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Parasito aula 3

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AULA PARASITOLOGIA 29/04
Ordem Trichuridea; Ordem Oxyuridea; Ordem Diocthophymidea; Ordem Eunoplida; Ordem Oxyurida
Hoje veremos alguns parasitos importantes para grandes animais (equinos e bovinos), além dos importantes para medicina de pequenos animais.
A Ordem Diocthophymidea, apesar de ser importante para pequenos animais, tem parasitos encontrados também em canídeos silvestres, como o lobo guará.
A Ordem Trichuridea agrupa parasitos que são um dos mais importantes pra quem irá trabalhar com clínica. Dentro dessa família Trichuridea há importância inclusive como zoonoses, em alguns países. É um parasito que fica em latência dentro da musculatura, sendo importante, em casos de exportação, a realização de sorologia.
Gênero Trichuris
Normalmente agrupa parasitos associados à intestino grosso e cada espécie animal apresenta uma espécie de parasito, exemplos: T. trichiura para homem e macaco; T globulosa, presente em bovinos, caprinos e ovinos; T. suis, em suínos; T. vulpisem em cão e raposa; T. campanula acomete gatos. Esses parasitos normalmente estão associados à animais mais jovens, mas isso não quer dizer que não possa acometer animais adultos também. A sua patologia provém da morfologia parasitária; ele apresenta uma parte mais fina e uma mais grossa, lembrando o formato de um “chicote”, sendo a parte mais fina a parte anterior, onde se encontra a boca, e a mais grossa o local onde estão os órgãos reprodutores e o fim do órgão digestório. É um parasito visível a olho nu, com cerca de 3,6 à 8cm, apresenta dimorfismo sexual, sendo a fêmea maior que o macho; a porção anterior está fixa ao substrato intestinal, enquanto a posterior é livre; os ovos possuem formato característico e são extremamente resistentes – seus coprólitos (múmias de fezes, já eram encontrados no Egito antigo); sua localização principal é intestino grosso e para galinhas o ceco. Apresenta boca sem lábios, mas com uma fenda, na forma de um pequenos estilete, esôfago longo e delgado e intestino que culmina com o ânus.
Além do tamanho e da cauda enrolada, o macho apresenta um espículo (análogo ao pênis), que apresenta uma barrinha, como que um prepúcio que o protege, chamado bainha. E essa bainha contém pequenas protuberâncias como que espinhos.A fêmea possui ovário e úteros únicos e extremidade cônica, que termina com o ânus, por onde fezes e ovos do parasitos saem.
O ovo é altamente resistente, porque apresenta 3 camadas, sendo a primeira constituída de quitina; a segunda de proteína e quitina e a terceira apenas de proteína. Elas irão nutrir o embrião que será formado; apresenta formato alongado, como um “barril” e estruturas de abertura, os opérculos (são 2), por onde a larva sai quando o ovo estiver pronto. A segmentação ocorre no meio, porque quando o ovo entra em contato com a temperatura e a luz solar, o embrião pode então se desenvolver. Os ovos podem se manter viáveis por cerca de 3 anos no meio, se esse possuir características semelhantes às de Udia, por exemplo (quanto à temperatura, etc).
Há liberação de ovos juntamente com as fezes dos indivíduos infectados; os ovos nos ambientes se segmentam e em seu interior o embrião passa pelos 3 estádios (L1, L2 e L3). Dessa forma, humanos ou animais, irão ingerir ovos larvados (provavelmente de 3º estádio), que irão passar pelo trato gastrointestinal, alcançando o intestino delgado, podendo penetrar a sua parede e alcançar o intestino grosso ou então eclodirem no intestino delgado; no intestino grosso se transformarem em L4 e L5 e atingem a maturidade sexual. No ceco há acasalamento de macho e fêmea e ovipostura, e depois a fêmea retorna para as partes iniciais do intestino. É um ciclo direto, sem migração visceral (sem passar por outros órgãos como fígado, pulmão). A via de infecção: oral. E o modo de infecção é a ingestão de ovos larvados, seja com a mão, a boca. O período pré-patente (momento da infecção até a ovipostura)é de 6 a 12 semanas. Principalmente em criações de cães, não é muito incomum encontrar Ascaris e Ancilostomídeos junto com Trichuris.
No cão, o ciclo pode ter início com a infecção a partir da mãe ou do ambiente. Nos bovinos, assim como para os demais, o ciclo é totalmente direto, sem passagem por porções viscerais.
Em L4 e L5, o parasito corta a mucosa intestinal, fixa-se no intestino e depois bate na parede intestinal – são 3 ações mecânicas importantes. O intestino grosso serve para absorver a água, processo comandando pelos vilos, que fazem parte da mucosa epitelial. Dessa forma, se a mucosa é agredida pelo parasito, a primeira célula a ser alterada são as vilosidades; a absorção é interrompida e o lúmen celular fica cheio de líquido. Isso faz com que haja acúmulo de sangue e a produção de muco (como forma de combater o agente invasor); pode-se alterar a inervação do intestino grosso, alterando, em consequência, o peristaltismo. A manifestação clínica é diarreia sanguinolenta e muco; dependendo do estado e da idade dos leitões, o trichuris suis pode causar morte.
