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CRÂNIO ENCEFÁLICO RAQUIMEDULAR MUSCULO ESQUELÉTICO TRAUMA Prof.(a) Vanesca Moreira Trauma crânio encefálico (TCE) É considerado a principal causa de morte em adultos jovens. Os que sobrevivem: frequentemente desenvolvem invalidez, comprometendo o trabalho e as atividades sociais. O crânio é uma estrutura rígida que tem a função de proteger o cérebro. Que se divide em três segmentos principais: cérebro, cerebelo e tronco cerebral. Anatomia O cérebro é constituído pelo hemisfério esquerdo e direito Subdivididos em vários lobos, sendo cada lobo responsável por uma das seguintes funções: sensitiva, motora e intelectuais superiores, essa última, responsável pela inteligência e memória. O cerebelo, responsável pela coordenação do movimento, está localizado na fossa posterior do crânio, atrás do tronco cerebral e abaixo do cérebro. O tronco cerebral contém a medula, área que controla algumas funções vitais do organismo, como a respiração e a frequência cardíaca. Anatomia Sob a estrutura óssea, encontramos três membranas = são as meninges, que recobrem o cérebro. A membrana externa aderida ao crânio é chamada de dura- máter; abaixo dela encontra-se a membrana aracnóide, aderida frouxamente ao tecido cerebral e aos vasos sanguíneos, e a pia- máter, última membrana que reveste diretamente o cérebro. Líquido cefalorraquidiano (LCR): substância transparente rica em nutrientes, que circunda o cérebro e a medula espinhal, funcionando como um amortecedor de impactos localizado no espaço subaracnóideo. Pressão intracraniana (PIC) Reflete a relação entre as estruturas como cérebro, sangue e LCR e o volume do crânio. Algumas lesões provocam o aumento do volume dentro deste compartimento, seja por edema do tecido cerebral e/ou por sangramento decorrente da laceração dos vasos. Mecanismo fisiológico de proteção: provoca a redução do LCR e do sangue, com o objetivo de manter a pressão perfusão cerebral (PPC) em torno de 60 a 70mmHg. O cliente apresenta-se assintomático e a PIC dentro dos parâmetros normais. Quando esse mecanismo compensatório se esgota, ocorre aumento da PIC, o que chamamos de hipertensão intracraniana. Lesões decorrentes do TCE São divididas em: Lesões focais: encontramos o hematoma extradural, hematoma subdural agudo, subdural crônico, contusão cerebral, afundamento de crânio e os ferimentos por armas brancas. Lesão axional difusa (LAD): identificamos o edema generalizado e a hemorragia meníngea traumática. A lesão difusa refere-se ao inchaço do cérebro e/ou áreas de contusão com sangramentos. Lesão Focal Lesão Axional Na lesão focal: a energia envolvida é menor, provocando um choque entre o crânio e o cérebro. Na lesão axional difusa: o aumento de energia resulta na compressão, tensão ou cisalhamento. Com isso, há uma laceração dos axônios e degeneração da substância branca. Frequentemente provoca dano cerebral irreversível, não sendo possível recuperação total da integridade funcional do tecido agredido. Lesões decorrentes do TCE TCE A classificação do TCE dá a dimensão do agravo nos seguintes aspectos: mecanismo, gravidade e morfologia. Morfologia do trauma: Extracranianas: com a presença de lacerações do couro cabeludo Intracranianas: quando há contusões, hemorragias ou lesões cerebrais difusas. Em relação ao mecanismo o trauma pode ser: Fechado: acidentes automotores, quedas e agressões Penetrante: os ferimentos são provocados por arma de fogo ou arma branca como objeto pontiagudo e lâminas em geral. Tipos de lesão - TCE Lesão primária: é produzida no momento do impacto, podendo provocar fraturas, lacerações das membranas, vasos e tecido cerebral Lesão secundária: se desenvolve a partir de processos contínuos desencadeados após a lesão primária. Sua evolução é lenta e pode levar horas, dias ou semanas em decorrência de causas intracranianas relacionadas aos sangramentos e edemas Gravidade TCE A gravidade do TCE está diretamente relacionada ao tipo de lesão que desenvolve (primária ou secundária) Para avaliar a gravidade Utiliza-se a Escala de Coma de Glasgow para se avaliar uma pessoa com TCE. Escore abaixo de 8 são considerados “grave”, de 9 a 12 “moderados”, e de 13 a 15 “leves”. Atendimento inicial a vitima TCE Avaliação primária ABCDE Avaliação secundária Procure por abaulamentos (hematoma subgaleal), ferimentos, sangramentos, crepitações e afundamentos dos ossos da cabeça. A presença de equimose periorbital (olhos de guaxinim), equimose retroauricular (sinal de Battle), fístula liquórica pelo nariz (rinorreia) ou pelo ouvido (otorreia) são sinais clínicos sugestivos de fraturas de base de crânio Avaliação secundária: Observe se o cliente mantém motricidade preservada nos quatro membros, avalie força motora (peça para ele apertar sua mão), fique atento às queixas de dor, dormência ou paralisias Sinais de decorticação (flexão dos MMSS e rigidez e extensão dos MMII) falam a favor da herniação das estruturas cerebrais ou, ainda, descerebração (os membros ficam