gasolina. A bem da verdade, a fase gasosa dos hidrocarbonetos está presente em meio às demais fases, mas é mais significativa na região vadosa do subsolo. Do ponto de vista geoelétrico é pouco participativa. e) Fase condensada Aparece mais tipicamente em áreas urbanas onde a pavimentação do solo é intensa e pouco permeável, caracterizando-se pela acumulação de produtos condensados sob os pavimentos. Na verdade é semelhante à fase adsorvida, porém com composição diferente do produto original em virtude do fracionamento seletivo da vaporização. É também uma fase com intensa bioconversão, manifestando-se degradada. Na maioria dos casos de contaminação por combustíveis em postos de abastecimento, a preocupação do diagnóstico tem se pautado pela delimitação das fases adsorvida e livre, onde as ações de remediação podem ser mais efetivas. Entretanto, os marcos referenciais sugeridos pelas análises de risco indicam que a fase dissolvida possui repercussão ambiental tão ou mais relevantes que as demais fases. As típicas zonas de ocorrência de cada fase são apresentadas na figura 01. 3. Mecanismos de Transferência de Contaminantes A dinâmica dos contaminantes no solo costuma ser explicada através de três mecanismos de transferência de massa, a saber: advecção, dispersão e atenuação. Conforme será a seguir discutido, esses mecanismos podem ser subdivididos em subprocessos (a dispersão pode ser dividida em dispersão hidráulica e difusão molecular, enquanto que a atenuação pode ser compartimentada em adsorção físico-química, sorção química e bioconversão). Essa conceituação é que fundamenta os modelos analíticos ou numéricos que são empregados para prever ou avaliar a dinâmica dos contaminantes em um sistema. Esses mecanismos são assim descritos: a) Advecção Consiste no mecanismo onde os contaminantes seguem coincidentemente com os vetores de fluxo e guardam uma relação direta com a velocidade de percolação no solo. É o mecanismo preponderante na formação e na mobilização da fase livre de hidrocarbonetos. b) Dispersão Consiste no mecanismo responsável pela diminuição da concentração de contaminantes no fluido de percolação e que pode se dar através de dois processos: dispersão hidrodinâmica e difusão molecular. A dispersão hidrodinâmica acontece pela restrição de fluxo nos poros do solo que gera redução de velocidade da percolação dos componentes mais viscosos. A difusão molecular é, intrinsecamente, um fenômeno de diluição de componentes solúveis e é o principal processo formador da fase dissolvida, responsável pela maior mobilidade dos contaminantes. Quando se tratam de emulsões, como no caso dos hidrocarbonetos, a dispersão pode se apresentar como um mecanismo complexo, em virtude dos fenômenos de histerese do arraste de contaminantes, em especial nas frentes de saturação e franjas capilares. Este processo está associado à formação da fase adsorvida e também pela produção de uma fração de emulsões que podem compor a fase dissolvida. c) Atenuação Consiste na redução de contaminantes transportados pela advecção ou diluição através de reações químicas ou físico- químicas. A atenuação química é mais intensa em solos com maior capacidade de troca catiônica e atua reduzindo componentes das fases livre e adsorvida. Também nesse elenco de reações estão as reações de bioconversão, pela qual parcelas dos hidrocarbonetos são transformadas em ácidos orgânicos ou mesmo totalmente oxidadas. A atenuação química é mais intensa na região com maior disponibilidade de oxigênio e está intimamente associada à ação biológica. A atenuaçãofísico-química é a responsável pela formação da fase adsorvida e consiste no aprisionamento de contaminantes que se aderem aos grãos do solo, sobretudo aos grumos de argilas com maior atividade. Entretanto, associada com os mecanismos de atenuação química, é responsável pela formação da fase dissolvida (facilitada pela redução de pH). Os mecanismos de dispersão e atenuação são complexos e sinergéticos entre si, o que torna a modelagem numérica dos processos de transferência de massa uma atividade igualmente complexa, devido à dificuldade de estabelecer parâmetros para os fenômenos de natureza bioquímica. Fase CondensadaFase Adsorvida ou residual fluxofluxo tanques vaporização Pavimento (zonas urbanas) Fase DissolvidaFase Vaporizada Fase Livre NF médio aterro compactados Figura 01: Fases de contaminação por LNAPL no subsolo. Os modelos de predição da dinâmica dos contaminantes são importantes porque, apesar de complexos, podem auxiliar na decisão de quando e com qual intensidade as intervenções de engenharia podem ser conduzidas na recuperação de uma área impactada, bem como decidir se a atenuação natural é ambientalmente aceitável. Os modelos computacionais comercialmente disponíveis limitam-se a tratar o problema como um sistema com uma única fase (a dissolvida) e tratando a atenuação de forma mais simplista, em geral considerando apenas um fator de adsorção. Existem ainda algumas diferenças entre os modelos na forma como tratam a advecção no meio poroso, pois alguns consideram o fluxo em meio não-saturado e outros não permitem essa possibilidade de análise. Mas as grandes limitações dessas ferramentas computacionais disponíveis no mercado são: as equações de bioconversão são negligenciadas; o sistema é tratado com uma única fase quando, em verdade, é tipicamente “multifases” e ainda há dificuldades em lidar com o problema fora do estado plano. Recentemente, na Universidade do Texas, foi desenvolvido um simulador de modelo por diferenças finitas que integra as multifases, os multicomponentes, a tri- dimensionalidade do problema e as equações de dispersão, advecção, atenuação e bioconversão e que foi denominado de UTCHEM. Ao que sugerem alguns resultados publicados pelos autores (Blanc, et al, 2000a e Blanc et al, 2000b) este simulador parece ser uma ferramenta promissora. 