Podem ocorrer de infecções leves à graves, sendo que algumas vezes os parasitos acometem animais com a condição nutricional e imunológica satisfatórias, fazendo com que eles sejam portadores assintomáticos, que inclusive podem transmitir o parasito por meio das fezes, dando continuação ao seu ciclo do vida. Pode ocorrer diarreias profusas sanguinolentas, inflamação da mucosa cecal. Nos ruminantes normalmente se tem infecções leves, nos suínos pode haver anemia, disenteria, perda de peso, infecções secundárias e em cães dores abdominais, diarreia ou constipação, vômitos, anemia e fecaloma (fezes endurecidas no interior do intestino).
Epidemiologicamente, esses ovos são longevos (sobrevivem por muito tempo no meio), devido à sua constituição, podendo ficar viáveis em temperatura e solo ideais. Está associado com baixa nutrição, idade; os cães adultos podem ser assintomáticos e disseminar o parasito para o ambiente.
Gênero Capillaria
Também apresenta parasitos proporcionalmente grandes, se comparados com o animal parasitado (as aves, como as galinhas); pode ter envolvimento da minhoca, que é comida pela galinha e pode ter absorvido os ovos do parasito, se comportando como hospedeiro transporte – mas pode ou não ter envolvimento da minhoca, porque a galinha pode ingerir o parasito enquanto cisca. Não há espécies de intestino grosso, nesse caso, permanecendo no intestino delgado ou no fígado, para gatos coelhos, cães e o homem; pode acometer também bovinos.
Como as fêmeas apresentam útero, os ovos podem sair por canal uterino ou no ânus. A extremidade posterior do macho não é tão enrolada como nos Trichuris, mas há também um dimorfismo sexual. O ovo também possui 2 opérculos. Convenção: encontrando esse ovo em mamíferos: Trichuria e quando em aves: Capillaria – por isso chama-se de ovo de trichurídeo. Pode promover alterações no parênquima hepático, como hepatite traumática. Os ovos do parênquima hepático chegam ao intestino, por conta da emulsificação da bile, e podem sair com as fezes. Além do exame de fezes, é necessária a biopsia do fígado ou ultra som e o tratamento com o Albendazole.
Nas aves há participação da minhoca, seja diretamente ou não; o ciclo ocorre na mucosa intestinal, da mesma forma. Os efeitos no hospedeiro: infecções leves, em que as galinhas podem ser assintomáticas, observando apenas redução do ganho de peso e da postura de ovos; e em infecções maciças há alta mortalidade, associado aos sintomas visualizados em Trichuris. A epidemiologia é a mesma coisa: os jovens são mais susceptíveis e os adultos mais resistentes;
O diagnóstico principal, para galinhas, é a necropsia (lembrando que são animais de produção) ou pode-se fazer também exames de fezes em que será vista a presença dos ovos. Tratamento Levamisole. O controle principal é o manejo, seja a partir da remoção de uma camada do solo do recinto ou transferência p/ outro local; limpeza e tratamento com calor (vassoura de fogo) das superfícies impermeáveis e troca da camaé de fundamental importância para impedir a continuidade do ciclo.
Gênero Trichinella
Não se tem grandes levantamentos de triquinelose no Brasil. É considerada uma zoonose e a doença também pode ser chamada de triquinose. Ocorre pela ingestão de carnes mal cozidas, porque as larvas espiraladas ficam presentes nos músculos estriados, diafragmáticos e masseteres. Assim, uma das exigências do mercado europeu, para exportação, é a realização de sorologia – já que as larvas ficam encistadas, não saindo junto com as fezes. Os cistos ficam na forma espiralada (casca de limão/laranja descascada), são transparentes, o que dificulta a inspeção da carcaça e, consequentemente, a realização da sorologia. A fêmea é maior que o macho (dimorfismo sexual) e o macho apresenta asas cloacais e sem espículos. Os ciclos normalmente ocorrem em locais mais frios, estando associado à carne suína, de javali, de urso, crua ou mal cozida. A importância: no homem, uma vez infectado pode ser fatal, com ampla variedade de fontes e hospedeiros, com enfoque em Europa e EUA. 
Espécie Dioctophyma renale
Atualmente, só tem sido relatado em lobo guará, com enfoque no parasitismo do rim direito. Só tem essa espécie no gênero Dioctophyme; é um parasito grande e não se sabe a explicação do porquê há preferência por parasitar o rim direito; hospedeiros definitivos: canídeos silvestres e domésticos e muito raramente outros hospedeiros como o homem. 
