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METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DE MATEMÁTICA II Mariana da Silva Nogueira Ribeiro , 2 SUMÁRIO 1 A MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO ........................................................ 3 2 O FAZER MATEMÁTICA NA SALA DE AULA DO ENSINO MÉDIO.............. 17 3 MODELAGEM MATEMÁTICA ................................................................. 30 4 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO ............................... 42 5 A APRENDIZAGEM E A DIDÁTICA DA MATEMÁTICA .............................. 54 6 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA .................................. 66 , 3 1 A MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO Apresentação A matemática está presente em várias situações do cotidiano e vem sendo utilizada pelo homem há muito tempo. Ela já faz parte do caminho da humanidade e vem sofrendo mudanças, assim como o homem, pela necessidade de sobreviver na sociedade. Está presente nas experiências mais simples da vida como no contar, separar, comparar, entre outros. Dessa forma, a matemática deve ser explorada buscando mostrar sua importância nas relações do dia a dia, na aprendizagem dessa ferramenta e como pode ser abordada nos diferentes contextos. Sendo assim, para que essa exploração aconteça, serão abordados alguns pontos considerados relevantes como, por que ensinar Matemática, aprender e ensinar Matemática, dificuldade na aprendizagem de Matemática, Avaliação e Metodologias para o Ensino de Matemática. 1.1 Por que ensinar Matemática Estar presente em várias situações do dia a dia, ser útil na vida em sociedade, ser ferramenta que auxilia a resolução problemas, auxiliar no desenvolvimento do pensamento lógico, e outras situações que você pode imaginar, são justificativas do por quê ensinar Matemática. E ao olharmos para o Ensino Médio, por que ensinar Matemática? O Ensino Médio é considerado a etapa final da Educação Básica. Segundo Lopes (2011, p. 3) o objetivo principal desse nível de ensino “é a autonomia do estudante frente às determinações do mercado de trabalho”, o que vai ao encontro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, a qual traz que a Educação “deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social” (LEI 9.394/96). , 4 O Ensino Médio “tem o desafio de promover a ampliação da visão de mundo dos estudantes, e desenvolver suas competências gerais, a fim de articularem os conhecimentos e os usarem na vida cotidiana” (LOPES, 2011, p. 9). Dessa forma, esse nível de ensino tem um papel importante na formação do estudante, uma vez que habilidades e competências precisam ser expandidas. A Matemática no Ensino Médio tem um valor formativo, que ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, porém também desempenha um papel instrumental, pois é uma ferramenta que serve para a vida cotidiana e para muitas tarefas específicas em quase todas as atividades humanas (BRASIL, 1999, p. 42). Com seu papel formativo, a Matemática pode formar um estudante que seja capaz de resolver problemas, tenha hábitos de investigação e ainda, que enfrente novas situações que possam surgir ao longo do caminho. É possível, também, ampliar sua visão em relação à realidade, e desenvolver a criatividade, assim como outras capacidades. Além do seu papel formativo, a Matemática possui um conjunto de técnicas e estratégias para serem aplicadas a outras áreas do conhecimento, sendo assim utilizada como instrumento. O aluno pode utilizar essas estratégias em diferentes contextos e adaptá-las de acordo com a sua necessidade. A escola tem como desafio formar estudantes capazes de desenvolver habilidades e competências para encarar as diversas situações que aparecerão ao longo do caminho e a Matemática, também, contribui com esse desafio. O conhecimento matemático permite que o estudante intervenha nas ações do dia a dia, faça crítica aos problemas que surgem, o que pode fazer com que ele adquira maior capacidade de argumentação. Ensina-se matemática com o principal objetivo de desenvolver os conceitos, a linguagem, as ferramentas e o modo de pensar matemático que auxiliam a perceber, descrever e analisar a realidade física e social e que são postos em ação nas práticas sociais. Mas, antes de tudo, ensina-se para abrir caminhos de sucesso individual, no contexto social (VANZETTO GARCIA, 2009, p. 181). , 5 Assim, entende-se que é importante ensinar Matemática uma vez que ela é útil e pode ser instrumento para diversas situações em diferentes contextos como no da própria matemática, no contexto social, no contexto epistemológico. SAIBA MAIS Acesse: OLIVEIRA SILVA, M. A. de. Argumentos sobre o “por que ensinar matemática na escola” na concepção de diferentes atores da educação matemática. Dissertação apresentada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para obtenção do Título de Mestre Profissional em Ensino de Matemática. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2005. Disponível em: <https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/11489/2/dissertacao_maxima_aparecida_o liveira_silva.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2020. 1.2 Aprender e ensinar Matemática Muito se discute a respeito do Ensino de Matemática e um ponto destacado são os processos de ensino e aprendizagem, ou seja, como o professor deve agir para que seu aluno aprenda. Diante disso, é pertinente pensar qual a base epistemológica presente nas escolas, nas salas de aula, nas práticas docentes. Ensinar, de acordo com o dicionário Houaiss (2009), pode significar “repassar ensinamentos sobre algo; doutrinar, lecionar; transmitir experiência prática; instruir alguém sobre; mostrar com precisão; indicar; treinar; adestrar; dar aulas”. E aprender, com base nesse mesmo dicionário, pode significar “adquirir conhecimento, a partir de estudo; instruir-se; adquirir habilidade prática; vir a ter melhor compreensão de algo, especialmente pela intuição, sensibilidade, vivência, exemplo”. Assim, ensinar e aprender matemática são processos inseparáveis e devem fazer parte da prática do professor de Matemática. https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/11489/2/dissertacao_maxima_aparecida_oliveira_silva.pdf https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/11489/2/dissertacao_maxima_aparecida_oliveira_silva.pdf , 6 Como o aluno aprende? Como vou ensinar esse conceito? O que é ensinar? Esses são questionamentos corriqueiros que alguns professores se fazem. Para alguns professores, ensinar é transmitir conhecimento, para outros é absorver conhecimento e, para outros, ainda, é construir conhecimento. O que os diferencia é a concepção de aprendizagem do professor. [...] o professor que vai ensinar matemática deve ter um conhecimento filosófico, histórico e epistemológico sobre esta, para ser capaz de apresentar para seus alunos os conceitos matemáticos e as relações entre eles, fundamentando-se na literatura acumulada na área (NOGUEIRA; PAVANELLO; DE OLIVEIRA, 2016, p. 15). É papel do professor refletir sobre a maneira que ensina para, a partir disso, repensar a forma de ensinar os conteúdos dessa disciplina. “O ato de ensinar, em si, não se define somente na pessoa do professor, mas todo esse conjunto se constrói por meio da relação professor e aluno, por mais complexa que ela se apresente” (BACCON; ARRUDA, 2010, p. 508). Dessa forma, o professor ao planejar suas aulas, precisa pensar na dinâmica que utilizará na aula e, ainda, na sua relação com o aluno. Para Freire (2003, p. 47) “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”. O professor precisa ser um guia que possibilite ao aluno produzir ou criar o seu próprio conhecimento e assim aprender. Dessa forma, o professor precisa colocar o aluno como centro do processo de construção do conhecimento e enfatizar que ele é um ser ativo nesseprocesso. O professor, como orientador, precisa buscar, juntamente com seus alunos, as melhores estratégias para os processos de ensino e aprendizagem. [...] ensinar Matemática deverá ser muito mais do que o simples reconhecimento de símbolos, manejo de fórmulas, utilização de regras e técnicas para resolver problemas modelos. É, sobretudo, promover situações de aprendizagem que possibilitem aos estudantes a construção de competências para saberem lidar com os conceitos, utilizando-os na resolução de problemas, avaliação de resultados encontrados, questionamento de informações, desenvolvimento de atitudes criativas que , 7 contribuam para o exercício de uma profissão, e que os levem a exercer sua cidadania de forma crítica e participativa (LOPES, 2011, p. 10). Em vista disso, o professor, ao se comprometer ensinar, precisa criar ambientes que promovam interação e discussão de situações desafiadoras e investigativas, pois isso pode despertar e levar o aluno a criar e desenvolver atitudes que contribuam para a construção de seu conhecimento. Ainda é um grande desafio para o professor a forma de ensinar matemática e a forma de como os alunos aprendem essa disciplina. SAIBA MAIS Acesse: VANZETTO GARCIA, V. C. Fundamentação teórica para as perguntas primárias: O que é matemática? Por que ensinar? Como se ensina e como se aprende? Revista Educação, Porto Alegre, v. 32, n. 2, p. 176-184, maio/ago. 2009. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/5516/4014>. Acesso em: 6 abr. 2020. 