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Aula 1 01 10

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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 5º período
Aula 1 – 01/10/14
Provas: 12/11 (30pts), 17/12 (35pts) e 04/02 (35pts).
Conceitos sobre a interação entre seres vivos e a interação parasito-hospedeiro
Iremos estudar as interações parasito-hospedeiro, pois são dessas interações que surgem as patologias. é focada no estudo das interações com parasitas protozoários, helmintos e artrópodes. 
Relações simbióticas: relação em que organismos vivem em associação, com benefício mútuo. De forma mais ampla: dois organismos vivendo em associação próxima, geralmente um deles vivendo dentro ou sobre o corpo do outro, são simbióticos, em contraste com os organismos de vida livre. 
Há algumas particularidades entre as relações simbióticas:
Comensalismo: um membro se beneficia nutricionalmente, o outro não sofre alteração. Essa relação não nos interessa muito. Exemplo: rêmoras X tubarões. 
Mutualismo: mutuamente benéfica e de dependência estrita. Exemplo: microbiota do rúmen nos bovinos. Essa microbiota necessita do ambiente do rúmen, em contrapartida o bovino precisa deles. Às vezes é necessário transplante de flora. 
Parasitismo: é o que nos interessa. Associação onde existe unilateralidade de benefício, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, fornecendo abrigo e alimento. Um animal parasitado não está sendo beneficiado. O parasito não tem interesse em matar seu hospedeiro, pois ele também seria morto. Quando interferimos no manejo, nós levamos a desequilíbrio, desequilibra a favor do parasito, o hospedeiro fica prejudicado. Em animais silvestres, geralmente há um equilíbrio. 
Protocooperação/mutualismo facultativo: ambas as espécies se beneficiam da associação, embora possam viver independentemente dela. Exemplo: garça carrapateira e bovino. 
Foresia (“viajando juntos”): relação temporária na qual um organismo transporta ou abriga um outro, geralmente sem dependência fisiológica ou metabólica. É o caso da mosca do berne, que captura um vetor e realiza a ovopostura. 
Parasitismo
O hospedeiro é indispensável para o parasito. Parasita: ser vivo que apresenta uma dependência metabólica de grau variável em relação a seres vivos de outras espécies, com a finalidade de alimentar-se, reproduzir-se ou completar o seu ciclo vital, de modo permanente ou temporário, produzindo efeitos deletérios nesse hospedeiro. 
Hospedeiro: o ser vivo que é parasitado, ou seja, o meio em que o parasita vive. Ele é indispensável para o parasita. Agente-hospedeiro-ambiente: é uma tríade que tem que estar em harmonia. Se houver desequilíbrio, vai ter a doença. 
Parasitose: condição na qual o parasita é patogênico e causa danos ao hospedeiro. É aquela condição na qual o parasito está no hospedeiro desenvolvendo seus efeitos patogênicos.
Parasitíase: não é um termo muito usado. Condição na qual o parasita é potencialmente patogênico, mas não causa danos aparentes ao hospedeiro (estado de portador). Coccidiose e coccidíase. Coccidiose: doença causada por coccídeos. O bezerro pode ter coccídeos mas não tem coccidiose, ele tem uma forma subclínica da doença = coccidíase. 
Parasitoses: de um modo geral são menos infecciosas, pois podem depender de vários fatores: estágio de maturação no ambiente, climáticos (determina desenvolvimento e evolução do parasito), sazonalidade (favorece presença de um vetor, etc), presença de vetores (mecânicos ou biológicos), hospedeiros intermediários, etc. As parasitoses podem ser subclínicas, agudas ou crônicas. Em rebanhos, a maioria dos animais acometidos apresentam forma crônica, e uma pequena porcentagem forma aguda. 
Classificação dos parasitas
Endoparasitos: permanecem no interior do organismo hospedeiro. Ex: helmintos.
Ectoparasitas: permanecem na superfície corpórea do hospedeiro, na pele, pelos e cavidades naturais (como umbigo). 
Tempo de duração do parasitismo
Permanente: vive todas as suas formas evolutivas no hospedeiro. Vai viver no hospedeiro o tempo todo. Exemplo: sarna. Uma vez o hospedeiro infectado, a sarna vai se desenvolver, todo o ciclo ocorre no animal. É um parasito permanente.
Periódico: vai utilizar o animal por um determinado período, principalmente para seu desenvolvimento. É o caso do berne. 
Temporário (intermitente): é o caso da mosca dos estábulos. A mosca do chifre não deixa de ser temporária, pois está no animal o tempo todo mas se alimenta de forma intermitente. O stomoxys se alimenta, depois sai de lá. A mosca do chifre (haematobia), por sua vez, ficam o tempo todo. É uma mosca remitente: permanece o tempo todo sobre o hospedeiro, mas se alimenta de tempo em tempo.
Segundo a maior ou menor exigência à vida parasitária
Parasita obrigatório: helmintos, ácaros.
Parasita facultativo: moscas sarcophagidae e Strongyloides stercoralis. São moscas que se desenvolvem em material em decomposição, mas se encontrar um animal vivo com uma bicheira, tem uma ferida, está com cheiro de tecido pútrido, vai atrair a mosca, que vai realizar a postura, vai se desenvolver da mesma forma que se desenvolve em um cadáver. Strongyloides: tem as moscas parasitárias e aquelas de vida livre. 
Parasita acidental: aquele hospedeiro não é seu hospedeiro de escolha. Dipylidium caninum parasitando crianças. A pulga é o HI do Dipylidium. A criança ingeriu a pulga. 
Especificidade parasitária
Estenoxenos: parasitam somente uma espécie hospedeira. Ex: T. saginata, só parasita o homem. A cisticercose no bovino ocorre por causa da T. saginata. O suíno tem cisticercose pela T. soleum. Tanto a saginata quanto a soleum são parasitas do homem exclusivamente.
Eurixenos: ampla especificidade de hospedeiro.
Segundo o número de hospedeiros necessários para a realização do ciclo de vida
Monoxeno: apenas um hospedeiro. É o caso do Rhipicephalus B. microplus. 
Heteróxeno: dois ou mais hospedeiros. O homem é o HD da Taenia. Tem o HI que tem uma fase de desenvolvimento do parasito. Amblyomma cajennense, é um carrapato de três hospedeiros. Cada uma das mudas ocorre no ambiente. 
Autoxeno: o hospedeiro serve de HI e HD, ou todas formas evolutivas no único hospedeiro. A sarna, vai de ovo até uma nova forma adulta em um único hospedeiro. Toxoplasma: o gato é HD (felídeos), todos os outros hospedeiros são HI. O gato tem o ciclo intestinal e extraintestinal ou tecidual. No HI ocorre somente o ciclo tecidual.

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