4. Diagnóstico Para o diagnóstico das contaminações, as investigações têm sido conduzidas por métodos diretos e indiretos de prospecção, ou seja, pela execução de uma malha de sondagens mecânicas e coleta de amostras para análise geoquímica ou por métodos geofísicos. Pelas técnicas diretas, há a possibilidade de avaliação pela análise em amostras de solo ou de água. Nas análises em solo, objetiva-se a determinação de cargas residuais ou fase adsorvida de contaminantes. As amostras são obtidas pela perfuração e coleção do solo. Já nas análises em água, as amostras são coletadas através de poços de monitoramento temporários ou definitivos. O objetivo é identificar a presença de fase livre e avaliar a magnitude da fase dissolvida. Já as metodologias geofísicas podem identificar a presença de hidrocarbonetos pelo contraste com as propriedades de referência (condutividade elétrica, módulo cisalhante, etc), e serão alvo de discussão mais detalhada. Nessas técnicas a avaliação é mais sistêmica e qualitativa, não sendo possível quantificar os teores de contaminantes presentes no sistema. 4.1. Métodos diretos: análise em solo Os métodos diretos, possuem uma boa acurácia, desde que realizados com os cuidados especiais. A técnica de amostragem deve ser conduzida de forma a evitar a contaminação cruzada entre furos ou dentro do próprio furo. Isso requer cuidados especiais, principalmente quando se amostra abaixo do freático livre. Os trados convencionais não são adequados para isto, uma vez que permitem a transferência das contaminações para o fundo do furo. Já os trados helicoidais vazados (hollow steam auger) garantem uma melhor integridade das amostras de solo, em função de disporem de dois helicóides: um externo com rosca direita para a perfuração e outro interno com rosca esquerda para armazenamento da amostra (Quaresma, 1999). Outra possibilidade de amostragem sem cruzamento de contaminantes consiste na utilização de revestimentos com selos. Esses revestimentos são introduzidos por um processo de cravação dinâmica ou estática, mas quando ultrapassam o nível freático são selados para evitar a entrada de contaminantes para o fundo do furo. As amostras são retiradas com amostradores dedicados (um por amostra) tipo pistão, ou em amostradores integrais (toda a extensão do furo) como no sistema direct push. Além dos cuidados com a integridade das amostras, o acondicionamento, transporte e preparação da amostra para análise deve seguir uma rotina planejada por uma cadeia de custódia, onde todos os procedimentos são registrados até o laudo final da análise. No que tange às análises geoquímicas, o método mais empregado ainda é o de cromatografia gasosa (head space). Por hora, ainda não são confiáveis as técnicas de avaliação in situ de compostos voláteis (cromatógrafos de campo), de modo que as amostras ainda devem ser analisadas em laboratório. Os parâmetros comumente utilizados para as análise são o TPH (hidrocarbonetos totais de petróleo) e as colunas de BTXE (benzeno, tolueno, xileno e etilbenzeno), estes em virtude da maior toxicidade. As análises devem ser calibradas por um branco de laboratório, uma vez que os cromatógrafos podem apresentar ruídos no registro de dados. Essa preocupação com a qualidade de amostras se justifica pelos limites que caracterizam a contaminação, da ordem de mg/kg. 4.2. Métodos diretos: análise em água A análise da presença de hidrocarbonetos nas águas freáticas é realizada, tipicamente, através de poços de monitoramento, embora a participação de extratores pneumáticos adaptados em piezômetros craváveis ou mesmo em sondas CPT esteja crescendo de participação. O uso de cones equipados com bladder pump (Lunne et al, 1997), parece ser uma ferramenta de uso potencial para avaliação de contaminantes no freático, mas ainda precisa ser amadurecida, em especial devido à possibilidade de cruzamento de contaminações em estratos distinto durante a cravação do cone. É necessário ter-se presente que o objetivo da análise em água é identificar a fase dissolvida. Assim, a coleta de amostras deve evitar o contato com a fase livre que, normalmente se manifesta como uma escuma no topo do nível d’água. O uso de bailers (amostradores tipo caneca) é inviável, em função da mistura de fases durante a coleção. A maioria das recomendações internacionais sugere a utilização de amostradores tipo bexiga, denominados de bladder pumps, cujo princípio de funcionamento aparece na figura 02. Como é observado, os amostradores bladder pumps funcionam de forma pneumática, porém sem contato do ar com a amostra. Desde que se realize um volume de purga adequado, a amostra é obtida sem a interferência da fase livre. Independente de se empregar amostradores de bexiga, há uma tendência de se construir poços de monitoramento que isolem intencionalmente a fase livre do sistema, conforme pode ser visto na figura 03. Esses poços possuem o elemento de filtro (tubo ranhurado) permanente abaixo do nível freático, por isso são chamados de poços com filtros submersos. Há o inconveniente de não permitirem a identificação da espessura da fase livre ou mesmo da sua existência, porém tornam a amostragem da água mais segura. Também é importante destacar que cresce o prestígio de emprego de poços com bombas dedicadas, ou seja, bombas fixas no interior de cada poço de monitoramento, mas isso é viável apenas em projetos especiais onde o monitoramento de longo prazo é exigido Éimportante destacar que a amostragem de água é mais delicada do que em solo, pois mínimos descuidos com a limpeza dos equipamentos