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1 A INFORMÁTICA COMO RECURSO AUXILIAR NA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA DO ENSINO BÁSICO HERMAN DO LAGO MENDES Aluno do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência do Ensino Superior Universidade Federal de Sergipe – UFS Eixo Temático: Educação Matemática e Tecnologias de Ensino professorherman@click21.com.br RESUMO As pesquisas do Program for International Student Assessmen, em 2001, e do Sistema Nacional de Avaliacão da Educacão Básica, em 2003, mostram que apenas 6% dos alunos têm o nível desejado em matemática e que o desempenho dessa disciplina em comparação internacional é um dos piores. Por essa perspectiva, propõe-se melhorias e idéias para o ensino-aprendizagem de matemática nas escolas, entre elas: a Informática na Educação, tanto como recursos pedagógicos de matemática como também, fator decisivo para a adaptação social e o progresso de estudantes no meio educacional e profissional. Com este trabalho bibliográfico, mostra-se, brevemente, a história da Educação Matemática no Brasil a partir do século XX, suas mudanças e atitudes, a fim de compreender e fundamentar esses problemas diante do ensino-aprendizagem de Matemática. PALAVRAS-CHAVE: Educação Matemática, Informática na Educação, Ensino- Aprendizagem de Matemática INTRODUÇÃO Apresenta-se neste presente trabalho, tentativas históricas de melhorias para o ensino-aprendizagem de Matemática, como a presença dos movimentos: do Escolanovista e o da Matemática Moderna, como também entidades culturais e científicas: Sociedade Brasileira de Matemática, Sociedade Brasileira de Educação Matemática e eventos para a pesquisa: VII Colóquio Brasileiro de Matemática, entre outros e da criação de cursos de Licenciaturas e de Pós-Graduação em Educação Matemática. Esses foram e são muito importantes para o progresso educacional brasileiro mas, não o bastante para revertermos o péssimo resultado de conhecimento de matemática presente na sociedade pelo qual foi identificado por pesquisas do Program for International Student Assessment e do Sistema Nacional de Avaliacão da Educacão Básica. Por essa perspectiva, propõe-se melhorias e idéias para o ensino- aprendizagem de matemática nas escolas, entre elas: a Informática na Educação, tanto como recurso pedagógico de matemática como também, fator decisivo para a adaptação social e o progresso de estudantes no meio educacional e profissional. Inicialmente, para melhor visualização, embasamento e tentativa de compreensão dessa ruim situação pelo qual o ensino e aprendizagem da disciplina de matemática passa no País, mostra-se, brevemente, a história da Educação Matemática no Brasil a partir do século XX, suas mudanças e atitudes diante do ensino-aprendizagem dessa disciplina. Em seguida, propõe-se a Informática na 2 Educação. Esta como proposta de implementação educacional e como recurso auxiliar ou estratégia didática para a disciplina de matemática do ensino básico. PERSPECTIVAS HISTORICAS DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO BRASIL Zanette (2000), em sua análise histórica de correntes pedagógicas em Educação Matemática no Brasil, caracteriza três tipos de tendências de professores: clássica, tecnicista e crítica. O professor clássico é apenas um transmissor de informação que só está preocupado em dar todo o conteúdo, apresentando idéias do positivismo. O tecnicista é o professor preocupado com o resultado do problema, com a técnica, com a argumentação e interpretação de processos. E a crítica é um educador que dar ênfase no processo de ensino-aprendizagem. Este último, preocupa-se na compreensão de atividade pelos alunos, com a comunicação e em relacionar a matemática com aspectos históricos, sócias e filosóficos. É o professor que pretende, de fato, educar o aluno. A tendência tecnicista foi marcante nas escolas brasileiras nos anos de 1960 e 1970 que teve influência e progresso durante o regime militar e também, do capitalismo. O ensino de matemática nessa época, era voltado para capacitar estudantes à resolução de problemas-padrão, que se desenvolvia processos computacionais e manipulativos. Objetivava-se preparar os estudantes para a participação social e para o trabalho. O ensino era basicamente instrucional, mas obteve-se importância para as pesquisas em Educação Matemática que tinha como