Buscar

Parasito aula 10

Prévia do material em texto

Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 4º período
Família Stephanophilariidae
Família Dipetalonematidae
São parasitos que podem ficar nas serosas, tecido subcutâneo, e alguns, os mais patogênicos, ficam em artérias pulmonares e coração. 
Características gerais
São nematódeos alongados, finos, grandes, coloração branca; há parasitos de 4, 8, 10 cm. Depende muito do tipo de gênero. São chamados filariideos pois são muito compridos e finos. As fêmeas são vivíparas: algumas podem até colocar ovos, mas esses ovos crescem e eclodem tão rápidos, que normalmente não se vê os ovos. As fêmeas colocam mais larvas do que propriamente ovos. Esses parasitos mudam de endereço. Saem do sistema GI e ficam no interstício tissular, vasos sanguíneos, cavidades, sistema linfático (wuchereria bancroft – elefantíase). Em relação ao ciclo biológico, há necessidade de um vetor, que normalmente são insetos hematófagos. As larvas eliminadas pelas fêmeas, recebem um nome diferente. Antes era L1, L2, L3. Aqui também há as larvas de primeiro, segundo e terceiro estádio. Mas aqui, a fêmea põe a microfilária, que apresenta características próprias: serve como identificação dos indivíduos da ordem Filaridae. Após a microfilária há L1, L2 e L3. Essas microfilárias são circulantes (normalmente), onde são circulantes geralmente não é onde o adulto fica. As microfilárias da wuchereria ficam no sangue, enquanto o adulto fica na linfa. Existem as microfilárias que ficam nos pequenos vasos perto dos tecidos conjuntivos da derme, ou então nos próprios tecidos conjuntivos: Onchocerca sp., é um parasito humano, que leva a processos tumorais. Essas microfilárias, não encontramos elas circulando no sangue dos animais durante o dia todo, ela tem periodicidade: em determinados períodos do dia, ela está circulante, enquanto em outros ela não está circulante. Aquelas que têm atividade noturna estão muito associadas com a condição do corpo em baixo metabolismo.
Microfilárias: primeiras formas evolutivas. Saem através da fêmea, e são provenientes da cópula. Elas têm características próprias e estão circulantes no sangue. Geralmente há três características: a microfilária tem uma cutícula que envolve seu corpo. Algumas microfilárias de determinados filarídeos, que possuem uma cutícula extra, que é denominada de bainha: recobre toda a microfilária e ainda sobra uma “ponta”, algumas têm bainha, outras não têm bainha. Outra característica: presença ou não de um espaço cefálico (núcleo preencherem ou não o espaço cefálico). Mais uma característica: os núcleos chegarem ou não até ao final da cauda. 
Se as microfilárias estão circulantes no sangue, a hora que o mosquito pica, a primeira coisa que ele vai ingerir é a microfilária, ou seja, a microfilária é a forma infectante para o vetor. Quando chega no vetor, a microfilária não está desenvolvida para sobreviver dentro do mosquito, ela começa a sofrer transformações à medida que passa pelo trato digestório. Primeira modificação: encurtar, engordar, os núcleos começam a se organizarem. Por encurtar e engordar: larva de primeiro estádio ou larva salsichóide. Ela se transforma em L2 = núcleos mais organizados, visualizamos algumas estruturas bem rudimentares. Quando chega à probócide (aparelho picador) se diferencia em L3, que é a forma infectante do vetor para o hospedeiro definitivo. 
As fêmeas são hematófagas e têm hábito noturno. Os vetores são dípteros, da família culicidae, são as fêmeas que fazem o repasto sanguíneo. 
A transmissão é pela via cutânea. Se a L3 fosse grande, não caberiam muitas larvas no mosquito, nem caberiam na probócide. Quando a L3 vai migrando em direção à probócide, vai formando uma membrana, abaixo da probócide, um “papo”, onde se armazena L3. Mesmo com esse saco, não cabem muitas larvas. Em compensação, o mosquito faz vários repastos sanguíneos, gerando uma eficiência de transmissão, em uma população aglomerada, ela tem maior número de indivíduos, com maior possibilidade de infecção. No mosquito, na hora em que introduz a probócide na pele para picar, ele faz uma força, na hora que faz essa força esse bolsão arrebenta, as larvas vão cair na pele do individuo. A picada é considerada uma solução de continuidade: a L3 é extremamente móvel, ela se move, entra pela pele. O modo de transmissão é penetração, mas é passiva, e não ativa. Alguns fatores como calor da pele, umidade, suor, facilitam a entrada da L3. 