estendidos), conotando uma situação de maior gravidade devido à isquemia cerebral causada pela compressão dos tecidos Atendimento inicial a vitima TCE Avaliação secundária: Reavaliar o nível de consciência (pupilas): lesões cerebrais em expansão após trauma provocam dilatação da pupila do mesmo lado do impacto (lado ipsilateral). As lesões de tronco encefálico ou lesões expansivas comprometem diretamente a frequência cardíaca, pressão arterial e o padrão respiratório, por isso é necessário manter esses parâmetros monitorados continuamente. Ampla – Alergias, medicamentos em uso, passado médico, líquidos e alimentos, ambiente (cena) Clientes com mecanismo de trauma para TCE e que fazem uso de anticoagulante devem ser rigorosamente monitorados quanto aos sinais de sangramentos intracranianos. Atendimento inicial a vitima TCE CRANIOTOMIA DESCOMPRESSIVA A craniotomia descompressiva é uma segunda opção para hipertensão intracraniana (HIC) refratária TRAUMA RAQUIMEDULAR TRAUMA RAQUIMEDULAR O traumatismo raquimedular (TRM) é decorrente da ação da energia física sobre a coluna vertebral. CAUSAS MAIS COMUNS Acidentes automotores (48%), Ferimentos penetrantes (15%), Quedas (21%), Lesões por esporte (14%) e outros (2%), (PHTLS, 2007) ANATOMIA A coluna espinhal é formada por 33 vértebras Posicionadas uma sobre as outras, permitindo a formação do canal medular, por onde passa as fibras nervosas chamadas de medula. Traumas podem provocar: Fratura das vértebras e lesionar parcial ou completamente a medula, Desenvolvendo déficit de acordo com o nível (cervical, torácico e lombar) comprometido. FISIOPATOLOGIA TRM Lesão primária: comprometimento do tecido nervoso acontece imediatamente após o trauma. Caracterizado por contusão, hemorragia, isquemia, lesão vascular, secção ou até perda do tecido. Lesão secundária: é desenvolvida a partir da lesão primária, na presença do mecanismo de resposta inflamatória e da hipoperfusão nos estados de hipotensão arterial. ATENDIMENTO AS VITIMAS TRM Imobilizar todas asvitima, como se fossem portadoras de TRM, utilizando prancha e o colar cervical. Atendimento hospitalar A coluna é avaliada quanto à presença de deformidade, queixa de dor ou referência de déficits sensitivos e/ ou motores; Se estiver normal: a prancha é retirada, porém, o colar é mantido até que as radiografias excluam o TRM Se trauma craniano associado + rebaixamento do nível de consciência ou suspeita de uso de álcool e/ ou drogas, a imobilização é mantida até que a suspeita de lesão seja excluída por meio de exames de imagem ATENDIMENTO AS VITIMAS TRM Atendimento inicial: ABCDE Reavaliar: suspeitas de lesão medular alta, fique atento quanto aos sinais de insuficiência respiratória. Atendimento secundário: A inspeção da coluna espinhal (decúbito lateral, com a coluna estabilizada). Ferimentos, deformidade, edema e hematomas devem ser observados. Avaliação sensitiva e motora para determinar se há déficit instalado e em qual nível. A história Ampla. O técnico de enfermagem deve permanecer com ele até o término dos exames, auxiliando na movimentação e garantindo que esta seja realizada em bloco. TRAUMA MUSCULO ESQUELÉTICO Trauma músculo esquelético As lesões de extremidades raramente apresentam risco imediato à vida. Há risco: quando apresenta grande perda de sangue (hemorragia interna ou externa). Trauma músculo esquelético Avaliação primária: é realizada com o objetivo de identificar e tratar as alterações com risco à vida através de procedimentos que melhorem as funções respiratórias e circulatórias, incluindo a contenção de sangramentos das lesões de extremidade e correção da instabilidade (imobilização de fraturas e luxações). ABCDE Atendimento vítima trauma musculo esquelético Técnico de enfermagem Remoção de adornos e a exposição da área afetada; Verificar sinais de deformidade, crepitação, edema, hematoma, Alteração funcional ou de sensibilidade; e Avaliar a perfusão periférica. Sangramento: realizar a compressão direta e restabelecer a volemia, infundindo solução salina aquecida em acesso venoso periférico por veia calibrosa. Imobilização do membro: quando indicada, na posição mais próxima possível da anatômica. Para prevenir danos circulatórios: é importante fixar as talas no sentido distal para proximal, respeitando o sentido do retorno venoso. LUXAÇÃO A luxação é a separação de dois ossos de uma articulação, causada pela ruptura dos ligamentos. Considerada muito grave e extremamente dolorosa, pode comprometer a função do membro. LUXAÇÃO A imobilização precoce das luxações pode prevenir complicações graves e sequelas tardias. providenciar o material. Realize a analgesia, se necessário; No transporte, aplique compressas de gelo e mantenha o paciente em posição confortável. FRATURAS A quebra do osso Além de causar a instabilidade e prejudicar a mobilidade, pode apresentar diferentes complicações. O osso fraturado pode: Lacerar ligamentos, tecidos e vasos, provocando sangramentos expressivos externos, ou provocar hemorragias internas