implica em contaminação cruzada. Isso se deve ao fato de que os padrões de controle das contaminações nos aqüíferos é da ordem de mg/litro. Figura 02: Amostradores bladder pump – (a) entrada de água; (b) descarga. Nenhum diagnóstico de pluma de contaminação pode ser realizado sem as amostragens de solo e água. Apesar de imprescindíveis, elas precisam ser racionalizadas em virtude da sua morosidade e, evidentemente, do seu custo. É neste ínterim que se inserem as técnicas de sondagens indiretas, as quais permitem um delineamento estratigráfico, hidrogeológico e, dependendo da situação, da própria pluma de contaminação. Se os métodos indiretos não são suficientes para definir a exata geometria de uma pluma, por outro lado podem delinear o problema, possibilitando racionalizar a campanha de sondagens diretas. (a) (b) Tampão fixo Caixa protetora em duralumínio Tampão de duralumínio com cadeado Pré-filtro de areia uniforme Selo (grout) Centralizador Centralizador Revestimento geomecânico Filtro geomecânico Drenagem Concreto Máximo NA Mínimo NA Figura 03: Poço de monitoramento com filtro submerso. 4.3. Métodos indiretos Os métodos geofísicos podem auxiliar consideravelmente na solução do problema de custo e morosidade que apresentam os métodos diretos, permitindo a delimitação rápida e contínua da distribuição lateral e em profundidade da pluma de contaminação. Para a avaliação de contaminação por hidrocarbonetos, dois métodos tem sido empregados com mais freqüência: o geo-radar e os de eletrorresistividade. Em virtude da natureza geoelétrica das contaminações e também em decorrência do menor custo dos equipamentos, os métodos de eletrorresistividade têm sido privilegiados para esta aplicação. Desta forma, é cabível uma discussão mais detalhada sobre esta técnica, ressaltando suas vantagens, consistências e eventuais dificuldades na interpretação dos resultados. 5. Geofísica por resistividade elétrica O método eletrorresistividade vem sendo empregado há muitos anos na solução de problemas ligados à prospecção mineral, de carvão, águas subterrâneas e engenharia (Zohdy, 1964; Keller & Frichknecht, 1966; Kumetz, 1966; Meidav & Ferguson, 1972; Telford et al., 1976; Rijo et al., 1977; Verma et al., 1982; Costa et al., 1982; Ward, 1983; Costa, 1985; Dobecki & Ronig, 1985; Mesk et al., 1986; Costa et al., 1996). Menos comumente, tem sido aplicado na prospecção de petróleo e gás (Keller, 1968; Eadie, 1981; Spies, 1983). Mais recentemente, vem sendo utilizado na detecção da contaminação do subsolo provocada por resíduos orgânicos e/ou inorgânicos (Stollar & Roux, 1975; Kelly, 1976; Belan et al., 1984; Saksa et al., 1985; Asch et al., 1986; Fontain, 1986; Costa e Ferlin, 1992; Costa e Ferlin, 1994; Mazác et al., 1994; Costa et al., 1995, Costa et al., 1999, Azambuja et al., 1999.). Nas aplicações voltadas para o meio ambiente, o método permite estimar a profundidade da rocha sã e do nível freático, detectar falhas e fraturas, a estratigrafia das camadas, intrusões salinas, vazios subterrâneos e delimitar depósitos de resíduos domésticos e/ou industriais, bem como suas plumas de contaminação. Figura 05: Esquema do arranjo Wenner. O método eletrorresistividade envolve a medição da resistividade elétrica em subsuperfície. A resistividade elétrica pode ser definida como a dificuldade à passagem de corrente elétrica em um determinado meio. No caso de solos e rochas, com algumas exceções – minerais metálicos, grafita e algumas argilas, a maioria dos materiais são não condutores elétricos, e quaisquer fluxos de corrente significativos devem-se à presença de água nos vazios (poros e fraturas) e do seu conteúdo iônico. 5.1. Técnicas de medição A medição das resistividades elétricas dos materiais em subsuperfície é feita através de um arranjo de quatro eletrodos AMNB, sendo AB um circuito de emissão de corrente, através do qual uma corrente elétrica (I) é injetada no terreno; e MN um circuito de potencial, onde uma diferença de potencial (DV) é lida entre dois eletrodos. A razão entre DV e I corresponde à resistência elétrica (R) do terreno. A resistividade elétrica (r) é obtida multiplicando-se a resistência por uma constante (k), denominada constante geométrica, que depende da geometria do arranjo de eletrodos adotado. Diversos tipos de arranjo são empregados: schlumberger, wenner, dipolo- dipolo, polo-dipolo, gradiente, unipolo, três eletrodos, dois eletrodos, laterolog, etc. A escolha do arranjo depende principalmente das facilidades operacionais, em função do modo de operação adotado para o levantamento. Existem três modos básicos de operação: sondagem, caminhamento e sondagem-caminhamento. Na sondagem (conhecida como sondagem elétrica vertical ou SEV) mede-se a variação vertical de resistividade, fazendo-se sucessivas leituras com aumento do espaçamento entre os eletrodos de corrente AB. Essa técnica é adequada àquelas situações em que um modelo formado por uma seqüência de camadas aproximadamente horizontais pode representar a realidade. No caminhamento elétrico, a distância entre eletrodos permanece fixa, medindo-se a variação lateral de resistividade. Este modo de operação é ideal para estudar situações que podem ser representadas por corpos condutores ou resistivos com alto mergulho, verticais a subverticais. A técnica mais apropriada, sobretudo em áreas complexas, consiste na combinação sondagem- caminhamento que permite definir tanto as variações verticais como horizontais de resistividade. 