Espécies de importância para medicina veterinária: Dirofilaria immitis (é a mais importante, tem em varias partes do mundo, inclusive em países desenvolvidos), Dipetalonema reconditum (não são patogênicos). 
Dirofilaria immitis
Tem como hospedeiro definitivo carnívoros silvestres e domésticos, sendo que há achados esporádicos em primatas (humanos e não humanos), sendo que não há desenvolvimento larval. Vetores: mosquitos, principalmente do gênero Culex, mas também pode ter a transmissão pelo Aedes e Anopheles. São parasitos que ficam em artérias pulmonares e ramos, ventrículo direito, e também em veia cava posterior. É dada como cosmopolita: zonas tropicais, temperadas e quentes. 
Morfologia: medem entre 12-30cm. Microfilária sem bainha. Há dimorfismo sexual: a fêmea é quase o dobro do machos. A extremidade anterior é arredondada. A extremidade posterior dos machos é espiralada, antes de chegar ao final, há um espículo grosso e curto. 
A microfilária não tem bainha, os núcleos não chegam até o final da cauda, apresentam espaço cefálico. 
Ciclo biológico
É longo. Desde o momento da picada, até o momento das microfilárias na corrente sanguínea = período pré-patente = em torno de 6 meses. Quando um mosquito pica um animal parasitado, ele vai ingerir microfilárias, que dentro do mosquito, encurtam, engrossa = L1 salsichóide, núcleos organizando = L2, L3. Pica um outro animal, transmite L3, que cai nos capilares, grande circulação, indo para artéria pulmonar, ventrículo direito, onde se transforma em L4, L5, adulto. É um ciclo heteroxênico. 
Há formação de um bolo de parasitos, levando um processo de obstrução física de vasos. Não vai ter aporte sanguíneo. Há parasitos batendo na parede do endotélio. Há alteração das câmaras cardíacas por causa da movimentação do parasito. Pode haver infarto, provocando necrose. Isso tudo leva a distúrbios circulatórios, obstrução do fluxo sanguíneo, insuficiência cardíaca congestiva direita. Há uma hipertensão pulmonar, aumenta líquido, tem extravasamento de líquidos = enfisema pulmonar. Veia cava caudal: insuficiência hepática causa hemoglobinúria e bilirrubinemia. Há um quadro de trombocitopenia. Anasarca: edema generalizado, cirrose hepática. Vermes mortos podem causar embolia pulmonar. 
Atualmente existem medicamentos preventivos para a dirofilariose. Em humanos já foi encontrado, mas não há formação do parasito adulto. O gato é mais refratário à doença do que o cão. Algumas microfilárias fazem percursos diferentes, podendo se alojar nos olhos = uveíte. 
Sintomas: tosse, cansaço anormal, taquipnéia, dispnéia, hemoptise, emagreciemnto, anorexia, ascite, anasarca. 
Epidemiologia: idade, presença dos vetores, rápido desenvolvimento de L1 para L3, eficiência de transmissão. 
Diagnóstico: primeiro é diagnóstico clínico. Primeiro se faz parasitológico: amostra de sangue, faz-se alguns testes. Nesse sangue pode se fazer esfregaço, técnica de gota espessa, técninca de Knott. Tem o ELISA (teste sorológico), há também um kit que se faz no próprio consultório = teste de imunomigração rápida. Exames de imagem, como radiografia, eletrocardiograma, etc. 
Tratamento
A dietilcarbamazina é adulticida. É um tratamento que deve ser feito em internamento, pois é tóxico, e ao matar o parasito, pode causar uma embolia. É um tratamento que exige cuidados. Após o tratamento adulticida, entra com o tratamento microfilaricida: ivermectina, ditiazanina, levamisole. Algumas vezes há necessidade de remoção cirúrgica. Após o tratamento há medicamentos profiláticos, que também podem ser usados para prevenção. 
Dipetalonema reconditum
Ficano tecido conjuntivo. Só vamos descobrir se for feito digestão do tecido muscular de animal. É um parasito extremamente esporádico. 
Onchocerca sp
É um parasito de bovinos, equinos e há um parasito de humano. Em equinos: pode levar a um processo de dificuldade de alongamento do pescoço, rigidez nucal. Pode haver presença de tumor na nuca. 
Setaria sp
É de descoberta ocasional. Cavidade peritoneal de ruminantes e equinos, é descoberta geralmente no momento do abate. No bovino não se sabe se é patogênica ou não. No eqüino podem haver distúrbios no locomotor, convulsões.

Continue navegando