1.3 Dificuldades na aprendizagem de Matemática Ao longo dos anos, o Ensino da Matemática tem passado por diversas reformulações. Ainda assim, há dificuldade na aprendizagem da matemática e isso pode acarretar baixos rendimentos. Esse insucesso, com a Matemática, pode levar os alunos a terem uma aversão a ela acarretando, com o passar do tempo, maiores dificuldades. De acordo com Nogueira, Pavanello e De Oliveira (2016), As dificuldades escolares de alunos relacionadas à aprendizagem da matemática podem ser atribuídas a diferentes variáveis, entre as quais a principal é a atuação do professor, dado que a ação docente pode produzir, cristalizar ou superar essas dificuldades. Por sua vez, a principal variável que influencia as possibilidades de atuação do professor é a sua formação inicial e continuada (NOGUEIRA; PAVANELLO; DE OLIVEIRA, 2016, p. 15). O professor possui um importante papel em relação à dificuldade do aluno, uma vez que o professor, dependendo da maneira que aborda o conceito, pode dificultá-lo http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/5516/4014 , 8 ainda mais, levando o aluno a ter dificuldade. No entanto, se o professor abordar o conceito de uma forma diferenciada, focando no entendimento do aluno, pode ser que ele supere essas dificuldades. De acordo com Pais (2018), não existe conceito simples, qualquer conceito é complexo e devido a isso, há dificuldade na elaboração de conceitos. As dificuldades em aprender matemática podem estar relacionadas a vários fatores que envolvem o estudante, o professor, a família e a escola. Dar atenção especial às possíveis causas dessas dificuldades pode ajudar o professor, pois ele tem a possibilidade de refletir a respeito dessas causas, podendo tornar suas aulas mais dinâmicas, interessantes e atrativas. Muitas são as dificuldades nos processos de ensino e aprendizagem da Matemática e isso acontece tanto por parte dos professores quanto dos alunos. Em relação ao professor, essa dificuldade acontece, por não possuírem métodos e práticas que auxiliem na aprendizagem dos alunos e, em relação aos alunos, pelo desinteresse pela Matemática. De acordo com Sanchez (2004), as dificuldades de aprendizagem em Matemática podem se manifestar nos seguintes aspectos: Dificuldades em relação ao desenvolvimento cognitivo e à construção da experiência matemática; do tipo da conquista de noções básicas e princípios numéricos, da conquista da numeração, quanto à prática das operações básicas, quanto à mecânica ou quanto à compreensão do significado das operações. Dificuldades na resolução de problemas, o que implica a compreensão do problema, compreensão e habilidade para analisar o problema e raciocinar matematicamente. Dificuldades quanto às crenças, às atitudes, às expectativas e aos fatores emocionais acerca da matemática. Questões de grande interesse e que com o tempo podem dar lugar ao fenômeno da ansiedade para com a matemática e que sintetiza o acúmulo de problemas que os alunos maiores experimentam diante do contato com a matemática. Dificuldades relativas à própria complexidade da matemática, como seu alto nível de abstração e generalização, a complexidade dos conceitos e , 9 algoritmos. A hierarquização dos conceitos matemáticos, o que implica ir assentando todos os passos antes de continuar, o que nem sempre é possível para muitos alunos; a natureza lógica e exata de seus processos, algo que fascinava os pitagóricos, dada sua harmonia e sua “necessidade”, mas que se torna muito difícil para certos alunos; a linguagem e a terminologia utilizadas, que são precisas, que exigem uma captação (nem sempre alcançada por certos alunos), não só do significado, como da ordem e da estrutura em que se desenvolve. Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como bases neurológicas, alteradas. Atrasos cognitivos generalizados ou específicos. Problemas linguísticos que se manifestam na matemática; dificuldades atencionais e motivacionais; dificuldades na memória etc. Dificuldades originadas no ensino inadequado ou insuficiente, seja porque a organização do mesmo não está bem sequenciada, ou não se proporcionam elementos de motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam às necessidades e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, ou não se treinam as habilidades prévias; seja porque a metodologia é muito pouco motivadora e muito pouco eficaz (SANCHEZ, 2004, p. 174). Pacheco e Andreis (2018), em sua pesquisa, apresentam uma reflexão sobre quais são as possíveis causas relacionadas à dificuldade que muitos estudantes têm quando trabalham com conceitos matemáticos. Entre essas dificuldades, estão a formação do professor, sua influência e a metodologia utilizada; o desenvolvimento cognitivo do aluno e suas limitações; “falta de compreensão de determinados conteúdos; esquecimento de conteúdos trabalhados anteriormente; dificuldade de concentração; falta de compreensão e interpretação; forma com que o professor apresenta o conteúdo” (PACHECO; ANDREIS, 2018, p. 118). O professor possui um importante papel frente a essas dificuldades. É possível perceber que muitos são os fatores que ocasionam dificuldades para os alunos aprenderem. É importante que haja uma união por parte dos professores, da escola e da família buscando sanar essas dificuldades. , 10 SAIBA MAIS Acesse: MEDEIROS, A. de; WELTER, M. P. Dificuldades de aprendizagem da matemática; como superá-las? Disponível em: <http://faifaculdades.edu.br/eventos/SEMIC/6SEMIC/arquivos/resumos/RES11.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2020. 1.4 Avaliação Faz parte das ações do ser humano avaliar e essa é, também, uma ação do professor. Há diversos autores que abordam esse tema, uns trazendo aspectos da avaliação da aprendizagem e outros da avaliação de rendimento. De acordo com Buriasco (2000, p. 157), a avaliação “tem servido para selecionar, classificar, rotular, controlar e, através dela, o professor decide, muitas vezes, a trajetória escolar do aluno”. Esse tipo de avaliação é utilizada para punir o aluno e não se preocupa com o processo de aprendizagem, mas com o resultado final. Os alunos são comparados uns com os outros e reproduzem aquiloque o professor fez em sala de aula. Esse tipo de avaliação é chamada de avaliação de rendimento e se baseia na perspectiva tradicional. A avaliação da aprendizagem vai de encontro com a avaliação de rendimento, uma vez que se preocupa com o processo de aprendizagem do aluno e não apenas com o resultado final. Para Pedrochi Junior (2018, p. 11), “a avaliação é vista como parte integrante do processo de ensino e aprendizagem, como uma fonte de formação tanto para os alunos quanto para os professores, com a função de guiar e reorientar o processo de ensino e aprendizagem”. O professor é o responsável por realizar a avaliação e o tipo de avaliação que ele realizará depende do seu objetivo. Se em um determinado momento o objetivo do professor é saber algo sobre a aprendizagem do aluno, para em seguida orientá-lo, ele poderá utilizar a avaliação diagnóstica. Ela é utilizada http://faifaculdades.edu.br/eventos/SEMIC/6SEMIC/arquivos/resumos/RES11.pdf , 11 [...] quando se trata de explorar ou de identificar algumas características de um aprendente (por exemplo, as representações ou os conhecimentos adquiridos) com vista a escolher a sequência de formação mais bem adaptada às suas características (HADJI, 1994, p. 62). Outro tipo de avaliação é “a avaliação somativa, que ocorre depois da ação de formação e visa classificar, situar, informar o aluno, cuja função principal é a certificação” (PEDROCHI JUNIOR, 2018, p. 18). A avaliação somativa [...] se propõe fazer um balanço (uma soma), depois de uma ou várias sequências ou, de uma maneira mais geral, depois de um ciclo de formação. É por isso que muitas vezes ela é pontual, efetuada num momento determinado (ainda que se possa realizar num processo cumulativo, quando o balanço final toma em consideração uma série de balanços parciais) e pública (HADJI, 1994, p. 64). Temos ainda a avaliação formativa “que ocorre durante a ação de formação e tem como principal função regular o processo de ensino e aprendizagem, contribuindo para a formação” (PEDROCHI JUNIOR, 2018, p. 19). Para Hadji (1994, p. 125) “o seu objetivo é o de permitir ajustar o tratamento didático à natureza das dificuldades constatadas e à realidade dos progressos registrados”. Outro papel do professor é selecionar os instrumentos que utilizará ao realizar a avaliação. Um dos instrumentos mais utilizados é a prova escrita que “[...] muitas vezes, é tida como sinônimo de avaliação, e é elaborada com questões nas quais os estudantes pouco têm a oportunidade de justificar suas estratégias e os procedimentos utilizados” (SANTOS, 2008, p. 18). Um outro instrumento que o professor pode utilizar é o portfólio, que permite a “organização de uma coletânea de registros sobre aprendizagens do aluno que favoreçam ao professor, aos próprios alunos e às famílias uma visão evolutiva do processo” (HOFFMANN, 2000, p. 201). Prado e Almeida (2007) apresentam um outro instrumento de avaliação: o memorial reflexivo. Ele é , 12 [...] um instrumento de caráter pessoal que permite ao participante do curso (aluno, monitor, professor) registrar o ocorrido, impulsionando-o a investigar as experiências vivenciadas por meio da análise sistemática de suas ações, reações, sentimentos, impressões, interpretações, explicitações, hipóteses e preocupações envolvidas nestas experiências (PRADO; ALMEIDA, 2007, p. 4). Sant’Anna (1995, p. 120) traz outro instrumento: o relatório, que tem como objetivo “informar, relatar, fornecer resultados, dados experimentais” ao professor. Com o relatório, o aluno tem a oportunidade de desenvolver a comunicação escrita e a capacidade de interpretar conceitos. Há na literatura uma diversidade de instrumentos de avaliação. O professor precisa ter em mente que um bom instrumento é aquele que mostra o que o aluno sabe de determinado conteúdo, e ainda, aquele que auxilia o professor a ajudar na aprendizagem do aluno. SAIBA MAIS Acesse: PAVANELLO, R. M.; NOGUEIRA, C. M. I. Avaliação em matemática: algumas considerações. Disponível em: < http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1275/1275.pdf >. Acesso em: 6 abr. 2020. 