5.2. Os arranjos de eletrodos Diversos arranjos de eletrodos podem ser utilizados. Os mais comuns são descritos a seguir. No arranjo wenner (figura 05), os eletrodos são igualmente espaçados de uma distância a, sendo que os eletrodos de corrente AB são colocados nos extremos e os eletrodos de potencial MN na parte interna, em linha com os primeiros. Se um dos eletrodos de corrente (por exemplo, o B) é deslocado para uma distância muito grande dos outros (pelo menos 10 x a), o arranjo é chamado três eletrodos. Se o eletrodo N deste arranjo é deslocado a uma distância Figura 04: Esquema do arranjo Schlumberger. muito grande (> 10 x a) dos demais e do B no infinito, temos o arranjo dois eletrodos. O arranjo schlumberger (figura 04) mede o gradiente do potencial elétrico através dos dois eletrodos MN, cuja distância entre si deve ser menor do que 1/5 da distância AB. O arranjo gradiente é uma variação do schlumberger, adequado para caminhamento, em que os eletrodos AB são mantidos na mesma posição, enquanto os MN se deslocam ao longo de um perfil, limitado ao terço central de AB. No arranjo dipolo-dipolo os eletrodos AB de corrente de um lado são colocados em linha com os eletrodos de potencial MN do outro lado. A distância entre A e B é a, do mesmo modo que entre M e N. A distância entre B e M é n x a, sendo n múltiplo de a. O arranjo polo-dipolo consiste no anterior com o eletrodo B de corrente colocado a uma distância infinita de n x a (com n > 10 a). 5.3. A escolha do arranjo Nos casos em que o alvo a ser detectado é de pequena dimensão ou apresenta contraste fraco de resistividade em relação à encaixante, a escolha do arranjo depende de outros fatores, além das facilidades operacionais. Dentre estes, destacam-se a profundidade de penetração, a profundidade de detecção, a resolução vertical e lateral obtida. Não são muitos os trabalhos publicados que tratam de analisar o desempenho dos diferentes arranjos. Apparao (1991) analisou diversos arranjos concluindo que, para alvos resistivos, nenhum arranjo apresenta comportamento claramente superior aos demais. De qualquer modo, considerandoo fator resolução vertical, destaca os arranjos wenner e schlumberger. Costa (1997) apresentou nova técnica, denominada EGP – empilhamento do gradiente do potencial – a partir de medidas com arranjo polo-dipolo, capaz de apresentar grande resolução na detecção de vazios em superfície. Ward (1994) relacionou em uma tabela 14 fatores importantes na escolha do arranjo adequado, classificando-os por notas de 1 a 5, conforme o desempenho. No que se refere aos dois mais importantes fatores relacionados ao problema da detecção do subsolo por hidrocarbonetos, resolução vertical (camadas horizontais) e lateral (estruturas verticais a subverticais) os arranjos considerados mais eficientes são o gradiente (variação do schlumberger para caminhamento) para resolução lateral, e os schlumberger e wenner para resolução vertical. A escolha do arranjo schlumberger em SEV’s próximas entre si, permitindo a combinação das informações na forma de sondagem-caminhamento, com representação dos resultados em 2-D e 3-D, justifica-se para a solução dos problemas relativos ao presente trabalho. 5.4. Contaminações com LNAPL O contraste de resistividade elétrica entre as águas subterrâneas e os hidrocarbonetos é muito grande, normalmente 1 para 1011. As dificuldades que podem ocorrer, e que em certas situações podem resultar em insucessos na aplicação dos métodos, resultam da forma como os contaminantes (gasolina e óleo diesel) comportam-se em subsuperfície e das características elétricas do meio em que se encontram (Mazác et ali. 1994). Na superfície do topo do nível freático, entre a zona normalmente mais resistiva subsaturada e a zona abaixo saturada, mais condutiva, forma-se uma fina camada com hidrocarbonetos livres, cuja detecção através dos métodos elétricos depende basicamente da profundidade em que se encontra. Normalmente, utilizando-se parâmetros adequados, as condições de detecção são favoráveis até profundidades da ordem de 3 metros, em terrenos baixos, formados por sedimentos mais condutivos, com fração argilosa predominante. Em terrenos onde o nível freático é mais profundo e os solos menos argilosos e mais resistivos, a detecção dos hidrocarbonetos livres pode tornar-se muito difícil ou mesmo impossível. Neste caso, a anomalia capaz de ser detectada refere-se normalmente aos hidrocarbonetos adsorvidos às superfícies das partículas do solo, situados na zona parcialmente saturada, acima do nível freático. Nesta zona, a capacidade dos métodos elétricos detectarem a contaminação depende fundamentalmente das características elétricas do meio. Quanto mais resistivo for o material, maior a dificuldade de detecção. 6. Análise de risco Uma vez que se dispõe de um diagnóstico confiável, e portanto traduzido em termos de teores de contaminantes em solo e água, parte-se para a tomada de decisões que, em geral consiste em responder as seguintes indagações: - A contaminação é significativa? - A contaminação implica em risco à biota? - A contaminação pode ser controlada por atenuação natural ou requer intervenções? - Que tipo de intervenção é apropriada? Essa tomada de decisões não é simples porque prever qual a repercussão de uma determinada contaminação sobre o ecossistema depende da duração do vazamento, da dinâmica do meio e da sua capacidade de atenuação, dos usos do solo e da água, etc. Diante dessa dificuldade em congregar as inúmeras variáveis envolvidas, é que foram criados os chamados “modelos de análise de risco”. São modelos analíticos ou probabilísticos que avaliam a influência que uma determinada concentração de contaminantes no solo, ar ou água pode ter sobre a saúde humana, considerando um longo prazo de exposição e a disseminação dos contaminantes no meio ou cadeia ambiental. Em geral, uma análise de risco resulta na definição de três concentrações de controle (padrão, monitoramento e