significativas. As duas fraturas associadas à hemorragia são as fraturas do fêmur e da bacia. COMPLICAÇÕES O fêmur é um osso que propicia o maior suporte estrutural para os membros inferiores e resistência aos músculos da coxa. Quando o fêmur é fraturado: provoca a laceração do tecido muscular, levando à hemorragia. Havendo risco à vida, está indicado o uso de tala de tração. Na fratura de bacia: laceração das múltiplas artérias e veias localizadas nessa região (hemorragias). A manipulação do cliente com muito cuidado evitando-se o aumento do sangramento. COMPLICAÇÕES Infecção: que ocorre na presença de fraturas expostas. Por haver perda de solução de continuidade e contato do osso com microorganismos (microbiota da pele e do meio ambiente) Predispõe a osteomielite e dificulta a recuperação. Embolia gordurosa: é provocada pela fratura de ossos longos, devido a deslocamentos de êmbolos de gordura. Livres na circulação, vão alojar-se no pulmão, tornando-se fatal na maioria das vezes. Trauma musculo esquelético Imobilização com lençol, bandagem, ataduras ou talas é feita sempre que há suspeita da fraturas. Na unidade de emergência: é necessário conhecer e associar a cinemática ao exame físico e parâmetros de instabilidade hemodinâmica, Iniciar a avaliação primária com a complementação de O2 por máscara e a reposição volêmica. A limpeza cirúrgica e posterior fixação das fraturas expostas são iniciadas o mais rápido possível, juntamente com a antibioticoterapia precoce. Síndrome compartimental Trauma musculo esquelético O músculo está envolvido por um tecido denominado fáscia Gera determinada pressão dentro desse compartimento. Por ser um espaço limitado, o aumento de volume dentro deste compartimento pode elevar a pressão interna, provocando a diminuição do fluxo sanguíneo e consequentemente isquemia, desencadeando a síndrome compartimental. Causas: são aparelhos gessados apertados, edema decorrente de lesão de partes moles do membro, compressão externa do membro em caso de acidentes e hemorragias volumosas. Tratamento síndrome compartimental Tratamento imediato: é a liberação de qualquer dispositivo de imobilização que possa comprimir o membro e aliviar o compartimento lesado. O não restabelecimento da perfusão do membro implica no déficit neurológico, necrose muscular, contratura isquêmica, infecção, retardo na consolidação da fratura, amputação e morte do cliente. É importante que o técnico de enfermagem fique atento às condições vasculares do membro afetado avaliando perfusão periférica e o pulso arterial. SÍNDROME DO ESMAGAMENTO Rabdomiólise traumática Os traumas de extremidade com esmagamento do tecido muscular podem levar a síndrome do esmagamento. Essa lesão é decorrente da presença de substâncias armazenadas no interior da célula, tornando-se nocivas em determinados órgãos quando liberadas na corrente sanguínea após destruição do músculo. Mioglobina: é uma proteína que, em quantidade elevada, provoca lesão renal, levando à insuficiência deste órgão. A redução do fluxo urinário e a sua coloração podem identificar a presença de mioglobinúria. É muito importante que o técnico de enfermagem observe o fluxo urinário e sua coloração CUIDADOS DE ENFERMAGEM Garantir um acesso venoso para a reposição volêmica e tratamento dos distúrbios hidroeletrolíticos, reversão da acidose e prevenção da insuficiência renal. O manitol é utilizado para favorecer a diurese, tomando-se o cuidado para não causar hipovolemia. O bicarbonato de sódio alcaliniza a urina e diminui a precipitação intratubular de mioglobina. É necessário manter o débito urinário com volume de 100 ml/h ou até que a mioglobinúria desapareça. AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA É considerada uma lesão de risco à vida pela presença de hemorragia e a hipovolemia. Perda da extremidade, levando a sangramentos abundantes, onde a realização do torniquete pode beneficiar o paciente até o parecer e intervenção CIRURGICA. A possibilidade de reimplante é considerada quando a amputação ocorre em dedos ou no segmento distal de extremidade,abaixo do joelho ou do cotovelo, quando a lesão está limpa, isolada e regular. AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA CUIDADOS DE ENFERMAGEM AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA Lavagem do segmento com solução isotônica (solução de ringer lactato ou soro fisiológico 0,9%) exaustivamente, Envolvê-lo em gaze ou compressa estéril e transportar/manter em caixa de isopor contendo gelo. É necessário limpar o ferimento com solução cristaloide e cobrir rapidamente com um curativo estéril. Se necessário: imobilizar com tala a extremidade lesada. REFERÊNCIAS Curso de especialização profissional de nível técnico em enfermagem – livro do aluno: urgência e emergência / coordenação técnica pedagógica Julia Ikeda Fortes ... [et al.]. São Paulo : FUNDAP, 2010. ---p. (Programa de Formação de Profissionais de Nível Técnico para a Área da Saúde no Estado de São Paulo).
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