1.5 Metodologias para o Ensino de Matemática O professor tem um papel importante nos processos de ensino e aprendizagem e um deles é trabalhar de forma que o aluno possa construir conhecimento. O professor precisa utilizar estratégias que enriqueçam suas aulas e oportunize a “construção de estratégias, a comprovação e justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios” (BRASIL, 1999, p. 27). http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1275/1275.pdf , 13 Utilizar metodologias alternativas no Ensino de Matemática pode ser uma possibilidade para o professor deixar suas aulas mais dinâmicas, atrativas e interessantes. E ainda, os alunos não aprendem do mesmo jeito no mesmo tempo e não possuem os mesmos conhecimentos, sendo importante possuir metodologias diferenciadas. [...] a diversidade de estratégias e encaminhamentos metodológicos no trato com os conteúdos certamente contribuirá para as inúmeras possibilidades de perceber e construir os conhecimentos matemáticos indispensáveis para a vida social e na formação da sua cidadania (MACCARINI, 2010, p. 64). Sendo assim, é fundamental que professores conheçam as diversas possibilidades para planejar e construir suas próprias estratégias e utilizá-las com seus alunos. Uma estratégia muito utilizada é a modelagem matemática na qual busca levantar situações a partir da realidade. Para Barbosa (2001, p. 5), a modelagem matemática “trata-se de uma oportunidade para os alunos indagarem situações por meio da matemática sem procedimentos fixados previamente e com possibilidades diversas de encaminhamento”. A História da Matemática também pode ser utilizada como uma estratégia, pois pode oferecer uma importante contribuição ao processo de ensino e aprendizagem dessa área do conhecimento. Ao revelar a matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais favoráveis diante do conhecimento (BRASIL, 1999, p. 42). Uma outra estratégia que pode ser utilizada pelo professor é o Jogo. Para Maccarini (2010), o jogo [...] deve favorecer à criança a construção do conhecimento científico, propiciando a vivência de situações “reais” ou “imaginárias”, propondo à criança desafios e instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentarem durante o jogo ou mesmo nas problematizações que surgirem , 14 como consequência do jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões (MACCARINI, 2010, p. 67). Ao buscar diferentes materiais, referentes ao Ensino de Matemática, é possível encontrar outras metodologias que o professor pode utilizar em sala de aula, como: Etnomatemática, Resolução de Problemas, Tecnologias. Em vista disso, o professor ao utilizar uma metodologia pode fazer diferença no processo de construção do conhecimento. SAIBA MAIS Acesse: LANA ALBINO, T. S. A prática docente e o uso de metodologias alternativas no ensino de matemática: um olhar para as escolas que adotam propostas pedagógicas diferenciadas. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ebrapem2015/files/2015/10/gd7_thais_albino.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2020. Conclusão Há uma grande busca para melhorar os processos de ensino e aprendizagem da Matemática, seja por parte dos pesquisadores, professores, alunos. Quando se discutem temas como o porquê ensinar Matemática, como se dá o ensino e a aprendizagemda Matemática, como é possível avaliar levando em consideração todo o processo de aprendizagem do aluno e, ainda, quais alternativas metodológicas o professor pode utilizar, estão sendo buscadas essas melhorias para o Ensino de Matemática. Levar em consideração todos esses aspectos pode ser, no início, difícil para o professor, mas é de fundamental importância que ele não pare de estudar, se aperfeiçoar e buscar outras alternativas para que o aluno possa construir seu conhecimento. http://www.ufjf.br/ebrapem2015/files/2015/10/gd7_thais_albino.pdf , 15 REFERÊNCIAS BACCON, A. L. P.; ARRUDA, S. de M. Os saberes docentes na formação inicial do professor de física: elaborando sentidos para o estágio supervisionado. Ciência & Educação (Bauru), v. 16, n. 3, p. 507-524, 2010. BARBOSA, J. C. Modelagem na Educação Matemática: contribuições para o debate teórico. Reunião anual da ANPED, v. 24, n. 7, p. 1-15, 2001. BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 1999. BURIASCO, R. L. C. de. Algumas considerações sobre avaliação educacional. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 22, p. 155-177, jul./dez. 2000. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003. HADJI, C. Avaliação, regras do jogo: das intenções aos instrumentos. Porto: Porto Editora LDA, 1994. HOFFMANN, J. M. L. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 2000. LOPES, C. E. A educação matemática no ensino médio. Sessão Trabalho Encomendado – Anped34 – 2011. UNICSUL/SP. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/emanped/noticia/docs/TextosGT19Anped2011_TrabEncomenda do.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2020. MACCARINI, J. M. Fundamentos e metodologia do ensino de matemática. Curitiba: Editora Fael, 2010. 170 p. NOGUEIRA, C. M. I.; PAVANELLO, R. M.; DE OLIVEIRA, L. A. Uma experiência de formação continuada de professores licenciados sobre a matemática dos anos iniciais http://www.ufrrj.br/emanped/noticia/docs/TextosGT19Anped2011_TrabEncomendado.pdf http://www.ufrrj.br/emanped/noticia/docs/TextosGT19Anped2011_TrabEncomendado.pdf , 16 do ensino fundamental. Ensinar e Aprender Matemática: Possibilidades para a Prática Educativa, p. 15, 2016. PACHECO, M. B.; ANDREIS, G. da S. L. Causas das dificuldades de aprendizagem em Matemática: percepção de professores e estudantes do 3º ano do Ensino Médio. Revista Principia, João Pessoa, n. 38, p. 105-119, 2018. PAIS, L. C. Ensinar e aprender matemática. Autêntica, 2018. PEDROCHI JUNIOR, O. A avaliação formativa como oportunidade de aprendizagem: fio condutor da prática pedagógica escolar. 2018. 67 f. Tese (Programa de Pós- Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018. PRADO, M. E. B.; ALMEIDA, M. E. B. de. Estratégias em educação a distância: a plasticidade na prática pedagógica do professor. In: VALENTE, J. A.; ALMEIDA, M. E. B. de (Org.). Formação de educadores a distância e integração de mídias. São Paulo: Avercamp, 2007. SANCHEZ, J. N. G. Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004. SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995. SANTOS, E. R. dos. Estudo da produção escrita de estudantes do ensino médio em questões discursivas não rotineiras de matemática. 2008. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008. VANZETTO GARCIA, V. C. Fundamentação teórica para as perguntas primárias: O que é 2, maio/ago., 2009, p. 176-184. , 17 2 O FAZER MATEMÁTICA NA SALA DE AULA DO ENSINO MÉDIO Apresentação A Matemática sempre foi e tem sido alvo de discussão entre professores, pesquisadores, desenvolvedores de currículo. O fato de alunos terem dificuldade nessa disciplina e o não relacionar a matemática com aspectos do cotidiano são algumas dessas discussões. Mas, então, o que fazer? O professor tem um papel fundamental nisso, uma vez que ele pode trazer para a sala de aula ferramentas que levem o aluno a olhar para a Matemática de forma diferente, que ele faça, construa seu próprio conhecimento. O professor, ao analisar as possibilidades de tratar o conteúdo em sala de aula, pode inovar suas práticas favorecendo o interesse e participação do aluno. Para isso, serão apresentados alguns aspectos que podem auxiliar o fazer Matemática na sala de aula: a investigação matemática, a Resolução de Problemas, a História da Matemática, os Jogos e a tecnologia. 