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AULA 07 Medicina Legal – Identidade e identificação Identificação policial ou judiciária Desde os tempos mais remotos, o homem teve sua atenção voltada para a identificação. Assim, o homem pré-histórico já marcava seus objetos ou a caverna onde se alojava, aplicando desenhos palmares. Esta necessidade de identificação acabou por se estender também ao próprio homem, pois era preciso identificar os delinquentes das pessoas de bem. Identidade: É o conjunto de características que tornam os indivíduos diferentes uns dos outros (coisa que só aquele indivíduo tem). Ex.: impressão digital, DNA. Obs.: peso, cor de cabelo e outras características comuns, não servem para identificar. Identificação: É o método, processo, mecanismo pelo qual se identifica uma pessoa. Características da identificação: Perenidade: Dura sempre, desde o nascimento até a morte, no Alasca ou no Deserto. (ex.: digital) Imutabilidade: os desenhos digitais não mudam durante toda a vida do indivíduo. Unicidade: (individualidade) estes desenhos são exclusivos de cada indivíduo, não existindo dois desenhos iguais. Praticidade: o método tem que ser prático e de fácil obtenção. Classificabilidade: o método de identificação tem que ser de fácil classificação. Vários métodos de identificação são usados atualmente, mas poucos obedecem a todos os requisitos acima delineados. Como exemplo, o método da fotografia é mutável, o retrato falado não é prático, a antropometria é mutável e não é prática, a análise da arcada dentada, apesar de imprescindível para a identificação de corpos carbonizados ou em adiantado estado de putrefação, não é um método prático. Datiloscopia ou Papiloscopia Este método foi criado no final do século XIX por Juan Vucetich, um húngaro naturalizado argentino, e apresenta todas as características acima especificadas, tratando-se, portanto, do principal método de identificação. Papiloscopia, assim, é a ciência que estuda a identificação por meio da análise das cristas e sulcos que formam os desenhos digitais. Obs.: Nos temos nos dedos o desenho digital. O que deixamos no papel é que se chama impressão digital. Sistema de Vucetich (adotado no Brasil em 1903) Baseia-se na distinção de três grupos de cristas papilares, sendo que, em cada um desses grupos, as cristas são aproximadamente paralelas entre si. A esse grupo dá-se o nome de sistemas, sendo: Sistema marginal: constituído pelo conjunto de cristas que se dispõe segundo as bordas e a extremidade da falange. Sistema basal: formado pelas cristas horizontais que se encontram próximas ao sulco articular entre as duas últimas falanges. Sistema nuclear ou central: localizado na porção central do conjunto e limitado pelos outros sistemas. Do encontro entre estes sistemas aparece o chamado DELTA (triângulo), um dos elementos de grande importância do desenho digital. Classificação dos DELTAS: Verticilo: quando existem 02 deltas na impressão digital. É representado pela letra V (para polegares) e pelo número 4 (para os demais dedos). Presilha externa: quando existe 01 delta do lado esquerdo da impressão digital. É representado pela letra E (para polegares) e pelo número 3 (para os demais dedos). Presilha interna: quando existe 01 delta do lado direito da impressão digital. É representado pela letra I (para polegares) e pelo número 2 (para os demais dedos). Arco: quando não existe delta na impressão digital. É representado pela letra A (para polegares) e pelo número 1 (para os demais dedos). Obs:. No caso de dedo com cicatriz que dificulta a identificação, utiliza-se a expressão X, não importando qual dedo seja. No caso de dedo amputado, a representação será pela letra O (no caso de polegar) ou pelo número 0 (para os demais dedos). FIGURA POLEGAR DEMAIS DEDOS Verticilo V 4 Presilha externa E 3 Presilha interna I 2 Arco A 1 Amputação O (letra O) 0 (zero) Inqualificável X X Assim, temos que a classificação fundamental se inicia pelo polegar da mão direita, classificando-o conforme o encontrado (VEIA) e segue-se a ordem pelos outros dedos classificando cada um deles conforme o encontrado (4321). O mesmo se dá com a mão esquerda, completando-se, desta forma, a “fórmula datiloscópica”. Fórmula datiloscópica: Considera-se que todos os dedos da mão direita constituem a “série”, e os da mão esquerda a “secção”. Desta forma, podemos montar a fórmula datiloscópica do indivíduo da seguinte maneira, como um exemplo: Série V 4313 (mão direita) Secção V 4122 (mão esquerda) Oportuno ressaltar que, para a identificação, a fórmula datiloscópica não basta, sendo necessária a pesquisa dos chamados “pontos característicos”, sem os quais muitas figuras se assemelham. Em uma impressão digital existem pontos característicos que permitem a identificação perfeita do indivíduo. Esses pontos característicos, entre outros, são: Ilhota: um ponto ou um pequeno traço. Cortada: um traço maior que o da ilhota. Bifurcação: a linha que se separa em ângulo curvilíneo. Forquilha: a linha que se separa em ângulo retilíneo. Encerro: duas linhas paralelas se unem nas duas extremidades. No Brasil, basta que 12 (doze) pontos característicos localizados em ambas as impressões comparadas sejam coincidentes para se estabelecer a identidade positiva. Em âmbito mundial, utiliza-se 17 (dezessete) pontos coincidentes. Identificação médico-legal É aquela que é determinada no vivo, no cadáver ou em seus fragmentos ou, ainda, em ossos, através de procedimentos aplicáveis somente por peritos médicos. Avalia-se aqui: a espécie, a raça, o sexo, a idade, a altura, o peso, os sinais individuais tais como cicatrizes, tatuagens, etc. Espécie: Identifica-se pelo osso longo ou pelo sangue. Para saber se o osso é humano, tem que achar os canais de Havers (canais porosos no interior do osso). Para saber se a mancha é sangue, tem que ver se há reação de Adler ou Teichmanm. Para saber que o sangue é humano, tem que ver se há reação de Uhlenhuth ou Albuminoreação. Raça: Identifica-se pelo: Formato do crânio Segundo pré-molar Ângulos faciais (Jacquart, Cloquet, Curvier) Crânio do negro: maior no sentido anterior-posterior. Crânio do amarelo: maior no sentido lateral. Crânio do branco: mais ovalado. Estreito nasal delgado/estreito=branco. Estreito nasal aberto/largo= negro. Sexo: Identifica-se através dos ossos: Crânio: No homem é mais grosseiro (mal talhado). Na mulher é melhor talhado. Tórax: O homem é largo em cima e fino embaixo. A mulher apresenta equilíbrio nessas medidas. Bacia: No homem as asas são altas e mais verticais. Na mulher as asas são baixas e, portanto, mais largas. Idade: No estudo das ossadas, o fator principal para identificar a idade é a análise dos ossos do punho. DNA Mitocondrial Representa um elemento importantíssimo de identificação, ao lado dos métodos acima estudados. O DNA mitocondrial é mais resistente e, portanto, é preservado por mais tempo, motivo pelo qual pode ser obtido: Em materiais antigos. Em materiais putrefato ou esqueletos. Quando não puder ser obtido o DNA nuclear. O DNA mitocondrial só permite traçar a linhagem materna da pessoa.
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