objetivo: criar, descrever, estudar e produzir meios, métodos, manuais, materiais de ensino. Essa tendência ainda é presente no país. (ZANETTE, 2000) Como esse período tecnicista foi marcante a presença de engenheiros- professores lecionando a disciplina matemática. Apesar de serem criados no Pais os primeiros cursos universitários em Matemática Licenciatura em 1930 e que pelo aparecer 292/62, venho a acrescentar a disciplina de prática e estágio supervisionado nos currículos de licenciatura (CUNHA, 2000), o ensino de matemática era centrada apenas no professor, sendo este o ponto de referência e das atenções. As resoluções de exercícios eram passadas de forma técnica, decorativa e mecânica, pelo qual só se dava relevância a obtenção de respostas. Muitos professores não se preocuparam ou pretenderam entender como e por que os alunos obtiveram as respostas ou como as construíram. A resolução de exercícios e problemas eram feitos como se fossem receitas de bolo: faça assim, depois faça desse jeito e depois... Existindo nesses professores-técnicos por tanto, a mínima preocupação e atenção ou até mesmo conhecimento sobre como, por que e para quem/que lecionar matemática. Esse método tecnicista propôs o não construir o conhecimento e nem as habilidades nos 3 estudantes para alcançar os seus objetivos. Essa falta de conhecimento e de estratégias de ensino-aprendizagem revelaram péssimos resultados. Estes comprovados por Petronzelli Na década de 50, e mesmo antes dessa data, foi constatada entres os estudantes, uma grande defasagem entre as notas do aproveitamento de Matemática e de outras matérias. Verificou-se que as notas na disciplina em questão eram muito mais baixas; aversão e até mesmo pavor pela disciplina pouca retenção dos conteúdos ensinado e quase total incapacidade de efetuar as operações (2002, p.40) Segundo o mesmo, foi com esse propósito de mudança e melhorias para/com a Matemática que a partir de 1920 recebe-se influências do Movimento Escolanovista e, em 1950-1960, do Movimento da Matemática Moderna (MMM). O primeiro estudava a relação cognitiva dos estudantes (teoricamente). O segundo, passou a se concentrar na reforma do currículo escolar que na década de 1960 preparou um novo currículo nacional. Diante desse, apresentam-se duas opiniões convergentes: a primeira, Petronzelli afirma que “apresenta processos mecânicos e força, portanto, o estudante a confiar mais na memorização do que na compreensão” (2002, p.42) a segunda, Zanette diz que “enfatizou ainda o rigor e a justificativa das transformações algébricas pelas propriedades estruturais [...] O processo educativo é centrado no professor que repassa conteúdo. Por sua vez, o aluno é um elemento passivo e reprodutor das idéias que lhes são apresentadas” (ZANETTE, 2000, p.13,14). Pela crítica ao MMM, surge na década de 1970, com assessorias de educadores internacionais, os cursos de Pós-Graduação (stricto sensu) em educação. Muito importante para o aperfeiçoamento e compreensão do ensino de matemática. Em 1987/88 surge a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), visando pesquisa e o estudo nas áreas de história da matemática, didática da matemática, técnicas de ensino, modelagens, filosofia da matemática, currículo e prática da matemática, etnomatemática, etc. (PETRONZELLI, 2002) Outra importante entidade civil, de caráter cultural, da matemática é a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Fundada em 1969, durante o VII Colóquio Brasileiro de Matemática.Entre suas ações atuais destacam-se: a produção e divulgação de textos matemáticos; a promoção de reuniões científicas periódicas, cursos de formação para professores e o incentivo ao intercâmbio entre profissionais de Matemática do Brasil e do exterior. (Home page da SBM, 2008) As pesquisas em Educação Matemática obtiveram maior impulso e divulgação a partir da década de 1980 através da realização do I Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM) por grupos de matemáticos na Potinfícia Universidade 4 Católica (PUC-SP) em parceria com a SBM em 1986. O objetivo desse encontro era de divulgar, reunir e discutir as produções de trabalhos referentes à Educação Matemática até este momento. (ZANETTE, 2000) Dando continuidade nas idéias de Zanette (2000), a partir da década de 1960 surgem também o construtivismo embasado com idéias de Piaget que recebem