2.1 A investigação matemática A investigação matemática pode ser utilizada como alternativa para desenvolver os processos de ensino e aprendizagem da matemática. O aluno tem uma função importante, pois é convidado a fazer o papel de matemático tornando-se mais responsável por sua aprendizagem. O professor propõe situações em que o aluno se sinta motivado a procurar a resolução, pois ele não possui uma resolução pronta. Para Ponte, Brocardo e Oliveira (2019, p. 12), “investigar é descobrir relações entre objetos matemáticos conhecidos ou desconhecidos, procurando identificar as respectivas propriedades”. Cabe ao professor oportunizar situações em que o aluno possa investigar, dado que essa ação pode desenvolver a criticidade e a capacidade de refletir dos alunos e, além disso, pode levá-los a construir conhecimento. A investigação matemática, de acordo com Ponte, Brocardo e Oliveira (2019), envolve quatro momentos no quais incluem diversas atividades. , 18 O primeiro abrange o reconhecimento da situação, a sua exploração preliminar e a formulação de questões. O segundo momento refere-se ao processo de formulação de conjecturas. O terceiro inclui a realização de testes e o eventual refinamento das conjecturas. E, finalmente, o último diz respeito à argumentação, à demonstração e avaliação do trabalho realizado (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2019, p. 20-21). Cada um desses momentos pode surgir simultaneamente no processo de investigação. O professor até programa como vai iniciar uma investigação, mas não sabe como ela irá terminar. Esse processo envolve diversas ações como pode ser visto no quadro a seguir. Quadro 2.1 – Momentos e atividades na realização de uma investigação Momentos Ações Exploração e formulação de questões - Reconhecer uma situação problemática - Explorar a situação problemática - Formular questões Conjecturas - Organizar dados - Formular conjecturas (e fazer afirmações sobre uma conjectura) Testes e reformulações - Realizar testes - Refinar uma conjectura Justificação e avaliação - Justificar uma conjectura - Avaliar o raciocínio ou o resultado do raciocínio Fonte: Ponte, Brocardo e Oliveira (2019, p. 21). Para que seja satisfatório o processo de investigação e os quatro momentos aconteçam, o professor e o aluno precisam participar ativamente, cada um ocupando seu papel. O aluno deve se responsabilizar pela sua aprendizagem e o professor organizar o ambiente, administrar o desenvolvimento das atividades, intervir quando , 19 for necessário no processo de investigação, estimulando a autonomia dos estudando na resolução das questões (DICK et al., 2014). Sendo assim, cabe ao professor inserir novos recursos em suas aulas. A investigação matemática é uma alternativa, uma vez que tem se mostrado uma importante metodologia para o ensino de Matemática contribuindo para a construção do conhecimento. SAIBA MAIS Acesse: ALMEIDA JÚNIOR, C. A. A. de. A investigação matemática como prática didático- pedagógica: estudo de caso com dois professores do ensino médio. Disponívelem: <http://www.ufjf.br/ebrapem2015/files/2015/10/GD3_Carlos_Almeida_Junior.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2020. 2.2 A Resolução de problemas A Resolução de Problemas é uma estratégia metodológica que pode ser utilizada em todos os níveis de ensino e é indicada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999) para uso em sala de aula. Os alunos, confrontados com situações-problema, novas mas compatíveis com os instrumentos que já possuem ou que possam adquirir no processo, aprendem a desenvolver estratégia de enfrentamento, planejando etapas, estabelecendo relações, verificando regularidades, fazendo uso dos próprios erros cometidos para buscar novas alternativas; adquirem espírito de pesquisa, aprendendo a consultar, a experimentar, a organizar dados, a sistematizar resultados, a validar soluções; desenvolvem sua capacidade de raciocínio, adquirem autoconfiança e sentido de responsabilidade; e, finalmente, ampliam sua autonomia e capacidade de comunicação e de argumentação (BRASIL, 1999, p. 52). Nessa abordagem, o aluno é ativo no processo de aprendizagem. Uma vez que pode desenvolver novas estratégias para resolver o problema proposto, acaba utilizando seus próprios erros para buscar outros meios de resolver o problema e, com isso, desenvolve sua capacidade de raciocinar. O aluno e o professor assumem outras http://www.ufjf.br/ebrapem2015/files/2015/10/GD3_Carlos_Almeida_Junior.pdf , 20 atitudes: “o professor precisa preparar, ou escolher, problemas apropriados ao conteúdo ou ao conceito que pretende construir” e o aluno assumir a responsabilidade por sua aprendizagem (ONUCHIC; ALLEVATO, 2011, p. 82). O professor, ao adotar a metodologia da resolução de problemas, deve deixar claro que o processo é mais importante que a resposta final do problema, proporcionar discussão entre os alunos e não responder diretamente às perguntas feitas durante o trabalho (SOARES; PINTO, 2001). Não há uma forma rígida de se trabalhar a resolução de problemas em sala de aula, porém há um roteiro que o professor pode utilizar para desenvolver essa estratégia metodológica na sala de aula (ONUCHIC; ALLEVATO, 2011; ONUCHIC, 2013). O roteiro a seguir, é destinado como orientação para professores utilizarem em suas aulas. 1 – Preparação do problema - Selecionar um problema, visando à construção de um novo conceito, princípio ou procedimento. Esse problema será chamado problema gerador. É bom ressaltar que o conteúdo matemático necessário para a resolução do problema não tenha, ainda, sido trabalhado em sala de aula. 2 – Leitura individual - Entregar uma cópia do problema para cada aluno e solicitar que seja feita sua leitura. 3 – Leitura em conjunto - Formar grupos e solicitar nova leitura do problema, agora nos grupos. 4 – Resolução do problema - A partir do entendimento do problema, sem dúvidas quanto ao enunciado, os alunos, em seus grupos, em um trabalho cooperativo e colaborativo, buscam resolvê-lo. Considerando os alunos como co-construtores da matemática nova que se quer abordar, o problema gerador é aquele que, ao longo de sua resolução, conduzirá os alunos para a construção do conteúdo planejado pelo professor para aquela aula. 5 – Observar e incentivar - Nessa etapa, o professor não tem mais o papel de transmissor do conhecimento. Enquanto os alunos, em grupo, buscam resolver o problema, o professor observa, analisa o comportamento dos alunos e estimula o trabalho colaborativo. Ainda, o professor como mediador leva os alunos a pensar, dando-lhes tempo e incentivando a troca de ideias entre eles. • O professor incentiva os alunos a utilizarem seus conhecimentos prévios e técnicas operatórias, já conhecidas, necessárias à resolução do problema , 21 proposto. Estimula-os a escolher diferentes caminhos (métodos) a partir dos próprios recursos de que dispõem. Entretanto, é necessário que o professor atenda os alunos em suas dificuldades, colocando-se como interventor e questionador. Acompanha suas explorações e ajuda-os, quando necessário, a resolver problemas secundários que podem surgir no decurso da resolução: notação; passagem da linguagem vernácula para a linguagem matemática; conceitos relacionados e técnicas operatórias; a fim de possibilitar a continuação do trabalho. 6 – Registro das resoluções na lousa - Representantes dos grupos são convidados a registrar, na lousa, suas resoluções. Resoluções certas, erradas ou feitas por diferentes processos devem ser apresentadas para que todos os alunos as analisem e discutam. 7 – Plenária - Para esta etapa são convidados todos os alunos, a fim de discutirem as diferentes resoluções registradas na lousa pelos colegas, para defenderem seus pontos de vista e esclarecerem suas dúvidas. O professor se coloca como guia e mediador das discussões, incentivando a participação ativa e efetiva de todos os alunos. Este é um momento bastante rico para a aprendizagem. 8 – Busca do consenso - Depois de sanadas as dúvidas, e analisadas as resoluções e soluções obtidas para o problema, o professor tenta, com toda a classe, chegar a um consenso sobre o resultado correto. 9 – Formalização do conteúdo - Neste momento, denominado formalização, o professor registra na lousa uma apresentação formal – organizada e estruturada em linguagem matemática – padronizando os conceitos, os princípios e os procedimentos construídos através da resolução do problema, destacando as diferentes técnicas operatórias e as demonstrações das propriedades qualificadas sobre o assunto (ONUCHIC; ALLEVATO, 2011, p. 83-85). Ao acompanhar o roteiro, o professor pode se sentir mais seguro e desenvolver sua atividade de forma eficaz, podendo levar o aluno a pensar, raciocinar, e até mesmo, analisar as situações, podendo assim resolver o problema. A estratégia metodológica da Resolução de Problemas tem sido utilizada como meio para promover o ensino e a aprendizagem de conceitos matemáticos. , 22 SAIBA MAIS Acesse: ONUCHIC, L. de la R. A resolução de problemas na educação matemática: onde estamos e para onde iremos. In: Jornada Nacional de Matemática, 4; Jornada Regional de Educação Matemática, 17. Univeridade de Passo Fundo, 6-9 maio 2012. Disponível em: <http://anaisjem.upf.br/download/cmp-14-onuchic.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2020. 