intervenção), as quais permitem orientar uma estratégia para enfrentamento do problema. Entre os modelos de análise de risco mais empregadas para contaminações com hidrocarbonetos, destacam-se o RBCA (referido freqüentemente pelas prescrições da US-EPA), o C-SOIL (referido pelas prescrições holandesas), o RECAP (prescrito pelo Departamento de Qualidade Ambiental de Lousiana) e outros modelos baseados na vulnerabilidade dos sistemas (TPE, DRASTIC, GOD, etc). Sem entrar nas vantagens ou características particulares de cada sistema, pode-se discutir algumas das limitações mais gerais dos modelos de análise de risco: - não consideram a atenuação dos contaminantes no meio (degradação); - não consideram a superposição de fontes; - não consideram a sinergia entre efeitos de contaminantes. De qualquer forma, abastecendo esses modelos com as características gerais do ambiente em que se encontra a contaminação, é possível flexibilizar os limites que balizam as ações de remediação, tanto na necessidade de conduzi-las, quanto na definição de marcos para encerrá-las. 7. Casos Históricos Neste trabalho, são apresentados e discutidos os resultados dos estudos realizados em três áreas distintas. Em duas delas empregou-se, além dos métodos elétricos, as técnicas de sondagens mecânicas, com coleta de amostras de solo e água em diferentes níveis de profundidade, e análises. Na última área apenas a prospecção direta foi realizada. Um dos locais encontra-se em zona baixa, onde ocorrem depósitos flúvio- aluviais recentes, com predomínio de sedimentos argilo-arenosos e os demais em áreas altas formadas por rochas granodioríticas e basálticas com manto de intemperismo com 7 e 1,5m de espessura, respectivamente. Onde empregada, a investigação geofísica teve como objetivo identificar o perfil geotécnico e proceder um delineamento preliminar da extensão da pluma de contaminação. Esse delineamento permitiu racionalizar o número de sondagens, as profundidades alvo para a coleta de amostras e suas correspondentes análises. Em nenhum caso, portanto, a geofísica foi considerada um método auto- suficiente para o diagnóstico da contaminação. Para cada um dos locais, foi concebido um processo de remediação distinto (pump- and-treat, bioventilação e bioestimulação). Os desempenhos dos três processos é comentado O método eletrorresistividade (ER) foi empregado através das técnicas de sondagens elétricas verticais e de caminhamentos elétricos, através dos arranjos Schlumberger e parâmetros adaptados a cada caso. As SEV's, normalmente visaram a estimativa da profundidade do nível freático e a caracterização indireta do perfil geológico em cada área. Os caminhamentos elétricos visaram a detecção da contaminação em vários níveis definidos. As técnicas de sondagem empregadas foram trado manual e em um caso sondagens rotativas até 8 metros para a perfuração, mas as amostragens foram realizadas com barriletes com direct push. Nas análises para determinação de gasolina e óleo diesel foram empregadas as técnicas de cromatografia a gás e absorção em gel de sílica. (a) (b) fontes internas fontes externas POSTO POSTO 7.1. Caso 1 - várzea a) Investigação O posto de abastecimento localiza-se sobre sedimentos argilosos recentes dispostos em camadas argilosas espessas com lentes de areia intercaladas. Na realização da prospecção geofísica foi utilizado o arranjo Schlumberger com espaçamento fixo de 5m entre eletrodos de corrente. Este espaçamento visou avaliar a variação da resistividade elétrica em subsuperfície a uma profundidade entre 1,5 e 2,0, intervalo de oscilação do lençol freático e de desenvolvimento da franja capilar. As resistividades elétricas medidas em pontos mais afastados do posto, permitiram identificar valores de background do terreno que compreendem ao intervalo entre 30 e 50 ohm.m. O background sugeriu que valores acima de 50 ohm.m poderiam significar contaminação e quevalores superiores a 100 ohm.m representam anomalias possivelmente associadas à acumulação de hidrocarbonetos ou às fontes dos mesmos. Esses dois valores de filtros auxiliaram na compreensão ou identificação da máxima envoltória de contaminação e para a avaliação das fontes de contaminação, respectivamente. A figura 06 mostra a espacialização das áreas de isorresistividade para os dois filtros escolhidos. De posse dessas envoltórias, foram programadas as amostragens de solo de forma a investigar uma possível correlação entre as resistividades observadas e os teores de hidrocarbonetos. Figura 06: Envoltórias de isorresistividade com filtros em (a) 100 ohm.m e (b) 50 ohm.m. Foram então realizados cinco furos com trado manual e amostrados níveis de solo até dois metros de profundidade. Os teores de hidrocarbonetos encontrados variaram entre 160 e 390 mg/kg de TPH e 0,08 e 87,7 mg/kg para gasolina. Foi verificada também a presença de óleo diesel, mas em concentrações pouco expressivas. De forma geral, as concentrações maiores foram coerentes com a maior resistividade, enquanto que as áreas menos resistivas resultaram em teores mais reduzidos de hidrocarbonetos. Nesse local não foram realizadas amostragens de água na época do diagnóstico. Atualmente, em decorrência da operação dos sistema de remediação, foram instalados cinco poços de monitoramento para aferir a eficiência das intervenções. Entretanto, esses dados não estavam disponíveis até o momento de elaboração do presente trabalho. b) Remediação A remediação deste sítio baseia-se na remoção dos solos mais contaminados, condição que se impôs na ocasião da substituição de tanques e linhas com defeitos. O solo da escavação foi encaminhado para uma unidade de tratamento de resíduos sólidos (landfarming). Aproveitando-se o evento de escavação, foi