Hospedeiro: anelídeo aquático, que lembra o formato de uma minhoca, mas é considerado um ectoparasito, que são alimentos de peixes – dessa forma, o anelídeo ingere o ovo do ambiente, parasita crustáceos, que servem de alimento para peixes, na cadeia alimentar. É encontrado em zonas sub-tropicais, temperadas e sub-árticas (ex. Canadá), mas já foram encontrados no Brasil, em locais de serra. São parasitos grandes de até 60cm (maior nematódeo de animais domésticos), também apresentam dimorfismo sexual (a fêmea é maior) e o casal normalmente permanece no rim; são colorados em vermelho-escuro e possuem extremidades afiladas. Os ovos são bioperculados (2 opérculos), com casca repleta de depressões (como se tivesse sido machucada), além de serem resistentes. 
O ciclo envolve dois hospedeiros, mas dentro do hospedeiro definitivo (lobo guará) é um ciclo direto. O ovo é ingerido por uma oligoqueta, que parasita um crustáceo, no ambiente aquático, de forma que o crustáceo a transporte; depois o crustáceo é ingerido por um peixe, e o lobo guará pode se alimentar do peixe parasitado, e daí as larvas se livram e vão para a parede estomacal, fígado, atravessam essa parede e alcançam o rim do lobo guará. O rim direito é mais acometido e esse animal pode sobreviver, principalmente se o rim esquerdo compensar a “falta” do direito; aparentemente não causa alterações muito graves; na urina pode sair ovos, como também estrias de sangue, detectável no exame de urina. Sintomas: disúria (dificuldade de micção, fica em pingos) e hematúria (sangue na urina, mas nesse caso apenas no final da micção), além de apatia, tristeza, dor lombar, distúrbios neurológicos (raro), mas a maioria é assintomático. Diagnóstico laboratorial com exame parasitológico da urina, além de diagnóstico por imagem (complementar). Tratamento: cirurgia (nefrectomia = retirada total do rim afetado) e controle: eliminação de peixe cru da dieta, que na natureza é quase impossível.
Gênero Oxyuris
Faz parte da ordem Oxyuridea e da família Oxyuridae.O parasito oxyuris não é aquele que coça o ânus, como muitas mães diziam – esse é um parasito de equinos, e não de humanos – o nome correto é Enterobios vermiculares.
Dentro do gênero há os parasitos:Enterobius (humano), Passarulus (coelho) e Skrjabinema (ovinos).
Oxyuris equi: é um parasito, cujos hospedeiros são equídeos (comum em equinos e asininos); acomete intestino grosso, principalmente ceco, cólon e reto; é um parasito com cauda afilada, que lembra um alfinete – nome vulgar “verme alfinete”; apresenta bulbo esofágico posterior nítido; dimorfismo sexual, que também se traduz pela fêmea ser maior que o macho, o qual possui extremidade caudal enrolada; acomete equinos jovens, associado às questões de imunidade, aglomerações e sujeira. Os machos são menores e um único espículo estrusado ou estruso, que é um espículo entortado (é normal). Além da cutícula, o parasito apresenta uma expansão da cutícula, chamada de asa ou expansão, que se apresenta na porção final do macho, a asa caudal. As fêmeas possuem coloração branca, são maiores que os machos; cauda mais pontiaguda do que os machos, e por isso do nome oxyuris, e o útero não alcança a porção final da cauda. 
Os ovos são semelhantes aos de enterobius humanos, não sendo muito resistente por apresentar apenas duas finas camadas, mas é de fácil reconhecimento por ter um dos lados mais reto e o outro abaulado (formato de L ou formato do dedo polegar), além de possuir um opérculo, que é chamado de tampão. O ciclo de vida é extremamente direto, lembrando o do trichuris; o ovo não é segmentado e no interior do intestino vira L1, L2 e L3, e é eliminado para no meio transformar-se em L4 E L5; via: oral e modo: ingestão de ovos larvados. A fêmea somente ovipõe na região perianal, juntamente com uma substância gelatinosa, que proporciona aglutinação dos ovos, causando prurido anal (reação de hipersensibilidade), o que auxilia no diagnóstico clínico.
Os parasitos nas mucosas levam a processos inflamatórios, ulcerações, na região perianal provoca irritações, além do prurido levar a processos de infecção bacteriana, pode haver também alopecia; processos inflamatórios na região da cauda e do períneo, além de prurido intenso ao redor do ânus, diminuição da alimentação e perda de peso, por conta do estresse, podendo ocorrer também a morte do animal – caso a cauda seja levantada, pode-se perceber, em alguns casos, as fêmeas larvadas ali na região. A sintomatologia clínica é importante e pode fechar o diagnóstico, juntamente com o exame de fezes. Tratamento e controle: manejo, uso de anti-helmínticos, limpeza das instalações, impedir contaminação de água e alimentos.

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