2.3 A História da Matemática A História da Matemática pode ser aliada nos processos de ensino e aprendizagem da Matemática, pois pode auxiliar no desenvolvimento de atitudes significantes para a construção do conhecimento matemático. Entretanto, o professor não pode apresentar apenas fatos e datas que ocorreram ao longo da história, mas encará-los como recurso didático para se trabalhar conceitos. A História da Matemática pode oferecer uma importante contribuição ao processo de ensino e aprendizagem dessa área do conhecimento. Ao revelar a Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais favoráveis diante desse conhecimento (BRASIL, 1998, p. 42). A matemática é uma atividade humana, pois foram homens que a desenvolveram na busca de sanar as necessidades de cada povo, em seu momento histórico. O professor pode utilizar esse processo de desenvolvimento como recurso para esclarecer ideias matemáticas que os alunos constroem. Utilizar a História da Matemática como recurso metodológico para o ensino de Matemática pode “chamar a atenção dos alunos para aspectos contextualizados e culturais da matemática e obter resultados positivos”, pois o aluno pode relacionar esses aspectos com situações que são próximas a ele e, assim, o conteúdo matemáticofazer mais sentido. http://anaisjem.upf.br/download/cmp-14-onuchic.pdf , 23 Segundo Miguel e Miorim (2011), a História da Matemática possibilita ao professor alcançar objetivos que levem o aluno a perceber: (1) a matemática como uma criação humana; (2) as razões pelas quais as pessoas fazem matemática; (3) as necessidades práticas, sociais, econômicas e físicas que servem de estímulo ao desenvolvimento das ideias matemáticas; (4) as conexões existentes entre matemática e filosofia, matemática e religião, matemática e lógica etc.; (5) a curiosidade estritamente intelectual que pode levar à generalização e extensão de ideias e teorias; (6) as percepções que os matemáticos têm do próprio objeto da matemática, as quais mudam e se desenvolvem ao longo do tempo; (7) a natureza de uma estrutura, de uma axiomatização e de uma prova (MIGUEL; MIORIM, 2011, p. 53). Ainda, com base nesses autores, é possível trabalhar com a história de três maneiras diferentes não sendo elas únicas. O professor pode trabalhar a história como sendo um “elemento orientador da sequência de trabalho com um tema específico, na apresentação de diferentes métodos históricos; na discussão de problemas de natureza histórica” (MIGUEL; MIORIM, 2011, p. 44). De acordo com D’Ambrósio (1999), a História da Matemática serve para alunos, professores, pais e público em geral. Ela possui algumas finalidades: 1. para situar a Matemática como uma manifestação cultural de todos os povos em todos os tempos, como a linguagem, os costumes, os valores, as crenças e os hábitos, e como tal diversificada nas suas origens e na sua evolução; 2. para mostrar que a Matemática que se estuda nas escolas é uma das muitas formas de Matemática desenvolvidas pela humanidade; 3. para destacar que essa Matemática teve sua origem nas culturas da antiguidade mediterrânea e se desenvolveu ao longo da Idade Média e somente a partir do século XVII se organizou como um corpo de conhecimentos, com um estilo próprio; 4. para saber que desde então a Matemática foi incorporada aos sistemas escolares das nações colonizadas, se tornou indispensável em todo o mundo em consequência do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, e avaliar as consequências socioculturais dessa incorporação (D’AMBRÓSIO, 1999, p. 27). , 24 Sendo assim, há uma variedade de maneiras de se utilizar a História da Matemática na sala de aula, cabe ao professor escolher como fará o uso dessa abordagem, uma vez que ela pode ser aliada nos processos de ensino e aprendizagem e o conteúdo matemático pode fazer mais sentido para o aluno. SAIBA MAIS Acesse: CARMO DE SOUSA, M. Quando a história da matemática passa a ser metodologia de ensino. Disponível em: <http://alb.org.br/arquivo- morto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss02_04.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2020. 2.4 Os Jogos Uma estratégia para o professor é utilizar jogos como alternativa para o ensino de Matemática. O jogo, além de ser utilizado como forma de desenvolver atividades que levam o aluno a construção do seu conhecimento, pode, também, ser utilizado como entretenimento e socialização em diferentes situações. Há diferentes formas de propor a utilização dos jogos. Ele pode ser aliado na forma de propor problemas. Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações (BRASIL, 1998, p.46). Um dos objetivos do trabalho com jogos é provocar a construção e exploração de conceitos matemáticos. Antes de propor o jogo em sala de aula, o professor precisa realizar um bom planejamento para que a situação não saia do seu controle. Ele precisa estar atento não só no momento da elaboração, como também na execução, http://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss02_04.pdf http://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss02_04.pdf , 25 pois precisa interagir com os alunos e intervir para que haja interação entre os próprios alunos incentivando a participação de todos. Com o uso do jogo no ensino de Matemática, é possível que o aluno desenvolva seu raciocínio lógico. É uma forma de o professor desfiá-lo, de instigar sua curiosidade, de desenvolver estratégias. “Os jogos são considerados uma maneira de possibilitar a elaboração de estratégias e o planejamento de ações [...] e pode levar os estudantes a desenvolver a habilidade de pensar em diversas possibilidades para a resolução de uma determinada situação” (BAUMGARTEL, 2016, p. 5). O objetivo do jogo é definido pelo educador através de sua proposta de desencadeamento da atividade de jogo, que pode ser o de construir um novo conceito ou aplicar um já desenvolvido. Assim sendo, um mesmo jogo pode ser utilizado, num determinado contexto, como construtor de conceitos e, num outro contexto, como aplicador ou fixador de conceitos. Cabe ao professor determinar o objetivo de sua ação, pela escolha e determinação do momento apropriado para o jogo. Neste sentido, o jogo transposto para o ensino passa a ser definido como jogo pedagógico (GRANDO, 2000, p. 4). Levar o jogo para sala de aula pode desenvolver a capacidade do aluno de fazer perguntas, buscar outras soluções para as situações que surjam, rever suas atitudes, pode ser um importante aliado na resolução de problemas. SAIBA MAIS Acesse: MOURA, P. C.; VIAMONTE, A. J. Jogos matemáticos como recurso didáctico. Disponível em:<http://www.apm.pt/files/_CO_Moura_Viamonte_4a4de07e84113.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2020. 2.5 A tecnologia A sociedade vem se modificando ao longo do tempo com base na sua necessidade e é preciso que a escola acompanhe essa mudança. Um grande avanço foi possível http://www.apm.pt/files/_CO_Moura_Viamonte_4a4de07e84113.pdf , 26 perceber com a entrada da tecnologia na vida das pessoas e, também, nas salas de aulas, uma vez que a escola precisa se preparar para um futuro tecnológico e digital. [...] deve-se reconhecer a importância das mudanças na educação, em especial, na Matemática, pois as tecnologias serão capazes de divulgar as informações, as novas descobertas científicas, diminuir as distâncias, enfim ter a certeza que o mundo virtual pode proporcionar melhor qualidade na educação (RIBEIRO; PAZ, 2016, p. 14). O professor e o aluno são os principais protagonistas no processo de construção do conhecimento, e o papel do professor é criar ambientes de aprendizagem, utilizando a tecnologia como um meio para alcançar o objetivo proposto e não um fim. Já o papel da ferramenta utilizada pelo professor “não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem” (VALENTE, 1998, p. 6). Para Borba, Gadanidis e Da Silva (2015), a tecnologia possui quatro fases que se integram umas com as outras. Complementam que o que aconteceu na primeira fase ainda é fundamental na quarta fase. O quadro a seguir apresenta resumidamente aspectos e elementos que caracterizam cada uma das fases. Quadro 2.2 – Quatro fases das tecnologias digitais em Educação Matemática Tecnologias Natureza ou base tecnológica das atividades Perspectivas ou noções teóricas Terminologia Primeira fase (1985) Computadores; calculadoras simples e científicas. LOGO Programação Construcionismo; micromundo Tecnologias informáticas (TI) Segunda fase (início dos anos 1990) Computadores; calculadoras gráficas. Geometria dinâmica (Cabri Géométre; Geometriks); múltiplas Experimentação, visualização e demonstração; zona de risco; conectividade; TI; software educacional; tecnologiaeducativa. , 27 representações de funções (Winplot, Fun, Mathematica); CAS (Maple); jogos. ciclo de aprendizagem construcionista; seres-humanos- -com-mídias. Terceira fase (1999) Computadores; laptops e internet. Teleduc; e-mail; chat; fórum; google. Educação a distância online; interação e colaboração online; comunidades de aprendizagem. Tecnologias da informação e comunicação (TIC). Quarta fase (2004) Computadores; laptops; tablets; telefones celulares e internet rápida. GeoGebra; Objetos virtuais de aprendizagem; Applets; vídeos; YouTube; WolframAlpha; Wikipédia; Facebook; ICZ; Second Life; Moodle. Multimodalidade; telepresença; interatividade; internet em sala de aula; produção e compartilhamento online de vídeos; performance matemática digital. Tecnologias digitais (TI); tecnologias móveis ou portáteis. Fonte: Borba, Gadanidis e Da Silva (2015, p. 39). O professor ao analisar as colunas a “Natureza ou base tecnológica das atividades” e “Perspectivas ou noções teóricas” pode encontrar opções para se trabalhar com tecnologias em sala de aula. O GeoGebra é um exemplo. Dessa forma, para que o , 28 ensino não fique ultrapassado, uma opção é a educação acompanhar as mudanças da sociedade. SAIBA MAIS Acesse: RIBEIRO, F. M. PAZ, M. G. O ensino da matemática por meio de novas tecnologias Disponível em: <http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/modelos/agosto_2013/pdf/o_ensino_da_m atematica_por_meio_de_novas_tecnologias.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2020. Conclusão Há várias formas de se fazer Matemática na sala de aula. Fica a critério do professor escolher alternativas diferenciadas que instiguem o aluno e o façam participar e interagir nas aulas. São várias as opções que o professor tem. Uma delas é trabalhar com a investigação matemática que tem se mostrado uma aliada do professor quando o assunto é a construção do conhecimento. O professor também pode utilizar a Resolução de problemas, a História da Matemática, os Jogos e a Tecnologia como alternativas para a sala de aula, cada uma com sua especificidade e característica. REFERÊNCIAS BAUMGARTEL, P. O uso de jogos como metodologia de ensino da Matemática. XX Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática– Ebrapem. Anais... Curitiba, p. 1-8, 2016. BORBA, M. de C.; GADANIDIS, G.; DA SILVA, R. S. R. Fases das Tecnologias Digitais em Educação Matemática: sala de aula e internet em movimento. Autêntica, 2015. BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 1999. http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/modelos/agosto_2013/pdf/o_ensino_da_matematica_por_meio_de_novas_tecnologias.pdf http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/modelos/agosto_2013/pdf/o_ensino_da_matematica_por_meio_de_novas_tecnologias.pdf , 29 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. D’AMBRÓSIO, U. A história da matemática: questões historiográficas e políticas e reflexos na educação matemática. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa em Educação Matemática: Concepções & Perspectivas. São Paulo: Unesp, 1999. p. 97-115. DICK, A. P. et al. Investigação matemática: uma metodologia para o ensino fundamental. Revista Destaques Acadêmicos, v. 6, n. 4, 2014. GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. Campinas − SP: [s.n.], 2000. MIGUEL, A.; MIORIM, M. Â. História na Educação Matemática propostas e desafios. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. 208 p. ONUCHIC, L. de la R. A resolução de problemas na educação matemática: onde estamos? E para onde iremos? Revista Espaço Pedagógico, v. 20, n. 1, 2013. ONUCHIC, L. de la R; ALLEVATO, N. S. Pesquisa em resolução de problemas: caminhos, avanços e novas perspectivas. Bolema-Mathematics Education Bulletin, p. 73-98, 2011. PONTE, J. P. da; BROCARDO, J.; OLIVEIRA, H. Investigações matemáticas na sala de aula. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. 160 p. RIBEIRO, F. M.; PAZ, M. G. O ensino da matemática por meio das novas tecnologias. Revista Modelos–FACOS/CNEC, v. 2, p. 1-10, 2016. SOARES, M. T. C.; PINTO, N. B. Metodologia da resolução de problemas. 24ª Reunião ANPEd, 2001. VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: representando a educação. 2. ed. Campinas − SP: Unicamp (NIED), 1998. , 30 3 MODELAGEM MATEMÁTICA Apresentação A Modelagem Matemática é um tema de estudos da Educação Matemática, no entanto foi desenvolvida na área da Matemática Aplicada. Há diversas perspectivas que corroboraram para que houvesse contribuições da modelagem no Ensino de Matemática. É possível encontrar na literatura diversos trabalhos referentes à modelagem matemática como alternativa pedagógica. A seguir, serão apresentadas definições de Modelagem Matemática, uma vez que não há uma única. Será também mostrado como a modelagem pode ser abordada no ensino, a modelagem matemática nas equações e na geometria e, por fim, aplicação da modelagem. 3.1 Definição A Modelagem Matemática quando usada na Matemática Aplicada é um método voltado para a construção de modelos. Porém, pode ser utilizada em sala de aula como alternativa para a construção do conhecimento matemático por meio de situações do dia a dia. Utilizada como estratégia de ensino, a modelagem possibilita ao estudante criar, analisar, construir e estabelecer relações entre conceitos matemáticos e seu cotidiano. Segundo D’Ambrósio (1986, p. 11), a “Modelagem é um processo muito rico de encarar situações e culmina com a solução efetiva do problema real e não com a simples resolução formal de um problema artificial”. Para ele, a modelagem auxilia no enfrentamento de situações reais, que fazem parte do contexto do estudante, deixando de lado problemas desvinculados da realidade. Para Biembengut e Hein (2000), Modelagem Matemática é um processo que envolve a obtenção de um modelo. Este, sob certa óptica, pode ser considerado um processo artístico, visto que para elaborar um modelo, além do conhecimento de matemática, o modelador precisa ter uma dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, , 31 saber discernir que conteúdo matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com as varáveis envolvidas (BIEMBENGUT; HEIN, 2000, p. 12). Já para Bassanezi (2004) a modelagem matemática é descrita como um processo dinâmico utilizado para obtenção e validação de modelos matemáticos. É uma forma de abstração e generalização com a finalidade de previsão de tendências. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas 24). Com base em Almeida e Ferruzzi (2009), a Modelagem Matemática é uma alternativa pedagógica e se configura como uma atividade que, para os envolvidos na atividade, implica um conjunto de ações como a busca de informações, a identificação e seleção de variáveis, a elaboração de hipóteses, a simplificação, a obtenção de uma representação matemática (modelo matemático), a resolução do problema por meio de procedimentos adequados e a análise da solução que implica uma validação, identificando a sua aceitabilidade ou não (ALMEIDA; FERRUZZI, 2009, p. 119-120). Cada uma dessas definições apresenta suas peculiaridades. Biembengut e Hein (2000) e Bassanezi (2004) veem a modelagem matemática como um processo com o objetivo de obter um modelo matemático. Já Almeida e Ferruzzi (2009) olham para a modelagem como uma atividade, mas não deixam de lado o modelo matemático.Klüber (2016) traz outras concepções de Modelagem [...] a de Barbosa (2001), que a concebe como um ambiente de aprendizagem; Bassanezi (2002) e Biembengut (1990, 1999), que a entendem como um método de pesquisa, oriundo da Matemática Aplicada, apenas com algumas variações para o ensino e para a aprendizagem da Matemática; e Caldeira (2004), que a tem como um sistema de ensino e de aprendizagem (KLÜBER, 2016, p. 41). , 32 Dessa forma, é possível perceber que não existe uma única definição para Modelagem Matemática. Cabe ao professor analisar suas características e ideias buscando enriquecer seu trabalho em sala de aula. SAIBA MAIS Acesse: VELEDA, G. G.; ALMEIDA, L. M. W. de. Diferentes caracterizações de modelagem matemática na educação matemática: um estudo. In: Encontro Paranaense de Modelagem em Educação Matemática – EPMEM, 4. Maringá – PR, 11-13 nov. 2010. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo- pesquisa/grupemat/docs/CO01_epmem2010.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. 3.2 Modelagem e Modelação matemáticas no ensino Há diversas formas de abordar a modelagem no ensino de Matemática. O professor, ao levar atividades de modelagem para a sala de aula, deixa de ser visto como aquele que transmite conhecimento, uma vez que os alunos são o centro dos processos de ensino e aprendizagem e precisam agir e tomar decisões frente às situações que aparecem. Almeida e Silva (2012, p. 630) propõem as diferentes etapas de uma atividade de modelagem matemática como é mostrado na figura a seguir: Figura 3.1 − Etapas da modelagem matemática. Fonte: Almeida e Silva (2012, p. 630) http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/CO01_epmem2010.pdf http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/CO01_epmem2010.pdf , 33 O aluno, ao se deparar com uma situação–problema, tem como primeiro ponto compreender, familiarizar-se com o problema. Em seguida, acontece a transição da situação-problema para a representação mental da situação. Para Almeida e Silva (2012, p. 629), essa transição “implica diversas habilidades, como: entendimento da situação, apreensão de significado, interpretação de fatos e informações, agrupamento de ideias”. Feita a representação mental da situação, o próximo passo é identificar o problema e definir metas para resolvê-lo. “A formulação de um problema para uma situação requer a estruturação e/ou simplificações deliberadas das informações acerca da situação” (ALMEIDA; SILVA, 2012, p. 629). Compreender a situação-problema por meio da matemática implica procurar respostas para o problema suscitado por esta situação – respostas fundamentadas em um modelo matemático. A ação de matematização, [...] que culmina na construção de um modelo matemático é fundamentada na definição e no julgamento de hipóteses que guiam a construção do modelo. Esta ação também vem revestida de uma transição de linguagens: a situação-problema se apresenta em linguagem natural e não parece diretamente associada a uma linguagem matemática; gera-se, assim, a necessidade da transformação de uma representação (linguagem natural) para outra (linguagem matemática). Esta linguagem matemática evidencia o problema matemático a ser resolvido; a elaboração de um modelo matemático é mediada por relações entre as características da situação e os conceitos, técnicas e procedimentos matemáticos adequados para representar matematicamente estas características, a organização de partes, a identificação de componentes (ALMEIDA; SILVA, 2012, p. 629). Na construção de um modelo matemático, são utilizados estratégias e procedimentos variados com o objetivo de apresentar resultados matemáticos para o problema. Construído o modelo, é feito uma análise da resposta obtida para o problema. “Nesta etapa, o aluno se depara com a necessidade de comparação e distinção de ideias, generalização de fatos, articulação de conhecimentos de diferentes áreas” (ALMEIDA; SILVA, 2012, p. 629). , 34 A última etapa do desenvolvimento de uma atividade de modelagem matemática é a comunicação de uma resposta do problema. Esta comunicação implica, essencialmente, desenvolver uma argumentação que possa convencer, aos próprios modeladores e àqueles aos quais estes resultados são acessíveis, que a solução apresentada é razoável e é consistente, tanto do ponto de vista da representação matemática e dos artefatos matemáticos a ela associados quanto da adequação desta representação para a situação em estudo. Nesta ação, o aluno necessita: expor, para outros, o julgamento do valor de teorias e métodos; apresentar e justificar suas escolhas baseadas em argumentos racionalmente fundamentados, e reconhecer que a situação requer alguma subjetividade (ALMEIDA; SILVA, 2012, p. 629-630). SAIBA MAIS Acesse: TORTOLA, M.; ALMEIDA, L. M. W. Reflexões a respeito do uso da modelagem matemática em aulas nos anos iniciais do ensino fundamental. Rev. Bras. Estud. Pedagog., Brasília, v. 94, n. 237, p. 619-642, maio/ago. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbeped/v94n237/a14v94n237.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. 3.3 Modelagem matemática nas equações A Modelagem Matemática pode ser estratégia metodológica para desenvolver diversos conceitos matemáticos. Salandini (2011) apresentou em sua pesquisa contribuições para o professor trabalhar com o conceito de equação. A partir de uma situação real, elaborou um problema que entregou aos alunos: “Marcos é um entregador de pizza. Ele recebeu duas propostas de emprego e precisa decidir qual é a mais vantajosa: 1ª Proposta – Pagamento de R$ 5,00 por dia, mais R$ 0,80 pela entrega de cada pizza. 2ª Proposta – Pagamento de R$ 1,00 por pizza entregue. Qual proposta é mais vantajosa para Marcos?”. http://www.scielo.br/pdf/rbeped/v94n237/a14v94n237.pdf , 35 Salandini (2011) pôde perceber que durante a discussão das propostas os alunos conseguiram compreender “o significado dos processos adequadamente utilizados e conseguiram determinar a sentença matemática pedida. Isso aponta para o fato que de, pelo menos, nesse caso, esses estudantes conseguiram estabelecer padrões e chegar a uma generalização” (SALANDINI, 2011, p. 73-74). Dessa forma, o autor identificou que uma das etapas de uma atividade de modelagem matemática, que é a Resolução, foi cumprida. Em outro momento do desenvolvimento da atividade de modelagem, os alunos perceberam a aplicabilidade de conceitos que estudam na escola sentindo-se estimulados e motivados para continuarem participando da atividade proposta. Esta etapa diz respeito à motivação. Para resolverem o problema proposto, os alunos selecionaram variáveis buscando realizar os cálculos e, em seguida, a formulação de modelos. Essa etapa que pode levar à formulação de modelos é chamada de abstração. Os alunos também conseguiriam expressar na língua materna as conclusões a que haviam chegado. A linguagem natural é essencial para as próximas etapas do processo de resolução do problema. Salandini (2011) identificou etapas de resolução, validação e modificação: Encontramos o processo de resolução, pois, os alunos começam a formar a ideia do modelo, para o que é necessário o cálculo aritmético. Em seguida, validam seu resultado comparando o que feito com a solução encontrada: se o procedimento for bem-sucedido, continua-se o processo, se não, passa- se para a fase de modificação. Os estudantes deverão modificar as variáveis que foram utilizadas e o modelo original é modificado. A partir do momento em que o processo é bem-sucedido, cria-se um modelo, que poderá ser aplicado na resolução do problema proposto. Aqui os alunos deverão iniciar uma generalização particular para a situação proposta, abstraindo uma determinada quantidade x de pizzas a serem entregues, para descobrir o salário. Assim será possível encontrar uma regra geralpara a formação de uma sentença matemática [...]. Nesta etapa da atividade, verificamos se os alunos aprenderam e encontraram uma regra geral para a formação de uma sentença matemática. Depois de todos esses procedimentos, passa-se para a fase da aplicação: é nesse momento que os alunos poderão fazer suas previsões, tomar decisões, entender e explicar o problema (SALANDINI, 2011, p. 79-80). , 36 Sendo assim, é possível perceber uma importante contribuição para o Ensino de Matemática para sala de aula. Salandini (2011) pode contribuir com o ensino de equações. SAIBA MAIS Acesse: BRITO DA SIlVA, L.; FERREIRA, L. L.; MOREIRA, F. M. B. Modelagem matemática: reflexões teóricas e aplicações. Disponível em: <http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/MODELAGEM-MATEM%C3%81TICA- REFLEX%C3%95ES-TE%C3%93RICAS-E-APLICA%C3%87%C3%95ES.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. 3.4 Modelagem matemática na geometria Brito (2018) em seu trabalho de tese trouxe o conceito de geometria trabalhado em práticas de Modelagem Matemática. Para o desenvolvimento da atividade de modelagem, o autor entregou para cada grupo uma lata com refrigerante, uma proveta graduada e uma régua para efetuarem as medidas do problema, a seguir: Se você abrir uma lata de refrigerante e for bebendo aos pouquinhos, chegará um momento em que a lata ficará em equilíbrio, de forma inclinada e apoiada em sua borda, podendo girar em torno do ângulo de inclinação. Brito (2018, p. 75) levantou as seguintes questões com os estudantes: i. Quais são as quantidades, máxima e mínima, de líquido com as quais a lata permanece em equilíbrio, apoiada sobre sua borda? ii. Por que somente nessa faixa de valores, entre a quantidade mínima e máxima, a lata permanece em equilíbrio? Com o problema em mãos, “os estudantes realizaram a identificação e exploração “ingênua” do problema mediante a observação, experimentação e descrição informal do equilíbrio da lata” e, também, efetuaram as medidas para responder às questões (BRITO, 2018, p. 75). http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/MODELAGEM-MATEM%C3%81TICA-REFLEX%C3%95ES-TE%C3%93RICAS-E-APLICA%C3%87%C3%95ES.pdf http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/MODELAGEM-MATEM%C3%81TICA-REFLEX%C3%95ES-TE%C3%93RICAS-E-APLICA%C3%87%C3%95ES.pdf , 37 Em seguida, Brito (2018) convidou os estudantes a fazer simplificações e a construção de um modelo matemático que simulasse a lata em equilíbrio. A atividade de matematização fez parte das atividades, pois foi utilizada para “a investigação de métodos experimentais e analíticos para a obtenção do centro geométrico e centro de gravidade de triângulos, quadrados, retângulos, paralelogramos, círculos e trapézios recortados de papel cartolina” (BRITO, 2018, p. 76). Logo depois, Brito (2018) convidou os estudantes a discutir a resolução do problema e em seguida realizarem a interpretação da solução “com a elaboração e apresentação de uma explicação do porquê a lata fica em equilíbrio somente numa faixa de quantidades de líquido e uma avaliação de como as construções geométricas elaboradas foram coerentes com essa explicação” (BRITO, 2018, p. 77). Sendo assim, Brito (2018) pode contribuir com o Ensino de Matemática. Com essa investigação, os estudantes podem construir simulações de percursos, utilizando uma malha pontilhada, e empregar o método das transformações geométricas para analisar o comprimento, os percursos de cada tipo de amarração. O termo otimização costuma ser empregado em matemática para referir-se a métodos de determinação de valores extremos que uma função pode assumir num certo intervalo. Otimização geométrica, nesse sentido, diz da determinação de valores extremos de alguma grandeza geométrica, tais como comprimento, perímetro, área, volume e ângulo. SAIBA MAIS Acesse: PEREIRA, L. D. Modelagem matemática e geometria espacial: o que tem sido produzido no Brasil. Disponível em: <http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/MODELAGEM-MATEM%C3%81TICA-E- GEOMETRIA-ESPACIAL-O-QUE-TEM-SIDO-PRODUZIDO-NO-BRASIL.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/MODELAGEM-MATEM%C3%81TICA-E-GEOMETRIA-ESPACIAL-O-QUE-TEM-SIDO-PRODUZIDO-NO-BRASIL.pdf http://www.ufjf.br/emem/files/2015/10/MODELAGEM-MATEM%C3%81TICA-E-GEOMETRIA-ESPACIAL-O-QUE-TEM-SIDO-PRODUZIDO-NO-BRASIL.pdf , 38 3.5 Aplicação Várias são as aplicações da Modelagem Matemática no Ensino de Matemática. Como uma tendência na Educação Matemática, a Modelagem Matemática apresenta diversas aplicabilidades nessa área. Silva (2014) apresentou algumas aplicações da Modelagem Matemática com outras áreas da Educação Matemática. Para ele, trabalhar a história da matemática em parceria com a modelagem matemática “como estratégia didática pode ser feito através de reconstrução e reaplicação de modelos matemáticos construídos através dos tempos e que fazem parte da realidade do currículo escolar” (SILVA, 2014, p. 23). É possível trabalhar de algumas maneiras: - Medição de sombras para o cálculo de alturas inacessíveis – aplicação da semelhança de triângulos e do Teorema de Tales; - A revisão de como o matemático grego Erastótenes (276-194 a.C) calculou o comprimento do raio da terra − aplicação do teorema das retas paralelas e trigonometria; - Reconstrução do modelo utilizado pelo matemático e astrônomo grego Hiparco (190 - 126 a.C) para determinar a distância da Terra à Lua – aplicação de triângulos retângulos e trigonometria e noções de astronomia básica (SILVA, 2014, p. 23). Outra tendência da Educação Matemática que pode ser trabalhada em parceria com a Modelagem Matemática é a Resolução de Problemas. A integração da modelagem matemática juntamente com a resolução de problemas é sem dúvida um caminho viável, posto que, na resolução de uma situação-problema se tornam essenciais a investigação, o estabelecimento de estratégias e a obtenção de um modelo (gráfico, tabela, equação etc.) que viabilizem a aplicação e a generalização do resultado, que podem ser alcançados através de caminhos diferentes. Neste sentido, a