implantada ao fundo da cava um leito de areia para facilitar a montagem dos novos tanques. Diante dessas condições de instalação, optou-se por proceder um sistema de bombeamento das águas subterrâneas e posterior tratamento ex-situ em uma ETE industrial que situa-se próxima ao local. O objetivo do sistema foi gerar um cone de rebaixamento no entorno do posto, atraindo as contaminações dispersas e removendo o excesso de fase livre e parte da fase dissolvida. Para tanto, foi contruída uma trincheira drenante com extensão de 50m interligada com o leito de areia abaixo dos tanques e perpassando as manifestações mais significativas de contaminantes (figura 07). Mesmo com a extensa área de drenagem, as vazões do sistema foram modestas, em virtude da baixa condutividade hidráulica do meio. O sistema de bombeamento empregado foi composto por uma bomba re- autoescorvante, capaz de garantir vazões moderadas e intermitentes com uma altura de sucção da ordem de 4 metros. essa bomba foi acoplada no chassis de um caminhão reservatório de 25.000 litros de capacidade, de forma que se dispôs de uma unidade móvel para a coleção de percolados. c) Avaliação dos resultados Durante cerca de 5 meses, foram realizadas 5 operações de recalque. A qualidade das águas removidas do sistema foram visualmente modificadas com a operação, observando-se a redução do cheiro e da presença de escuma furta-cor (característico da fase livre de contaminantes). Entretanto, a avaliação da redução dos teores de contaminantes ainda não foi realizada neste local. Preliminarmente, pode-se apenas concluir que o sistema pump-and-treat adotado não constituiu-se em uma técnica eficiente, uma vez que não houve uma intervenção no sentido de acelerar a atenuação das contaminações. A única participação do sistema está na intensificação da advecção e, por conseqüência, sua eficiência relaciona-se apenas com a redução da fase livre. Entretanto, em decorrência do rebaixamento do nível piezométrico, é possível que a oxigenação na região de oscilação tenha proporcionado um incremento nas colônias de microorganismos e, daí, um ligeiro incremento nos processo de atenuação por bioconversão. A falta de dados não permite concluir qual foi a contribuição dessa intervenção. Também é certo que, ao largo de quase 20 meses do início dos serviços, os processos de atenuação natural tenham reduzido os teores de contaminantes, de forma que será difícil avaliar qual a real participação do pump-and-treat no sistema. Tanques Saibro Areia Geotêxtil Brita Tubo perfurado PEAD Areia Sub-leito do pavimento Poço de Bombeamento Figura 07: Arranjo do sistema pump-and-treat. 7.2. Caso 2 – solo residual a) Investigação Este posto está disposto sobre o manto de alteração de rocha granodiorítica onde intercalam-se níveis argilosos e níveis mais granulares, em parte decorrentes dos processos pedológicos de iluviação/eluviação de argilas. A hidrogeologia local é comandada pelos diferentes materiais que constituem o manto de alteração, sendo verificada a presença de dois aqüíferos: um suspenso a 1,7m e outro livre a 7m de profundidade. Na campanha geofísica, identificou-se anomalias de resistividade superficiais e profundas que coincidiram com os aqüíferos existentes. Na prospecção direta foram coletadas 18 amostras na envoltória resistiva superficial e 9 amostras para a pluma resistiva profunda. O quadro 01 mostra os resultados obtidos. As envoltórias resultantes de ambas prospecções podem ser apreciadas na figura 08. Quadro 01: Teores de hidrocarbonetos encontradas nas amostras de solo. Nível Fase Teor (mmg/kg) Superficial adsorvida 10 a 150.000 Profunda residual 10 a 497.000 b) Remediação A maior preocupação, neste caso, dizia respeito às contaminações profundas, uma vez que foram mais expressivas e porque encontravam-se em contato com o sistema de aqüífero do embasamento cristalino. A opção para reduzir as concentrações de hidrocarbonetos foi baseada no aumento das condições de aeração em profundidade, esperando-se com isso, acelerar os processos de bioconversão. O processo consistiu na implantação de quatro poços de ventilação com segmento poroso entre 6 e 8 metros de profundidade. O sistema propunha-se a melhorar a disponibilidade de oxigênio na área de contaminação profunda, acelerando os processos de oxidação e bioconversão dos hidrocarbonetos. Embora guardando diferenças substanciais com os processos mais completos e controlados de remediação, o sistema foi denominado de “bioventilação”. O processo foi implantado após o encerramento das fontes de contaminação (substituição de tanques e linhas de distribuição). A admissão de ar nos poços foi feita através de compressores elétricos de 100 pcm, aproveitando-se os períodos de ociosidade das linhas de ar comprimido do posto. Esses sistemas devem possuir filtros de ar nas linhas de admissão, de forma a evitar a aspersão de óleo nos poços. Um detalhe dos poços e a localização dos mesmos é apresentada na figura 09. c) Avaliação dos resultados Após 8 meses de ventilação intermitente, foram realizadas prospecções geofísicas e geoquímicas para monitorar o desempenho do processo. O resultado da prospecção geofísica é apresentado na figura 10, exibindo a involução da anomalia resistiva. Uma comparação entre as análises geoquímicas antes e após a intervenção de bioventilação, indicaram que os teores máximos de hidrocarbonetos não atingiram 30.000 mg/kg. Embora não exista certeza se o processo de remediação foi responsável por uma bioconversão ou se simplesmente intensificou a advecção, gerando um espraiamento da pluma, o certo é que houve consistência entre as observações geofísicas e geoquímicas após a remediação. Mais do que isto, os teores médios de