mais ênfase na década de 1980. Com a influência dessa teoria na Educação Matemática, esta última é vista como ciência construída pelo homem pelo qual apresenta e, é preciso, integração com o meio. É fundamental estabelecer relação entre o objeto, as ações ou entre idéias já construídas. Essa interação é realizada a partir de abstração reflexiva, elaborada pela mente, interna/operativa que não é obtido simplesmente por algum objeto já existente. Novas abordagens e re-interpretações do construtivismo foram elaboradas, sendo menos estruturalistas, nos anos de 1990. Nesse contexto, a pesquisa em Educação Matemática passou a valorizar, investigar e tentar compreender o entendimento e o raciocino de crianças. Como esta aprende e constrói conceitos e habilidades matemáticas, e o que é necessário ou quais materiais e atividades promovem o entendimento; possibilitam abstrações e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Sob esse olhar crítico e desafiador surgem pesquisas nas áreas de psicologia, sociologia, filosofia, antropologia, lingüística, práticas pedagógicas e etnomatemática para fundamentar a concepção de ensino-aprendizagem de Matemática. Essas pesquisas, na Educação Matemática, ajudaram o entendimento da aprendizagem e dos paradigmas educacionais e da visão de que o estudo dessa disciplina não se deve ser realizado, ensinado e aprendido sem considerar o contexto histórico e social do estudante, e não deve ser universal. Deve-se sim, considerar aspectos culturais nas diferentes práticas sociais. Essas idéias são fundamentadas pela Etnomatemática. O estudo da Etnomatemática foi, e é, muito importante e fundamental para a educação, uma vez que aborda, explica e mostra que a Matemática não pode ser ensinada de forma igual, utilizando mesmos métodos e mesmo currículo em qualquer região e em qualquer período. Como ainda é realizada atualmente nas escolas brasileiras. Os alunos, professores e as escolas estão inseridos em formas culturais distintas, organizadas por grupos sociais diferentes que possuem suas formas de pensar, de hábitos, de relacionar, de cultura, de crenças, etc. Por esses motivos, a Matemática não deve ser ensinada de forma igual, possuindo o mesmo currículo e as mesmas exigências. Para D´Ambrósio (1998) Etnomatemática implica uma conceituação muito mais ampla do etno (refere-se, não apenas a uma associação de etnias e sim, a grupos culturais identificáveis, como exemplo tribos, grupos sindicais, 5 crianças, faixa etária, sociedade nacional, etc.) e da matemática (é mais amplo do que medir, contar, ordenar, modular, relacionar, etc.). Ela se situa em uma área de transição entre a antropologia cultural e a matemática acadêmica. Essa “matemática antropológica” abriu ramificações de pesquisas em história da matemática, história social e política da matemática, natureza da matemática e de epistemologias alternativas, e teoria matemática do conhecimento. (D´AMBRÓSIO, 1998) Segundo o professor Dr. Dionísio Burak outro tema de pesquisa em Educação Matemática que começou a ser trabalhada no país, na década 1980, foi a Modelagem Matemática, por um grupo de professores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em Biomatemática, coordenada pelo professor Dr. Rodney Carlos Bassanezi. (2008 apud Ribas;SILVEIRA, 2008). Essa área de pesquisa teve início com os cursos de especialização para professores, em 1983, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Guarapuava (FAFIG), atualmente sendo a Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Segundo Ribas; Silveira (2008) a partir de 1987, ampliaram-se as publicações de artigos e dissertações enfocando a Modelagem Matemática e em 1999 foi realizada a 1ª Conferencia Nacional. A Modelagem Matemática visa analisar, interpretar e compreender os fenômenos do cotidiano, além de propor reflexões a cima das suas análises. “É o processo que envolve a obtenção de um modelo que tenta descrever matematicamente um fenômeno da nossa realidade para tentar compreende-la e estuda-la, criando hipóteses e reflexões sobre tais fenômenos.” (RIBAS; SILVEIRA, 2008, p.4,5) Vários estudiosos da História da Matemática afirmam que a própria surgiu da necessidade do ser humano resolver problemas práticos, do dia-a-dia e até da sua própria sobrevivência. Foi com esse propósito de criação de modelos práticos, do cotidiano, que surgiram as necessidades