modelagem matemática é utilizada como uma ferramenta auxiliar no processo de resolução de problemas e vice-versa (SILVA, 2014, p. 23). A Etnomatemática é outra tendência da Educação Matemática que pode ser utilizada em parceria com a modelagem em busca da construção do conhecimento matemático. Silva (2014) traz um exemplo dessa relação: , 39 [...] a matemática desenvolvida por comunidades que tem como principal atividade econômica a exploração da madeira. Sabemos que a matemática do cálculo de volumes dos troncos de madeira nessa realidade é bastante diferenciada daquela dita formal. O professor tem neste momento a oportunidade de trabalhar o conteúdo voltado para o cálculo de volume de prismas, cilindros e suas variações, partindo da realidade cultural do educando (SILVA, 2014, p. 24). Outras tendências da Educação Matemática podem ser trabalhadas com a Modelagem Matemática, entre elas a Tecnologias da Informação e Comunicação. Diante de um ensino pautado pela modelagem matemática não poderia ser diferente, já que a análise de dados, variação de parâmetros, simulação numérica e construção de gráficos e elementos constantes na obtenção de dados relativos ao modelo que se construir. Neste sentido, a articulação destas duas correntes de ensino se torna indispensável numa educação moderna. Destacamos o uso do computador como uma poderosa ferramenta auxiliar na modelação de fenômenos, bem como na execução de cálculos que, quando realizados de forma tradicional, se tornariam enfadonhos e desestimulantes (SILVA, 2014, p. 24). SAIBA MAIS Acesse: VERTUAN, R. E.; ALMEIDA, L. M. W. Modelagem matemática e a educação básica: um passeio pelas diferentes séries. In: Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática,4. Londrina – PR: 12-14 nov. 2009. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/MC10_cnmem2009.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. Conclusão O professor ao utilizar a Modelagem Matemática como estratégia metodológica trabalhando com atividades reais “levam os alunos a verem a Matemática como uma ferramenta para analisar, investigar e interpretar a realidade” (VERTUAN; ALMEIDA, http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/MC10_cnmem2009.pdf , 40 2009, p. 15). Ao realizarem esse tipo de atividade, podem desenvolver conceitos matemáticos em diferentes contextos. Não há uma única definição nem uma única forma de trabalhar com atividades de modelagem em sala de aula. Foi possível perceber que há na literatura uma diversidade de definições, cabendo ao professor saber utilizá-las a favor do processo de aprendizagem. REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. M. W.; SILVA, K. A. P. Semiótica e as ações cognitivas dos alunos em atividades de Modelagem Matemática: um olhar sobre os modos de inferência. Ciência & Educação, v. 18, n. 3, p. 623-642, 2012. ALMEIDA, L. M. W. de; FERRUZZI, E. C. Uma aproximação socioepistemológica para a 2, n. 2, p. 117-134, 2009. BRITO, D. dos S. Aprender Geometria em Práticas de Modelagem Matemática: uma Compreensão Fenomenológica. 2018. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018. BASSANEZI, R. C. Ensino – aprendizagem com Modelagem Matemática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004. BIEMBENGUT, M. S.; HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. Blumenau: Contexto, 2000. KLÜBER, T. E. Modelagem matemática: revisitando aspectos que justificam a sua utilização no ensino. In: BRANDT, C. F., BURAK, D., KLÜBER, T. E. (Org). Modelagem matemática: perspectivas, experiências, reflexões e teorizações [online]. 2nd. ed. rev. and enl. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016, p. 41-58. D’AMBRÓSIO, U. Da realidade à ação. Reflexões sobre Educação e Matemática. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, 1986. , 41 SALANDINI, E. J. de A. A modelagem matemática na introdução do conceito de equação para alunos de sétimo ano do ensino fundamental. Educação Matemática Pesquisa, v. 13, n. 3, 2011. SILVA, S. R. da. O uso da modelagem matemática no ensino de funções na educação básica. Dissertação (mestrado) Universidade Federal Amapá, Área de Educação Matemática, 2014. 72 f. VERTUAN, R. E.; ALMEIDA, L. M. W. Modelagem matemática e a educação básica: um passeio pelas diferentes séries. In: Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática, 4. Londrina – PR: 12-14 nov. 2009. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/MC10_cnmem2009.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/MC10_cnmem2009.pdf , 42 4 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO Apresentação Ao se falar de Matemática e Ensino de Matemática, um ponto essencial que não pode ficar de lado e precisa ser discutido é a natureza do conhecimento matemático, como se dá esse conhecimento. É preciso identificar quais são as principais características desse conhecimento, uma vez que um dos seus papéis é contribuir para a formação cidadã do indivíduo. O conhecimento matemático, fruto de um processo, é uma construção humana. Para se falar em conhecimento matemático, alguns aspectos precisam ser levados em consideração e um deles é a contextualização do conhecimento matemático. Outros aspectos como a matemática cotidiana e a matemática científica, o saber comum e o saber científico, os conceitos cotidianos e científicos e a matemática, e a Etnomatemática também serão abordados neste bloco. 4.1 Contextualização do conhecimento matemático Ao olharmos para a sala de aula de Matemática, uma pergunta pode ser feita: como se dá o conhecimento matemático? Ele é elaborado, transmitido, construído? Bom, para responder a essa pergunta, é preciso entender qual a base epistemológica que está apoiando esse conhecimento matemático. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais o conhecimento matemático é historicamente construído e, portanto, está em permanente evolução. Assim, o ensino de Matemática precisa incorporar essa perspectiva, possibilitando ao aluno reconhecer as contribuições que ela oferece para compreender as informações e posicionar-se criticamente diante delas (BRASIL, 1998, p. 57). Sendo assim, o conhecimento matemático é construído “como um processo dinâmico no qual o aluno torna-se o agente dessa construção ao vivenciar situações, estabelecer , 43 conexões com o seu conhecimento prévio, perceber sentidos e construir significados” (HIRATSUKA, 2005, p. 408). Nessa perspectiva, o aluno é o construtor do seu conhecimento e não receptor dele. Para Gottschalk (2008, p. 84), “são sugeridas ao professor atividades que auxiliem o aluno a construir determinados conceitos”. Nesse sentido, o professor precisa propor tarefas que levem o aluno a desenvolver estratégias e procedimentos e dê a oportunidade de ele expor suas hipóteses a respeito de determinados conceitos. O professor tem o papel de, além de ser um organizar, ser [...] organizador da aprendizagem; para desempenhá-la, além de conhecer as condições socioculturais, expectativas e competência cognitiva dos alunos, precisará escolher os problemas que possibilitam a construção de conceitos e procedimentos e alimentar os processos de resolução que surgirem, sempre tendo em vista os objetivos a que se propõe atingir (BRASIL, 1998, p. 38). Em vista disso, além de organizar o ambiente de aprendizagem, propondo situações- problema que levem o aluno a construção do seu conhecimento, ele é mediador, avaliador, incentivador. O professor está empenhado em auxiliar o estudante a construir seu conhecimento, ele não é mais aquele que apresenta ou expõe o conteúdo para os alunos. Gottschalk (2008) vai ao encontro do que é proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais O professor deve ser um “organizador da aprendizagem”, permitindo, assim, que o aluno construa espontaneamente procedimentos e conceitos matemáticos. Portanto, também nesta concepção construtivista de ensino e aprendizagem, pressupõe-se uma autonomia dos significados matemáticos, como se estes apenas fossem revestidos pela linguagem matemática, perpetuando-se uma concepção referencial da linguagem subjacente a nossas práticas pedagógicas (GOTTSCHALK, 2008, p. 77-78). Nessa perspectiva, o aluno “constrói o conhecimento matemático ao desenvolver estratégias que resolvem situações-problema” (GOTTSCHALK, 2008, p. 77). É também papel do aluno fazer relações entre os conteúdos matemáticos e entre as diversas , 44 situações que se apresentarem a ele, pois assim pode resolver problemas e construir novos conceitos. Para Pavanello (2007) [...] em sala de aula, alunos e professores devem estar envolvidos em um processo de construção conjunta do conhecimento e compreender que fazer matemática é muito mais do que fazer contas ou exercícios. Nesse processo deve existir um exercício constante do pensamento, de comunicação e de interpretação da linguagem – natural ou matemática (PAVANELLO, 2007, p. 81). Para que a construção do conhecimento matemático aconteça, é preciso deixar claro que os papéis do professor e do aluno mudaram, pois são aspectos fundamentais para guiar as interações que acontecem no ambiente de sala de aula. SAIBA MAIS Acesse: HIRATSUKA, P. I. A mudança da prática do ensino de geometria. Disponível em: <www.unesp.br/prograd/PDFNE2005/artigos/capitulo%205/amudancageometria.pdf >. Acesso em: 8 abr. 2020. 4.2 A matemática cotidiana e a matemática científica A Matemática está presente em todos os lugares, desde o mais simples ao mais complexo. Vale destacar
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