contaminantes foram reduzidos aos limites de aceitabilidade para a situação, delegando-se as cargas residuais à atenuação natural. POSTO LEGENDA: areia grossa grout de cimento + bentonita pedriscoengate rápido (c/ tampão) aço galvanizado compressor de ar caixa sanitária cap tubo pvc Ponteira de Bioventilação PVn - Ponteira de injeção de ar PV1 PV2 PV3 PV4 Figura 09: Detalhe da disposição dos poços de ventilação. Figura 10: Envoltórias de isorresistividades para pluma profunda: (a) antes da intervenção; (b) após a bioventilação. (b) (a) PROF. 7,0m PV1 PV2 PV3 PV4 POSTO Ponteira de injeção de arPVn PROF. 7,0m PV1 PV2 PV3 PV4 POSTO Ponteira de injeção de arPVn 15 20 25 30 35 40 co nc en tra çã o m g/ kg 15 25 35 45 55 65 75 85 95 105 115 125 135 co nc en tr aç ão m g/ kg 65 115 165 215 265 315 365 415 co nc en tra çã o m g/ kg re si st iv id ad e oh m .m 120 130 140 150 160 170 70 75 80 85 90 95 100 105 re si st iv id ad e oh m .m re si st iv id ad e oh m .m 120 140 160 180 200 220 240 260 280 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 30,74 32,22 34,90 39,45 40.65 41,14 37,78 32,8 42,3 42,3 40,5 41,3 41,1 43,5 41,7 42,6 33,6 Prospecções Geofísicas Prospecções Geoquímicas PROF. 0,5m PROF. 1,0m PROF. 1,0 A 2,0mPROF. 1,0m PROF. 7,0m PROF. 6,5m Figura 08: Envoltórias de isorresistividades e de isoteores de hidrocarbonetos no Caso 2. 7.3. Caso 3 – solo residual a) Investigação Este posto encontra-se disposto sobre manto de alteração de rocha basáltica, onde os materiais que compõem o regolito são de natureza argilosa. A investigação deste sítio contou apenas com prospecção direta, onde foram realizados 13 furos e coletadas 12 amostras de solo e 7 de água. Os teores encontrados nas amostras possibilitaram a inferência de uma envoltória de contaminação que pode ser apreciada na figura 11. Os teores médios de hidrocarboneto em solo foram da ordem de 2.100mg/kg e nos poços de monitoramento foram observados valores médios de 855.000mg/litro. As características do meio físico condicionaram a pluma aos primeiros metros de profundidade, ficando os contaminantes retidos nos horizontes superficiais do solo, uma vez que as diaclases existentes na rocha encontram-se preenchidas por argilas. b) Remediação As avaliações obtidas pelo diagnóstico serviram de suporte para decisão do sistema de remediação a ser implantado. Para tal, o sistema escolhido envolveu o tratamento in situ, onde as águas subterrâneas locais são submetidas à circulação em um circuito fechado, limitado em seus extremos por poços de injeção à montante e trincheira drenante à jusante do passivo. O circuito envolve a percolação das águas subterrâneas por um biofiltro, constituído por um material turfáceo que funciona como absorvedor, retendo assim boa parte dos hidrocarbonetos de petróleo em sua trama (figura 12). A recirculação da água pelo sistema possibilita uma repetida filtragem das águas subterrâneas, capturando as partículas de hidrocarbonetos arrastadas pelo fluxo imposto pelo bombeamento. 59 60 59 60 POSTO LEGENDA: Curva de nível Edificações Envoltória da Pluma de contaminação Figura 11: Envoltória da pluma de contaminação. Entretanto, o sistema não se restringe à captura de hidrocarbonetos pelo biofiltro. Ao contrário, o sistema procura, através da aeração do fluído e da adição de dispersantes, aumentar a atividade biológica (atenuação) e a mobilidade dos contaminantes (dispersão) dentro do circuito de tratamento. Embora o sistema possa ser caracterizado como um pump-and-treat com lavagem do solo, na verdade o seu conceito está mais vinculado à bioestimulação, em virtude da participação dos reatores (biofiltros) e da implementação de oxigênio no sistema. A manutenção de nutrientes no local é garantida pela presença de sumidouros de fossas sépticas que foram mantidas em operação na área. c) Avaliação dos resultados O sistema operou de forma contínua durante 4 meses, com baixíssimo consumo de energia e um virtualmente nulo consumo de mão-de-obra. A manutenção do sistema consistiu exclusivamente na calibragem dos sensores de acionamento e troca do filtro biológico, os quais foram substituídos mensalmente. A redução de contaminantes, a despeito de terem ocorrido novas contribuições de contaminantes durante o processo de remediação foi satisfatória. Entretanto, presume-se que o incremento de oxigênio do sistema foi superior à disponibilidade de nutrientes no solo, o que pode ter inibido a bioconversão. De qualquer forma as análises de amostras em água (poços de monitoramento) indicaram que os teores de hidrocarbonetos foram reduzidos a teores inferiores a 350mg/litro, permitindo que a atenuação natural desempenhe a depuração final do sistema. Amostras do absorvedor de celulose foram coletadas após um mês de funcionamento do sistema e revelaram a presença de quantidades da ordem de 150.000mg/kg de base seca de TPH. A quantidade retida no biofiltro não seria capaz de justificar a redução dos teores observados no local, sugerindo que a atenuação por bioconversão deva ter sido o principal agente de remediação. Quanto ao material extraído do biofiltro, ainda estão sendo conduzidos estudos sobre a necessidade ou não de tratá-los como resíduos contaminados. Experiências pregressas com esse material em aplicações de absorção de derramamentos de diesel e óleo cru indicam que os absorvedores turfáceos são seletivos e só liberam o hidrocarboneto após a sua degradação. Como esse fenômeno ainda requer comprovação experimental, atualmente estão sendo conduzidos experimentos de longo prazo para verificar a seletividade dos absorvedores turfáceos. geotêxtil filtro flexível selo brita "0" filtro biológico aspersor válvula bomba de recalque sentido de fluxo das águas subterrâneas tanque de aeração distribuidor de recarga poço de injeção BIOFILTRO TRINCHEIRA DRENANTE compressor de ar tanque de acumulação NA NA bomba submersa NA tanque de dosagem do dispersante Nível Freático Livre Figura 12: Arranjo do sistema de bioestimulação. 