de criar modelos matemáticos para compreender e resolver situações-problema de fenômenos naturais e sociais. A Modelagem Matemática teve um grande avanço no País após a utilização de computadores em suas pesquisas. “Sem dúvida, o futuro está impregnado de ciência e tecnologia – para o bem ou para o mal. A matemática está na raiz da ciência e da tecnologia. Há alguns anos, a revista The Economist publicou um longo artigo intitulado: “Não podemos ser cidadãos do século XX sem matemática””. (D´AMBRÓSIO, 1998, p.25) Por essa razão, e por outras, a matemática deve ser vista, estudada e acima de tudo conhecida por educadores e estudantes nas escolas. Este conhecimento sendo não apenas na sua estrutura por assuntos inseridos mas sim, mais amplo, na sua compreensão, visão crítica e relacionamento com o seu meio. Assim, é necessário um entendimento de 6 processos de aprendizagem e de contexto da matemática na vida. Através de pesquisas em Educação Matemática, atualmente, pode-se constatar uma mudança no ponto de vista do que venha ser, para que, por que e como ensinar e estudar matemática. Assim como se processa ou se articula os processos cognitivos diante dessa ciência. Muda-se um pouco a visão, a prática, a estratégia, a reflexão e a forma de se ensinar, enxergar o estudo, a compreensão, a reflexão e os novos objetivos por aquela trazidos e articulados na sociedade, na natureza, no mundo. Sob esses dizeres evoluídos de percepção, análise e pesquisa proporcionado pela Educação Matemática podemos caracteriza-lo pela seguinte idéia de D´Ambrósio (1998, p.24) Nossas responsabilidades, como educadores numa democracia, vão além de reproduzir o passado e os modelos atuais. Estamos preocupados em construir um futuro que poderá ser de diferentes formas, mas deverá ser melhor que o presente. Esse é o nosso objetivo. Pergunta: O que tem a matemática a ver com isso? Nossa resposta é, sem dúvida: Tudo. Atualmente o ensino e aprendizagem de matemática nas escolas do Brasil se encontra em déficits com a sociedade e se apresenta como um dos níveis de conhecimento matemático mais baixos entre os estudantes de escolas de outros paises. As pesquisas do Program for International Student Assessmen (PISA), em 2001, e do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em 2003, mostram que apenas 6% dos alunos têm o nível desejado em matemática e que o desempenho dessa disciplina em comparação internacional é um dos piores. Além disso, no Provão, a média da disciplina matemática foi a mais baixa em comparação com asdemais áreas. Todos esses resultados “mostram muito mais do que a má formação de uma geração de professores e estudantes: evidenciam o pouco valor dado ao conhecimento matemático e a ignorância em que se encontra a esmagadora maioria da população no que tange à matemática”. (DRUCK, 2003, p.1) Dando continuidade as pesquisas sobre a situação da disciplina de matemática no Brasil, Azevedo (2003) comenta que 3% da população é analfabeta em matemática, não sabendo, por exemplo, ler números de telefone; 32% da população é constituída pelos alfabetizados de Nível 1, esses só sabem ler preços, horários e anotar números de telefone; os de Nível 2, conhecem as operações fundamentais mas, na sua maioria usam as calculadoras constituindo 44% da população nacional; os de Nível 3, resolvem problemas e têm familiaridade com mapas, tabelas e gráficos, esse nível integrando os restantes 21%. Esses níveis, segundo esse estudo, comprovam em relação aos estudantes o seguinte: 13% de analfabetos e 64% de alfabetizados de Nível 1 são compostos de alunos até a 3ª série 7 do ensino fundamental; este nível cai para 38% dos alunos matriculados na 4ª série ao 8º ano do ensino fundamental e para 16% para os que têm o ensino fundamental completo. “Esses resultados não comprovam apenas o pouco conhecimento de matemática elementar, mas as enormes deficiências dos estudantes brasileiros, inerentes aos sistemas educacionais falidos como o nosso.” (AZEVEDO, 2003, p.) Esse péssimo resultado é decorrente da administração, do ensino, da formação e da organização dos membros educacionais e políticos do Brasil. Nós cidadãos brasileiros e professores devemos estar cientes dessa situação ruim pelo qual o ensino- aprendizagem de matemática passa no País. Devemos, por respeito, ética e compromisso com a nossa sociedade, encontrarmos medidas e