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METABOLISMO E PROCESSOS MICROBIANOS Prof. Dr. Kaio Dias IF Sul de Minas Campus Machado Processos Sequencias de reações através dos quais se realizam transformações da matéria. Solo Processos com alto grau de complexidade Bioquímicos ~> Atividades de microrganismos Processos microbianos e a manutenção dos ecossistemas CO2 Luz CO2 Parte aérea Necromassa Raízes Solo Perdas Fluxos: Energia e carbono Nutrientes Rubisco Deposição Translocação Organismos CO2 Simbiontes vida livre Moreira & Siqueira, 2002 Processos do fluxo de energia, carbono, nutrientes no sistema solo-planta-organismo Rizodeposição Incorporação Principais processos bioquímicos no solo e aspectos relevantes Processos bioquímicos Aspectos mais relevantes Decomposição de materiais orgânicos -Evita seu acúmulo na superfície do solo; -Libera CO2 para a atmosfera e nutrientes para as plantas; -Garante o fluxo de energia e nutrientes no sistema solo- planta; -Pode contribuir para a eutroficação das águas, anoxia no solo e efeito estufa. Mineralização de compostos orgânicos -Controla a disponibilidade para as plantas e fluxo de nutrientes no planeta (ciclagem); -Pode contribuir para a poluição da atmosfera e mananciais hídricos; -Pode contribuir para o empobrecimento e a degradação do solo. Transformações inorgânicas de N e S (amonificação, nitrificação, desnitrificação, oxidação do S e redução do SO42- -Controlam a permanência desses elementos no solo; -Regulam a disponibilidade para as plantas; -Promovem perdas para a atmosfera e para o lençol freático, contribuindo para a poluição ambiental; -Promovem alterações químicas no solo (Ex.: pH) Degradação de compostos xenobióticos (pesticidas) -Promove a desintoxicação e a degradação de pesticidas e materiais poluentes no solo; -Diminui o acúmulo desses compostos no ambiente, nos alimentos e na cadeia alimentar. Processos biológicos do solo: suas inter-relações e funções no ecossistema Siqueira & Trannin, 2003 Princípios ativos Alelo- químicos e Toxinas Regulação crescimento Ciclo dos elementos Biofertili- zação Bioproteção Equilíbrio biológico Evolução Erosão conservação Aeração Destoxi- ficação Fluxo de energia Patógeno e Parasita Retenção de água ORGANISMOSORGANISMOS DO SOLODO SOLO Intemperi- zação F E R T I L I D A D E D O S O L O E F E R T I L I D A D E D O S O L O E Q U A L I D A D E A M B I E N T A L Q U A L I D A D E A M B I E N T A L S A N I D A D E , C O N T R O L E B I O L Ó G I C O , S A N I D A D E , C O N T R O L E B I O L Ó G I C O , B I O F E R T I L I Z A Ç Ã O , E S T A B I L I D A D E B I O F E R T I L I Z A Ç Ã O , E S T A B I L I D A D E Transformações inorgânicas Interações biológicas Decomposição Mineralização Produção metabólitos Agregação do solo Relações tróficas Produção de húmus São órgãos heterotróficos das plantas cujas principais funções são suporte a absorção de água e nutrientes RIZOSFERA RHIZO/RHIZA (Raiz) SPHERA (Esfera) Zona de influência das raízes Volume de solo ao redor de raízes onde o crescimento microbiano é estimulado (Hiltner, 1904). Alterações conceituais: ~> Endorrizosfera ~> Rizoplano ~> Ectorrizosfera Esfera de maior atividade física, química e biológica ~> Grande interesse agronômico e ecológico ~> Interface: planta - solo. RIZOSFERA: PARAÍSO DOS MICRORGANISMOS No solo, as raízes tem outras importantes funções que são mediadas por meio da liberação de diversos tipos de materiais orgânicos oriundos da fotossíntese C fotoassimilado Raízes RespiraçãoCrescimento Mucigel TecidosExsudatos Matéria orgânica do solo Microrganismos Compostos livres CO2 CO2 Decomposição CO2 25-50% da FS 60% 50% 50% Efeitos das raízes sobre o solo FÍSICAS -Ação agregante sobre as partículas do solo -Compressão do solo na interface com a raiz reduzindo a porosidade e distribuição de poros com consequências para aeração e retenção de umidade -Alto potencial de água negativo criado pela evaporação da parte aérea pode causar estresse hídrico nos microrganismos BIOLÓGICAS QUÍMICAS Efeitos das raízes sobre o