8. Conclusões A experiência adquirida com a investigação e intervenção em áreas contaminadas por hidrocarbonetos em postos de abastecimento, permite traçar algumas considerações relevantes a respeito das técnicas de amostragem e sobre a eficiência dos sistemas de remediação. 8.1. Quanto aos métodos diretos As amostragens diretas, mesmo que executadas em menor número, são de vital importância para quantificação das contaminações em subsuperfície. Atualmente as atenções estão voltadas para o grau de contaminação que apresentam as águas subterrâneas, principalmente na fase dissolvida. Técnicas de amostragem cada vez mais sofisticadas, são apresentadas para solucionar problemas com a confiabilidade das amostragens, o que reflete diretamente no resultado final, seja ele referente ao diagnóstico ou a remediação. Métodos analíticos laboratoriais estão sendo aprimorados, buscando a exatidão dos resultados,face ao rigorismo exigido pelos modelos de análise de risco. As sondagens mecânicas devem evoluir consideravelmente para acompanhar as exigências que os diagnósticos para contaminação com hidrocarbonetos impõem. Os métodos de prospecção com hélices vazadas do tipo hollow steam auger ou a cravação de amostradores dedicados pelo processo direct push são, por ora, as técnicas mais confiáveis. Quanto à amostragem de água, a amostragem através de poços de monitoramentos ainda é uma técnica confiável, desde que o dispositivo de coleção seja eficiente para evitar a contaminação com a fase livre. Bombas tipo bladder ou sistemas que garantam a exclusão da fase livre são imprescindíveis. O uso de bombas bexiga acopladas a sondas CPT podem proporcionar avanços na agilidade do diagnóstico, mas ainda carecem de comprovação experimental. 8.2. Quanto aos métodos indiretos O método de prospecção geofísica por eletrorresistividade apresentou-se como uma ferramenta útil no diagnóstico de plumas de contaminação por hidrocarbonetos e combustíveis correlatos. Entretanto, a técnica mostra-se mais acurada quando associada a determinados perfis de subsolo, especialmente aqueles que favorecem o contraste de resistividade a partir da presença do próprio hidrocarboneto. Em ambientes de depósitos recentes, especialmente nas várzeas com freático próximo à superfície, a geofísica pode determinar com relativa acurácia a fase livre de contaminantes, ou seja, aquelas ocorrências com maior participação de hidrocarbonetos nas imediações da superfície freática livre. Para freáticos com profundidades superiores a 4 metros, a determinação indireta da fase livre é virtualmente impossível com arranjos de eletrodos em superfície. Entretanto, as técnicas de diagnóstico com sondas verticais permanentes ou acopladas em equipamentos CPT (cone penetration test) podem proporcionar resoluções mais promissoras. Em ambientes com menor saturação, a geofísica pode determinar a fase adsorvida dos contaminantes, ou seja, aquela que corresponde ao halo de dispersão de hidrocarbonetos, especialmente se esses produtos forem mais viscosos como o diesel. Essa determinação, todavia, só possui boa correlação com a pluma de contaminação quando essa fase desenvolve-se em solos mais argilosos, onde o contraste de condutividade elétrica é maior. De modo geral, pode-se dizer que, quanto maior a disponibilidade de eletrólitos no background, maior a participação dos hidrocarbonetos no contraste geoelétrico. Por outro lado, sabe-se que os processos de bioconversão podem ser rápidos, sendo responsáveis pela redução do pH, pelo arraste de sólidos (em especial cátions livres) e, portanto, pelo aumento da condutividade das fases adsorvida e dissolvida. Este fenômeno pode implicar em um contraste paradoxalmente condutivo em solos que são fortemente resistivos em seu nível de background. Assim, existe um componente tempo-dependente na acurácia da técnica de eletrorresistividade, pois quanto mais antiga é a contaminação, menos resistiva ela deve se apresentar no solo. O comportamento geoelétrico das contaminações com hidrocarbonetos no solo depende do estágio de degradação do hidrocarboneto. Isto significa que contaminações recentes, ou aquelas de purga contínua ou semi-permanente, devem salientar melhor esse contraste resistivo no solo. Contrário senso, os derrames instantâneos ou muito antigos, podem apresentar-se tão condutivos que os métodos geofísicos por eletrorresistividade podem ser inócuos como ferramenta de diagnóstico. Os estudos de caso abordados sugerem que a ferramenta da eletrorresistividade pode ser muito útil no diagnóstico das plumas de contaminação, mas cabe ao seu usuário reconhecer suas limitações, o que pode ser contemplado conhecendo-se a natureza geoelétrica do local, o seu comportamento hidrogeológico e, sobretudo, do histórico dos incidentes de contaminação. 8.3. Quanto aos processos de remediação Sistemas baseados exclusivamente no bombeamento e tratamento ex-situ são pouco eficientes e onerosos. Nos casos em que as contaminações são modestas, com fase livre incipiente, sistemas baseados na estimulação da bioconversão parecem ser uma tendência em virtude do baixo custo e do bom resultado proporcionado a médio prazo. Referências Bibliográficas APPARAO, A., Geoelectric profiling. Geoexploration, 27, pp 351-389, 1991. AZAMBUJA, E.; COSTA, A. F. U.; NANNI, A. S. O emprego da prospecção geofísica na avaliação de plumas de contaminação por hidrocarbonetos. In: 4º CON. BRAS. 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