soluções para tal problema. PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA INFORMÁTICA COMO RECURSO AUXILIAR DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NAS ESCOLAS A inserção de computadores nas escolas ou a implementação da Informática Educacional passa por discussões. Detectam-se duas opiniões distintas: a primeira visa incluir a informática como sendo uma disciplina independente, possuindo seu próprio currículo, proporcionando conhecimentos de linguagem de programação, execução de sistemas (softwares), conhecimento sobre o funcionamento e arquitetura da máquina; a segunda opinião defende a informática como uma ferramenta de pesquisa e um recurso auxiliar pedagógico interdisciplinar. A primeira opinião está voltada para um curso mais tecnicista, instrucional, organizada em salas de informática. Estas sendo independentes das demais salas e preferencialmente, possuindo conexões de computadores em redes, com acesso a internet à banda larga, etc. Já a segunda opinião, sugere computadores e ambientes informatizados nas próprias salas das disciplinas ou seja, o próprio computador fazendo parte dos recursos e ferramentas pedagógicas comuns aos estudantes. O sentido da expressão: Informática na Educação, induz a presença, manuseio e domínio de equipamentos como computadores, impressoras, acesso a Internet, redes de comunicação interativa e tecnologias digitais nas escolas, como também nos setores educacionais. Segundo Valente (1999, apud MALHEIROS, 2005, p.65) a expressão refere-se “a inserção do computador no processo de ensino- aprendizagem de conteúdos curriculares de todos os níveis e modalidades de educação” As duas opções referentes à Informática nas escolas são significativas para o conhecimento dos estudantes. Mas o ideal seria a articulação e o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na própria sala de aula. O computador sendo 8 portanto, um objeto intrínseco na educação. Um recurso metodológico importante usado pelos alunos nas diversas disciplinas. A tecnologia é rotina na sociedade moderna, aonde todos podem ter acesso aos meios de comunicação, uma vez que são objetos inseridos, vistos e trabalhados diariamente. O computador como recurso à Educação Matemática é uma realidade e muitos ramos dessa são dependentes dele e até mesmos indispensáveis aos seus trabalhos. Como seria complicado, por exemplo, a construção de tabelas com mais de mil dados presentes e analisados sem o uso de computadores ou consultar uma informação entre milhões destas sem usar um banco de dados de um computador? As diferentes representações no ensino de matemática podem manifestar um novo enfoque de se trabalhar usando o computador, porque ele é um recurso ou ferramenta de ensino-aprendizagem que possibilita variadas representações em diferentes áreas da disciplina. Cita-se como exemplo a representação de cálculos numéricos e probabilísticos mais rápidos, a construção e manipulação de gráficos, figuras geométricas, tabelas, entre outros. O uso de comutadores nas disciplinas de matemática podem possibilitar e permitir uma melhor visualização, interpretação e compreensão de construção de gráficos e figuras geométricas planas ou espaciais. O computador agiliza o trabalho do professor na suas construções, perfeição e motivação dos temas em sala de aula. Vale destacar que tanto é importante a construção como a interpretação e análise de gráficos e figuras geométricas. Nesse caso, o computador é fundamental pois, não só focaliza ou prioriza a construção dos assuntos citados mas também, auxilia a compreensão e relação com outras linguagens e perspectivas. O uso de comutadores nos conteúdos da disciplina de matemática, muitos desses abstratos, possibilitam e permitem uma melhor visualização, interpretação e compreensão de conceitos, construção de gráficos, figuras geométricas, vetores e vários outros assuntos através da utilização de softwares, vídeos, simulações, jogos e animações. Além desses, os estudantes podem ter outras formas de estudar os conteúdos, em diferentes alternativas, mais dinâmicas que o livro, sozinho, não pode proporcionar. Por essa perspectiva: A vantagem de utilizar elementos que são dinâmicos e em movimento dão condições de uma visualização mais abrangente de determinados conceitos, como, por exemplo, a noção de vetor nos estudos de álgebra vetorial e geometria analítica. (DOMENICO, 2006, p.94) A máquina pode ser tanto uma ferramenta de construção, eficiência e rapidez, como também pode servir para a correção de exercícios e problemas de estudantes. 