solo FÍSICAS -Precipitação ou acúmulo de sais na interface com redução do potencial osmótico -Modificações no pH (queda de até 2 unidades) -Alteração na relação O2/CO2 provocada pela respiração -Liberação de compostos voláteis inibidores e alelopáticos -Liberação de produtos orgânicos diversos (mucigel, exsudatos) que atingem 50-100 mg/g raiz/dia -Liberação das moléculas com ação específica, como mediadores nutricionais, indutores da transcrição de genes (móleculas sinais), fatores de crescimento e compostos quelantes BIOLÓGICAS QUÍMICAS Efeitos das raízes sobre o solo FÍSICAS -Ecossistema microbiano muito especializado que suporta população várias vezes superior ao solo adjacente (=efeito rizosférico) -O efeito rizosférico estende de 1 a 3 mm de superfície da raiz -Os microrganismos colonizam de 7 a 15% da superfície das raízes -Favorece a proliferação e atividade de microrganismos responsáveis por processos específicos (Ex. amonificação) BIOLÓGICAS QUÍMICAS Tipos de materiais orgânicos depositados na rizosfera Liberados de células vivas para o solo Liberados de tecidos senescentes ou mortos • Exsudatos • Secreções • Mucilagens • Mucigel • Lisados Origem dos materiais orgânicos depositados na rizosfera Lisados Bactérias Esporos Secreções e exsudatos Mucigel Células desprendidas Bactérias Risosfera (0,4 – 3 mm) Risosfera interna (0,01 – 0,3 mm) Rizoplano Mucigel Córtex Meristema Apical Coifa Mucilagem Conjunto de transformações e reações químicas catalisadas biologicamente ou metabólicas que acontecem no solo Processos Organismos Ambiente Contínuo indissociável com organismos que nele se proliferam e com as condições ambientais dominantes Fundamentos do metabolismo do solo Microrganismos São capazes de converter uma forma de energia para outra através de um conjunto de reações químicas denominadas METABOLISMO -Alto grau de ordenação -Mediado pela absorção de nutrientes e substâncias energéticas que, através de transformações metabólicas sustentam o crescimento e multiplicação celular Após a morte, a nova massa celular será ingerida e oxidada por outros microrganismos Sucessão trófica no ecossistema Rotas metabólicas por meio das quais os microrganismos do solo adquirem energia, força redutora ATP Luz Fotolitotróficos NADH FADH Compostos Inorgânicos Substrato orgânico Litotróficos Organotróficos QUIMIOTRÓFICOS Compostos orgânicos intermediários Novas Células (Biomassa) Heterotróficos CO2, HCO3 -, CH4Autotróficos Carbono Energia Elétrons Grupos de microrganismos de ambientes anaeróbicos típicos de solos inundados Aeróbios que podem usar moléculas inorgânicas oxidadas Aeróbios facultativos que fazem fermentação na ausência de O2 Anaeróbios obrigatórios que não possuem cadeia respiratória com O2 como aceptor terminal de elétrons Metabolismo Anaeróbico Principais classes de enzimase suas reações Classes Nome comum Ciclo Reações Oxi-redutase Peroxidase Catalase desidrogenase Nitrogenase C O O N S + H2O2 Oxidação S + H2O 2 H2O2 2 H2O + O2 XH2 + A X + AH2 N2 2NH3Hidrolase Glicosidase Invertase Urease Fosfatase Arilsulfatase C C N P S Transferase e -glicosideo ROH + Gli Sacarose Glicose + frutose Urea 2NH3 + CO2 PNF-P PNF + P PNF-S PNF + S Transaminase N R1-CH-NH2 + R2CO R1-CO + R2 CH-NH2 Liases Descarboxilase N Ac. Aspartico alamina Fonte: Burns, 1978. Solo Receptáculo final dos resíduos orgânicos de origem vegetal animal e dos produtos das suas transformações Componente biotransformador Materiais orgânicos depositados no solo Transformados na superfície ou incorporados no perfil, passando a fazer parte de sua matriz Matéria Orgânica do Solo (MOS) Organismos habitantes do solo (Atividade decompositora) Fungos Bactérias Microfauna Consumidores primários Elevada atividade respiratória Respiração do Solo Atividade Invertebrado Atividades das raízes Representantes: Atividade Microbiana Degradação: * Resíduos vegetais * Exudatos de raízes * M.O.S. nativas * C orgânicos (esterco, pesticidas, etc) * Micro e Macrorganismos mortos Consequencias: * Perda C orgânico * Reciclagem de nutrientes * Resposta ao manejo Qualidade biológica do solo Indicadores de: Parkin et al., 1996 Respiração como indicador de processos biológicos e qualidade do solo Solo Grande incinerador biológico Máquina biotransformadora operada por microrganismos Regulador de processos globais Trocas gasosas Fluxos de nutrientes Balanço Geral: Respiração do solo = 65% C Biomassa e compostos orgânicos = 30% C Humus = 5-10% C CO2 GasesLixiviação Erosão Transformação O2 CO2 Absorção C-N-P-S orgânico Imobilização O2 BACTÉRIAS FUNGOS MICROFAUNA ACTINOMICETOS Biomassa Microbiana CO2 CO2O2 CO2 Remoção O2 CO2Luz recalcitrantes Restos microbianos MATÉRIA ORGÂNICA HUMUS PLANTAS ANIMAIS NH4, NO3, PO4, SO4 e outros Mineralização RESÍDUOS “Roda Microbiológica” O2 Vegetais e animais Transformações e ciclagem de C, N, P e S no sistema solo- planta mediados pela microbiota do solo Organismos envolvidos na cadeia trófica decompositora de materiais orgânicos no solo e serapilheira Trituradores • Coleópteros • Ácaros • Crustáceos • Lepdópteros • Formigas • Miriápodes • Quilópodes Trituradores Decompositores • Colêmbolas • Miriápodes • Coleópteros • Dípteros • Ácaros • Minhocas • Enquitreídeos • Fungos • Bactérias • Actinomicetos Decompositores Trituradores • Fungos • Bactérias • Actinomicetos • Colêmbolas • Enquitreídeos • Minhocas Apenas decompositores • Fungos • Bactérias • Actinomicetos DECOMPOSIÇÃO Quebra do material orgânico particulado, geralmente na forma de polímeros, em materiais solúveis que são absorvidos pelas células microbianas Fases da decomposição dos resíduos orgânicos no solo com serapilheira Redução do tamanho das partículas: • Fauna do solo promove a fragmentação. • Ocorre pouca ou nenhuma decomposição. Ataque microbiano inicial: • Substâncias mais facilmente decompostas são atacadas por fungos e bactérias esporulantes, formando biomassa e liberando NH3, H2S, CO2 e ácidos orgânicos. Ataque microbiano intermediário: • Subprodutos orgânicos e tecidos microbianos são atacados por uma variedade de microrganismos, produzindo nova biomassa, aumentando perdas de C-CO2. Ataque final: • Decomposição gradual dos componentes mais resistentes (lignina) por actinomicetos e fungos especialistas. Quantidade inicial de resíduo Resíduos sem substâncias facilmente decomponíveis B CO2 Resíduos resistentes B CO2 Materiais mais resistentes B CO2 B CO2 Progressão da utilização do resíduo B = Biomassa microbiana Tempo: dias meses vários meses segundo ano decomponí vel I II III IV Húmus do solo Estágio Decomposição e Mineralização Açúcares, amido proteínas celulose lignina > resistência a decomposição > 100 anos Lignina, gorduras 6 - 8 anos < 1 ano fração ativa Tempo I. Decomposição do material prontamente decomponível ; II. Decomposição da celulose e outros carboidratos. Início da mineralização da biomassa. III. Continuação da decomposição da celulose e biomassa e inicio do ataque à lignina. IV. Estádio sucessivo, onde a biomassa diminui e acumula húmus no solo. Pectinas Pigmentos Graxas MOS e origem Material adicionado Produtos formados Células microbianas Metabólitos microbianos Produtos da interação Material recalcitrante Vegetação e resíduos Clima e manejoCondições biológicas Reservas de nutrientes (90% N, 80% P do solo) Fitotoxinas e aleloquímicos Estimulante crescimento vegetal Energia para os microrganismos Agentes de intemperização Efeito tampão e troca iônica Condicionamento físico Composição, origem da MOS e principais fatores determinantes da quantidade ( ) e efeitos ( ) no sistema solo planta. Componentes Solúveis e oxidáveis Celulose, hemicelulose, acúcares, proteínas e outros Componentes celulares metabólitos e sub-produtos CO2CO2 Polimerização, peso molecular, % de C e N e cor escura Solubilidade, acidez, CTC, grupos reativos e % de oxigênio lignina ceras gorduras BIOMASSA MICROBIANA Substâncias húmicas Material vegetal e animal Matéria orgânica do solo Ácidos fúlvicos Ácidos húmicos Humina Principais Frações Húmicas do Solo C/N < 20 C/P < 200 C/S < 200 Teores de N > 1,8% e P > 0,3% Célula microbiana (C/N = 10/1) Mineralização líquida Imobilização líquida C/N > 20 C/P > 200 C/S> 200 Teores de N < 1,2% e P < 0,2% SUBSTRATO RICO SUBSTRATO POBRE CO2 O2 DISPONIBILIDADE NH4 +, NO3 -, PO4 2- e SO4 2- DIMINUÍDAAUMENTADA M I NH4 +, NO3 -, PO4 2- e SO4 2- E OUTROSN, P, S - ORGÂNICO Enzimas extracelulares Monômeros Enzimas extracelulares Monômeros Mineralização e Imobilização de Nutrientes DINÂMICA DA MINERALIZAÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................. ............ ............ ............ ............ ........... ........... ........... .......... .......... ......... ......... ........ ........ ....... ...... ...... ..... ..... .... .... ... .. . ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................................................ ............ ............ ............ ........... ........... ........... .......... .......... ......... ......... ........ ........ ....... ....... ....... ...... ..... ..... .... .... ... ... .............................................................................................................................................................................................................................................................................................. ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................... Adição do resíduo TEMPO ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................I > M I M 4 - 8 semanas NO3 - no solo Ganho deNO3 - Taxa de liberação de CO2 % N Mineralização líquida Imobilização líquida R E L A Ç Ã O C /N Q U A N T ID A D E S O L O E M E Q U IL ÍB R IO População microbiana Nutrientes disponíveis no solo (Ex: NO3 -) Imobilização Mineralização ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................I < M Resíduo orgânico 10 t 3 t de carbono Demanda de N 150 kg/10t 120 kg N imobilizado (Deficit de N/10t resíduo) CO2 O2 Metabolismo respiratório (1,5 t de C) Monômeros (Ex. glicose) Enzimas extracelulares 1/3 não utilizado no primeiro ano Célula microbiana (1500 kg C - biomassa) (150 kg N - biomassa) Relação C/N = 10 Aproveitamento energético = 50% Composição: 50% de carbono 90% de matéria seca 0,5% de nitrogênio 30 kg N (6,7 t x 0,9 x 0,005) Deficit N 2/3 utilizados (6,7 t x 0,9 x 0,5) Balanço da mineralização e deficiência de N Químicas Superfície específica CTC e capacidade tampão Complexação Destoxicação Energia metabólica Estoque de nutrientes Atividade biológica Interações/Equilíbrio Retenção de umidade Agregação e estabilidade Aeração e porosidade Fluxo hídrico e erosão Matéria Orgânica do Solo A matéria orgânica como moduladora das propriedades e funções do solo Manejo do solo e conteúdo de Matéria orgânica do solo 40 60 80 100 120 0 5 10 15 Tempo M O S , % Solo sem cultivo PC Pottker, 1977 Queda do conteúdo da MOS a) Intensidade de cultivo; b) Incorporação de resíduos; c) Ruptura dos agregados e d) Monocultura PD 0 1 2 3 4 5 0 ,0 0 2 ,5 0 5 ,0 0 7 ,5 0 1 2 ,5 0 1 7 ,5 0 3 0 ,0 0 P ro fu n d id a d e , c m C orgânico, % PD A+V/M+C PC A/M Argissolo, 9 anos 11 t ha-1 Concentração de C orgânico em sistema Plantio Direto e Plantio Convencional a) Maior quantidade de deposição de resíduos e b) Menor taxa de decomposição Aumento da MOS Efeitos Diretos Indiretos Adição de MO Microbiota do solo Processos benéficos Processos maléficos -Maior atividade microbiana -Maior mineralização (nutrientes) -Produção de húmus -Estabilidade biológica -Maior agregação do solo -Retenção de umidade -Efeitos no crescimento de plantas -Maior imobilização de nutrientes -Aumento na liberação de gases do efeito estufa -Liberação da fatores tóxicos ou contami- nantes -Estímulo de patógenos saprofíticos -Possibilidade de causar anoxia temporária no solo -Favorecimento de antagonismo a simbiontes -Liberação do excesso de nutrientes (eutrofização) Favorecer Prejudicar Diversidade, atividade e equilíbrio biológico no solo Nutrição, sanidade e produção de plantas Qualidade ambiental (solo, água e ar)
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