9 Estes, ao fazerem os exercícios podem recorrer a máquina para a sua correção ou auto-análise. Esse fato ajuda na autonomia dos alunos despertando-se curiosidade. Atividades mecânicas e cansativas (excessivas operações) podem ser substituídas por máquinas para os seus objetivos. Priorizando por tanto, a interpretação, o entendimento, a relação e os argumentos de resoluções de problemas. Diante destes comentários: O surgimento das calculadoras eletrônicas representa um enorme progresso da direção da eficiência, precisão e rapidez nas contas, em quase todos os segmentos da sociedade moderna. Seria impossível negar, ou mesmo tentar diminuir a ênfase desta afirmação, pois o sucesso comercial de tais máquinas prova eloqüentemente sua utilidade. (LIMA, 2004, p.200) É mais que necessário e lógico inserir de alguma forma a utilização de máquinas nas escolas. Seguindo o argumento de Lima (2004) o uso da máquina libera o aluno de longas, desnecessárias e estressadas contas para deixar os alunos com mais tempo para aprimorar a sua capacidade de raciocinar e desenvolver-se mentalmente. Deve-se tomar cuidado e ter conhecimento sobre a aplicação e resultados propostos pela calculadora. Uma vez que a mesma pode representar resultados aproximados do real e estranhos á princípio. Como por exemplo: 1 2 3 3 + Se feito pela calculadora teríamos: 0,33333333 + 0,66666666 =0,99999999 ≈ 1 É necessário portanto que o professor esteja ciente de que a calculadora é importante e pode ser útil para uma boa atuação dos alunos na escola e na sociedade, mas que o mesmo não é único e suficiente para a resolução de atividades. Fica claro a importância e a necessidade dos estudantes terem conhecimento de determinados assuntos da Matemática. Dependendo do ponto de vista do problema proposto, deve-se usar a calculadora e mais geral, as máquinas. Para deixar claro esse ponto anterior, exemplifica-se um problema recorrendo a mesma situação da conta a cima: Fulano comeu um terço do bolo e Sicrano comeu dois terços do mesmo bolo. Juntos eles comeram quantos bolos? Para responder esse problema não faz sentido dividirmos 1 por 3 e 2 por 3 para depois somarmos esses dois resultados para se obter a resposta. Recorremos sim, ao assunto frações (frações ordinárias) para obtermos o resultado 1. É mais adequado, exata e acessível usando as frações 1 2, 3 3 para o entendimento da criança. 10 Segundo Lima (2004) defende-se a calculadora nas escolas e essa é mais que necessária para os alunos do ensino médio ou para os alunos que já dominam as operações e regras de cálculos ou quando estes são meros auxiliares no estudo de outras teorias. Com tanto que melhore o andamento dos estudos. Lembra-se e considera-se fatores sócio-econômicas para a viabilização e uso de máquinas pelos estudantes. A maioria destes não possui condições financeiras para comprar calculadoras ou substitui-las. Propõe-se a viabilização das Secretarias de Educação (Ensino Público) beneficiar os estudantes com aquisição de calculadoras e outras máquinas assim como, propor as empresas o barateamento de produtos tecnológicos, ficando mais accessível para a sociedade. Vale ressaltar que para o uso de máquinas no processo educacional é necessário novas práticas pedagógicas e desenvolvimento de estratégias de ensino por parte dos professores. “A Matemática está incorporada à Informática desde a origem do termo “computador” (associadas aos cálculos e algorítmos)” ( ZANETTE, 2000, p.23) A recíproca é verdadeira, uma vez que vários programas computacionais articulam, processam mecanismos avançados de cálculos numéricos e probabilísticos, e eficiente visualização gráfica. Atualmente, equipados computadores desenvolvem processos mecânicos que para o ser humano executá-los, levariam anos para serem encontrados ou descobertos. Por exemplo: o computador teve um grande papel para desvendar um problema que durou mais de um século para ser resolvido. Um desses complicados problemas foi o “Teorema das Quadro Cores” que propôs e desafiou vários matemáticos do século passado para confirmar a conjectura de que bastam apenas quatro cores diferentes para se colorir o mapa mundo, com a condição de que não poderiam colorir com uma mesma cor paises com a mesma fronteira. Pois através de algoritmos, linguagem de programação – usando o computador, Appel e Haken puderam provar que bastam apenas quatro cores diferentes para se colorir um mapa. Outro problema famoso da Matemática que até o momento não foi desvendado e que o mesmo vale um milhão de dólares pela prova da resolução, é o problema de encontrar-se uma forma de representação de todos os números primos. Atualmente, computadores conseguiram encontrar milhões de números primos, o que já é um grande avanço. É complicado para a maioria dos professores, conservadores, articular, planejar e elaborar recursos e estratégias de ensino de matemática. Defende-se que é necessário e fundamental a presença, organização e participação de cursos de formação continuada do corpo docente. 11 Tem lógica, na educação, unir a Matemática e a Informática assim como em qualquer outra disciplina ou ciência. Uma vez que se pretende formar, preparar e educar indivíduos para enfrentar, superar e resolver seus problemas, como também as suas próprias necessidades e funções. Se esses estudantes se encontram em uma sociedade globalizada e informatizada, envolvidos por tecnologias que estão sempre se renovando e se aperfeiçoando. Eles necessitam, por mais variados e diferentes que sejam, de absorverem também esses avanços tecnológicos na aprendizagem. Para ZANETTE (2000) historicamente essa necessidade de se atualizar, de se resolver e desvendar situações-problema do cotidiano é evidente e contextualizada. Graças à esses problemas, a vontade e necessidade de melhorias pelos seres humanos, e de sua própria sobrevivência, é que os fazem progredir e manter-se sempre adaptados e hábitos ao meio que os cercam. É falso pensar que porque o ensino de matemática nas escolas, décadas passadas, deu certo e continuará dando atualmente. Vimos neste trabalho que essa afirmativa não é verdadeira. Pois a situação do ensino-aprendizagem de matemática no País ainda está precária quando comprada com os outros paises. CONSIDERAÇÕES FINAIS Viu-se que apesar de terem passados mais de cinqüenta anos tentando evoluir os currículos de matemática, as práticas pedagógicas, as estratégias, as teorias, as avaliações e as reformas institucionais de educação, bem como a política educacional brasileira, pouca coisa melhorou no processo de ensino-aprendizagem e conhecimento de matemática no País. As escolas do Brasil apresentam um dos piores resultados em conhecimento matemático entre vários outros paises, acredita-se que o pavor, antipatia e excessiva reprovação da disciplina matemática, em relação as demais, continua presente nos estudantes nas instituições. Argumenta-se que priorizando a organização, qualidade e assistência ao ensino básico brasileiro por parte de políticas públicas através dos seguintes tópicos: • valorização dos professores, melhores condições de emprego e de estrutura escolar: • Informática na Educação; • reforma curricular nacional; • incentivo e elaboração de cursos para a formação continuada de professores e pessoal envolvido; • elaboração de cursos de pós-graduação; • barateamento de equipamentos tecnológicos e máquinas para serem usados e inseridos nas escolas; 12 • abatimento nos preços de livros, paradidáticos, revistas, equipamentos pedagógicos, etc. Todos esses argumentos poderiam proporcionar igualdades de oportunidades e qualidade de formação dos indivíduos brasileiros. A Educação, portanto, estaria preocupada em preparar os cidadãos como um todo, não apenas para o vestibular ou para o mercado de trabalho. Preocupando-se também com a formação intelectual, filosófica, crítica, afetiva, moral, cooperativa, ambiental e social dos estudantes. Diante desses fatos e argumentos, pode-se pensar em uma sociedade mais culta, sucedida educacionalmente e profissionalmente, e digna. O ideal não é apenas usar computadores e criar salas de informática em redes e com acesso a Internet à banda larga e de graça. Contudo, procurar formar professores e habilita-los para uma melhor e mais apropriado domínio e conhecimento sobre os meios tecnológicos. Visando prepará-los para conhecer as novas estratégias de ensino que viabilizem e utilizem as tecnologias na sua dinâmica em sala de aula. É importante e necessário que os colégios criem ambientes de aprendizagem eficaz, objetivando a busca para a construção do conhecimento e uma melhor adequação das tecnologias usadas. Para essa abordagem é preciso rever o papel do professor neste contexto. Para Valente (1999, apud MALHEIROS, 2005, p.67) “é necessário que todos os segmentos da escola, alunos, professores, administradores e comunidade de pais estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação de um novo profissional.” Ainda sobre essa idéia de mudanças na educação diante da informatização das escolas: [...] a informática impõe grandesdesafios para a educação: com relação ao resgate do espaço da escola como ambiente educativo; as mudanças na sala de aula; as adaptações dos currículos ao contexto social; as mudanças no papel do professor; o perfil do aluno; uma nova gestão escolar com modificações do trabalho; o papel da comunidade de pais e ao próprio papel das novas tecnologias (MALHEIROS, 2005, p.69,70) No cenário nacional e internacional é mais que necessário a aplicação e a compreensão das TIC, sejam elas entre os indivíduos, organizações, regiões e paises ao fato de que uma nova sociedade não será desenvolvida, compreendida, crítica e formadora de conhecimentos se não houver participação dos governantes e de setores privados na educação. É preciso que toda a sociedade seja beneficiada com a 13 articulação e implementação de uma Política Nacional de Informática na Educação. É sem lógica vivenciar-se na “Era digital” sem ao menos conhecer ou utilizar as TIC na educação. Uma vez que, o computador é um dos meios de comunicação mais vistos em todo mundo. Reforça-se assim, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação como recurso para o ensino e aprendizagem de matemática dos estudantes. Conclui-se que o manuseio, a aplicação e a articulação de computadores na educação, ou mais geral, da Informatização das escolas tanto auxilia o ensino- aprendizagem de matemática dos estudantes como também, podem contribuir na sua formação e servir de ferramenta, essencial e fundamental, para uma melhor oportunidade no mercado de trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, José Carlos. Conhecimento Inútil. Jornal do Brasil. Rio de janeiro, 05 mar. 2003. Disponível em: <http://www.sbm.org.br/clip/conhecimento.jpg> Acesso em: 08 ago. 2008 CUNHA, Luiz Antônio. Ensino superior e universidade no Brasil. In: LOPES, Eliane Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte, 2000. p.151-204. D´AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São Paulo. Editora Ática 5ª Ed, 1998. DOMENICO, Luiz Carlos Almeida de. Aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral por Meio de Tecnologias de Informação e Comunicação. Curitiba, 2006. (Dissertação de Mestrado apresentado ao programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná). DRUCK, Suely. O drama do ensino da matemática. Folha de São Paulo. São Paulo. 25 mar. 2003. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u343.shtml> Acesso em: 08 ago. 2008 LIMA, Elon Lages. Meu professor de Matemática e outras histórias. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática. 5ª Ed, 2004. MALHEIROS, Neusa Nunes. Inserção das Tecnologias na Política Pública de Educação: um estudo dos laboratórios de Informática Educativa nas Escolas da Rede Municipal de Ensino de Aracaju. São Cristóvão, 2005. (Dissertação de Mestrado apresentado ao Curso de Mestrado em Educação na Universidade Federal de Sergipe -UFS) PETRONZELLI, Vera Lúcia Lúcio. Educação e a Aquisição do Conhecimento Simbólico: alguns caminhos a serem trilhados.Curitiba, 2002. (Dissertação de Mestrado apresentado ao programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná) 14 RIBAS, João Luiz Domingues; SILVEIRA, Jean Carlos. Discussões sobre Modelagem Matemática e o Ensino-Aprendizagem. Site disponível em: < http://www.somatematica.com.br/artigos/a8/ > Acesso em 04 jul. 2008 SBM (Sociedade Brasileira de Matemática). Site disponível em:< http://www.sbm.org.br/nova/website/pageviews.php?menu=2&secao=Sobre%20a%20 SBM,&idcol=9> acessado em 31 jul. 2008. ZANETTE, Elisa Netto. A Informática na Educação Matemática: o uso do computador no processo educativo no curso de Licenciatura em Matemática, na perspectiva de aperfeiçoamento da prática profissional. Criciúma, 2000. (Dissertação de Mestrado apresentado ao Instituto Pedagógico Latinoamericano e Caribenho – Cuba).
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